webquest: ferramenta criativa para pesquisa orientada

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WEBQUEST: FERRAMENTA CRIATIVA PARA PESQUISA
ORIENTADA
Fernanda Mara Cruz1 - UENP
Daniele Conde Peres Resende2 - UENP
Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar uma pesquisa bibliográfica que aborda o uso da
ferramenta Webquest de maneira criativa para a realização de pesquisa. Com a popularização
do uso da internet e com todo o ferramental que nos é oferecido, podemos criar materiais de
ensino e aprendizagem que sejam inovadores e capazes de facilitar o processo de
aprendizagem dos cidadãos planetários. A Web 2.0 disponibiliza ferramentas que, mesmo
aqueles professores com poucos conhecimentos técnicos para a criação de aplicativos podem
criar aulas e/ou projetos que estimulam a pesquisa e o desenvolvimento do trabalho em
equipe, favorecendo um aprendizado colaborativo. Dentre as variadas possibilidades que o
ciberespaço nos apresenta, a Webquest mostra-se como uma metodologia acessível, tanto para
o professor quanto para o aluno. Esse trabalho aponta um possível caminho para elaboração
de projetos inovadores, criativos e que maximizem o uso das informações disponíveis na
Web, com a possibilidade de conhecimento das caraterísticas fundamentais para o
desenvolvimento de uma Webquest. Apontamos a Webquest como ferramenta para a pesquisa
orientada como auxiliar para o professor no processo de ensino aprendizagem,
proporcionando ao aluno o contato com o computador na escola e ao professor a possibilidade
de aulas mais motivadoras, dinâmicas e criativas. Através do desenvolvimento desse estudo,
foi possível observar que a Webquest é uma ferramenta que pode ser utilizada para
proporcionar a instigação pela pesquisa e a busca pelo conhecimento nos alunos, tendo o
professor como mediador neste processo, constituindo uma excelente ferramenta para a
aprendizagem colaborativa dos alunos e para o compartilhamento de conteúdos pelo
professor.
Palavras-chave: Webquest. Pesquisa Orientada. Ambiente Virtual de Aprendizagem.
1
Especialista em Tecnologia Educacional – INSEP. Graduada em Pedagogia – UEM. Professora da Educação
Básica SEED-PR. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Criatividade e Ludicidade na UENP – Campus
Jacarezinho. E-mail: [email protected].
2
Pós-graduada em Auditoria e Gestão Ambiental pela UTFPR – Campus Cornélio Procópio. Graduada em
Biologia Plena pela UENP – Campus Jacarezinho. Estudante do Grupo de Pesquisa Criatividade e Ludicidade da
UENP – Campus Jacarezinho. E-mail: [email protected].
ISSN 2176-1396
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Introdução
Atualmente, as escolas estão presenciando grandes transformações no sistema
educacional, principalmente com as novas tecnologias, como a internet, que nos dá as
possibilidades ao acesso às mais variadas informações, formando uma nova maneira de
pensar e construir conhecimento.
A escola tem o dever de estar preparada para atuar neste contexto, propiciando um
jeito simples e motivador de educar e construir o conhecimento, possibilitando que os alunos
trabalhem com variadas informações, pesquisando, analisando, comparando, classificando
com mais intensidade os conteúdos, pois desta forma o processo de ensino aprendizagem
pode ganhar mais dinamismo e inovação.
Essas inovações tecnológicas possuem direta influência no comportamento dos
professores, que são os principais responsáveis por facilitar e organizar todo o processo
educativo, por isso ele deve estar capacitado para dinamizar, facilitar e instigar o processo que
direciona o aluno à aprendizagem refletindo com cuidado sobre quais modelos de ensino
utilizar para introduzir novos conceitos, pelo motivo de existirem inúmeras possibilidades do
mesmo ser apresentado aos alunos.
Neste trabalho, é estudado um modelo de ferramenta que pode ser um dos caminhos
que facilitariam o trabalho do professor no processo de construção do conhecimento dentro
desta nova perspectiva tecnológica: o modelo Webquest, baseada na investigação na internet,
que contempla a pesquisa e a produção autônoma dos alunos de forma prática e confiável.
O modelo Webquest foi proposto pelo professor Bernie Dodge, da Universidade de
São Diego, em 1995, juntamente com Tom March, com o objetivo de desenvolver o
conhecimento, através de atividades com pesquisas orientadas na internet (DODGE, 2002),
visando “dimensionar usos educacionais da Web, com fundamento em aprendizagem
cooperativa e processos investigativos na construção do saber” (SERAFIM, 2013).
A metodologia Webquest hoje já possui mais de 10 mil páginas na web, com
propostas de educadores de diversas partes do mundo (EUA, Canadá, Islândia, Austrália,
Portugal, Brasil, Holanda, entre outros) (ZENKER, 2006).
No Brasil, a página http://www.webquestbrasil.org/criador/, possui uma variedade de
Webquests prontas de diversas disciplinas e níveis de formação, para que o educador use
como modelo e também possa desenvolver o seu.
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Muito utilizado no mundo, a proposta de uso do Webquest é aplicada como um
método didático, sendo sua principal característica: o seu processo de construção, que é o
passo a passo na organização didática dos elementos estruturais formando espaços virtuais de
aprendizagem na internet (PENTEADO e FERNANDES, 2007).
Pereira (2008), afirma em seu artigo ter realizado uma formação sobre tecnologias e
Webquest com professores do Colégio Estadual Presidente Caetano Munhoz da Rocha,
localizado na zona urbana do município de Rio Negro, estado do Paraná, em seguida com a
experiência em aplicação da Webquest por estes professores, ela afirma que:
[...]100% dos professores afirmam que a Webquest fornece direções concretas para
tornar possível o efetivo uso da internet e 78% dos docentes afirmam que com a
Webquest os alunos transformam ativamente as informações vindas da internet em
vez de apenas reproduzi-las. (p.37 e 38).
Outro objetivo do trabalho é apresentar os elementos que constituem a construção de
uma Webquest, identificando argumentos que contribuem para a aprendizagem relacionada no
uso da informática na Educação e principalmente nos laboratórios de Informática existentes
nas Escolas.
Webquests: Conceitos Iniciais
A Webquest tem como principal objetivo a pesquisa na internet pelos alunos, que
podem ser realizadas em grupos ou individual, com a mediação do professor.
De acordo com Marinho (2001), na educação é necessário ter um uso mais interessante
dos computadores e da internet pelas escolas. Um uso que seja baseado na resolução de
problemas e mediado pelo professor, ao invés do aluno acessar solitariamente a internet para
fazer as pesquisas aleatoriamente. Esse uso baseado em resoluções de problemas e mediado
pelo professor pode ser alcançado com o uso de Webquests.
O conceito de Webquest foi criado por Bernie Dodge, professor de tecnologia
educacional de San Diego State University, na Califórnia (EUA) em 1995, que a define como
uma possibilidade metodológica que orienta o trabalho de pesquisa na internet, voltada para o
processo educacional, estimulando a investigação e o pensamento crítico. É uma atividade
investigativa onde as informações com as quais os alunos interagem provêm da internet
(MEC, 2012).
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A Webquest está pautada na teoria da aprendizagem sócio-interacionista que enfatiza
o trabalho em equipe e a troca de saberes entre os alunos oportunizando uma aprendizagem
baseada no desenvolvimento das habilidades sociais (SILVA e FERRARI, 2009).
A garantia de acesso à informação autêntica e atualizada e a promoção de uma
aprendizagem cooperativa, constituem os principais objetivos educacionais da Webquest, pois
favorece as habilidades do conhecer (aprender a aprender), incentiva a criatividade e
compartilha os saberes pedagógicos dos alunos. Ela também favorece o trabalho de autoria
dos professores, estimulando a criatividade dos mesmos, pois é uma ferramenta aberta de
cooperação e de intercâmbio docente de acesso livre e gratuito (MEC,2012).
Uma Webquest pode ser curta, onde duas ou três aulas são suficientes para o aluno
desenvolvê-la, ou longa sendo necessários de uma semana a um mês para que o aluno possa
explorá-la. Nas Webquests curtas o objetivo é a aquisição (construção) de conhecimento,
enquanto que, nas longas o propósito é a ampliação do conhecimento (MEC,2012).
Para Pereira (2008), que desenvolve um trabalho completo para a aplicação do
Webquest em diversas disciplinas em uma escola do Paraná, que vai desde o treinamento dos
professores da escola até a utilização da Webquest, afirma que está proposta cria no professor
um olhar critico para realizar também uma avaliação de seus alunos a partir do uso deste
método de pesquisa.
As autoras Henrich e Bez (2006), mostram como é possível usar o Webquest para
auxiliar as pesquisas escolares, demonstrando ao professor o que ele deve indicar e em que
fatores o Webquest pode contribuir com a pesquisa, além de enfatizarem a modalidade da
aprendizagem colaborativa através do Webquest e que através desse método de pesquisa o
aluno consegue refinar todo conteúdo pesquisado, tornando-o mais critico.
Segundo, Henrich e Bez, (2006, p.82) a Webquest:
[...] é um jeito simples e motivador de educar e construir o conhecimento, com estas
tecnologias que permitem um novo encantamento no educar, ao abrir suas portas e
possibilitar que os alunos pesquisem mais, analisem mais, comparem, classifiquem,
abstraem com mais intensidade os conteúdos, e desta forma o processo de ensino aprendizagem pode ganhar dinamismo e inovação.
A Webquest é uma investigação orientada na qual algumas ou todas as informações
com as quais os aprendizes interagem são originadas de recursos da Internet e que
normalmente, é planejada pelo docente, para ser aplicada ao corpo discente. Pode ser uma
Webquest curta que pode ser feita com simplicidade e objetividade, pois é para instruir o
aprendiz para que adquira determinado conhecimento, ou uma Webquest longa que tem como
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escopo a função do aprendiz fazer o refinamento de conhecimentos, ou seja, analisar
intensamente um determinado conteúdo e transformá-lo em algo novo para que outros possam
interagir e aprender através da Internet ou outro tipo de material curricular (HENRICH e
BEZ, 2006).
A Webquest tem a virtude da simplicidade, Podendo ser desenvolvidas para alunos do
ensino fundamental à pós - graduação. “À medida que mais e mais recursos aparecem na
Internet, será ainda mais fácil planejar atividades que engajam os aprendizes em investigações
ativas e com bom uso do tempo disponível” (HENRICH e BEZ, 2006, p. 85).
Segundo Marinho (2001), a Webquest é considerada uma ferramenta construtivista,
pois, é um recurso pedagógico que possibilita o uso da internet de forma produtiva e
provocativa de reflexão. Por isso, as Webquests são estratégias que merecem a atenção dos
educadores porque ampliam o uso do computador e da própria internet na escola.
As tarefas das Webquests proposta ao aluno, conforme a Taxonomia das Tarefas
propostas por Dodge (apud MARINHO, 2001, p.05):
[...] pode ser a de recontar o que aprendeu desde que isso não signifique buscar
respostas prontas para questões pré-determinadas, compilar informações de
diferentes fontes e organizá-las num formato comum, resolver mistérios, atuar como
repórter, desenvolver um plano de ação, desenvolver um produto criativo (uma
pintura, um jogo, uma canção), construir consenso, construir argumentos para a
persuasão, analisar ou julgar.
Ainda segundo o autor, é necessário que se faça a indicação dos sites que facilitam o
trabalho do aluno para que ele possa cumprir a tarefa, evitando, assim, a dispersão e,
principalmente, que o aluno fique “navegando” sem rumo por sites não convenientes
(MARINHO, 2001).
Segundo Barros (2005), as Webquests ultrapassarão os limites do ciberespaço, pois,
além de desenvolverem a capacidade de compreensão do mundo pelas informações
disponíveis na internet, também possibilitam aos alunos, encontrar e desenvolver novas
formas de aprender.
Webquests: Definições
De acordo com Silva e Ferrari (2009), o processo de elaboração de uma Webquest
deve passar pelas seguintes etapas:
Planejamento: constitui o aspecto pedagógico, pois é nesta etapa que o professor
define o tema, seleciona as fontes de informação, delineia a tarefa e estrutura o processo, isto
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é, estabelece os caminhos que serão trilhados pelos alunos na busca da construção do
conhecimento.
Formatação: constitui o aspecto editorial, é o momento de se definir o designer
gráfico da Webquest, escrevendo a introdução e a conclusão e inserindo o conteúdo nas
páginas de maneira que seja agradável a leitura e a navegação por entre as páginas da
Webquest.
Publicação: constitui o aspecto técnico, publicar a Webquest e verificar o acesso a
todas as partes constituintes da Webquest.
Segundo Silva e Ferrari (2009), existem algumas vantagens na utilização de uma
Webquest para a prática pedagógica: ela permite o uso dos recursos da internet nos processos
de ensino-aprendizagem; permite o uso de material atualizado, autêntico e que faz parte do
contexto do aluno; permite uma aprendizagem significativa; através da reflexão e análise da
tarefa proposta, desperta no aluno a busca por novos conhecimentos; o foco da Webquest é a
interação, compreensão e transformação das informações existentes, tendo em vista um
problema significativo; promove a criatividade do aluno e do professor; o professor é o
próprio autor, pois não depende de um técnico em informática para a sua elaboração; pode ser
compartilhada por professores e alunos de qualquer parte do mundo.
Ainda, segundo a autora o principal argumento na defesa da Webquest como recurso
didático é que esta metodologia integra as praticas pedagógicas mais efetivas numa única
atividade, desenvolvendo no aluno os seguintes aspectos:
Motivação: o aluno é desafiado a buscar a solução para um problema no mundo real,
tornando-a mais atrativa ao aluno. Além do mais, os resultados e as conclusões obtidas podem
ser apresentados a outras pessoas, de modo que a tarefa não se limita somente a avaliação por
parte do professor.
Desenvolvimento das habilidades de pensamento crítico: O aluno coloca em ação
estratégias cognitivas para chegar à solução de um problema, impelindo o aluno a elaborar
pensamentos e conclusões mais sofisticadas. Segundo March (apud SILVA, 2009) para o
aluno chegar num nível cognitivo mais elevado, é necessário que a tarefa proposta pela
Webquest seja dividida em subtarefas mais especificas, de modo que o aluno possa assumir
papeis específicos dentro do grupo, conduzindo-o a um processo de pensamento mais
refinado, e possibilitando a construção de novos esquemas cognitivos que poderão ser
utilizados por ele no futuro.
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Incentivo ao aprendizado colaborativo: Como a execução da tarefa deve ser feita
em grupo, cada membro da equipe assume um determinado papel. Desse modo, trabalhando
com grupos diferentes numa mesma sala de aula, os alunos podem trocar informações a
respeito de diferentes soluções dadas para uma mesma tarefa e discutir de que forma se
chegou a esta ou aquela resposta, aprimorando as habilidades de pesquisa e de argumentação
dos membros de cada grupo, fazendo com que os alunos passem a ter consciência de que seu
desenvolvimento individual é um fator decisivo na qualidade do produto final apresentado
pelo grupo.
Assim, podemos concluir que a Webquest é um fator potencializador para alavancar a
proposta de trabalho em qualquer disciplina, pois possibilita ao aluno um processo autônomo
de busca e apropriação do conhecimento de forma colaborativa. Ela facilita na aprendizagem
do aluno porque pode ser revista pelo aluno sempre que ele encontrar alguma dúvida em
relação ao conteúdo o que lhe dá maior segurança e autonomia no processo de construção do
seu conhecimento. A Webquest é uma atividade didática potencializadora da educação, por
possibilitar um trabalho significativo, construtivo e colaborativo (SILVA e FERRARI, 2009).
Segundo Silva e Nunes (2011), o objetivo da Webquest é estimular a comunicação
entre os alunos possibilitando o desenvolvimento de trabalhos em equipe, a aquisição de
conhecimentos a partir da análise de conteúdos disponíveis na Internet e da interação alunoprofessor. Conforme (Santos, 2008 apud Silva e Nunes, 2011), há a necessidade de
acompanhamento do trabalho pelo professor e de investimento na mediação pedagógica, na
autoria e desenvolvimento das atividades.
Segundo Costa e Marins (2012), a definição de atividades deve contemplar alguns
itens básicos: Qual o objetivo da atividade? Como ela será avaliada? Por que as pessoas vão
desejar participar? A relevância da atividade está clara para o participante? A atividade será
em grupo ou individual? Se em grupo como vão se agrupar? Que tipo de recursos será
necessário para a atividade? Quanto tempo será necessário para a execução da atividade?
Silva e Nunes (2011) afirmam que no desenvolvimento de uma Webquest, para que a
aprendizagem seja eficaz, é preciso que o professor observe dois critérios essenciais na
construção de projetos de qualidade: a usabilidade e acessibilidade.
Uma Webquest é destinada a alunos cujo objetivo é a informação e o conhecimento. É
essencial, portanto, que a sua estrutura facilite a identificação e rapidez na navegação.
Conforme Costa (2008), “a padronização de formatos, cor, localizações e sintaxe” fazem com
que a Webquest seja mais navegável atenuando erros e dificuldades de leitura e compreensão.
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Segundo Palloff e Pratt (1999), um dos pontos principais para configuração de
ambientes virtuais de aprendizagem é o design simples e fácil. Um design fácil possibilita que
os participantes aprendam a utilizar a tecnologia enquanto participam do curso. Quanto mais
facilidade os participantes tiverem em relação aos aspectos técnicos, mais tempo terão para se
envolver com o conteúdo e participar ativamente do ambiente. Assim, os participantes podem
reconhecer e compreender o layout do ambiente, perceber as mudanças que ocorrem e
identificar os locais abertos para participação.
Assim, na construção de uma Webquest devemos estar atentos a todos os requisitos de
uma atividade educacional a distância, já que a Webquest é uma atividade educacional on-line
que tem como principal objetivo a pesquisa na internet pelos alunos, que podem ser realizadas
em grupos ou individual, com a mediação do professor. Segundo Marinho (2001), é
necessário que se faça a indicação dos sites que facilitam o trabalho do aluno para que ele
possa cumprir a tarefa, evitando, assim, a dispersão e, principalmente, que o aluno fique
“navegando” sem rumo por sites não convenientes.
Uma Webquest, como já foi relatado neste trabalho, deve, segundo Silva e Ferrari
(2009), permitir o uso dos recursos da internet nos processos de ensino-aprendizagem;
permitir o uso de material atualizado, autêntico e que faz parte do contexto do aluno; permitir
uma aprendizagem significativa; através da reflexão e análise da tarefa proposta, despertar no
aluno a busca por novos conhecimentos; ter interação, compreensão e transformação das
informações existentes, tendo em vista um problema significativo e promover a criatividade
do aluno e do professor. Deve também promover a motivação, o desenvolvimento das
habilidades de pensamento crítico e o incentivo ao aprendizado colaborativo dos alunos.
Critérios de Avaliação de uma Webquest
A avaliação de softwares educacionais e produtos multimídia é objeto de investigação
e análise de muitos autores que criaram rubricas para qualificar esses recursos. Podem-se
localizar diversas rubricas na internet que permitem a avaliação da qualidade de uma
Webquest, como é o caso, da proposta por (BELLOFATTO, BOHL, et al., 2001). Essa
rubrica possui “treze indicadores de qualidade relativos ao aspecto visual e às componentes de
uma Webquest, e possibilita que a avaliação do ambiente se processe em três fases ou
momentos: a) antes da implementação; b) durante o desenvolvimento e, c) após a sua
construção” (JUNIOR e COUTINHO, 2011b).
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Em 2002, Olim (2002) reelaborou essa rubrica com dezenove indicadores de qualidade
distribuídos nas seguintes categorias: aspecto geral da Webquest; estrutura, navegação e
linguagem; tema da Webquest; introdução à Webquest; tarefa da Webquest; processo da
Webquest; recursos da Webquest e critérios de avaliação.
Existem inúmeras Webquest disponíveis na internet sobre os mais variados assuntos e
em diversos idiomas, assim como, há vários trabalhos que se propuseram a estabelecer
critérios de avaliação para a Webquest. Aqui estabeleço critérios de avaliação a partir de seus
Aspectos Pedagógicos e Aspectos Técnicos.
Aspectos Pedagógicos:
Pagina Inicial:
Segundo (JUNIOR e COUTINHO, 2011b), a página inicial de uma Webquest é como
se fosse a capa de um livro, por isso, o autor deve ter uma preocupação especial em escolher
boas imagens, fontes adequadas para as letras, as cores e sua adequação ao fundo escolhido.
Neste caso, a página inicial de uma Webquest deve conter os seguintes itens:
Título da Webquest;
O público-alvo;
Dados referentes à data de criação e última atualização;
Nome dos autores e contato;
Imagem que se refere à temática a ser trabalhada;
Indicação quanto ao tipo da Webquest (curta ou longa);
Contexto de construção da Webquest.
Introdução:
A introdução deve ser concisa, clara, objetiva e fornecer algumas informações sobre
o tema e um direcionamento nítido para a investigação que os alunos devem executar,
convidando-os ao envolvimento na tarefa que deverá ser realizada.
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Tarefa:
A tarefa é a parte mais importante de uma Webquest. (DODGE, 2002), sugere 12
(doze) categorias para taxonomias de tarefas sendo que é possível combinar duas ou mais
categorias apresentadas:
Tarefa de Recontar: Nesta categoria de tarefa os alunos recebem uma instrução de
que devem relatar de forma organizada suas descobertas. A tarefa de recontar pode ser usada
para desenvolver a compreensão de um tópico e ser combinada com tarefas de outros tipos.
Esta tarefa requer habilidades como a de resumir, refinar e elaborar.
Tarefas de Compilação: Esta categoria consiste em retirar as informações de diversas
fontes e reuni-las em um único formato, podendo ser publicada na Web ou ser um produto
não digital. Neste tipo de tarefa o aluno entra em contato com um corpo de conteúdos
requerendo dele a capacidade de selecionar, explicar, organizar informações oriundas de
fontes diferentes.
Tarefas de Mistério: Consiste em uma tarefa em que os alunos são desafiados a
buscar as informações em diversas fontes para solucionar um problema que deve ser proposto
na forma de um mistério ou história policial.
Tarefas Jornalísticas: Nesta tarefa é proposto ao aluno reunir fatos e organizá-los de
forma similar aos gêneros jornalísticos de apresentação das notícias, considerando a
fidelidade aos acontecimentos.
Tarefas de Planejamento (Design): Esta tarefa requer do aluno capacidade para o
planejamento e a criação de um produto ou plano que atinja uma meta pré-determinada e
funcione dentro de certos limites.
Tarefas de Produtos Criativos: O aluno é desafiado a criar um produto de um
determinado formato, por exemplo, um quadro, uma peça de teatro, um pôster, um jogo etc.
Nesta categoria o produto a ser criado é muito mais abrangente do que a tarefa de
planejamento.
Tarefas de Construção de Consenso: O principal foco destas tarefas é a exigência de
articular, considerar e acomodar diferentes pontos de vista, estimulando a capacidade do
aluno de resolver conflitos;
Tarefas de Persuasão: Esta categoria requer do aluno o desenvolvimento de um caso
convincente com base nos estudos que realizou, desenvolvendo a capacidade de
convencimento.
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Tarefas de Autoconhecimento: Esta tarefa deve ser utilizada quando o objetivo da
Webquest for um maior entendimento de si próprio, ou sobre questões éticas e morais.
Tarefa Analítica: Uma tarefa analítica possibilita o desenvolvimento do
conhecimento a partir da articulação entre os fatos dentro de tópicos que se relacionam entre
si, desafiando o aluno a identificar relações de causa e efeito entre as variáveis, discutindo o
significado de tais relações.
Tarefas de Julgamento: Apresenta-se ao aluno, nesta categoria, certo número de
itens de avaliação e solicita-se, que façam um ranque destes itens, exigindo que o aluno
posicione-se, tome decisões de forma coerente e organize suas ideias para criar, explicar e
defender seu ponto de vista.
Tarefas Científicas: Espera-se, nesta categoria, que os alunos compreendam o
funcionamento das ciências baseando-se na compreensão da informação, nas teses e hipóteses
dos dados recolhidos sendo capazes de descrever e interpretar os resultados obtidos no
formato de um relatório científico.
Processo:
Junior e Coutinho (2011a), afirmam que o processo é a parte responsável por fornecer
ao aluno as informações necessárias para que a tarefa possa ser executada. Considerando que
um dos objetivos de uma Webquest é realização de atividades de forma colaborativa, é
importante que no topo da página processo seja indicada aos alunos uma forma para se
organizarem em grupos de trabalho de tal modo que tenham a oportunidade de trabalhar com
colegas que possuem ideias diferentes.
Outra sugestão dos autores é que o processo seja separado em diversas fases sendo
cada uma delas descritas claramente, definindo as atividades a serem desempenhadas por cada
membro do grupo.
Recursos:
São através dos recursos que se fornecem aos alunos os subsídios de pesquisa.
Defende-se que o material utilizado esteja disponível na rede, porém, há assuntos bastante
específicos e que possuem poucas fontes de informação na Internet. Neste caso, podem-se
sugerir livros, revistas ou qualquer material impresso como reforço.
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Com o aparecimento da Web 2.0, temos a disposição vídeos, animações, objetos de
aprendizagem, jogos educacionais, softwares, que podem enriquecer e diversificar os recursos
utilizados para auxiliar os alunos nas suas pesquisas. Porém, é preciso cuidado ao escolher os
sites, pois, além de serem fontes confiáveis, tem-se que ter a certeza de que não serão extintos
para que se garanta a reusabilidade da Webquest. Sendo assim, os melhores sites são os de
centros de pesquisa, universidades, enciclopédias digitais, revistas renomadas.
Avaliação:
Na página destinada à avaliação deve ser definido os critérios de avaliação para o
desempenho dos alunos na realização da tarefa. A avaliação deve ser guiada por métodos que
estejam em conformidade com a experiência vivenciada pelo aluno durante a realização da
pesquisa e da tarefa. Vários autores defendem o uso de criação de rubricas para a avaliação do
desempenho dos alunos, pois, conforme (BARATO, 2004), são “ferramenta da avaliação
autêntica”, porque através das rubricas é possível abordar os aspectos quantitativos e
qualitativos, examinando o conhecimento adquirido pelos alunos de forma integral e em todas
as suas interações, sem que se possa isolar ou descontextualizar no processo de ensino
aprendizagem.
Conclusão:
É nesta seção que se esclarece os propósitos de se ter realizado a atividade, bem como,
o alvo que se pretendia alcançar ou a que se destinava, mencionando as vantagens da
realização do trabalho. Deve-se também indicar como os alunos poderão aprofundar-se no
assunto, procurando estimulá-los a continuar a reflexão, sugerindo-se outros recursos que
possibilitam outras relações com o conteúdo estudado, assim como, revisar os conceitos
aprendidos. É interessante, ainda, relatar como será feita a divulgação do produto final dos
grupos de trabalho à comunidade escolar.
Página do Professor:
É importante que se indique a outros professores que queiram utilizar a Webquest
informações como: qual o objetivo da proposta, quais as componentes da webquest, como
trabalhar aquele tópico e sugestões diferenciadas para executar a atividade (JUNIOR e
COUTINHO, 2011a).
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Aspectos técnicos:
Estética:
Ao se avaliar uma Webquest é preciso ponderar o seu layout, usabilidade e
acessibilidade. Quanto ao layout deve-se considerar a qualidade e a quantidade de elementos
gráficos, cores e fontes e quanto a usabilidade e acessibilidade a facilidade de navegação e o
seu caráter intuitivo, considerando-se o número de hiperlinks, erros e adequação das
dimensões de tabelas (ARESTA, FERREIRA, et al., 2013).
Considerações Finais
A partir da pesquisa realizada, percebemos que um ambiente virtual de aprendizagem
é um ambiente que propicia o resgate de uma postura mais ativa e menos passiva dos alunos e
uma postura de mediador das atividades pelo professor, ao invés de detentor de todo o saber,
o que ajuda o ensino a se tornar mais individualizado, de acordo com o perfil de cada aluno
(HAGUENAUER, 2003), já que “os AVAs agregam interfaces que permitem a produção de
conteúdos e canais variados de comunicação, permitem também o gerenciamento de banco de
dados e o controle total das informações circuladas no e pelo ambiente” (SANTOS E
OKADA, 2003).
Contemplamos, também, neste artigo a importância da integração da Webquest no
processo de ensino-aprendizagem, no sentido de desenvolver competências para a pesquisa e
investigação de conteúdos, além de tratar sobre as tecnologias na educação no sentido de
integrar novas ferramentas que motivem a aprendizagem colaborativa.
Além de todo processo para avaliação de uma Webquest para utilização com os
alunos, pois o professor tem a possibilidade de criar a sua Webquest como também pode
buscar Webquests prontas na internet, que são disponibilizadas de forma gratuita.
Diante de todo o estudo realizado, concluímos que os benefícios trazidos pelo uso das
tecnologias educacionais, principalmente a Webquest, pelos profissionais de educação são
bem visíveis, no sentido de melhorar e beneficiar o processo de ensino e aprendizagem,
permitindo que os professores tenham novas formas de ensinar e os alunos novas maneiras de
aprender. A Webquest surge como uma metodologia potenciadora da aprendizagem, pois
amplia os espaços de aprendizagem e estimula os alunos a tornarem-se mais participativos,
promovendo a sistematização da informação e a construção do seu conhecimento, respeitando
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o ritmo de aprendizagem de cada um. Através das webquest pode-se dinamizar e inovar o
processo de ensino e de aprendizagem porque cria meios de estimular o pensamento rigoroso
e sistemático incentivando a busca de soluções para problemas, desvencilhando-se da ideia de
que a aquisição do conhecimento passa apenas pela memorização. Com a webquest o
processo de ensino e de aprendizagem é evolutivo, pois, devido a sua própria estrutura,
estimula as habilidades de análise e síntese, possibilitando que o pensamento e o raciocínio se
sobrepõem à memorização. Com a webquest, o aluno torna-se responsável pelo seu próprio
conhecimento, desenvolvendo a sua autonomia e competências de resolução de problemas,
num ambiente ideal para o desenvolvimento de aprendizagens estimulantes e diversificadas.
A utilização de webquest em sala de aula contribui para o desenvolvimento de atitudes
mais positivas dos alunos face a aprendizagem, promovendo o trabalho cooperativo e
colaborativo. Devido às suas características, a webquest oportuniza estímulos para o
desenvolvimento da criatividade, da capacidade de investigação e de descoberta.
REFERÊNCIAS
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Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação. Disponível em:
<http://www.academia.edu/616874/WEBQUEST_RECURSO_EUCATIVO_E_FERRAMEN
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BARATO, J. N. Avaliação em WebQuests - Avaliação Autêntica. Aprendente, 2004.
Disponível em: <http://aprendente.blogspot.com.br/2005/04/avaliao-em-webquests.html>.
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BARROS, G. C. Webquest: Metodologia que ultrapassa os limites do ciberespaço, 2005.
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BELLOFATTO, L. et al. A Rubric for Evaluating WebQuests, 2001. Disponível em:
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