TRANSPORTES Os transportes têm como finalidade o deslocamento e a circulação de mercadorias e de pessoas de um lugar para outro. Nos países subdesenvolvidos, cuja economia sempre foi dependente dos mercados externos, a organização dos transportes reflete muito bem essa subordinação, ou seja, as redes de transporte são quase sempre periféricas, isoladas e convergentes para o litoral, para os portos exportadores. Os principais meios de transporte e vias de comunicação estão altamente concentrados no Hemisfério Norte, sobretudo nas regiões e nos países mais desenvolvidos. Meios de transporte Os principais meios de transporte e vias de circulação são: Terrestres: ferroviário, rodoviário e metroviário. Aquáticos ou hidroviários: marítimo, fluvial e lacustre. Aéreos. Modal de Transporte Ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário, aéroviário. Modal ou Unimodal => envolve apenas uma modalidade. Intermodal => envolve mais de uma modalidade e para cada trecho / modal é realizado um contrato. Multimodal => envolve mais de uma modalidade , porém regido por um único contrato. Segmentado => envolve diversos contratos para diversos modais. Nos países desenvolvidos de grande ou pequena extensão territorial, o transporte de mercadorias é feito predominantemente por meio de ferrovias e hidrovias. No Brasil e em outros países subdesenvolvidos, onde a influência da indústria automobilística tem sido predominante, verifica-se o predomínio do transporte rodoviário. Comparação entre meios de transporte Os transportes ferroviário e hidroviário proporcionam uma maior capacidade de carga e são mais econômicos. Já o transporte rodoviário oferece pequena capacidade de carga, maior consumo proporcional de combustível e dependência de petróleo, sendo, portanto, bem mais caro que o ferroviário e o hidroviário. CONSUMO DE ÓLEO DIESEL (1 litro) Vias de transporte Toneladas transportadas por Km Rodovia 30 Ferrovia 125 Hidrovia 575 Transporte fluvial É um dos mais antigos meios de transporte, tendo desempenhado importante papel na penetração, no povoamento e na ocupação do interior dos continentes. Nesses casos, os rio funcionaram como caminhos naturais. A navegação fluvial é praticada com maior ou menor intensidade em todo o mundo. Destaca se, no entanto, na Europa, onde grandes e importantes obras foram construídas para permitir melhor aproveitamento no transporte de mercadorias. Vantagens do transporte fluvial: - grande capacidade de carga - é muito econômico para grandes distâncias; - apresenta relativamente pequeno consumo de energia. - rios de planície são ótimos para navegação. - rios de planalto podem ser navegáveis com a construção de eclusas. Desvantagens: - as áreas muito frias costumam congelar durante o inverno. - nas áreas com estiagens prolongadas a navegação e prejudicada. Transporte marítimo Apesar de ter sido suplantado pelo avião no transporte de passageiros, o marítimo continua sendo o principal meio de transporte de mercadorias a longas distâncias, como entre os continentes. O transporte marítimo depende principalmente de fatores como disponibilidade, qualidade e capacidade de embarcações, bem como de instalações e eficiência portuárias. Poucos são os portos que têm condições de receber navios de 300 mil toneladas ou mais. No Brasil, um dos principais problemas que afetam o transporte marítimo é a ineficiência portuária, responsável pelos grandes congestionamentos e pela deterioração de muitos produtos, acarretando enormes prejuízos. O transporte marítimo divide-se em dois tipos: - internacional ou de longo curso - navegação costeira ou de cabotagem (ao longo do litoral) Transporte ferroviário Foi o principal meio de transporte do século XIX, tendo sofrido grande expansão mundial até a segunda metade do século XX, principalmente na Europa e América do Norte. Entre 1940e 1960, verificou-se, em escala global, certa estagnação e até mesmo o declínio das ferrovias, chegando muitas delas a ser desativadas. A causa dessa estagnação foi a expansão das estradas de rodagem, em conseqüência do uso de novas fontes energéticas . Entretanto, a partir de 1970 deu-se uma reativação do transporte sobre trilhos em razão das novas conjunturas, decorrentes de fatores como a crise do petróleo, o desenvolvimento tecnológico no setor de transportes (trens modernos e velozes, metrô) , a expansão populacional e urbana. Vantagens do transporte ferroviário. - grande capacidade no transporte de cargas e de passageiros. - é mais econômico que o rodoviário. - possui diversas opções energéticas (vapor, diesel, gasolina, eletricidade) - o material rodante é de longa duração. - os trens modernos podem atingir grandes velocidades. - é mais utilizado nos países desenvolvidos. - no Brasil, tiveram grande expansão até 1920, com aproximadamente 28.000 Km. Desvantagens - grande influência do quadro natural; terreno, relevo. - alto custo de implantação. - pequena flexibilidade. - diferença de bitolas. Transporte rodoviário A utilização do automóvel como meio de transporte data do início do século XX. Sua produção em maior escala iniciou-se na Alemanha em 1902 e em 1903 nos EUA. No início o transporte rodoviário funcionou basicamente como complemento do transporte ferroviário. Entretanto, com o passar do tempo, tornou-se concorrente das ferrovias, acarretando inclusive a desativação de inúmeras delas, que se tornaram deficitárias. As principais causas da preferência do transporte rodoviário no caso de médias e pequenas distâncias, em alguns países, são: - o caminhão possui maior flexibilidade e facilidade de acesso aos diversos lugares. - o caminhão pode entregar a mercadoria de porta em porta. - as operações de despacho (papéis) e de carga e descarga de mercadorias são mais simplificadas em relação à ferrovia. - pode haver maior rapidez na entrega das mercadorias. Desvantagens: - menor capacidade de carga - bastante poluidor - pode causar transtornos de trânsito - manutenção contínua da via. Transporte aéreo A utilização do avião no transporte de passageiros data de 1919. Na Primeira Guerra Mundial, o avião começou a ser utilizado para fins bélicos e no final da década de 1920 a aviação comercial já estava definitivamente estabelecida. Cresceu muito nos últimos anos, é o mais caro sendo utilizado principalmente para o transporte de cargas leves, perecíveis, urgentes e/ou valiosas. É mais rápido, seguro e cômodo. Desvantagens - elevada poluição sonora, - elevado consumo de combustíveis - dependência das condições atmosféricas. - custo elevado da sua infraestrutura. - capacidade de carga menor que a dos modais marítimo e ferroviário. Modal dutoviário - utiliza tubulações (dutos); - cresce no mundo todo; - não há necessidade de se usar embalagens; - indicada para o transporte de produtos perigosos; - demanda pouca mão de obra; - elevado custo de implantação; - pequena flexibilidade; - não é indicado para pequenos volumes e curtas distâncias. Os transportes no Brasil Até a primeira metade do século XIX eram o marítimo (navegação de cabotagem), o fluvial (pequenas embarcações) e o terrestre (carruagens e lombo de animal). Os transportes modernos (ferroviário e rodoviário) foram implantados a partir da segunda metade do século XIX, na seguinte ordem: - 1854- Estrada de Ferro Mauá (construída pelo Barão de Mauá) tinha 15 Km de extensão e ligava a Baía da Guanabara à raiz da Serra de Petrópolis (RJ). - 1926- Construção da primeira rodovia (governo de Washington Luís) ligava São Paulo ao Rio de Janeiro. Única rodovia interestadual pavimentada até 1940. - 1927- Início da aviação comercial com a criação da VARIG (Viação Aérea Rio-Grandense) - 1974- Início do transporte metroviário em São Paulo. Transporte ferroviário no Brasil O desenvolvi mento do transporte ferroviário no Brasil está ligado à expansão da cafeicultura, primeiro no Estado do Rio de Janeiro, ligando o Vale do Paraíba até o Porto do Rio de Janeiro, e a seguir no Estado de São Paulo, do interior até o Porte de Santos. As primeiras ferrovias do café foram a Estrada de Ferro D.Pedro II (1855, Rio de Janeiro) e a Estrada de ferro Santos-Jundiaí (1868, São Paulo). O período de maior expansão ferroviária situou-se entre 1870 e 1920, quando a extensão das ferrovias passou de 745 Km para 28.535 Km. A partir daí, e principalmente após a crise da cafeicultura, o ritmo de expansão das ferrovias diminuiu. A decadência do transporte ferroviário decorreu dos problemas inerentes ao seu próprio desempenho e, principalmente, da concorrência com o transporte rodoviário. Isso porque: - Com a presença de montadoras de veículos, a partir de 1950, houve uma pressa de multinacionais para aumentar os investimentos públicos em rodovias, desconsiderando que o transporte ferroviário é mais barato para grandes distâncias. - Direcionadas quase sempre no sentido interior – litoral para escoar a produção agrícola, as ferrovias não integraram as regiões do país. - Desde 1930, quando a economia começava a transformar-se de agroexportadora em predominantemente industrial, alterando com isso o tipo de carga, as ferrovias não foram estruturadas para atender com rapidez e eficiência à nova realidade do país. - Não houve investimentos para eliminar problemas que as ferrovias apresentavam como: bitolas (espaço entre os trilhos) diferentes, o que não permitia a integração das ferrovias; a correção de traçados confusos ou sinuosos, resultando em grande morosidade no transporte de pessoas e mercadorias. Diante da decadência das ferrovias, em 1957 o governo federal criou a Rede Ferroviário Federal S.A. (RFFSA), que encampou grande parte das ferrovias do país. Em 1971, com a criação da FEPASA (Ferrovias Paulistas S.A.), foi a vez de o governo do Estado de São Paulo encampar a maioria das ferrovias paulistas. No entanto, por falta de investimentos o ramo ferroviário continuou com graves problemas, como: elevados déficits, material obsoleto, administração ineficiente, morosidade no transporte. A partir de 1996, grande parte da malha ferroviária, principalmente relacionada com o transporte de cargas, foi repassada por concessão à iniciativa privada. Dez anos depois do início das privatizações, as ferrovias ampliaram a sua presença na economia brasileira. Hoje respondem por 26% do transporte geral de cargas e podem aumentar a participação. Novos trechos, como a Ferrovia Trans-nordestina, estão começando a sair do papel. A demanda de cargas pelas ferrovias está aumentando.