Matriz de atividade individual* Módulo: 4 Fórum: CAPM Título: A relevância do modelo CAPM no Brasil Aluno: Alison Batista da Silva Disciplina: Administração Financeira: Decisões Turma: Equipe 7 de Investimento e Financiamento Introdução Em finanças, o Capital Asset Pricing Model (CAPM) é um dos modelos mais importantes que relaciona retorno e risco. O Capital Asset Pricing Model (CAPM) é usado para determinar a taxa de retorno teórica exigida de um ativo, em um portfólio já diversificado. O modelo relaciona o risco do ativo em relação ao mercado em geral. Segundo Bruner et al (1998) e Graham e Harvey (2001), o modelo CAPM é a base da estimação do custo de capital próprio em mercados financeiros desenvolvidos. O modelo CAPM é o mais utilizado, nos países desenvolvidos, no processo de avaliação de tomada de decisões por sua simplicidade. A fórmula de calculo do CAPM pode ser expressa da seguinte forma: Taxa de Retorno Requerida = Taxa de Juros Livre de Risco + Prêmio pelo Risco Ou, em termos matemáticos: CAPM: Rf + β.(Rm-Rf) Onde: Rf: Taxa de retorno livre de risco Rm: Taxa de retorno esperada Rm-Rf: Taxa de prêmio relativa ao risco de mercado β (Beta): risco sistemático da ação Os riscos podem ser diversificáveis ou sistemáticos (não diversificáveis). O risco diversificável pode ser eliminado quanto maior for a diversificação da carteira, por esta razão não entra no cálculo do CAPM. O sistemático é o risco que não tem como ser evitado, por isso o mercado remunera o ativo, considerado como a taxa de prêmio relativa ao risco de mercado. Taxa de retorno é a taxa de juros proveniente de um investimento de baixo risco. O beta reflete a medida de sensibilidade (ou risco) dos retornos do ativo em relação ao mercado acionário. Algumas premissas, nas quais o CAPM se baseia, são citadas por Assaf Neto (2007): Existe uma taxa de juros de mercado definida como livre de risco; Assume-se grande eficiência informativa do mercado, atingindo igualmente a todos os investidores; Os investidores, de maneira geral, são avessos ao risco. As decisões de investimentos são tomadas com base no retorno esperado e desvio-padrão; Todos os investimentos apresentam a mesma percepção com relação ao desempenho dos ativos, formando carteiras eficientes com base em idênticas expectativas; Não há impostos, taxas ou quaisquer outras restrições para os investimentos no mercado. Contudo, nos mercados emergentes, não existe um modelo de estimação de custo de capital aceitável, visto que as premissas do CAPM não tratam da realidade. 1 Muitos modelos teóricos foram propostos para esses mercados, tais como: CAPM Global, CAPM Local, Modelo de Godfrey-Espinosa (1996), Modelo Credit Suisse First Boston (desenvolvido por Hauptman e Natella (1997)), D-CAPM (desenvolvido por Estrada (2000,2001)) e International Cost of Capital (desenvolvido por Harvey (2001)). Risco-país Com as instabilidades políticas e econômicas, dos países emergentes, causando elevada volatilidade, os riscos não são corretamente capturados. Provocando imprecisões na definição da tendência de comportamento futuro. Com esse grande nível de incerteza, faz-se necessário cobrar um prêmio pelos investimentos nesses mercados, como forma de denominar o risco-país (ASSAF NETO, 2003, p.362). O modelo CAPM modificado é calculado, então, pelo prêmio pelo risco de mercado da economia dos Estados Unidos, considerada a mais estável e de mais baixo risco, adicionada do risco-país. Visto que, os títulos T-Bonds americanos apresentam os maiores volumes de negociação do mundo e admitidos como livres de risco, servem de referência da taxa de juros internacional. A fórmula do CAPM para mercados emergentes ficará: CAPM: Rf + β.(Rm-Rf) + Rbr Onde: Rbr: risco-país (risco Brasil) Por exemplo, na década de 1990, na privatização da Embratel, teve o custo de capital próprio: • Taxa livre de risco – 5,75% • Coeficiente beta – 0,86 • Prêmio pelo risco de mercado – 7,40% • Risco-país – 4% • Custo de capital próprio = (5,75% +(0,86 * 7,40%)) + 4% = 16,11% Essa seria a taxa exigida pelos investidores para compensar o risco assumido. Mercado acionário Além disso, em razão das premissas existentes no CAPM, a aplicação direta deste modelo em economias emergentes, como o Brasil, tem diversos pontos a serem analisados, pois: • As bolsas de valores nos mercados emergentes tendem a ser pequenas em comparação ao PIB dos países emergentes e também possuem um pequeno número de empresas abertas; • A inexistência de índices abrangentes de mercado de ações, ponderados pelo valor de mercado e não pela liquidez como o Ibovespa; • A alta concentração das bolsas de valores, diminuindo a liquidez dos papéis negociados, a capacidade de diversificação dos investidores e aumentando a possibilidade de manipulação de preços; • O pequeno volume de transações e a concentração em poucos títulos, fazendo que os índices não reflitam de forma adequada a carteira de mercado; • Quando há concentração do índice de mercado em poucas ações, o beta das empresas reflete mais a relação dessas com as principais empresas que compõem o índice do que com a carteira de mercado, segundo Damodaran (1999). • O prêmio de risco de mercado costuma ser muito variável, e algumas vezes 2 negativo. O prêmio de risco das economias emergentes pode não representar a expectativa. Conclusão O CAPM é visto como a taxa de remuneração mínima exigida pelo investidor. Nos países emergentes, como o Brasil, a alta volatilidade dos índices financeiros, as mudanças políticas, oscilações da inflação, mercado acionário reduzido e concentrado são aspectos que influenciam na obtenção do CAPM. Portanto, o cálculo do CAPM a partir dos dados obtidos do mercado brasileiro produzirá resultados pouco confiáveis, visto que não há consenso em relação a forma de se estimar os parâmetros para países emergentes. Para tanto, deve-se utilizar métodos que englobam dados de referência de uma economia mais estável, tal como a economia norte americana. Referências bibliográficas ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo:Atlas, 2007. BRUNER, R., EADES, K., HARRIS, R., HIGGINS, R. Best Practices in Estimating the Cost of Capital: Survey and Synthesis. Journal of Financial Practice and Education. Primavera 1998 DAMODARAN, Aswath. Estimating Risk Parameters. Working Paper. Stern School of Business, New York, 1999. ESTRADA, Javier. The cost of equity in emerging markets: a downside risk approach.Emerging Markets Quarterly, Fall, p.19-30, 2000. ESTRADA, Javier. The Cost of Equity in Emerging Markets: A Downside Risk Approach (II). Emerging Markets Quarterly, Spring, p.63-72, 2001. GODFREY, S., ESPINOSA, R. A practical approach to calculating costs of equity for investments in emerging markets. Journal of Applied Corporate Finance, Fall, p.80-89,1996. HARVEY, Campbell. The International Cost of Capital and Risk Calculator. Duke University, 2001. HAUPTMAN, L., NATELLA, S. The cost of equity in Latin America: the eternal doubt Credit Suisse First Boston, Equity Research, 1997. *Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática. 3