Matriz de atividade individual* Módulo: 4 Fórum: CAPM e o Brasil Título: CAPM e o Brasil – Adaptação do modelo às particularidades do Mercado Aluno: Fabio Tadeu Filadelfo Disciplina: Decisões de Investimento Turma: A Introdução A despeito das primeiras movimentações relativas à Bolsa de Valores terem ocorrido entre o final do século XIX e início do século XX e anos mais tarde, com a criação da Bolsa Oficial de Valores de São Paulo na década de 30 e também com o surgimento das sociedades corretoras e da BOVESPA na década de 60, pode-se dizer que o mercado acionário brasileiro é bastante recente, principalmente, no que tange ao grande volume de negócios. Foi no final da década de 80, mais especificamente entre 1987 e 1988 que o mercado acionário, por meio da Bolsa de Valores começou a ganhar representatividade no cenário nacional. Isso ocorreu em função dos seguintes aspectos que podemos apontar também como marcos, são eles: Globalização; Entrada de capital estrangeiro no país; Integração da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro com a Bolsa de Valores de São Paulo; Criação do Novo Mercado; Fusão da BOVESPA com a BM&F e posterior abertura de capital; Convergência das demonstrações contábeis para as normas internacionais, proporcionando transparência e profissionalismo. Tendo em vista que o próprio mercado acionário nacional é imaturo, os modelos que tem como objetivo medir o risco sistemático também se encontram em desenvolvimento, entretanto, o Capital Asset Pricing Model – CAPM pode ser utilizado com um bom grau de assertividade, desde que algumas premissas sejam observadas e que algumas variáveis sejam ajustadas. De acordo com Paulo Sandroni, o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (Capital Asset Pricing Model) foi desenvolvido durando os anos 60 com o objetivo de dar uma forma específica à existência de um tradeoff (troca conflituosa) entre ganhos e riscos. O modelo estabelece uma relação linear positiva entre um ganho esperado de um porta-fólio diversificado de ativos e o risco sistêmico desse portafólio medido pelo parâmetro na seguinte equação: R = Rf +ß (Rm - Rf) R é o ganho esperado do porta-fólio, Rf é a taxa de juros sem risco (por exemplo, aqueles pagos nos títulos do governo), ß é a medida de até que ponto os ganhos sobre o porta-fólio se deslocam com o mercado constituído por uma combinação de todos os títulos, cada um ponderado por sua participação relativa. Devido a essa base ampla de comparação, todos os riscos evitáveis foram eliminados, de tal forma que os 1 remanescentes, denominados sistêmicos ou de mercado, estão associados com o movimento geral da economia, e Rm é o retorno esperado do portafólio de mercado. A diferença (Rm - Rf) é o prêmio pelo risco de mercado Risco-país De acordo com o Banco Central do Brasil, o risco-Brasil é um conceito que busca expressar de forma objetiva o risco de crédito a que investidores estrangeiros estão submetidos quando investem no País. No mercado, os indicadores diários mais utilizados para essa finalidade são o EMBI (Emerging Markets Bond Index Plus)+Br e o Credit Default Swap (CDS) do Brasil. O EMBI+Br é um índice que reflete o comportamento de títulos da dívida externa brasileira. A variação do índice entre duas datas permite calcular o retorno de uma carteira composta por esses títulos. Em 30 de dezembro de 2011, a carteira do EMBI+Br compreendia 16 papéis emitidos pelo país no exterior, com vencimentos até e 2041. O CDS é um contrato bilateral que permite ao investidor comprar proteção para crédito específico contra evento de crédito do emissor de determinado ativo. No que tange ao risco-país, é importante ressaltar que ele integra o cálculo do CAPM em países emergentes, contudo, no meu entendimento seu próprio conceito mostra-se subjetivo, pois são determinados e atribuídos por agentes internacionais. Mercado acionário De acordo com Marcelo d`Agosto, atualmente, existem no Brasil 642 companhias autorizadas pela CVM a negociar seus papéis em mercado. Dessas, 524 empresas são listadas na BM&FBovespa, o que significa que podem ter seus títulos negociados na bolsa paulista. Mas não quer dizer que, necessariamente, os papéis possuem liquidez expressiva. Para medir o tamanho efetivo do mercado acionário, uma alternativa é calcular o valor da capitalização de todas as empresas negociadas em bolsa. Significa multiplicar o preço de cada ação pela quantidade de papéis emitidos, para todas as companhias. Atualmente, o valor de mercado das empresas negociadas na BM&FBovespa é de aproximadamente R$ 2,3 trilhões. Teoricamente, significa que seria possível comprar todas as ações das companhias listadas na bolsa paulista desembolsando aquela quantia. Para ter uma dimensão do significado do valor de mercado das empresas negociadas em bolsa, é interessante fazer a comparação com o valor nominal do Produto Interno Bruto (PIB) anual, o montante de todas as riquezas produzidas no país no período de 12 meses. Tomando o período de 2002 até junho de 2012, destaca-se que no início, o valor de mercado das empresas negociadas na bolsa correspondia a apenas 30% do PIB daquele ano. Incertezas na época sobre o futuro da 2 economia brasileira afastavam os investidores e deprimiam as cotações. Desde então a relação subiu, até atingir o ponto máximo de 93% em 2007, antes da crise financeira mundial. A melhora dos fundamentos econômicos do Brasil valorizou a cotação das ações das companhias listadas e possibilitou que novas empresas participassem do mercado. Com isto, quero mostrar que de fato o mercado acionário brasileiro é bastante novo, pois até 10 anos atrás o valor de mercado das empresas negociadas na Bolsa relativamente ao PIB não era representativo, algo que mudou nos últimos anos, acompanhando a própria evolução da economia nacional. Conclusão O Capital Asset Pricing Model – CAPM, importante modelo de avaliação de ativos de capital, utilizado para medir o risco sistêmico, em outras palavras, utilizado para avaliar a relação entre risco e retorno, estimando o custo de capital próprio das Companhias, é bastante utilizado em mercados sólidos, estáveis e bem desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos, mas em países emergentes ou em desenvolvimento, como o Brasil, se faz necessário considerar outros aspectos, como por exemplo o risco-país e realizar uma série de adaptações. Vale destacar que assim como destacado no texto Apontando a simplicidade e a complexidade do modelo CAPM, o citado modelo tem sofrido inúmeras críticas e diversos pesquisadores têm questionado sua validade, inclusive por meio de estudos estatísticos bem fundamentados. Entretanto, a verdade é que os centros de pesquisa e os mercados de capitais ainda não conseguiram produzir um modelo alternativo com maior robustez, apesar dos problemas de sua aplicação. Por fim, pode-se dizer que se trata de um bom modelo de avaliação, mas que em economias inconstantes ou instáveis, que passa pela questão do risco-país (inflação, PIB, política, sociedade civil, legislação, fluxos de capitais, corrupção, fraudes, etc.), deve-se buscar formas de minimizar possíveis distorções em seu resultado. Referências bibliográficas APIMECMG. Apontando a simplicidade e a complexidade do modelo CAPM. Disponível em: <http://www.apimecmg.com.br/ApimecMG/Show.aspx?id_canal=1585&i d_materia=14962>. Acesso em: 9 mar. 2012. Banco Central do Brasil - Diretoria de Política Econômica - Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais – Risco País – Janeiro de 2012 – Série – Perguntas mais Freqüentes. SANDRONI, Paulo – Novíssimo Dicionário de Economia – Editora Best Seller – 2ª Edição D`AGOSTO, Marcelo. Mercado de Capitais: plantar para o futuro. Disponível 3 em: http://www.valor.com.br/valor-investe/o-consultorfinanceiro/2772576/mercado-de-capitais-plantar-para-ofuturo#ixzz26DHnkQnH. ValorIneste – Seção: Investimentos. Acesso em 01 ago. 2012. *Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática. 4