Acadêmicos da Gestão A GESTÃO DE PROJETOS COMO CONSECUÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Bruno Pascoal dos Santos Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Pernambuco e especialista com MBA em Gestão de Negócios pela mesma instituição. Gestor Governamental do Estado de Pernambuco. Eduardo Vacovski Especialista em Direito Processual Civil com ênfase em Litígios Públicos e Processo Coletivo pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar. Especialista em Direito Processual Civil incluindo Metodologia do Ensino Superior pelo IBEJ. Graduado em Direito pela PUC - PR. Advogado atuante no campo do Direito Administrativo e Cível. Professor Orientador de TCC no Centro Universitário UNINTER. 38 Este trabalho visa examinar o modo em que o gerenciamento de projetos pode contribuir no alcance e efetividade dos objetivos estratégicos da organização, quando associado a um bom planejamento estratégico. Para tal fim, recorreu-se a uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, como metodologia, através de um levantamento bibliográfico em livros e trabalhos científicos. A mensuração integrada das realizações dos projetos e dos objetivos do planejamento estratégico gera solidez institucional, sendo capaz de apresentar alguns benefícios, como: aumento da efetividade de seu planejamento; alinhamento do Escritório de Gerenciamento de Projetos – EGP com as expectativas dos stakeholders (partes interessadas); alcance do objetivo no prazo pactuado; melhor controle e priorização dos projetos e dos recursos disponíveis. O planejamento visa definir o objetivo estratégico da empresa, o que almeja alcançar no futuro e o que precisa realizar para obter sucesso, implementando metas para medição do desempenho, estabelecendo planos de ação e o emprego de recursos necessários para realização de suas tarefas. O gerenciamento de projetos é o ramo da gestão que visa prover a organização de conhecimentos especializados ao monitorar o andamento dos projetos, visando garantir seu sucesso, maior eficiência no gerenciamento de seus recursos e assessorar a alta gestão na tomada de decisão. Esse ramo da gestão vem sendo adotado como ferramenta de alcance dos objetivos estratégicos, através da execução dos planos estratégicos e da implantação de boas práticas de gerenciamento de projetos. A capacidade do gerenciamento de projetos de estabelecer mecanismos de medição objetivos o eleva ao status de ciência. Palavras-chave: Planejamento Estratégico. Gerenciamento de Projetos. Escritório de Gerenciamento de Projetos. Foto | freeimages.com RESUMO Introdução Administrar é buscar realizar os objetivos de uma organização de maneira eficaz e eficiente, por meio das atividades de planejamento, organização, liderança e controle dos recursos institucionais. Segundo Chiavenato (2008, p. 340), essas atividades quando consideradas um todo integrado formam o processo administrativo, já quando consideradas isoladamente constituem funções administrativas. As funções que compõem o processo administrativo são ordenadas de modo a relacionar-se de forma contínua e mútua. O processo administrativo é utilizado pela gerência de projetos como forma de administrar pessoas, recursos e a execução rumo ao resultado desejado. Nesta pesquisa, será dada ênfase na função de planejar e como assegurar a concretização desse planejamento – objetivo geral –, fazendo uso de técnicas de gestão de projetos como forma de monitorar a execução e atuar corretivamente na busca dos objetivos organizacionais – objetivo específico. Diante desse contexto, apresenta-se como problemática a ser discutida: como a gestão de projetos e o escritório de gerenciamento de projetos podem contribuir para a consecução do planejamento estratégico organizacional. De forma a alcançar o objetivo deste trabalho, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório. Já a coleta de dados e informações se deu através de levantamento bibliográfico, em Figura 1 | Processo administrativo: A Interação das Funções Administrativas PLANEJAMENTO CONTROLE ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO Fonte: Chiavenato (2008, p. 340) livros e artigos científicos. Sendo as informações analisadas em seu aspecto qualitativo, sintetizando os estudos realizados por autores considerados referências no assunto, de forma a apresentar conhecimentos e ferramentas consagradas e testadas, possibilitando esclarecer acerca do problema proposto nesta pesquisa. Constituindo-se em um artigo de revisão bibliográfica. A justificativa para a escolha deste tema se dá pela crescente implantação e desenvolvimento da área de gestão de projetos e do escritório de gerenciamento de projetos, seja em organizações públicas e privadas, proporcionando maior controle e efetividade de suas atividades. A estrutura do presente trabalho inicia-se com a apresentação conceitual sobre planejamento estratégico e seus componentes vinculados à organização, em seguida apresenta e aprofunda o conhecimento sobre gerenciamento de projetos e escritório de gerenciamento de projetos como ferramentas e área de conhecimento utilizada como meio de monitorar o desempenho da organização e garantir o alcance de seu planejamento estratégico. Compete ao planejamento formar o arcabouço geral de uma organização, a partir do estabelecimento: do porquê de sua existência, respondendo o que ela se propõe a fazer (missão); de metas que orientarão o que a empresa deseja alcançar (visão); e o que é necessário realizar para alcançá-los. A gestão de projetos vem sendo adotada como ferramenta de alcance dos objetivos estratégicos de uma empresa. Para isso, faz-se necessário a implantação de boas práticas de gerenciamento de projetos, vinculada a uma boa estrutura organizacional e aos objetivos concebidos em seu planejamento estratégico. A este ramo da gestão, Vargas (2009) e Trentim (2011) vem aglutinando a responsabilidade pela execução dos planos estratégicos das empresas, até então pouco esclarecido. Além da alta gestão, das mais variadas estruturas de organizações, ser demandada por compreender a metodologia de gestão de projetos com a finalidade de cobrar de seus gerentes e equipes o alcance pela excelência na metodologia em que os projetos são escolhidos, planejados, executados e monitorados. O EGP é uma unidade organizacional especializada na gestão de projetos, responsável por centralizar, coordenar, definir a metodologia de sua gestão de modo a prover a organização de conhecimento especializado capaz de subsidiar a tomada de decisão dos gestores. 39 1 Planejamento Estratégico O Planejamento Estratégico define a missão da empresa e sua visão e também estabelece metas para direcionar, verificar e controlar o atingimento dos objetivos. Gerenciamento de projetos seria o veículo para atingir a visão da empresa. Poderíamos dizer que a visão é o que a organização deseja atingir (alvo), missão é 40 aquilo que ela se propõe a fazer e o gerenciamento de projetos é o como fazer. (TRENTIM, 2011, p. 13) A mensuração das práticas de gestão de projetos associada aos objetivos estratégicos está diretamente relacionada ao desafio de orientar a gestão para resultados e a busca pela efetividade da estratégia, apresentando como benefícios: aumento da efetividade de seu planejamento, alinhamento do Escritório de Gerenciamento de Projetos com as expectativas dos stakeholders (partes interessadas); alcance do objetivo no prazo pactuado; melhor controle e priorização dos projetos e dos recursos disponíveis. Garcia et al. (2014, p. 52) discorrem sobre o mapa estra- tégico, “O mapa estratégico é uma representação gráfica da relação de causa e efeito entre os objetivos estratégicos através das perspectivas do BSC”. Uma forma de se avaliar a eficácia e efetividade do planejamento estratégico e de sua execução é medindo um conjunto de indicadores, que representem os objetivos da estratégia. Uma das ferramentas mais empregadas na gestão estratégica e no suporte à tomada de decisão é o Balanced Scorecard – BSC, cuja tradução literal é “Indicadores Balanceados de Desempenho”, que tem como objetivo a medição e gestão de desempenho na busca do alinhamento da estratégia com as atividades operacionais, criando uma rede de desempenho, que alcance os resultados de todos os níveis da organização, bem como Figura 2 | Pirâmide Estratégica Balanced Scorecard NÍVEL ESTRATÉGICO NÍVEL TÁTICO Administração por objetivos NÍVEL OPERACIONAL Painel de indicadores Fonte: GARCIA et al. (2014, p. 52) O planejamento tem como papel estabelecer onde a organização pretende estar no futuro e o que ela precisa realizar para alcançá-lo, implementando metas para mensurar o desempenho futuro, definindo planos de ação e o emprego de recursos necessários para realização de suas tarefas. Como função administrativa, o planejamento é compartilhado por todos os níveis da organização, porém detendo propriedades distintas em cada um. No nível institucional, é chamado de planejamento estratégico, tendo como características o foco no longo prazo e versar sobre a organização como um todo. No nível intermediário, é classificado como tático, possuindo como características o foco no médio prazo e versar sobre cada unidade organizacional em separado. No nível operacional, o planejamento recebe o mesmo nome do nível (homônimo), tendo como foco o curto prazo e visando cada operação em separado. Para Trentim, o meio de mensuração da visão de futuro da empresa, vinculado ao nível institucional. Para o alinhamento do nível tático predomina a Administração por Objetivos – APO, que é um mecanismo participativo criado para realização do processo de planejar, organizar e controlar a empresa e seus departamentos, cujo objetivo principal é associar os objetivos organizacionais com o desempenho e o desenvolvimento individual, de modo a esclarecer a distribuição das metas e a forma como se interagem nos diversos departamentos da empresa. No nível operacional, a metodologia consagrada para ligar as metas organizacionais ao desempenho operacional individual é o Painel de Indicadores, que visa à estruturação dos indicadores de desempenho como forma de mensuração do desempenho organizacional e individual rumo ao alcance da estratégia corporativa, servindo para orientar o desempenho individual dos funcionários em seu dia a dia. Esses indicadores avaliam aspectos financeiros, temporais, qualitativos, de satisfação das partes interessadas, de recursos humanos. Relatórios sazonais são utilizados como forma de documentar as ações substanciais no cumprimento da estratégia, fundamentado pelo monitoramento dos projetos prioritários, evidenciando os principais resultados e impactos alcançados em cada objetivo estratégico e facilitando diagnosticar se os resultados planejados estão sendo concretizados. 2 Gerenciamento de Projetos Inicialmente, faz-se necessária, a percepção do conceito de projeto, que nada mais é que um esforço não contínuo, composto por atividades planejadas e ordenadas, de modo a gerar um resultado específico, capitaneado por pessoas que administram recursos na realização do empreendimento, que será avaliado em sua qualidade, custo, desempenho e prazo de entrega. Em contraposição, operação é o processo contínuo, repetitivo e infindável na execução da rotina da empresa. Na definição do Project Management Body of Knowledge – guia PMBOK – (2013), “Gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos”. Compreende-se como função estratégica da organização, de modo a associar os resultados dos projetos à estratégia corporativa, alcançando maior eficácia e efetividade de suas ações. O PMBOK (2013) agrupa os 47 processos de gerenciamento em 10 áreas de conhecimentos distintas. Em que cada área descreve conceitos e atividades de determinada área de especialização. Apesar de que, a depender do ambiente, torna-se vital a implementação de nova área de conhecimento e respectivos processos, assim como a exclusão de outra. Os projetos diferenciamse em suas magnitudes, áreas, complexidades. Porém, faz-se necessário distinguir o ciclo de vida do projeto dos grupos de processos de gerenciamento de projeto. O ciclo de vida é composto por: iniciação do projeto; organização e preparação; execução do trabalho do projeto; e encerramento do projeto. Já, segundo o guia PMBOK (2013), os grupos de processos de gerenciamento de projetos dividem-se em: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, encerramento. O mesmo guia versa que “os processos de um grupo de processos consistem de atividades que podem ser executadas e ocorrer novamente em cada fase de um projeto assim como para o projeto como um todo”. Alguns gestores entendem que esses grupos compõem fases de um projeto, porém essa não é a tese a ser seguida nesta pesquisa, já que cada projeto tem estágios distintos, bem como esses grupos compõem todos esses estágios. Segundo Costa, A iniciação serve para coletar todas as informações básicas para início de uma fase ou um projeto. Informações essenciais tais como objetivos, metas, restrições, premissas, principais stakeholders e uma definição sucinta sobre o escopo, tempo, custos, qualidade e riscos são fundamentais. O planejamen41 to detalha as informações que foram coletadas na iniciação e define um caminho lógico e exequível para se chegar ao objetivo do projeto. Isso ocorre porque as informações da iniciação são muito superficiais e geram muitas incertezas. Execução tem o objetivo de cumprir passo a passo o que foi definido no planejamento. Este grupo de processos contém apenas atividades “gerenciais” que vão ser realizadas ao longo do projeto para garantir que o planejamento seja cumprido. O monitoramento e controle tem a função de cuidar das discrepâncias do projeto. Eles vão informar como está o desempenho do projeto e avaliarão os impactos das solicitações de mudanças. O encerramento vai verificar se tudo o que realmente foi planejado foi cumprido e se os objetivos do projeto foram atingidos. Os processos contidos nesse grupo coletam e armazenam lições aprendidas, desmobilizam recursos, arquivam documentos, encerram contratos e contas e coisas afins. (COSTA, 2014, p. 82). Os ensinamentos de Costa (2014, p. 82) afirmam que, “Os grupos de processos não executam nada em termos gerenciais. Os responsáveis são os processos contidos neles. Eles apenas foram criados para agrupar processos com funções gerenciais semelhantes”. 42 Desde os primórdios da humanidade, os projetos sempre se fizeram presentes e, com o decorrer dos tempos, foram sendo desenvolvidas teorias de administração focadas na gestão de projetos. Desse modo, surgiu o aglomerado de boas práticas do Project Management Institute – PMI, que apenas reuniu, pesquisou, aperfeiçoou, priorizou e compilou em formato de guia de referência, intitulado de PMBOK Guide. Lipke (2015) critica a não promoção da cultura de melhoria contínua pelo PMBOK, alegando que este guia se limita à melhoria oferecida pela padronização de boas práticas e de não avaliar se as melhores práticas foram implementadas e se desempenham bem seu propósito. Bem como, apresenta o Organizational Project Management Maturity Model (OPM3), também produzido pelo PMI, como metodologia capaz de padronizar as melhores práticas para avaliar e desenvolver a capacidade de gerenciamento de projetos com foco nas áreas que necessitam de melhoria. Esses modelos trazem em seu escopo descrições e ferramentas de medição qualitativas, porém apenas com a associação do Gerenciamento do Valor Agregado - GVA ao PMBOK e ao OPM3 possibilita-se produzir medições quantitativas, o que contribui para a gestão de projetos alcançar o nível de ciência, visto que o gerente ultrapassa a limitação de ter apenas seu conhecimento pessoal e intuição para a tomada de decisão, possuindo mecanismos de medição objetivos que aumentarão a possibilidade de sucesso do projeto. Uma pesquisa de benchmarking em gerenciamento de projetos no Brasil, publicado em 2013 pelo PMI, mostrou que diante dos dilemas mais frequentes em projetos, o mais apontado foi “problemas de comunicação”. Seguem pesquisas sobre as competências mais valorizadas para gerenciar projetos e as principais deficiências dos gerentes de projetos: Figura 3 | As Competências mais Valorizadas para Gerenciar Projetos COMPETÊNCIAS MAIS VALORIZADAS % DAS ORGANIZAÇÕES QUE CITARAM Comunicação 63,2 Liderança 51,8 Negociação 40,6 Conhecimento de Gerenciamento de Projetos 33,8 Trabalho em equipes 29,0 Habilidade para integrar partes 28,2 Administração de conflitos 26,6 Fonte: Carvalhal, E.; Araújo, J. V. (2014, p. 58) financeiros; mas é formada por pessoas e, assim sendo, aspectos humanos de desenvolvimento e aspirações também conjugam uma orientação. Por exemplo: nos indicadores, dentro do nível tático, deve ser construído um cenário que prevê um desenvolvimento e capacitação profissional dos seus colaboradores, gestores e equipe de apoio. (GARCIA et al., 2014, p. 52) Figura 4 | As Competências mais Valorizadas para Gerenciar Projetos PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS DOS GERENTES DE PROJETOS % DAS ORGANIZAÇÕES QUE CITARAM Comunicação 41,1 Administração de conflitos 35,5 Conhecimento de Gerenciamento de Projetos 30,6 Negociação 27,2 Habilidade para integrar partes 27,0 Conhecimento de softwares de gerenciamento de projetos 25,7 Fonte: Carvalhal, E.; Araújo, J. V. (2014, p. 58) A habilidade de comunicação é componente imprescindível tanto nas atividades de gestão administrativa, quanto nas de gestão de projetos. Para que as ações do nível operacional e tático estejam alinhadas à estratégia traçada pela alta gestão, necessita-se de um processo de comunicação estruturado. É relevante salientar, que a comunicação explane os ganhos concebidos pelo monitoramento, como o alinhamento do executado com o planejado, a entrega no prazo, redução de custos, a qualidade das entregas, a satisfação dos stakeholders. Garcia et al. analisam a participação dos recursos humanos no processo de gestão de negócios: Uma empresa não está restrita somente a máquinas, sistemas e recursos A gestão de recursos humanos em projetos requer do gerente de projetos e da alta administração, habilidade de comunicação e negociação, visto que os indivíduos divergem em seus interesses, anseios, motivações, experiências e culturas, os quais precisam ser compreendidos pelos gestores, já que interferem no desempenho individual e coletivo, impactando na realização da visão e estratégia institucional. 3 Escritório de Gerenciamento de Projetos O Escritório de Gerenciamento de Projetos – EGP também é conhecido pela sigla em inglês PMO (Project Management Office) e funciona como uma unidade organizacional que centraliza e coordena, de forma especializada, projetos que estejam sob sua competência, de acordo com as atribuições determinadas pela empresa em que atua, sempre visando à priorização e execução de projetos que estejam alinha- dos ao seu planejamento estratégico. Sendo o responsável pela definição do modelo de gestão de projetos e do portfólio ideal às necessidades da instituição, dotar os gerentes e equipes de projetos de conhecimento especializado em gerenciamento de projetos. Existem três funções que predominam em PMOs de sucesso, são elas: desenvolver a metodologia de gerenciamento de projetos e prover de conheci- mentos especializados a organização; monitorar a execução dos projetos de sua competência; e subsidiar a alta administração de relatórios gerenciais dos projetos para tomada de decisão. No entanto, não se deve esquecer, de mensurar objetivamente seus resultados, apresentando o valor que está produzindo para a organização. De maneira a destacar a importância do PMO na reali43 zação da pré-gestão, Pinto et al. (2014, p. 47) reforça a ideia ao explicitar que “É expectativa comum na alta gestão que os PMOs possam contribuir com uma espécie de pré-gestão, estabelecendo e executando ações que possam corrigir problemas, antes mesmos deles chegarem a ser reportados para o nível executivo.” O Escritório de Gerenciamento de Projetos, frequentemente, é tido como órgão fiscalizador e punitivo dos seus gerentes, porém é essa classificação que deve ser evitada, fortalecendo sua função normativa e consultiva. Não devendo proceder apenas de forma reativa, mas predominantemente em seu aspecto proativo e preventivo, subsidiando a tomada de decisão e a busca pela realização dos objetivos estratégicos da empresa. O PMO, normalmente, detém informações generalistas em relação à carteira de projetos e à gestão de recursos, podendo colaborar na otimização do desempenho dos projetos como um todo, enquanto os gerentes de projetos estarão mais focados em determinado projeto com informações mais específicas. Segundo Garcia et al. (2014, p. 53), “para o PMO desempenhar com total eficiência e desenvolver sua capacidade máxima, é preciso que a empresa em que esteja integrado tenha maturidade suficiente na metodologia de aplicação e gerenciamento de projetos.” Uma grande adversidade dos EGPs, apontada por Américo Pinto et al. (2014, p. 42), é 44 Figura 5 | Alinhamento do PMO com as Expectativas dos Executivos 2% Completamente alinhado 15% 20% Alto grau de alinhamento 28% Médio grau de alinhamento Baixo grau de alinhamento 35% Completamente desalinhado Fonte: Pinto et al. (2014, p. 42) sua capacidade de gerar valor para sua empresa. O autor indica que “o caminho para cumprir esse objetivo é garantir o alinhamento entre as expectativas dos executivos responsáveis pelos PMOs com o direcionamento estratégico e funções executadas pela área.” Pinto et al. coordenou uma pesquisa PMO Brasil 2014 – com grandes organizações brasileiras públicas e privadas, chegando a conclusão de que: (...) há um grande desalinhamento entre expectativas em relação aos PMOs e como estes vêm se estruturando e agindo. A pesquisa revela que menos da metade dos executivos (43%) consideram seus PMOs com alto grau ou completamente alinhados com suas expectativas. (Pinto, 2014, p. 42) Não há uma forma de PMO predeterminada a ser estabelecida. A formatação ideal dependerá do nível de maturidade da instituição e do ambiente em que atua, podendo originar-se de um PMO operacional, departamental (tático) ou corporativo (estratégico), definindo o nível de detalhe que terá no monitoramento de seus projetos. É função, também, do PMO criar padrões empíricos para desenvolver o nível de maturidade institucional. Na delimitação do tamanho e estrutura que conterão um EGP, deve-se verificar: o tamanho da instituição; o portfólio de funções que proverá; além de identificar quem são seus clientes e suas expectativas. Para uma real efetividade do PMO, faz-se necessário o apoio da alta administração e a internalização de uma cultura de gestão de projetos (monito- ramento), que proporcionarão engajamento com suas metas e objetivos. Segundo Garcia et al. (2014, p. 54), “A implantação de um PMO no meio corporativo é o melhor meio de disseminar estratégias e padrões de gerenciamento de projetos pela organização, de forma a garantir o mais eficaz caminho para se alcançar o alinhamento dos projetos ao plano estratégico.” A maior parte dos PMOs procede de controles de prazo e custo. No entanto, não se pode negligenciar o controle do escopo do projeto, monitorando suas entregas, através de indicadores de desempenho e financeiros. O EGP deve buscar o uso de indicadores objetivos na medição do monitoramento de seus elementos, quando não possível, deverá gerar ferramentas de mensuração qualitativas, além de identificar quando um projeto não esteja mais gerando resultados e demandar a baixa de sua carteira à alta administração. Na gestão de projetos, utiliza-se com frequência a técnica do cronograma dinâmico, que é o projeto formado por diversas atividades, onde ao atualizar uma delas, todas as demais correlacionadas serão atualizadas automaticamente. Possibilitando a previsão de seu tempo e custo de modo a facilitar a tomada de decisão. Segundo Vanhoucke (2014, p. 53), “o cronograma dinâmico ou gerenciamento integrado de controles de projetos é composto pela integração entre o EVM/ES e SRA usando a linha base do cronograma”. Vanhoucke sugere para o controle de projetos: As métricas de desempenho de Gerenciamento de Valor Agregado – GVA (EVM) podem ser usadas para prever a duração e o custo esperados de um projeto em andamento, enquanto as métricas de desempenho de Cronograma Agregado – CA (ES) só podem ser usadas para calcular uma previsão alternativa da duração esperada do projeto. (VANHOUCKE, 2014, p. 55). Vanhoucke define a chamada Análise de Risco em Cronogramas (SRA) como: É uma técnica utilizada para medir e avaliar o impacto da variação no tempo de atividade e estimativas de custo sobre os objetivos do projeto. A sensibilidade de ambas as métricas (tempo e custo) são discutidas utilizando-se uma estimativa simples e direta de três pontos ou estimativas mais avançadas usando-se distribuições estatísticas. (VANHOUCKE, 2014, p. 55). Para o controle de cronogramas, Vanhoucke defende que: A reunião (do controle de cronogramas) em dois métodos de controle de projetos alternativos, que visam medir o desempenho dos projetos em andamento e gerar gatilhos para ações corretivas para trazer projetos com problemas de volta ao trilho ou para explorar oportunidades do projeto. Diferindo no fato de que seus pontos de medição são tomados em diferentes níveis da Estrutura Analítica de Projeto – EAP (WBS). (VANHOUCKE, 2014, p. 55). Diversos softwares são utilizados como forma de auxiliar e agregar valor ao gerenciamento de projetos, porém esses sistemas de informações isolados não irão solucionar todos os problemas da área. A eles deve-se somar a internalização da cultura de gestão de projetos e seu consequente monitoramento, além de uma reestruturação dos processos relacionados, assim como a qualificação das equipes e gerentes de projetos. O PMO deve gerar, para a alta administração, relatórios objetivos com o uso de cronogramas de marcos e gráficos que facilitem o diagnóstico e a identificação de obstáculos atuais, os quais demonstrem informações estratégicas que fundamentem alteração do caminho planejado e a tomada de decisão. Nesse sentido, Pinto et al. (2014, p. 45) afirma que, “todo o monitoramento deve ser feito por meio de relatórios adaptados às necessidades de tomada de decisão de cada stakeholder, utilizando-se de abordagens mais visuais ou detalhadas, conforme a expectativa e o interesse”. 45 Considerações Finais O uso de indicadores que bem representem os objetivos estratégicos proporcionará avaliar a eficácia e efetividade do planejamento estratégico, assim como sua execução. O BSC se apresenta como ferramenta, consagrada no mercado, de medição e gestão do desempenho, visando o alinhamento da estratégia. No nível tático e operacional, indica-se o uso da Administração por Objetivos – APO e do Painel de Indicadores, respectivamente, como ferramentas para detalhar os objetivos estratégicos, mensurar e orientar o desempenho rumo à estratégia corporativa. A congregação das práticas de sucesso compreendidas no PMOK leva a realização da qualidade no gerenciamento de projetos, à medida que o OPM3 é responsável pelo desenvolvimento contínuo da metodologia. A informação qualitativa não apresenta conhecimento bastante e eficiente para diagnosticar e fundamentar a ação dos gestores, o que faz necessária a busca pela descrição de medições objetivas para subsidiar a análise do desempenho e a tomada de decisão para o atingimento do sucesso do negócio, além de dar status de ciência ao gerenciamento de projetos. Para isso, cabe ao Gerenciamento do Valor Agregado associado ao PMBOK e ao OPM3 produzir fontes de medição quantitativas que darão maior segurança e precisão à tomada de decisão, além de superar a limitação do 46 conhecimento pessoal e a intuição nas deliberações. O ponto crítico dos PMOs é sua capacidade de gerar valor para sua organização. Isso é possível assegurando o alinhamento entre as expectativas dos executivos responsáveis pelo PMO com o direcionamento es- tratégico e funções executadas pela área. De modo a atingir plena efetividade do EGP, precisa-se de apoio da alta administração, como também a internalização de uma cultura de gestão de projetos, que propiciarão engajamento com suas metas e objetivos. REFERÊNCIAS CARVALHAL, E.; Araújo, J. V. Os Desafios dos Diálogos Sustentáveis com Stakeholders na Administração de Conflitos e nas Negociações em Projetos. Revista Mundo Project Management, ed. 57, p. 56-66, jun./jul. 2014. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro. 2008. COSTA, H. R. Grupos de Processo em Gerenciamento de Projetos. Revista Mundo Project Management, ed. 56, p. 82, abr./mai. 2014. GARCIA, C.; Mello, H.; Bastos, H.; Rocha, A. Gestão Integrada de Projetos Orientada pelo Planejamento Estratégico Empresarial. Revista Mundo Project Management, ed. 56, p. 50-57, abr./mai. 2014. LIPKE, W.; Paulo, A. O que Falta no Gerenciamento de Projetos. Revista Mundo Project Management, ed. 63, p. 62-67, jun./jul. 2015. PINTO, A.; Cavalcanti, A.; Selomèo, D.; Oliveira, M. A.; Silva, M. PMO Insights – Como o PMO Deve Monitorar Projetos e o Portfólio. Revista Mundo Project Management, ed. 56, p. 44-48, abr./mai. 2014. PINTO, A.; Dutra, C. E. F.; Gomes, J. M.; Silva, M.; Mendonça, N.; Silva, O. A.; Gattoni, R. L. PMO Insights – O que Executivos e Lideres Pensam sobre os seus PMOs. Revista Mundo Project Management, ed. 57, p. 4245, jun./jul. 2014. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK). Ed. 5. 2013. MEI, Paulo. PM Mind Map: A Gestão Descomplicada de Projetos. Revista Mundo Project Management, ed. 63, p. 18-22, jun./jul. 2015. TRENTIM, M. H. Gerenciamento de Projetos. São Paulo. 2011. VANHOUCKE, M. Gerenciamento Integrado de Controles de Projetos. Revista Mundo Project Management, ed. 59, p. 52-56, out./nov. 2014. VARGAS, R. Gerenciamento de Projetos. 7. ed. Rio de Janeiro. 2009.