Inteligência Competitiva e o “país do futuro” Autor: Sérgio Meyer

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Inteligência Competitiva e o “país do futuro”
Autor: Sérgio Meyer Portugal*
Ikujiro Nonaka, um dos mais importantes pensadores da gestão do conhecimento, diz que
“numa economia onde a única certeza é a incerteza, a única fonte segura de competitividade
duradoura é o conhecimento”. É fácil perceber que a definição do senhor Nonaka pode ser
aplicada por um profissional, por uma empresa ou até por um país como um todo.
Já é sabido que o crescimento dos países em desenvolvimento tem produzido uma maior
demanda por commodities, ponto forte do Brasil. Porém, o que faz a diferença no longo prazo,
na chamada economia do conhecimento, na qual estamos todos inseridos, são produtos e
processos com maior valor agregado, conseguidos via inovação, ponto fraco do Brasil.
Mas como transformar esta realidade? Acreditamos ter algumas pistas para chegar lá.
Para começar, a informação tem se mostrado um fator estratégico de competitividade. Mas
falar de informação pode causar calafrios em alguns executivos brasileiros. Não à toa. O
volume de dados e de informações gerados através da internet dobra a cada dezoito meses.
Isso mesmo! E com cada vez mais pessoas acessando a internet, a tendência é a situação
piorar. Ou melhorar. Tudo depende se a organização está pronta para trabalhar esse potencial
universo de conhecimento e inovação.
Continuando, o amadurecimento do mercado interno e externo tem beneficiado o
consumidor, que ganha mais e melhores opções de produtos e serviços. Do lado de quem
vende isso leva a uma maior concorrência. Ser competitivo e se manter no mercado depende
da capacidade de atender as exigências do consumidor com qualidade, rapidez e custo baixo.
Neste momento, é importante destacar os preceitos do professor e consultor Michael Porter.
Ele ensina que as empresas podem gerar vantagem competitiva trabalhando por liderança de
custos, pelo atendimento de nichos ou pela diferenciação. E em todos os casos, a inteligência
competitiva tem papel fundamental.
Como resposta aos preceitos de Porter, um sistema de inteligência competitiva procura
superar os desafios de coletar, organizar e processar dados e informações e, em seguida,
disseminar conhecimento na empresa. Se bem aplicada como ferramenta de gestão, a
inteligência competitiva pode subsidiar as tomadas de decisão diárias dos gestores, antecipar
as tendências do mercado e apoiar a formulação e acionamento de estratégias que permitam
às empresas promover um crescimento sustentável. E não somente. Ela é imprescindível para
monitorar a evolução da concorrência e avaliar ameaças e oportunidades que se apresentam
no ambiente de negócios para definir ações proativas e de reposicionamento.
É inegável que um sistema de inteligência competitiva bem desenhado tem os meios para
responder aos desafios postos acima. Mas é preciso lembrar que somente o conhecimento
efetivamente aplicado pela organização pode ser considerado inteligência. E aqui chegamos à
inovação.
Costumamos pensar em inovação como a mágica feita por Steve Jobs na Apple, que liderou a
produção de equipamentos eletrônicos sedutores e com alta tecnologia embarcada, a ponto
de criar um novo mercado. É um excelente exemplo de inovação. Entretanto, é fundamental
que os gestores brasileiros entendam a inovação como um processo transversal a toda
empresa. Isso significa aplicar a inovação, por exemplo, nos processos administrativos, nas
práticas de produção, no desenvolvimento de novos produtos, nos serviços ao consumidor, na
redução de custos, na melhoria da comunicação, enfim, onde o gestor perceber que pode
realizar desde uma melhoria pontual à revolução de todo um segmento.
E quem pensa que tudo isso só pode empregado por grandes empresas, pode mudar de ideia.
As técnicas de inteligência competitiva são acessíveis a todos. Alie essas técnicas às
possibilidades trazidas pela internet e pelas tecnologias de informação e comunicação de baixo
custo, e você tem os ingredientes que possibilitam o acesso de todo e qualquer agente
econômico a conhecimento estratégico e inovação. Portanto, incorporar a ferramenta de
inteligência competitiva e seus benefícios no cotidiano é só uma questão de atitude.
A esta altura, podemos afirmar que parte da resposta para o urgente avanço da
competitividade brasileira deve partir daqueles líderes empresariais conscientes de seu papel
para o desenvolvimento sustentável do país. Afinal, empresas modernas e inovadoras são um
dos pilares que compõe e mantem um país mais competitivo. E aqui cabe outra pergunta:
Você está disposto a participar deste movimento pelo seu negócio e pelo Brasil?
*Sérgio Meyer Portugal é consultor do DC Inteligência e professor de Inteligência e Análise
Estratégica.
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