1 REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Marcos Rogério Zanini – FAFIJAN Reginaldo Aparecido Verri – FAFIJAN Jaiane Aparecida Pereira – FAFIJAN/UEM RESUMO Este artigo tem por objetivo demonstrar como o marketing e os meios de comunicação agem junto ao processo decisório de compra do consumidor. O marketing atualmente é visto como o elo entre empresa e consumidor, ferramenta em que se permitem as organizações efetivar pesquisas, montar estratégias de venda, analisar resultados mediante feedbacks, entre outros. Técnica que tem por intuito a maximização do lucro nas organizações. A comunicação em marketing vem sendo cada dia mais aplicada pelas organizações na qual procuram informar, persuadir seus consumidores – direta ou indiretamente – sobre seus bens e marcas. Para tanto, parte-se das noções de estratégias de comunicação que utiliza suas variáveis para transpassar as mensagens de forma clara e compreensiva a proposta de valor da organização. A área do comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, ideias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos na aquisição de produtos/serviços. Palavras-chave: Marketing. Comunicação de Marketing. Comportamento do Consumidor. 2 1 INTRODUÇÃO Atualmente, vive-se uma era em que as mudanças são constantes, sendo que se manter atualizado faz parte das necessidades de todo profissional do mercado. O sucesso em marketing depende, sobretudo, da reação dos consumidores no processo de decisão de compra frente às estratégias desenvolvidas. As pessoas são diferentes, por isso também apresentam necessidades e desejos distintos. Para que se obtenham bons resultados no processo de venda de determinado produto ou serviço, faz-se necessário analisar o comportamento de compra do consumidor. Conhecendo o comportamento de compra do consumidor, torna-se possível analisar com maior precisão quais são os principais fatores que influenciam na decisão de compra, podendo assim detectar possíveis oportunidades e, até mesmo, desenvolver um amplo planejamento estratégico de lançamento de um produto ou a melhor maneira de inferi-lo na divulgação de um serviço. Os estímulos recebidos pelos consumidores, através dos meios de comunicação, afetam diretamente ou indiretamente o processo de decisão de compra, pois a propaganda tem um papel poderoso para a conscientização das pessoas sobre uma empresa, um produto, um serviço ou uma ideia. O presente artigo tem por objetivo realizar uma reflexão teórica sobre a influência dos meios de comunicação no comportamento de compra do consumidor. Para isso, a metodologia empregada foi a da pesquisa bibliográfica, que procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos (CERVO; BERVIAN, 2002). A pesquisa bibliográfica é considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais (MARCONI; LAKATOS, 2001). Para atingir o objetivo, este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: primeiro, uma abordagem sobre o marketing e a comunicação. Em seguida, apresenta-se a comunicação integrada e o composto de marketing. Depois, a mídia e o comportamento do consumidor. Por fim, discute-se a influência dos meios de comunicação no comportamento do consumidor. 3 2 O MARKETING E A COMUNICAÇÃO Uma empresa desenvolve produtos e serviços para satisfazer as necessidades dos clientes, cuidando da distribuição levando os produtos até os consumidores, desta forma também define as condições de preço. Ainda se tratando do domínio de marketing, outra função se faz presente, comunicar os atributos do produto, falando da distribuição, dos preços e tudo aquilo que pode ser valorizado pelo mercado (URDAN; URDAN, 2006). A comunicação entre organização e o mercado acontece por várias ocasiões e com diversos propósitos. Cabe à organização levar aos conhecimentos dos consumidores vários fatores por ele desconhecido, como desconhecimento do produto, desconhecimento da empresa ou suas políticas, como por exemplo, as condições de pagamento. Para Urdan e Urdan (2006, p. 244): Comunicação é “a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas”. É a atividade humana que liga duas ou mais pessoas com a finalidade de compartilhar informações e significados. A comunicação é algo inseparável nas relações que pessoas e organizações estabelecem com os outros. Utilizando esse conceito dentro dos preceitos do marketing, Kotler e Keller (2010, p. 532) definem que: a comunicação de marketing é o meio pelo qual as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores – direta ou indiretamente- sobre os produtos e marcas que comercializam. Num sentido, a comunicação de marketing representa a “voz” da marca e é o meio pelo qual estabelece um diálogo e constrói relacionamentos com os consumidores. Portanto, a definição de comunicação de marketing pode ser definida como: o meio pelo qual as organizações comunicam o seu valor e seus produtos para o mercado consumidor, ou seja, é uma função do profissional de marketing. Ao descrever a função da comunicação de marketing, identificam-se alguns elementos que o compõem, como: emissor, codificação, mensagem, meio, receptor e decodificação, resposta e feedback. Desta forma, é importante que a organização conheça estes elementos para que possa atingir de forma plena a função da comunicação de marketing. Urdan e Urdan (2006) revelam que o processo de comunicação está na base da promoção, sendo que a comunicação de marketing coordena este conjunto de elementos com o objetivo de levar o mercado consumidor a um comportamento específico. A figura 01 esquematiza o modelo básico do processo de comunicação de marketing. 4 Figura 1: O Processo de Comunicação de Marketing Fonte: (BOONE; KURTZ, 1998, p. 565) Observa-se que a função da comunicação de marketing gira em torno das mensagens que saem do emissor, passam pelo receptor e retornam à organização por meio de diversos canais. A comunicação de marketing colabora de diferentes formas com os clientes/consumidores, proporcionado a estes um maior conhecimento dos produtos oferecidos como também conecta estes clientes as suas marcas, produtos, lugares e eventos proporcionando experiências, sensações e ações, ou seja, causando um comportamento no consumidor (KOTLER; KELLER, 2010, p. 532-533). Para que as empresas consigam passar a mensagem de modo eficaz ao consumidor, é necessário construir um plano de comunicação eficaz. Para isso, a empresa precisa traçar estrategicamente seus objetivos de forma nítida e compreensiva a proposta de valor da organização, ou seja, “o que” a organização, por meio de seus produtos e serviços, tem para ofertar a seu público potencial (PEREZ; BAIRON, 2002). O processo deve ser iniciado tendo-se em mente um público-alvo bem definido: possíveis compradores dos produtos da empresa, usuários atuais, pessoas que decidem ou influenciam; indivíduos, grupos, públicos específicos ou o público em geral (KOTLER; KELLER, 2010, p.538). Mediante o processo, elencam-se algumas estratégias a serem seguidas para obtenção na qualidade e produtividade da comunicação que se deseja, como: identificação do públicoalvo, determinar os objetivos, elaboração da mensagem, seleção dos canais de comunicação, 5 definir orçamento, decisão sobre o mix de comunicação, mensurar resultados, gerenciamento da comunicação integrada de marketing. Toda organização se relaciona com o mercado. Comunicação é a atividade humana que une duas ou mais pessoas com o propósito de compartilhar ideias e significados. A gestão de comunicação integrada de marketing depende da utilização eficaz e eficiente de atividades, mensagens e meios de mídias para obter os objetivos (CHURCHILL; PETER, 2003). A comunicação e o composto de marketing foram discutidos no próximo tópico. 3 A COMUNICAÇÃO INTEGRADA E O COMPOSTO DE MARKETING O composto de marketing está diretamente ligado à comunicação. O “P” de promoção é uma das quatro áreas integrantes do composto de marketing, tendo por objetivo, fixar o produto na mente do consumidor; criar uma mensagem única, consistente, compreensível e crível sobre o produto; construir uma imagem de marca diferenciada e sustentável na mente do consumidor; oferecer informações e incentivos para o consumidor adquirir o produto ou serviço da empresa; e gerar atitude favorável dos diversos segmentos de público para as iniciativas da empresa (DIAS et. al., 2006, p. 272). Dias et al. (2006) conceituam comunicação integrada como sendo resultado do reconhecimento, integrados e coordenados de todos os elementos do programa de comunicação de um modo eficaz, criando um conceito de posicionamento na mente do cliente alvo do produto. Para Kotler e Keller (2010, p.556), comunicação integrada de marketing (CIM) é um conceito de planejamento de comunicação de marketing que reconhece o valor agregado de um plano abrangente, capaz de avaliar os papéis estratégicos de uma série de disciplinas da comunicaçãopropaganda geral, resposta direta, promoção de vendas e relações públicas, por exemplo-e de combiná-las para oferecer clareza, coerência e impacto máximo por meio de mensagens integradas com coesão. De modo semelhante Urdan e Urdan (2006, p.269) revelam que as comunicações integradas de marketing são definidas como processo estratégico para planejar, executar e controlar programas coordenados de comunicação de marketing, ao longo do tempo, dirigidos a audiências externas e internas. A visão integrada das ações de comunicação aumenta o potencial de sucesso do esforço promocional. 6 Nota-se que esse conceito gerencial depende de três princípios: abrangência, consistência e equilíbrio. A abrangência é a situação na qual a empresa visa resgatar seus consumidores utilizando-se de um amplo leque de ferramentas promocionais (propaganda, marketing direto, venda pessoal, promoção de vendas e relações públicas). Já a consistência retrata o fato de que empregando várias ferramentas deve-se ter a coerência daquilo que cada uma comunica, pois na prática a inconsistência acaba sendo frequente. O equilíbrio refere-se ao desafio de operar com base em todos os objetivos de comunicação. As comunicações de marketing não podem elevar apenas à consciência da marca, melhorar a preferência, atingir compras ou recompras (DIAS et al., 2006). A CIM é capaz de gerar uma comunicação mais coerente como também um impacto mais expressivo com relações às vendas, forçando a gerência a refletir sobre as formas pelas quais o consumidor estabelece um contato com a empresa (KOTLER; KELLER, 2010). Por isso, auxilia as organizações a identificar os possíveis problemas relacionados à comunicação integrada de marketing. Desta forma, faz com que as empresas tenham maior controle, planejamento e direcionamento dos meios de comunicação por ela utilizado. Esse processo depende de um composto promocional, que é uma das variáveis dentro do marketing que mais se relaciona com as pessoas. De forma geral, o composto se apresenta em cinco ferramentas promocionais: propaganda, marketing direto, venda pessoal, promoção de vendas e relações públicas. A propaganda é todo canal em que se paga mediante veiculação, a exemplo anúncios. Quando aplicada com certa competência se torna um elemento promocional poderoso. As campanhas veiculadas necessitam de consistência para reforçar suas premissas básicas a fim de se atingir seu público-alvo preterido (KOTLER; KELLER, 2010). O marketing direto é o método interativo que utiliza de um ou mais canais diretos para obter uma resposta mensurável e/ou uma transação do consumidor sem intermediários de marketing (KOTLER; KELLER, 2010). A venda pessoal é uma das atividades verbal direta concebida para justificar como produtos/serviços ou intenções de uma pessoa ou organização auxiliam às necessidades de um ou mais consumidores. Para Urdan e Urdan (2006), a venda pessoal é o elemento de comunicação de marketing em que o vendedor trabalha um comprador, ou seja, criando um conceito a favor dos bens ou serviços da organização para influenciá-lo. A promoção de vendas tem a função de chamar a atenção dos clientes potenciais que estão dispostos a experimentar e conhecer outros bens ou serviços. A concepção de promoção delimita algumas ferramentas para promover o consumo, como: 7 amostras, cupons, reembolso, descontos, brindes, prêmios, recompensas, testes gratuitos, garantias, promoções combinadas, promoções cruzadas, displays de pontode-venda e demonstrações); promoção de comércio (descontos, concessões de propaganda, bonificações por exposição e amostras grátis), e promoção setorial e para equipe de vendas (feiras comerciais e convenções, concursos para vendedores e propaganda dirigida) (KOTLER; KELLER, 2010, p. 583). Quanto a relações públicas, entende-se uma diversidade de programas destinados a fomentar ou auxiliar a imagem da organização ou de seus bens/serviços (KOTLER; KELLER, 2010). Na atualidade, diversas organizações já aderiram a relações públicas de marketing para dar suporte aos seus departamentos de marketing na promoção, organização e projeção de sua imagem. As instituições, suas diretrizes e seus gestores, cada vez mais, percebem a necessidade de traçar planos estratégicos para que aja interação por parte da organização, de forma apropriada, com os diversos públicos que têm impacto nas suas atividades e negócios. Urdan e Urdan (2006) reforçam a tese de que a variável baseia-se em comunicações bidirecionais para compatibilizar vantagens e posições da organização e dos clientes. Neste contexto, nota-se a importância da mídia como meio de divulgação, o que revela a importância dos profissionais de marketing no sentido de tomar decisões sobre a cobertura, frequência e o impacto de escolher entre principais tipos de mídia, separar os meios de comunicação específicos, decidir quanto ao timing da mídia e a sua distribuição geográfica (KOTLER; KELLER, 2010). O próximo tópico relaciona a mídia e o comportamento do consumidor. 4 A MÍDIA E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Escolher a mídia significa achar a maneira mais eficaz em termos de despesa/custo para apresentar o número e o tipo de exposições desejadas ao público-alvo. Cobertura: o número de pessoas ou famílias diferentes expostas à determinada programação da mídia pelo menos uma vez, durante um período de tempo específico. Frequência: o número de vezes durante determinado período em que uma pessoa ou família é exposta a mensagem, em média. Impacto: o valor qualitativo de uma exposição em determinado meio (KOTLER; KELLER 2010, p. 572-573). Quanto maior a conscientização, maiores a cobertura, frequência e impacto das exposições. Cabe ao planejador de mídia analisar a combinação mais lucrativa e optar entre os principais tipos de mídia. Hábitos de mídia do público-alvo: Rádio e TV. Características do 8 produto: Os tipos de mídia possuem diferentes potenciais para demonstração, visualização, credibilidade e cor. Características da mensagem: conforme a informação que se transmite e o momento em que se pretende fazê-lo, a escolha da mídia pode variar. Custo: A TV é o meio de divulgação mais caro, enquanto a propaganda de jornal é relativamente barata. Atualmente existem inúmeras alternativas para fazer propaganda. Dentre elas, a que vem se destacando bastante é a propaganda externa, que é uma categoria ampla que capta diversas formas de informação. Para isso utilizam-se: outdoors, que estão cada vez mais modernos com inúmeros recursos; e os espaços públicos, que têm sido cada vez mais utilizados pelos anunciantes que colocam anúncios tradicionais de TV e impressos em locais inusitados, como cinemas, salas de aula, elevadores, latas de lixo, postes de sinalização entre outros (KOTLER; KELLER, 2010). Como as opções são variadas, o planejador de mídia precisar buscar as ferramentas mais eficientes em termos de custo e benefício, levando sempre em consideração o que precisa divulgar e qual o público a atingir (KOTLER; KELLER, 2010). Neste contexto, entra em cena o comportamento do consumidor. Define-se o comportamento do consumidor como sendo atividades mentais e emocionais preteridas na avaliação, compra e uso de produtos/serviços para a satisfação de necessidades e desejos. O comportamento do consumidor abrange uma ampla área: é o estudo dos processos envolvidos quando indivíduo ou grupos selecionam, compram usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos (SOLOMON, 2011, p.33). Entender o consumidor e seu comportamento de compra, uma vez que cada indivíduo influenciado pelas mudanças ocasionadas no seu âmbito social baseia-se em suprir suas necessidades e procura pelo seu bem-estar das mesmas, sejam voltados para seu lado racional ou emocional. O psicólogo Abraham Maslow analisa que o processo de compra dá-se, primeiramente, na satisfação e nas necessidades básicas de cada indivíduo. Respaldos também que são concebidos nas influências que o meio ambiente, as pessoas, as condições climáticas, as tecnologias, as economias, as normas, leis, proibições e as culturas têm perante o processo de compra dos consumidores, e a estimativa que os mesmos fazem no seu processo de póscompra, que é de mera importância para a fidelização ao produto/serviço (SOLOMON, 2011). 9 Las Casas (2001) lembra que o público-potencial ,a cada dia que passa, torna-se mais exigente, e que as organizações precisam estar em alerta para com os aspectos humanos e culturais, estudar cada vez mais o cliente, o que ele valoriza, o que ele quer. Somente desta forma, tendo a ideia do seu público, é que as organizações sobreviveram no mercado altamente competitivo. Os consumidores no mundo dos negócios sempre continuaram sendo foco dos segmentos mercadológicos e a cada dia que passa as organizações tendem a estar atentas e preparadas para com seu público-alvo, aos métodos de compra e as questões sociais que determinam suas decisões (SOLOMON, 2011). Nos dias atuais é fundamental que os profissionais do marketing, administradores e empresários pesquisem, analisem e monitorem o comportamento dos consumidores, pois assim podem detectar possíveis oportunidades, e até mesmo a insatisfação dos clientes com algum produto, podendo assim reduzir riscos em seus empreendimentos. São amplas as variáveis que influenciam no processo de tomada de decisões de compra do consumidor fatores cultural, social, pessoal e psicológico, a interação de todos esses modelos pode fornecer ideias sobre como atingir e servir os clientes de uma maneira eficaz (KOTLER; KELLER, 2010). Quanto aos fatores culturais, discute-se que a cultura é uma das variáveis que exerce um poder de influência na concepção de normas para a sociedade. Segundo Kotler e Keller, (2010) a cultura é a principal determinante do comportamento e dos desejos de uma pessoa. A cultura se subdivide em três fatores: cultura, subcultura e classe social. Os fatores sociais passam a surtir certas influências no comportamento de compra mediante as variáveis apresentadas como grupos de referência, família, papéis sociais e status (KOTLER; KELLER, 2010). Os fatores pessoais são os meios pelos quais o indivíduo expressa sua particularidade, ou seja, situações e vivências pelas quais a pessoa está passando, na qual acabam por interferir nos seus costumes e suas decisões de consumo. Dias et al. (2006, p. 62) apresenta alguns fatores influenciadores quanto à postura tomada nas decisões do comprador correspondente às características pessoais como: idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, circunstâncias econômicas e estilo de vida. Enfim, os fatores psicológicos correspondem ao processo de mudanças e adaptações que o consumidor assimila um conceito em sua mente. O ato de consumir não surge do nada. O ponto crucial parte da motivação que vai gerar o surgimento de uma necessidade, a qual despertará o desejo. O agrupamento de todas as variáveis acarretará numa percepção 10 individual dos produtos/serviços, gerando atitudes positivas ou negativas relacionadas a eles, o que corresponderá ao surgimento de suas preferências (SAMARA; MORSCH, 2005). Nessa linha de raciocínio, existem quatro importantes fatores psicológicos que intercede nas escolhas do público-alvo consumidor: motivação, percepção, aprendizagem e memória (KOTLER; KELLER, 2010). A grande fatia do processo de aquisição de produtos/serviços são comportamentos aprendidos. A consistência das informações contidas e experiências armazenadas ao longo da vida acabam por acumuladas na memória de longo prazo. De acordo com Kotler e Keller (2010, p. 186) “psicólogos cognitivos classificam a memória como memória de curto prazo – um repositório temporário de informações – e memória de longo prazo – um repositório permanente”. O marketing, tendo em vista os métodos que garantem aos respectivos clientes potenciais ter a experiência de produtos/serviços apropriada, tem a função de formular estratégias quanto à estrutura de marca certas, para que possam ser construídas e mantidas em sua memória, formando então a decisão de compra do consumidor. Entender o processo de compra do consumidor torna-se ao profissional de marketing um dilema, a cada dia que passa, empresas inteligentes levantam hipóteses para compreender o consumidor- todas as suas experiências de aprendizado, preferência, uso e inclusive descarte do produto (KOTLER; KELLER, 2010). Os profissionais de marketing criaram um “modelo de etapas” para estudar o processo de compra do consumidor. Subdividiram-nas em cinco estágios: reconhecimento do problema, busca de informação, avaliação de alternativas, decisão de compra e pós compra. O método pelo qual os seres humanos tomam decisões nem sempre são óbvios, e as etapas dos métodos decisórios do consumidor aponta que o comportamento dos clientes pode ser metódico. Neste caso, Samara e Morsch (2005) descrevem que esta descrição do processo de compra do consumidor não deve induzir à conclusão de que os consumidores são sistemáticos, calculistas e puramente racionais. Entretanto, a influência dos meios de comunicação no comportamento de compra do consumidor é inegável. Esse assunto foi relacionado no próximo item. 5 A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR 11 A comunicação de marketing tornou-e a ponte entre as organizações e consumidores, através dessa ferramenta as organizações obtêm informações sobre as novas tendências, além de expedir avaliações sobre seus bens/serviços aos consumidores. Para que as organizações tenham uma eficiência na comunicação necessitam conhecer bem seu público-alvo. Solomon (2011) adverte que tal comportamento, mediante estudo, sofre influências de fatores tanto internos quanto externos, que em concordância induzem o homem a uma ação de compra. Analisando a conduta do cliente, torna-se mais fácil atingir o consumidor, pois a empresa tende a adaptar-se ao mercado e desenvolver produtos que satisfaçam as necessidades do público-alvo. O processo de decisão de compra envolve uma série de fatores, uma vez que para se decidir entre duas ou mais opções, as pessoas analisam todas as vantagens e desvantagens que podem lhe proporcionar. Este processo depende de causas teóricas, tais como, atitudes, estilo de vida, percepção, e toda uma diversidade de fatores que motivam e influenciam o consumidor a uma correta tomada de decisão. Promoção, produto, preço, estratégias vinculadas ao cliente no ponto de venda são ações de marketing que os profissionais da área utilizam como ferramentas para influenciar o estado atual e almejado pelos clientes, promovendo campanhas promocionais que ligam o produto/serviço a uma alta atratividade individual (SAMARA; MORSCH, 2005). Variáveis essas que influenciam os consumidores a passarem por vários tipos de estímulos até perceberem a comunicação (propaganda, avaliação de colegas ou vendedores). A consequência passa vir a ser a necessidade de reconhecimento para um determinado produto ou marca (ROCHA, 1999). Ao desenvolverem suas campanhas de marketing, as empresas utilizam as mais diversas estratégias e buscam todas as ferramentas possíveis que venham a manipular inconscientemente seu público, com o intuito de influenciar o comportamento do consumidor na hora da compra. Procuram os mais adequados meios de comunicação para atingir seus objetivos, ou seja, conquistar o consumidor e obter lucros (URDAN; URDAN, 2006). O desenvolvimento da tecnologia e a globalização fizeram com que a grande maioria das pessoas tenha acesso aos meios de comunicação. Isso foi de grande valia para as organizações, uma vez que os meios de comunicação é uma das principais armas utilizadas para chamar a atenção do consumidor. Vivemos em um tempo que tem sido chamado de a “era das comunicações”, e isso deve-se ao desenvolvimento tecnológico e ao visível crescimento do acesso aos meios de comunicação, que causaram muitas implicações para a sociedade (PÚBLIO, 2008). 12 Dentre os meios de comunicação utilizados para o marketing e a propaganda, é importante destacar o papel da televisão, pois este é o veículo de comunicação mais presente na vida das pessoas, assumindo papel fundamental na vida cotidiana. Atualmente, a TV está acessível a milhões de pessoas, e o melhor, ao mesmo tempo, isso faz com que seja um veículo de comunicação de grande eficiência. A forma com que a televisão tem influenciado no comportamento e nas atitudes das pessoas é cada vez mais evidente em todas as partes do mundo. Muitas vezes é vista, como parte da família, algo indispensável ao lar. A publicidade nos mostra modelos de ser e de viver perfeitos e nos induz a acreditar que, para que isso aconteça, é só adquirir determinado produto. Muitas vezes a publicidade na mídia, atua de forma que vende o produto, simplesmente para garantir o ibope ou atrair um público maior, vende também ideias, valores e conceitos. Outro meio de comunicação que está cada vez mais presente nos lares no Brasil e em todo o mundo é a Internet. Nos últimos anos, algumas das principais fontes de entretenimento, são as redes sociais e os blogs, isso fez com que estes também se tornassem uma importante ferramenta para divulgação e propaganda (KOTLER; KELLER, 2010). Os motivos que levam uma pessoa a consumir são os mais diversos, variando desde a necessidade até o modismo e a garantia de status na sociedade. Neste contexto, vale ressaltar que todo meio de comunicação é regido por uma ética que deve estar voltada ao consumidor. A interpretação de um código de ética para os meios de comunicação transmite uma compreensão e análise dos principais atritos considerados polêmicos no relacionamento com as governanças e perante a sociedade em geral. A ética pode ser entendida como o estudo científico da moral, pois cataloga, articula e gera normas corporativas, fazendo juízo de valores contingenciando condutas humanas (DIAS et al., 2006). A função da agência da propaganda no Brasil é regida pela Lei Federal nº 4.680, de 18 de junho de 1965, regulamentada pelo Decreto 57.690/66, de 1º Fevereiro de 1966. Lopes (2003, p. 32) descreve agência da propaganda como sendo: Art. 3º A Agência da Propaganda é pessoa física jurídica, especializada na arte e técnica publicitária, que, através de especialistas, estuda, concebe, executa e distribui propaganda de veículos de divulgação, por ordem e conta de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a venda de produtos e serviços, difundir ideias ou informar o público a respeito de organizações ou instituições colocadas a serviço desse mesmo público. O Código de Defesa do Consumidor apresenta artigos relacionados exclusivamente à questão da publicidade, sob o ponto de vista legal, incluindo a questão da publicidade abusiva 13 e/ou enganosa. É importante salientar, que o código é o único meio legalmente aceito para punir as empresas que não estejam em cumprimento com a lei, podendo a estas, penalizar com multas e sanções administrativas. Por esse motivo e tendo em vista ainda o forte impacto dos meios de comunicação de massa sobre a moderna sociedade de consumo, a propaganda deve ser feita com muita responsabilidade e respeito para com o consumidor. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a visível expansão do mercado consumidor, há uma ampla oferta de produtos e serviços e isso faz com que o cliente torne-se cada vez mais exigente. O consumidor moderno é mais consciente de seus direitos e busca a melhor relação custo-benefício. Para ganhar espaço no mercado, as organizações precisam disponibilizar produtos e serviços, que satisfaçam as necessidades dos clientes, a fim de alcançar a aceitação e a permanência no mercado que atuam. Para que isso ocorra é necessário que haja um agressivo trabalho em marketing, pois para o consumidor, o processo de decisão de compra de um produto ou serviço é um momento muito importante. Devido a isso, deve-se investir em estratégias de marketing eficazes, que possam atingir todo público-alvo, uma vez que a informação é o principal recurso estratégico em uma “era” informatizada como a atual. Em resposta ao objetivo do trabalho, discute-se que os consumidores realizam as compras baseados na motivação e expectativas de consumo. Neste sentido, as influências tornam-se decisivas no momento da efetivação da compra. Os meios de comunicação exercem um forte impacto sobre a moderna sociedade de consumo, uma vez que tem sua função inserida e apoiada pelos seus apelos persuasivos, com finalidade de moldar a conceituação na mente do consumidor, criando um conceito que sacia as necessidades e desejos pela aquisição de bens e serviços. Diante dos pressupostos, considera-se que, para garantir a compra e a fidelização do cliente, faz-se necessário analisar o comportamento do consumidor e usar de todas as influências possíveis para motivar e finalizar o processo de compra. Nota-se que a principal arma de sucesso está na capacidade de desenvolver estratégias que chamem a atenção e conquistem o cliente, sem esquecer-se, porém, do respeito com que o consumidor deve ser tratado. REFERÊNCIAS 14 BRASIL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Ministério da Justiça – Secretaria do Direito Econômico – Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (1990). Disponível em: <www.mj.gov.br/DPDC/servicos/legislacao/cdc.htm>. 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