AS RELAÇÕES ENTRE O CAMPO E A CIDADE NO MUNICÍPIO DE ALFENAS-MG: UMA ANÁLISE NOS BAIRROS PINHEIRINHO E SANTA CLARA1 ARTUR LEONARDO ANDRADE2 E FLAMARION DUTRA ALVES3 [email protected], [email protected] 2Bolsista de iniciação científica (FAPEMIG) do curso de Geografia, GERES/UNIFAL-MG. 3Professor do curso de Geografia, GERES/UNIFAL-MG. Palavras-chave: espaços periurbanos; UNIFAL; dinâmica espacial; população local. Introdução O processo de desenvolvimento do capitalismo provocou inúmeras transformações socioespaciais, uma das principais delas é a inversão das relações de poder entre o campo e a cidade, acentuando a dicotomia entre o espaço rural (palco das atividades agropecuárias, que abastece as cidades) e o urbano (lugar das indústrias, comércios, serviços). Entretanto, nas últimas décadas, as características contrastantes entre esses dois espaços vem desaparecendo. As pessoas de alta renda encontram no campo a possibilidade de construir segundas residências, outras buscam nos conjuntos residenciais a qualidade de vida e a segurança, já não encontrados nas cidades. Agrega-se a esse processo, a consolidação do complexo agroindustrial, a incorporação do setor terciário (transportes, serviços, etc.) e do quaternário (informática e pesquisa avançada de 1 Este trabalho conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Estado de Minas Gerais – FAPEMIG. 1 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG centros universitários) no campo, atividades que até então eram fundamentais para caracterizar-se uma cidade (MOREIRA, 2005). Enquanto isso, o rural estende-se na periferia das cidades, abrigando pessoas de baixa renda, muitas vezes com atividades agrícolas, próximas do mercado urbano. O homem do campo, por meio da rádio, televisão, consegue acesso à informação ao mesmo tempo do homem da cidade (ANDRADE, 2010), o que deixa a diferenciação entre o rural e o urbano ainda mais complexa e justifica novos estudos sobre as atuais ou novas relações campo-cidade / rural-urbano. Nesse sentido, busca-se analisar as relações campo-cidade no espaço periurbano de Alfenas-MG. O município sul-mineiro possui 73.774 habitantes, sendo que 69.176 têm suas residências na cidade e 4.598 no campo, de acordo com o Censo do IBGE (2010). A cidade integra a microrregião de Alfenas (Figura 1) que conta com doze municípios e tem 78,54% dos habitantes vivendo em áreas urbanas. Figura 1 – Mapa de localização da microrregião de Alfenas 2 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG A região sul de Minas Gerais, onde está localizada a microrregião de Alfenas-MG, destaca-se como uma das mais importantes produtoras de café do Brasil, e essa atividade econômica, predominante na região, exerce um papel significativo na organização do espaço urbano e rural da região. A especialização produtiva está ligada ao processo de modernização da agricultura brasileira, iniciada na década de 1960. De acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, a cidade de Alfenas-MG acumula um saldo de 1.686 novos empregos, de janeiro a maio de 2012, sendo 1.069 deles gerados pelo setor agropecuário, com destaque para o café, que só em maio registrou 390 novas vagas de empregos2, evidenciando que as ruralidades não só estão presentes, como são fundamentais para o município. Assim, o objetivo principal deste artigo é verificar as relações existentes entre o campo e a cidade nos bairros Pinheirinho e Santa Clara, localizados no espaço periurbano de Alfenas-MG. Isso possibilitará a compreensão da funcionalidade dos espaços periurbanos e os aspectos da organização socioespacial do município. Metodologia Nesta pesquisa, escolheram-se dois bairros localizados do município de Alfenas-MG (Pinheirinho e Santa Clara). Eles apresentam características socioespaciais concordantes com o estudo da relação campo-cidade e dos espaços periurbanos (Figura 1). Com isso, desenvolve-se a pesquisa em quatro etapas principais. Alfenas acumula saldo de 1.686 novos empregos desde janeiro. Alfenas Hoje, Alfenas, 30 jun. 2012. Disponível em: 2 http://www.alfenashoje.com.br/portal/noticia.asp?id_noticia=5174 3 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Figura 2 – Parte do perímetro urbano do município de Alfenas e localização do bairro Pinheiro e unidade II da UNIFAL/MG. Primeiramente, fez-se um estudo teórico-conceitual, partindo de um estudo da questão campo-cidade na geografia brasileira e também de temas fundamentais como a urbanidade, ruralidade e relação campo-cidade, rural-urbano, sempre enfatizando o caráter espacial, embora o estudo tenha uma perspectiva multidisciplinar. Depois, na segunda etapa, foi feita uma coleta de dados secundários em banco de dados do IBGE, IBGE cidades, Prefeitura Municipal de Alfenas, pesquisas realizadas na UNIFAL-MG e na agência regional do IBGE, permitindo a busca de informações a respeito da agricultura, comércio, empregos, indústria, população, entre outros. A terceira etapa ficou reservada para a realização da pesquisa de campo na área enfatizada. Foram feitas entrevistas com o intuito de detectar a percepção dos moradores quanto às variáveis da organização socioespacial (Quadro 1). 4 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Quadro 1 – Elementos da organização socioespacial a serem diagnosticados nas áreas periurbanas em Alfenas-MG. ELEMENTOS CAMPO CIDADE RELAÇÃO CAMPOCIDADE Econômicos Agricultura e pecuária Pluratividade, serviço, comércio e indústria Origem da População Sociais – Demográficos Origem rural, migração, densidade demográfica Origem urbana, relação com a cidade, urbanidade, densidade demográfica Fluxos migratórios Renda urbana – rural Agroindústria Culturais Ambientais Identidade, festividades, hábitos, costumes rurais Cultura urbana, globalização, cultura de massa Uso de agrotóxicos, degradação e conservação Poluição, arborização, coleta de lixo Aspectos culturais (festas, identidade, tradição, etc.) Análise espacial Elaboração: autores. Já na última etapa, procurou-se visitar a área limítrofe do espaço urbano com o rural, verificando a percepção dos moradores sobre seus próprios modos de vida, origens, atividades, além de verificar as perspectivas da população local a respeito da instalação da Unidade II da UNIFAL-MG. Assim, a metodologia deste trabalho parte de uma visão sistêmica, de cunho conceitual em primeiro momento, para a pesquisa quantitativa e, por fim, para pesquisa qualitativa com a população local. 5 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Pressupostos Teóricos O estudo da questão campo-cidade acompanhou o desenvolvimento do pensamento geográfico, mostrando-se presente em obras de autores da Geografia Tradicional, Pragmática, Crítica e Cultural. Entretanto, é na década de 1990 que a Geografia tem desempenhado um papel importante nas discussões sobre o tema (ALVES, 2011). Os autores da Geografia Tradicional, comumente, estudavam o campo e a cidade enfatizando questões como os gêneros de vida (rurais e urbanos), o habitat, os sistemas urbanos, as infraestruturas, etc. A dinâmica espacial do campo e da cidade é tratada de maneira separada ou pouco integrada (Idem). Na Geografia Pragmática, por meio da utilização de modelos matemáticos e espaciais, os autores estudaram, principalmente, a distribuição e organização do espaço. A visão funcional e cartográfica, característica dessa corrente de pensamento, preocupava-se mais com a descrição e função do campo e da cidade, deixando de lado, como na Geografia Tradicional, as questões sociais (Idem). Vale lembrar que a divergência entre o pensamento pragmático e o tradicional ocorre em aspectos metodológicos, apresentando, assim, uma continuidade no seu conteúdo de classe (MORAES, 2005). Em contraposição às correntes anteriores, a Geografia Crítica estreita sua relação com a sociedade, denuncia e expõe os problemas gerados pelo processo histórico de cada lugar. No Brasil, o enfoque da divisão entre o campo e a cidade sempre primou pelos aspectos políticos administrativos, separando os dois espaços por meio de demarcações de infraestruturas e funções econômicas, como a agricultura, comércio, indústria. Nesse caso, os elementos sociais e culturais que marcam a estrutura espacial foram renegados pelos pesquisadores durante muito tempo, ganhando força a discussão dos espaços periurbanos e rurbanos e temas como ruralidade, urbanidade, urbanização do/no rural somente na década de 1990. 6 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Dessa forma, Alves (2011, p. 13) sintetiza as características da relação campo-cidade nas escolas geográficas a partir das quatro categorias do espaço geográfico, propostas por Santos (2008): estrutura, processo, forma e função (Quadro 2). Quadro 2 – Sistematização das características dos estudos da relação campo-cidade nas escolas geográficas. Características / Escolas Geografia Clássica Geografia Teorética Geografia Crítica Forma Função e Campo: Produção de Campo: Produção de Espaços com alimentos. alimentos. atividades Compostas/mistas Cidade: Fixação dos Cidade: Fixação dos serviços e indústria. serviços e indústria. multifuncionalidade Estrutura Processo e Campo determina o Franja urbano-rural – Espaços contínuos ritmo das cidades. periferias da cidade. Conceitos Gêneros de vida; Redes urbanas; Rururbano; Novo Habitat; Região; Regionalização; Rural; Urbanidade; Paisagem. Espaços periurbanos. Ruralidades. Temáticas Imigração; Colonização; Ferrovias; Abastecimento. Modernização do Agronegócio; campo; urbanização. Pluriatividade; Multifuncionalidade ; Agricultura urbana. Fonte: Alves (2011, p.13) O economista José Eli da Veiga, ao analisar o critério adotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contribui de forma significativa para o debate sobre o rural e o urbano brasileiro. Para ele, o IBGE usa em seus levantamentos estatísticos o perímetro urbano definido por lei em cada município brasileiro, parâmetro utilizado desde os tempos getulistas e que escondem um país majoritariamente rural (OLIVEIRA, 2004). Assim, Veiga (2004, p. 28) argumenta: Não existe país que conte mais cidades que o Brasil. Eram 5.507 há quase três anos, quando houve o último Censo demográfico. A menor, União da Serra, no nordeste gaúcho, tinha exatos 18 habitantes. E não é excrescência. Eram 90 as “cidades” com menos de 500 habitantes (...). Seria mesmo uma cidade, lugar com tão poucos moradores? No resto do mundo não. 7 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Porém, a alternativa encontrada por Veiga (2004) buscava a incorporação do critério da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que determina em 150 hab. / km² o limite para definir as áreas urbanas. Proposta bastante criticada por Alentejano (2003), pois não considera as áreas rurais que pelo mesmo critério do IBGE são compreendidas como urbanas, além de desconsiderar as especificidades brasileiras, já que se trata de uma transposição de critérios da OCDE para o Brasil. Considerando essas reflexões, entende-se que as relações entre o campo e a cidade não podem ser estudadas separadamente ou com uma visão dicotômica, mas de forma sistêmica, integrada. A divisão do município em perímetro urbano e zona rural estabelece uma fronteira político-administrativa, o que não limita as relações econômicas, sócio-demográficas, culturais e ambientais entre os dois espaços. Segundo Rua (2006), é possível diferenciar, em linhas gerais, duas vertentes analíticas nos estudos de interações entre o urbano e o rural. A primeira delas trabalha com a ideia de “urbanização do rural”, ou seja, a ideia de que o rural desaparecerá ao longo do tempo, tornando-se urbano. Enquanto a segunda vertente, a qual o autor mais se identifica, utiliza a ideia de “urbanização no rural”, que acredita na manutenção de especificidades no espaço rural, mesmo quando impactado pela força do urbano (Idem). Porém, Rua (2006) compartilha a ideia de “urbanidades no rural” que se diferencia das duas vertentes citadas acima em três aspectos. No primeiro deles, ao analisar as especificidades do rural, distancia-se da ênfase exagerada no rural, admitindo que o urbano é dominante na relação assimétrica que tem com o rural. No segundo, acredita-se em duas escalas de ação, uma mais ampla (urbanização difusa, ideológica e comportamental) e outra escala mais restrita (que permitem leituras particulares dos movimentos mais gerais, processados localmente). Enquanto o terceiro diz respeito às múltiplas territorialidades vivenciadas, em diferentes escalas, pelos diferentes atores sociais, que dão origem a espaços híbridos, fruto da interação entre o urbano e o rural (Idem). Desse modo, Rua (2006, p. 99) sintetiza: 8 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Não se pode pensar o urbano e o rural, o local e o global, como polaridades, mas como interações assimétricas que não devem silenciar as intensas disputas sócio-espaciais que obrigam a permanentes reconfigurações das escalas de ação. O território “urbanizado”, numa escala mais ampla, em geral, está relacionado a espaços de dominação que impõem suas representações. Na escala local, essas representações também se fazem presentes nas relações assimétricas que aí, também, vigoram. Entretanto, é aí, que se processam os movimentos de resistência e de criação de alternativas e/ou estratégias de sobrevivência que podem se manifestar como releituras daqueles movimentos mais gerais que marcam o espaço contemporâneo. O local e o geral/global aparecem integrados pelas escalas da ação. Ainda com a expectativa de substituir a análise formal e dicotômica sobre a relação rural-urbano, encontramos em Alentejano (2003) outra importante contribuição. Para este autor, o rural é um elemento de descrição e explicação da realidade, embora tenha mudado de significado. Considera as dimensões econômica, social e espacial da relação dos atores sociais com a terra como fundamentais para definir a natureza do rural: Assim, independentemente das atividades desenvolvidas, sejam elas industriais, agrícolas, artesanais ou de serviços, das relações de trabalho existentes, sejam assalariadas, pré-capitalistas ou familiares e do maior ou menor desenvolvimento tecnológico, temos a terra como elemento que perpassa e dá unidade a todas essas relações, muito diferente do que acontece nas cidades, onde a importância econômica, social e espacial da terra é muito mais reduzida. (ALENTEJANO, 2003, p. 11) As diferenças entre o urbano e o rural estão na intensidade da territorialidade, porque o primeiro representa relações mais globais, mais deslocadas do território, enquanto o rural reflete uma maior territorialidade, uma vinculação local mais intensa. Logo, o urbano e o rural estão em constantes trocas nos espaços periurbanos de Alfenas, devendo ser compreendidos por meio da população e seus processos que integram a organização socioespacial. 9 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Resultados e Discussões O bairro pinheirinho surge na década de 1980, logo após a implantação do conjunto habitacional Governador Fracelino Pereira. O perfil socioeconômico do bairro é marcado por uma população de baixa renda, com precárias condições de vida (PAIXÃO; VALE, 2010). Grande parte dessa população possui relações com o meio rural, principalmente com a colheita do café. O período de colheite do café exige um aumento de mão de obra no campo e representa uma fonte de renda expressiva para muitas famílias do lugar. O bairro encontra-se em uma área de transição rural-urbano, representando a última zona do município de Alfenas-MG com presença, embora dispersa e pouco significativa, de certos equipamentos com características urbanas, como unidades comerciais, escolas, oficinas mecânicas, entre outros. É um padrão característico do espaço periurbano das cidades médias, muito bem analisados por Amorim Filho e Sena Filho (2007), exemplificando a realidade local. Enquanto o bairro Santa Clara abriga uma população significativa que matem relações com o campo por meio de cultivos agrícolas, criações de animais, trabalhos em fazendas de café, e também, com a cidade, beneficiando-se do comércio, ofertas de trabalho, etc (Foto 1). 10 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Foto 1 – Paisagem do bairro Santa Clara, Alfenas-MG. O bairro é uma área de interesse da Prefeitura Municipal de Alfenas para expansão urbana, que aumenta sua infraestrutura por meio de novos loteamentos e habitações, abertura de ruas, criação de rede pluvial, calçamento, pavimentação. Estas mudanças são chamadas pela prefeitura de “reurbanização”, entretanto, achamos melhor que sejam chamadas de urbanidades no rural (Foto 2). 11 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG Foto 2 – Obras de “reurbanização” no bairro Santa Clara, Alfenas-MG. Vale ressaltar a definição “reurbanização” dada pelo poder municipal, pois a área apresenta inúmeras ruralidades e não apresenta um passado urbano, o que nos faz pensar que a parte do erro de taxonomia linguística, há um desconhecimento, por parte da prefeitura, sobre as características socioespaciais do bairro Santa Clara. Considerações Finais O início da expansão urbana e do crescimento populacional do município de Alfenas está bastante relacionado à atividade cafeeira (PAIXÃO; VALE, 2010), demonstrando um papel fundamental nas ruralidades da região. Como exemplo destas influências, destacam-se a quantidade significativa de moradores do airro Pinheirinho e Santa Clara que trabalham na colheita do café ou que possuem uma ligação antiga com o trabalho nos cafezais, seja como produtores ou trabalhadores assalariados. Além disso, merece ser destacado a atuação da Prefeitura Municipal de Alfenas, que leva, principalmente, infraestruturas aos dois bairros, atendendo as demandas antiga desses lugares. As transformações são positivas para a população local. Porém, no 12 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG bairro Santa Clara, a maioria prefere viver no espaço rural, pois é nele que encontram um maior contato com a natureza, a tranquilidade, cada vez mais rara nos centros urbanos, e a possibilidade de criar animais, cultivar alimentos. Segundo os argumentos de muitos moradores evidenciam que as urbanidades difundidas pela prefeitura alteraram seus cotidianos, porém, são insuficientes para transformar a área rural em urbana. O poder municipal despreza, até o momento, a dimensão simbólico-cultural desse espaço, privilegiando a dimensão jurídico-política, provocando um desequilíbrio. Por fim, ressaltamos que o planejamento urbano da cidade de Alfenas-MG só será eficiente caso leve em consideração toto o território do município, ocupando-se tanto de áreas urbanas quanto das rurais, sem deixar de lado a participação da população local e a possibilidade da existência de territórios híbridos (rurais e urbanos, ao mesmo tempo) o que permite uma maior compreensão das especificidades locais e, assim, entender que o rural e o urbano são indissociáveis no processo de desenvolvimento do município (LACERDA et al, 2005). Referências Bibliográficas ALENTEJANO, P. R. As relações campo-cidade no Brasil do século XXI. Terra Livre. São Paulo, n. 21, p. 25-39, 2º sem. 2003 ______. O que há de novo no rural brasileiro? Terra Livre. São Paulo, n. 15, p. 87112, 2000. ALVES, F. D. A Questão Campo-Cidade na Geografia Brasileira: considerações teóricas sobre a produção científica em periódicos (1939 2009). In: SIMPÓSIO NACIONAL O RURAL E O URBANO NO BRASIL, 3, 2011, Porto Alegre. 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