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EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MACHADO
FÁBIO VIEIRA MARTINS
Pós-graduando em Educação Ambiental e Recursos Hídricos – CRHEA/USP
[email protected]
VALDELICE MEZAVILA MILAN
Aluna do Curso de Geografia Licenciatura – UNIFAL/MG
[email protected]
CLIBSON ALVES DOS SANTOS
Professor Adjunto II – ICN-UNIFAL/MG
[email protected]
Palavras-chave: Análise socioambiental; Bacia hidrográfica; Rio Machado; Educação
Ambiental.
Introdução
O rio Machado que corta a cidade que leva o seu nome, possui aspectos
positivos como o uso da água para abastecimento do município, e também alguns
aspectos negativos, cujos quais, prevalecem. O rio nasce na cidade de Congonhal, sul
do estado de Minas Gerais e deságua no Lago de Furnas, possui um percurso de
aproximadamente 200 km e está inserido dentro da Bacia hidrográfica do Rio Grande
envolvendo muitas cidades em sua bacia hidrográfica. (ASPARMA, 2008).
O rio transcorre por toda extensão urbana de Machado e o seu principal
afluente dentro do município é o ribeirão Jacutinga, sendo este, um dos mais afetados
com o lançamento de esgoto in natura (sem tratamento), desaguando diretamente no
leito do rio. Além disso, em todo seu percurso existem muitos outros problemas que
afetam a população que vive na área, como: lançamento de lixo nas margens ou até
mesmo direto no córrego, pouca ou nenhuma conscientização da população, seja por
falta de informações ou esclarecimentos dos órgãos públicos responsáveis;
inexistência de mata ciliar em alguns pontos da extensão do córrego, entre muitos
outros fatores.
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Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012
Universidade Federal de Alfenas-MG
Objetivos
O objetivo principal foi promover a educação ambiental na população urbana
da cidade de Machado, relatando a ela, todos os impactos presentes no rio e no
ribeirão, para que haja conscientização de todos em geral.
Fundamentação Teórica
A pesquisa realizada tem fundamentação teórica por meio de estudos já
realizados com temas relacionados a problemas socioambientais, porém em áreas
distantes dos vivenciados no município de Machado, tais como os apresentados neste
trabalho, sendo este, o primeiro estudo de cunho acadêmico realizado em torno desta
temática na cidade.
Segundo Cardoso e Almeida (2010) em estudo realizado na bacia hidrográfica
do Rio das Ondas as mudanças socioambientais que ocorreram, principalmente,
durante a década de 1980, se deu ao aumento do uso e ocupação das áreas da bacia
tanto pelo processo de irrigação na agricultura, quanto pelo processo de instalação de
chácaras as margens dos rios, houve um acarretamento de mudanças paisagísticas
naturais do ambiente e isso afetou até mesmo reservas legais como também áreas de
preservação permanente, que levaram os autores a destacarem a perda das
qualidades estéticas e socioambientais do rio tudo provocado pela utilização dos
recursos oferecidos pela bacia do Rio de Ondas.
Já Steinke (2008), retrata os impactos do córrego Arquineiras na cidade de
Águas Claras no Distrito Federal, provocados pelo intenso processo de urbanização
que oferece consequências significativas para a população do município, que pela
falta de conscientização lança lixo e dejetos no leito do córrego, sendo que, além
disso, a cidade sofre com a má infraestrutura que provêm de uma administração
pública não planejada.
Júlio e Brandli (2010) trabalham as questões que levaram a perda de qualidade
de vida da população ribeirinha do córrego Santo Antônio em Passo Fundo, no Rio
Grande do Sul, perda essa, gerada pela degradação deste córrego que é o principal
afluente do rio Passo Fundo. A degradação se fez, principalmente pelo lançamento de
esgoto doméstico e de resíduos sólidos, com um fator contribuinte para o agravamento
da situação: o crescimento descontrolado da população urbana. As conseqüências
desses problemas são as constantes inundações.
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De acordo com Sales (2004) é possível realizar projetos que visem à
readequação urbana de margens de rios ou ribeirões, tais como a retirada da
população das margens impedindo a reocupação das mesmas, mas sem desabrigar a
população que antes vivia próxima a essas áreas, dando a elas moradia digna, através
de apoios oferecidos pelos órgãos públicos de cada cidade.
Os problemas socioambientais retratados por esses autores se relacionam com
as questões trabalhadas nesta pesquisa, pelo fato dos mesmos abordarem temas que
discutem uma problemática causada, na maioria das vezes, pela falta de
conscientização da população, uso e ocupação inadequada das margens dos rios,
crescimento urbano desordenado, falta de investimentos, pelo poder público, em
infraestrutura, entre outros fatores.
Metodologia
O primeiro passo foi fazer um levantamento prévio de toda área a ser estudada,
onde foram realizadas coletas de dados e o registro fotográfico dos locais a serem
trabalhados. Em seguida realizou-se um mapeamento dos principais pontos que
apresentam problemas que causam impactos socioambientais relacionados, direta
e/ou indiretamente, com rio e o ribeirão.
A segunda fase do trabalho consistiu-se na aplicação de entrevistas com a
população que residem próximas às áreas mais afetadas com os problemas
socioambientais.
Além disso, foram realizadas diversas visitas em locais estratégicos para
verificar todas as questões levantadas que indicam pontos negativos, e que oferecem
riscos à população, entre os quais o crescimento desordenado da população,
resultando na ocupação das áreas ribeirinhas.
Após a realização dos levantamentos bibliográficos e das análises em campo,
desenvolveu-se a análise dos resultados, visando compreender a dinâmica e os
impactos socioambientais observados nas drenagens urbanas em Machado.
Resultados
O despejo de esgoto sem tratamento no leito do rio Machado, assim como no
ribeirão Jacutinga, é um dos principais fatores que causam impactos na fauna e flora
destes ambientes.
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Foi possível encontrar lixo em toda a margem do rio, isso se deve a falta de
conscientização da população. Sendo assim, caberia aqui, a implantação de projetos
de educação ambiental que contribuíssem na conservação ambiental e melhoria da
qualidade de um bem de uso comum, que abastece a cidade e oferecesse equilíbrio
para a vida no município.
Outro fator que agride diretamente o rio é o processo de extração de areia por
meio de dragas que tem a finalidade de escavar e remover a areia submersa. De
acordo com Lelles et al. (2005), entre algumas das consequências causadas por esse
processo, pode-se citar: Contaminação do curso de água causada pelos resíduos
provenientes de maquinarias utilizadas nos diferentes tipos de operação; Depreciação
da qualidade de vida dos trabalhadores e de vizinhos situados no entorno do
empreendimento; Impacto visual, provocado pela descaracterização da paisagem
natural; etc.
Em relação ao ribeirão Jacutinga, o problema que mais afeta o seu curso é o
lançamento de esgoto sem tratamento, advindo do bairro Bom Jesus (bairro próximo a
área central). Isso é um problema que deve ser resolvido pelo poder público, visto que
a maior parte da cidade não possui de tratamento de esgoto.
Conclusões
As maiores implicações para uma melhora na qualidade e sustentabilidade das
águas do rio Machado e seu afluente, o ribeirão Jacutinga, que foram analisados no
presente trabalho estão diretamente ligados a realidade política, social e econômica.
Como foi analisado no trabalho, a população ainda necessita de muitas
informações, além de uma conscientização que contribua de forma significativa e que
influencie positivamente, para que possa haver uma mobilização de todos, em prol das
necessidades de melhorias ambientais no rio e no ribeirão.
Foi possível analisar que com o passar dos anos, alguns dos problemas
socioambientais presentes na cidade de Machado estão se agravando cada vez mais.
Isso se deve a fatores socioeconômicos (população de baixa renda) acarretados
também pelo crescimento populacional e a distribuição desordenada desta população,
que se viu obrigada a se instalar em áreas consideradas de risco, como
principalmente, nas várzeas do rio.
O que poderia ser feito para melhoria das condições ambientais, e
consequentemente, para a melhoria na vida social das populações presentes nas
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áreas de influência direta, do rio Machado e do seu principal afluente, o Jacutinga,
seria o investimento em possíveis programas de educação ambiental, e principalmente
investimento destinados às famílias que estão localizadas nas proximidades do rio,
para que estas possam ser alocadas com segurança para áreas que as permitam ter
uma boa qualidade de vida.
Além disso, se faz de extrema importância a aplicação de programas que
recuperam as áreas já degradadas e devolva as condições naturais destes ambientes.
Para isso, é necessário também que se realize a limpeza dos locais impactados pelo
lançamento de lixo e esgoto.
A recuperação dos impactos no rio provocados pela extração de areia necessita
de tempo, e mesmo assim, não é possível restabelecer o equilíbrio natural do rio
novamente, mesmo porque o as condições naturais do solo já foram afetadas. O que
será possível realizar é uma minimização dos impactos e reintegração da paisagem
que fora afetada por este processo.
Referências Bibliográficas
ASPARMA. Algumas Informações sobre o Rio Machado. Abril de 2007. Disponível
em: <http://www.asparma.com.br/riomachado.html>. Acessado em fevereiro de 2011.
CARDOSO, E. S.; ALMEIDA, M. G. de. Bacia hidrográfica do Rio de Ondas –
Barreiras/BA: análise socioambiental e saberes populares. Bahia, 2010.
STEINKE, V. Análise socioambiental da bacia do córrego Arquineiras. DF, 2008.
JÚLIO, A. L.; BRANDLI, L. Análise socioambiental do arroio Santo Antônio/Passo
Fundo-RS. RS, 2010.
SALES, L. B. F. Análise Sócioambiental do Segmento do baixo curso do rio
Maranguapinho na cidade de Fortaleza-Ce: Relações Sociedade x Natureza. CE,
2004.
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