ANÁLISE DO ESPAÇO URBANO DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP DE 2000 a 2010 RAFAEL FERRARI ANANIAS1 e FLAMARION DUTRA ALVES2 [email protected], [email protected] 1 Discente do curso de Geografia – Unifal-MG 2 Professor do curso de Geografia – Unifal-MG Palavras-chave: Geografia, Redes Urbanas, Expansão Urbana, São João da Boa Vista. Introdução A produção do espaço urbano se da em sua fase primitiva no período feudal com os aglomerados medievais existentes na Europa, esses espaços não se distinguiam das atividades e do espaço rural, portanto ainda não podiam ser definidas como aglomerados urbanos, mais se dão como gênese desse processo. O capitalismo tem um importante e decisivo papel na modificação do sistema econômico e produtivo, que vai resultar em uma nova dinâmica no espaço. Desde seu inicio, o espaço urbano já se torna um local de grandes contradições sociais, a partir de sua criação e da formação da sociedade de classes. A Revolução Industrial tem um importante papel na urbanização mundial, pois ela impulsionou o crescimento e desenvolvimento urbano. A intensificação da produção industrial que se da tanto pela a acumulação de capital e desenvolvimento técnico cientifico deu ritmos acelerados para a urbanização. (SPOSITO, 2006, p. 49). As cidades passaram por um intenso processo de reestruturação atendendo novas dinâmicas produtivas. No momento iniciou se a divisão do trabalho e a especialização funcional, ambos inseridos no contexto urbano. A partir da década de 60, o processo crescente de industrialização nas cidades brasileiras, aliado ao início de novas formas de produção no campo, acelerou ainda mais o processo de urbanização e êxodo rural no Brasil. No processo de urbanização, a rede urbana é o meio através do qual, produção, circulação e consumo se realizam de forma efetiva. O avanço tecnológico e a eficiência das redes de comunicação que estão vinculadas a rede urbana, fez com quem distantes regiões possam se articular (CORREA, 2006, p. 15). Esses avanços do meio tecnocientífico informacional sendo eles avanços, funcionais, gabaritam a rede urbana, a serem os “caminhos” dos fluxos materiais e imateriais. O presente trabalho compreende a análise da expansão da rede urbana do município de São João da Boa Vista – SP, apenas no que tange a rede urbana inserida no município. O estudo da expansão da rede urbana do município de São João da Boa Vista – SP tem fundamental relevância para se entender à dinâmica e caracterização desse processo. Delimitar os vetores de expansão residencial e do setor econômico, afim de, entender o 1 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG espaço intra-urbano, que se moldam e se re-molda a todo o momento. O município de São João da Boa Vista está localizado no norte do estado de São Paulo. O município ocupa uma área de 516,418 km², tem uma população de 83.639 habitantes. Objetivos Os objetivos gerais compreende a caracterização da dinâmica da rede urbana no município de São João da Boa Vista – SP e os vetores de crescimento do município, no período entre 2000 – 2010 as novas áreas urbanas (perfil econômico, evolução industrial e comercial). Diagnosticar o aparecimento desses vetores de crescimento urbano e suas respectivas áreas de surgimento, baseados na economia e nas redes do município. Os objetivos específicos compreendem a identificação e caracterização dos vetores de expansão da rede urbana nos setores residenciais e econômicos. Entre elas: infra estrutura urbana gerada por investimentos municipais, densidade urbana, padrões econômicos e sociais. Estabelecer relação entre a dinâmica de crescimento e espacialização urbana com as redes de transporte do município, como avenidas, rodovias e ferrovias. Determinar os fatores que contribuíram para o crescimento da rede urbana do município e os fatores que delimitaram. E por fim a elaboração mapas dos vetores de expansão da rede urbana do município de São João da Boa Vista – SP, mapas estes de importância para prefeitura municipal e diversos órgãos governamentais e particulares. Fundamentação Teórica A revolução agrícola permitiu a diversas sociedades o acúmulo além de capital, acúmulo de inovações tecnológicas, que ao alcançar o nível de uma nova revolução, imprimiu um movimento de aceleração evolutiva (CARLOS, 1989, p. 45 apud Darcy Ribeiro). Essa aceleração evolutiva aliada com os sistemas produtivos foram os alicerces para a estruturação da rede urbana. A economia da cidade não pode ser baseada a uma economia de subsistência e é totalmente incompatível a ausência especialização e diferenciação. A existência da cidade ocorre da: divisão do trabalho, organização da sociedade em classes, acumulação de tecnológica e capital, produção de excedente agrícola e concentração espacial das atividades não agrícolas (CARLOS, 1989, p. 36). A rede urbana pode ser definida na sua forma mais simplória como pontos fixos que se articulam entre si, assim podemos entender como uma rede de articulações comercias, sociais inseridas no território urbano. A rede urbana é produto social, que tem como serviço articular todas as relações sociais, garantindo a existência e sua produção. Existem diversos tipos de redes urbanas, de acordo com padrões espaciais, funcionais e o grau de articulação interna. Para existir uma rede urbana, é necessário: Uma sociedade espaço-territorializada, vivendo em uma economia de mercado, a base de transações comerciais e de bens produzidos no próprio local e fora dele. Atendendo aos parâmetros da divisão territorial do trabalho. É nesse contexto que as infraestruturas que gabaritam a funcionalidade desses fluxos são importantes no interior da rede urbana. O espaço se torna concretizaçãomaterialização do modo de produção determinante, ou seja, o capitalismo. E a cidade 2 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG compondo esse espaço se torna também uma consequência da manifestação desta concretização. O espaço urbano e sua expansão detêm um alto grau de complexidade, pois sofre com a influência de diversos fatores, como: Políticos, Econômicos, Sociais, entre outro. (VAZ, 2008, p. 163) Há duas dinâmicas simultâneas que se articulam dentro o espaço urbano. Uma delas sendo o surgimento de novos sub-centros comerciais e de serviços em locais distantes ou não dos antigos centros, acabando com a centralidade anteriormente envolvida na dinâmica da cidade. A outra se da pela diferenciação do mercado consumidor, pelo seu poder econômico ou sua capacidade de deslocamento, criando assim uma policentralidade. SPOSITO (1991b, 1999a, 2001b) A rede urbana brasileira detém uma complexidade genética peculiar as demais redes urbanas. Compreende diversos padrões espaciais, pois seus centros têm um alto grau de complexidade funcional e complexidade de integração interna e externa dos centros da rede urbana (CORRÊA, 2005, p. 97). As redes urbanas complexas são caracterizadas pela presença da hinterlândia na região, padrões locacionais de centros urbanos, entre eles: confluência de rios, contato de áreas de produção diferentes, centro industrial antigo, originando um novo mecanismo de aglomeração, uma concentração urbano industrial (CORRÊA, 2006, p. 38). A rede urbana estudada no presente trabalho compreende uma rede a qual não apresenta grande complexidade tais como a das grandes metrópoles e outros casos particulares de médios municípios brasileiros. Metodologia O levantamento e a revisão dos materiais bibliográficos e cartográficos compuseram etapas importantes para o desenvolvimento e evolução da pesquisa. Os conceitos e teorias do material bibliográfico proporcionaram embasamento teórico. Os cartográficos, a identificação de redes viárias e ferroviárias, localização espacial dos setores econômicos, infraestrutura urbana presente e expansão dos loteamentos residenciais. Os dados quantitativos, relacionados, denotaram o crescimento real da rede urbana do município de São João da Boa Vista – SP. Os trabalhos de campo compreenderam visitas aos bairros criados no período de 2000 a 2010. Caracterização dos diferentes perfis, suas características econômicas, espaciais e infraestrutura. A confecção de mapas apoiados em SIG e Cartografia Digital tiveram o objetivo de apresentar de forma mais clara os vetores de expansão urbana e uma panorâmica do município, evidenciando os eixos comerciais e as redes viárias e ferroviárias no entorno da rede urbana. O processo final se deu pela redação dos resultados e conclusão do trabalho em questão. Resultados No período de 2000 a 2010 foram aprovados vinte e seis loteamentos no município de São João da Boa Vista – SP (Mapa 1). À medida que esses loteamentos são criados, os elementos que correspondem à infraestrutura da rede urbana são expandidos até esses novos territórios, infraestruturas essas analisadas nas regiões estudadas. Essas infraestruturas correspondem à: rede elétrica, rede de esgoto e saneamento, rede de 3 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG telefonia e internet, rede viária, rede de serviços privados e assistência pública. Redes que gabaritam essa nova articulação da rede urbana a receber os fluxos materiais e imateriais e o estabelecimento e pontos ou relações capitalistas de diferentes padrões hierárquicos. Mapa 1 – Caracterização dos Loteamentos aprovados no período de 2000 a 2010 e eixos viários de expansão urbana no município de São João da Boa Vista – SP. Fonte: Prefeitura Municipal Foram caracterizados no presente trabalho os Eixos Viários de Expansão Urbana do município. Eixos esses que determinam e direcionam o crescimento da rede urbana. Foram diagnosticados quatro eixos, sendo eles: Eixo Leste, Eixo Oeste, Eixo Sudoeste e Eixo Norte (Mapa 1). Cada um com suas particularidades de ordem social e econômica. No 4 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG contexto comercial e industrial, os investimentos municipais compreendem uma parte dos benefícios que o capital privado de fora do município, procura para se estabelecer nele. Na escala municipal podemos apontar as rodovias que interligam o município às demais redes urbanas (SP-342, SP-344 e vicinais), ferrovias que servem de escoamento e captação de matéria-prima (Alta-Mogiana), o aeroporto municipal e a rede informacional existente no município. O PIB do município evidencia de forma clara esse crescimento, em 2003 ele era de: 664.852 mil reais já em 2008 ele chegou a: 1.566.382 mil reais (IBGE, 2011). O crescimento do PIB e dos empregos em praticamente todas as áreas econômicas são reflexos da expansão dessa rede urbana. Conclusão A rede urbana do município de São João da Boa Vista – SP teve um intenso crescimento no período de 2000 a 2010. Houve expansão das zonas residenciais, comerciais e industriais. Acarretando assim, na construção de uma infraestrutura de suporte criada pelo setor público para sustentar a expansão desses setores. A formação de redes de transporte e comunicação interfere na dialética espaço-tempo, capacitando à infraestrutura da rede urbana a receber mais investimentos privados e públicos Os suportes públicos como, segurança, educação e saúde em muitas vezes são deficiente, ocasionado graves problemas urbanos na rede. Problemas esses de ordem social e ambiental. A falta de um planejamento urbano eficiente também é de extrema gravidade. A transformação da terra em mercadoria, expulsa a população de renda inferior para regiões periféricas que ainda não detêm bases de suporte para atender a essas pessoas, marginalizando os de infraestrutura, ou seja, apesar do alto grau de crescimento da rede urbana e PIB municipal, esse crescimento não veem paralelamente com o desenvolvimento pois negligencia a uma parcela da população esses benefícios. Bibliografia CARLOS, Ana Fani A. Espaço e Indústria. São Paulo: Contexto, 1989. CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas. 3.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. CORRÊA, Roberto Lobato. Estudos Sobre a Rede Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. SPOSITO, Eliseu S. Redes e Cidades. São Paulo: Ed.UNESP, 2006. VAZ, D. dos S.; VAZ, J. dos S.. Análise Geográfica dos Eixos de Desenvolvimento de Coronel Fabriciano (MG). In: Caminhos de Geografia. Uberlândia v. 9, n. 28 p. 153 – 165. Dez/2008 5 Alfenas-MG, 3 a 6 de Setembro de 2012 Universidade Federal de Alfenas-MG