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SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA
UNAERP CAMPUS GUARUJÁ
O marketing holístico e a sua dimensão socioambiental
Márcia Célia Galinski
Professora do Curso de Administração, Gestão Portuária e Gestão de Pessoas
Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá
Iesa – Instituto de Ensino Superior Santo André
Unimonte – Universidade Monte Serrat
má[email protected]
André Bezerra da Silva
Professor dos Cursos de Administração, Relações Internacionais e Gestão Portuária
Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá
[email protected]
Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee
Resumo
O presente artigo pretende apresentar uma reflexão sobre as práticas de
marketing holístico, considerando a sua dimensão social e ambiental.
Verifica-se que cada vez mais existe uma preocupação com os aspectos
éticos, legais, sociais e ambientais. Assim sendo, as empresas devem
assumir a sua responsabilidade junto à comunidade onde estão inseridas
contribuindo de forma proativa. Uma pesquisa publicada pelo Anuário
Gestão Ambiental 2008 apresenta um levantamento das práticas
relacionadas à gestão ambiental das grandes empresas do Brasil. Conclui-se
que o despertar para questões de âmbito social e ambiental estão
direcionando as estratégias de muitas empresas, ainda assim, existe um
longo caminho a percorrer, e isto requer o alcance de competências
importantes, tais como, flexibilidade, eficiência, senso de urgência, visão
global, criatividade e ações com foco no consumidor, para um
comprometimento alinhado às questões sociais e ambientais que devem ser
consideradas pela empresa na articulação de suas ações e intenções.
Palavras-chave: marketing holístico; responsabilidade social; gestão
ambiental.
Seção 1 - Curso de Administração de empresas - Meio Ambiente
Apresentação: oral
1. Introdução
Nas últimas décadas as empresas passaram por profundas mudanças
decorrentes da mobilização da sociedade em torno das questões relacionadas
com a qualidade do meio ambiente e com as preocupações de âmbito social.
Dentro deste contexto, este trabalho tem como objetivo apresentar a
importância do marketing holístico e a sua dimensão socioambiental. Foi
1
utilizado um estudo descritivo do tipo qualitativo e quantitativo. A coleta de
dados foi por levantamentos bibliográficos e por meio eletrônico.
O significativo aumento do movimento socioambiental pode ser
atribuído, entre outros fatores, à maior conscientização do consumidor e aos
meios instantâneos de comunicação, resultado principalmente do avanço
tecnológico.
Outro aspecto importante, quando se discute alterações de grande
complexidade, é a globalização, que segundo Ribeiro (2003), pode ser
entendida como um processo social que promove mudança na estrutura
política e econômica das sociedades, e economicamente significa a
integração dos mercados em âmbito mundial.
Neste contexto, a informação se torna vital para a empresa compreender
a complexidade das interações entre parceiros diversos. As empresas que se
destacam por seu conhecimento com o cliente buscam combinar os dados
que obtêm nas transações com as informações relativas ao comportamento
de compra do consumidor. Davenport (2002) identifica sete práticas comuns
direcionadas a gerar, reunir e utilizar o conhecimento:
a. Colocar o foco nos clientes mais valiosos;
b. Estabelecer objetivos e prioridades;
c. Buscar uma combinação ótima de conhecimentos;
d. Evitar que todas as informações se concentrem numa única base;
e. Analisar caminhos criativos para a compreensão do fator humano;
f. Ampliar o contexto de análise; e
g. Desenvolver processos adequados e ferramentas eficazes.
Os recursos estratégicos essenciais são o conhecimento e as habilidades
que uma organização adquire com o passar do tempo. No entanto, muitas
ainda não estão suficientemente organizadas para enfrentar e gerenciar este
novo desafio, que é identificar e avaliar as suas próprias competências.
(KING; FOWLER; ZEITHAML, 2002).
Kumschlies (2002) argumenta que novas demandas continuarão a
ganhar importância neste contexto, assim como, novas tecnologias, serviços
e produtos, e a expectativa é que a velocidade destas mudanças aconteça em
um ritmo cada vez maior, exigindo que as empresas, sejam elas grandes ou
pequenas, tenham flexibilidade, eficiência, senso de urgência, visão global,
criatividade e ações com foco no consumidor.
As empresas, desta forma, são pressionadas a atuar com um alto grau
de competitividade. Para Davidson, Sweeney e Stampft (1988), elas precisam
buscar um posicionamento estratégico claro e adotar programas de ação
consistentes e alinhados à expectativas dos consumidores.
Para Hamel e Prahalad (1995), o primeiro passo para compreender o
que significa a competitividade é observar os resultados competitivos, assim
como, entender o que é competitividade é considerado um pré-requisito para
alcançá-la, e por fim, entender porque as empresas são competitivas é
também um pré-requisito para descobri-la.
Porter (1997) define que toda empresa possui uma estratégia
competitiva implícita ou explícita, sendo a combinação dos fins (metas) que a
empresa busca e os meios (políticas) utilizados para obter os melhores
resultados.
2
Falar de competitividade nos momentos atuais é considerar os aspectos
ambientais que estão em pauta na agenda de negócios da classe
empresarial. Segundo Silveira (2000), alguns acontecimentos na década de
70 contribuíram para despertar a preocupação com as questões relacionadas
à gestão ambiental, fazendo com que a sociedade e governo começassem a
discutir este assunto: o agravamento da poluição nos países
industrializados; a repercussão internacional da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo, em 1972; a
ocorrência de desastres ecológicos; a publicação do primeiro informe do
Clube de Roma e, principalmente, a crise do petróleo em 1973, que induziu o
pensamento de uma nova concepção de desenvolvimento. E, mais
recentemente, a Agenda 21, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992.
Atualmente, está em pauta discussões sobre as preocupações
ambientais alinhadas por meio do Protocolo de Quioto, que constitui um
tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da
emissão dos gases que agravam o efeito estufa. As metas de redução não são
homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados para os 38
países que mais emitem gases. Países em franco desenvolvimento (como
Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas de redução, pelo
menos momentaneamente.
A redução dessas emissões deverá acontecer em várias atividades
econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre
si, através de algumas ações básicas: reformar os setores de energia e
transportes; promover o uso de fontes energéticas renováveis; eliminar
mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;
limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas
energéticos; e proteger florestas e outros sumidoros de carbono.
No Brasil, a ação do Estado, no que se refere à criação de organizações
que estruturaram ações na área ambiental, remonta ao início dos anos 70.
Mas as ações só frutificaram efetivamente, depois que o país saiu de um
longo período de instabilidade política e econômica.
Para a Confederação Nacional da Indústria, as empresas precisam
compreender que o lucro e a gestão ambiental não podem ser vistos como
conceitos excludentes, mas complementares. Conforme exposto por
Armando Monteiro, presidente da CNI, o “desenvolvimento sustentável deve
ser resultado da conciliação entre crescimento econômico e os aspectos
ambientais e sociais”. (EMPRESA VERDE, 2007, p.21).
Hooley, Saunders e Piercy (2001, p.15) verificam outra mudança
cultural e social nas atitudes voltadas para o meio ambiente e nas
preocupações daí decorrentes. Eles assinalam que os grupos de
ambientalistas iniciam um movimento de pressão e exercem profundo
impacto na forma de gestão das empresas, “a tal ponto que as grandes
multinacionais do setor de petróleo e de outros setores vêem-se obrigadas a
gastar muito em propaganda institucional anualmente, para provar a sua
preocupação e cuidado com o meio ambiente”.
Assim, além dos desafios da administração em termos de complexidade
do ambiente que operam, as empresas se vêem diante de novas demandas,
onde o cliente não quer mais um produto que apenas ofereça satisfação em
termos de necessidades e desejos, a busca passou a ser por um produto que,
3
além disso, contribua para o seu bem estar e não provoque impacto
ambiental negativo.
Diante do cenário competitivo no qual as empresas estão inseridas, o
marketing estratégico ganha especial relevância. Toledo e Silva (1992)
descrevem que ocorre uma evolução do reconhecimento do papel do
marketing na obtenção e na sustentação de vantagens competitivas.
Assim, as empresas devem traçar cenários alternativos, criando novas
formas de gestão. Oliveira (2008) acredita que não basta predizer como será
o futuro, mas, principalmente, proporcionar meios para que os profissionais
compreendam quais são e como se comportam as tendências atuais, e
assim, criar tendências futuras, através de uma ação proativa.
2. O marketing holístico
Segundo Kotler e Keller (2006, p.14), a orientação de marketing surgiu
no início do ano de 1950 nos Estados Unidos, onde a filosofia de fazer um
produto e convencer o cliente a comprá-lo, passou a ser, desenvolver um
produto que estivesse alinhado às necessidades e expectativas do cliente,
assim, “o que se precisa não é mais encontrar os clientes certos para o seu
produto, mas sim, os produtos certos para os clientes”.
Os autores acreditam que cada vez mais a área de marketing deve se
esforçar a fim de entender os clientes e tratá-los de forma apropriada. As
empresas devem construir as suas marcas mais por meio do seu
desempenho do que apenas investir em uma comunicação maçante e
persuasiva.
No caminho para fazer com que uma empresa adote uma orientação
voltada para os clientes e assuma a sua responsabilidade social e ambiental,
surgiu o marketing holístico e na visão de Kotler e Keller pode ser entendido
como:
O desenvolvimento, o projeto e a implementação de programas,
processos e atividades de marketing, com o reconhecimento da
amplitude e das interdependências de seus efeitos. Ele reconhece
que no marketing “tudo é importante” – o consumidor, os
funcionários outras empresas e a concorrência, assim como a
sociedade como um todo – e que muitas vezes se faz necessária uma
perspectiva abrangente e integrada. (KOTLER; KELLER, 2006, p.15)
O marketing holístico é uma resposta às novas demandas sociais e
ambientais, pois prioriza a satisfação do cliente em consonância com o seu
bem estar, com a preocupação com a sociedade e com o meio ambiente, e de
que forma esta relação pode otimizar os resultados organizacionais.
Mesmo com sensíveis progressos, ainda busca-se chegar a uma equação
mais justa nas relações entre as empresas e consumidores no Brasil. Mas
ainda percebe-se uma busca na compreensão pelos longos séculos de
ditadura do mercado produtor e distribuidor, onde o consumidor não tinha
voz e nem poder. Gonçalves (2001) registra que algumas empresas
continuam insistindo em não reconhecer que o poder está gradativamente
mudando para o lado do consumidor.
Esta nova abordagem do marketing, sob uma visão holística, tenciona
reconhecer e harmonizar as ações de marketing com os stakeholders, que
pode ser entendido como os grupos de interesse.
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MARKETING HOLÍSTICO
Marketing
Interno
Departamento
de marketing
Gerência
sênior
Outros
departamentos
Marketing
Integrado
Marketing de
Relacionamento
Comunicação
Produtos
serviços
e
Canais
Marketing
Socialmente Responsável
Clientes
Ética/legalidade
Canal
Meio ambiente
Parceiros
Comunidade
Quadro 2.1 - Dimensão do marketing holístico
Fonte: Elaboração própria conforme Kotler e Keller (2006).
Esta orientação possibilita entender o processo de captura de valor para
o cliente, onde os processos integram as atividades de criação de valor e
construção de relacionamentos que possibilitem negociações mutuamente
satisfatórias. Desta forma, o marketing assume a sua responsabilidade
social e a compreensão de preocupações mais abrangentes, considerando o
contexto ético, legal, ambiental e social das atividades e dos programas de
marketing, dentro das suas ações e intenções. O desenho da estrutura de
marketing holístico pretende viabilizar três questões básicas: a exploração de
valor, a criação de valor, e a entrega de valor. A figura abaixo ilustra uma
perspectiva de como estes elementos atuam de forma interdependente e a
interação entre os participantes relevantes e as atividades baseadas em
valor.
Foco no
cliente
Competências centrais
Rede
colaborati-va
Exploração
de valor
Espaço
cognitivo
Espaço
de competência
Espaço
de recurso
Criação de
valor
Benefícios para o
cliente
Domínio da empresa
Parceiros de negócios
Entrega de
valor
Gestão do
relacionamento com
o cliente
Gestão dos recursos
internos
Gestão das parcerias
de negócios
Figura 2.1 – A estrutura do marketing holístico
Fonte: Kotler e Keller, 2006.
5
A exploração de valor sinaliza como o valor flui dentro de mercados e
entre eles, para alcançar a eficácia é necessário que a estratégia seja bem
definida e que considere alguns aspectos: o espaço cognitivo do cliente; o
espaço de competência da empresa; e o espaço de recurso do colaborador.
Para explorar uma oportunidade de valor, a empresa precisa de
competências relacionadas à criação de valor, assim, a empresa deve
identificar os benefícios que são relevantes sob o ponto de vista do cliente;
utilizar as competências centrais que domina; selecionar e gerenciar os
parceiros de negócios, e isto, só é possível quando a empresa compreende
muito bem as necessidades e desejos dos seus clientes, bem como, as
expectativas e influências que afetam a sua decisão de compra.
O último elemento é entender que a entrega de valor necessita de
investimentos consistentes em infra-estrutura e capacidades. A empresa
deve investir nos relacionamentos, a fim de consolidar uma equipe interna
atenta à satisfação do cliente, por meio da atração e retenção de clientes e de
parcerias que proporcionem o alcance dos objetivos organizacionais.
Dentro desta perspectiva holística, o marketing reconhece que “tudo é
importante” – o consumidor, os funcionários, a concorrência, os
fornecedores, o governo, os acionistas, a sociedade, dentre outros. Assim,
faz-se necessário atuar de forma integrada, para que uma decisão articulada
em um determinado departamento não se torne incoerente ou conflitante
com outros departamentos.
3. A dimensão socioambiental
O marketing socialmente responsável impõe que a empresa passe a
considerar os aspectos éticos, legais, a gestão ambiental e a comunidade
como elementos importantes no alinhamento das suas estratégias. Isso
significa equilibrar pressões eventualmente conflitantes, exercidas por
diferentes grupos de interesse. (NICKELS; WOOD, 1999).
Os autores argumentam que o comportamento socialmente responsável
é mais do que simplesmente não incorrer em aspectos antiéticos ou ilegais,
significa um comprometimento com a sociedade para o auxílio à melhoria
das condições de vida ou para a resolução dos problemas. As empresas estão
desenvolvendo atitudes em frentes diversas, incluindo o meio ambiente,
serviços comunitários, saúde e filantropia. A experiência do profissional de
marketing, neste sentido, é instrutiva.
3.1 Responsabilidade social empresarial
A responsabilidade social da empresa pode ser vista como a extensão do
papel empresarial além dos seus objetivos meramente econômicos. Bateman
e Snell (1998) especificam que os argumentos favoráveis à esta prática
propõem que as organizações têm ampla responsabilidade que vai além da
produção de bens e serviços para obter lucro. As organizações devem
participar ativa e responsavelmente da comunidade e do ambiente mais
amplo.
O Instituto Ethos de Responsabilidade Social define:
Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se
define pela relação ética e transparente da empresa com todos os
públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de
6
metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável
da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as
gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução
das desigualdades sociais. (ETHOS, 2009. Não paginada)
A orientação do marketing socialmente responsável convoca as
empresas a incluir considerações éticas, sociais e ambientais em suas
práticas, buscando integrar os interesses da alta administração com seus
parceiros. Muitas vezes esta relação é conflituosa, gerando discordâncias
sobre as ações a serem estruturadas. Contudo, cabe salientar, que cada vez
mais empresas que acreditam e assumem o seu compromisso social e
ambiental, estão obtendo lucros notáveis e ganhando uma imagem sólida e
de confiança com os mais diversos públicos.
Alinhado à esta filosofia empresarial, Kotler e Keller (2006) relacionam
algumas iniciativas que podem ser elencadas dentro de um escopo de
responsabilidade social:
a. Marketing social corporativo: apóia campanhas de mudança de
comportamento.
b. Marketing de causas: promove questões sociais por meio de esforços
como patrocínio à causas sociais.
c. Filantropia corporativa: oferece ajuda (dinheiro, bens ou tempo) para
organizações, grupos ou indivíduos.
d. Envolvimento empresarial na comunidade: fornece produtos ou
serviços voluntários à comunidade.
e. Prática de negócios socialmente responsáveis: adapta e conduz
práticas de negócios que protejam o ambiente, os seres humanos e
os animais.
As ações de responsabilidade social são normatizadas por meio da
implantação da SA 8000 (Social Accountability) que é uma norma
internacional de avaliação da responsabilidade social para empresas
fornecedoras e vendedoras, baseada em convenções da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e outras convenções das Nações Unidas
(ONU).
A empresa De Nadai situada na cidade de Santo André no Estado de
São Paulo foi a primeira empresa do mundo do segmento de alimentação a
receber a certificação SA 8000.
Segundo Montana e Charnov (2005) a responsabilidade social caminha
de mãos dadas com o poder social, e uma vez que a empresa pode ser
considerada como a força mais poderosa de influência da vida moderna, ela
tem que assumir a responsabilidade social correspondente.
Algumas ações sobre responsabilidade social são verificadas no Brasil
atualmente:
a. Um beijo pela vida – programa da Avon contra o câncer de mama;
b. O Mc Dia Feliz realizado pelo Mc Donald´s;
c. Sorrido saudável, futuro brilhante – programa social desenvolvido
pela Colgate;
d. A Associação Brasileira de Distribuidores Ford com o programa de
RS que incentiva o desenvolvimento de projetos de inclusão social
voltados à população em situação de risco.
e. O Banco Real com o Programa Talentos da Maturidade.
7
f. O Bradesco desenvolve um programa que remunera famílias na
Amazônia para serem guardiãs da floresta.
g. O Grupo Votorantim, por meio do Instituto Votorantim, apoiou 103
projetos nas áreas de educação, trabalho, cultura e proteção de
crianças e adolescentes. O investimento social beneficiou
diretamente aproximadamente de 315 mil pessoas, com idades entre
15 e 24 anos, de 233 municípios.
h. A empresa Contmatic apóia a Fundação IDEPAC que oferece cursos
de qualificação profissional e inclusão no mercado de trabalho de
jovens de baixa renda.
i. De Nadai – campanha “Buscando Talentos Especiais”, que objetiva a
contratação de pessoas portadoras de necessidades especiais.
3.2 A gestão ambiental
Conforme Nickels e Wood (1999), uma das questões mais críticas e
desafiadoras enfrentadas por todas as pessoas do nosso planeta consiste em
proteger, restaurar e sustentar o meio ambiente. Esta proposta há duas
décadas enfrentava muito mais resistência por parte das empresas em
virtude do custo e do tempo necessários à sua execução. Esta mentalidade
gradativamente vem mudando, resultando em produtos politicamente
corretos e associados à uma estratégia do “marketing verde”, isto é, produtos
que são seguros ou benéficos ao meio ambiente, sinalizando que exercem
ações que buscam o equilíbrio ecológico, e se possível, possam ter um efeito
positivo. Esta abordagem contribui para a construção de relacionamentos
com um público que tem sensibilidade e preocupação com o meio ambiente.
As empresas têm buscado por meio da certificação da ISO 14000
implantar as melhores práticas de gerenciamento do impacto ambiental, e
com isso melhorar a sua imagem institucional.
A ISO 14000 é uma série de normas desenvolvidas pela International
Organization for Standardization (ISO) que estabelecem as diretrizes sobre a
área de gestão ambiental dentro das empresas. (WIKIPÉDIA, 2009).
As empresas cada vez mais terão que buscar formas inovadoras de
gestão, onde é necessário elaborar planos, estabelecer políticas, definir
caminhos a serem percorridos, e efetivar ações para viabilizar esses desejos.
Estes elementos possibilitam a efetiva elaboração de uma estratégia
empresarial, considerando as oportunidades oferecidas pelo ambiente e os
recursos da organização. (FERNANDES; BERTON, 2005).
Os autores argumentam que a análise do ambiente envolve o
conhecimento e monitoração das realidades econômicas, tecnológicas,
sociais, políticas, legais e éticas e seus efeitos na empresa. Nickels e Wood
(1999) complementam a importância também da análise ambiental.
As empresas que desejam crescer neste cenário extremamente complexo
e competitivo deverão desenvolver uma atitude proativa na gestão ambiental,
envolvendo clientes, funcionários, fornecedores, comunidades, órgãos
competentes e demais partes interessadas, como forma de assegurar a
sustentabilidade dos seus projetos, empreendimentos e produtos ao longo do
seu ciclo de vida, adequando as estratégias em cada estágio.
Para Fernandes e Berton (2005), quando a empresa está orientada ao
mercado, ela busca vantagens competitivas para conseguir crescer e se
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perpetuar. Desta forma, a atenção às necessidades dos seus clientes aponta
para a importância que o departamento de marketing possui na relação
empresa-cliente, pois é ele que vai contemporizar os interesses da
organização, dos clientes e dos demais grupos de interesse.
Pesquisa realizada pela Análise – Gestão Ambiental (2008, p.25),
apresenta um levantamento das práticas ambientais das grandes empresas
de diversos setores do país. Embora os dados reflitam empresas que estão
no topo da pirâmide empresarial, as conclusões apresentadas sinalizam
práticas que podem ser estendidas para demais empresas a médio e longo
prazo:
a. 23% das empresas já fecharam negócios para a obtenção de crédito
de carbono.
b. 25% mantêm voluntariamente área verde nativa sob seu domínio.
c. 42% das empresas entrevistadas utilizam fontes renováveis de
energia.
d. 46% das empresas só contratam fornecedores que empregam
procedimentos de gestão ambiental.
e. 48% têm projetos para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
f. 56% possuem programas de plantio de árvores.
g. 62% das empresas pesquisadas têm metas de redução de consumo
de água.
h. 68% publicam suas informações sobre gestão ambiental.
i. 76% das empresas monitoram com indicadores específicos o
consumo de energia elétrica.
j. 85% utilizam papel reciclado, porcentual composto pelos que usam
pouco (49%), usam muito (14%) e usam preferencialmente (22%).
k. 98% dão treinamento sobre gestão ambiental para funcionários.
A qualificação da amostra das empresas respondentes pode ser
identificada a partir do gráfico abaixo:
RESPONDENTES POR SETOR ECONÔMICO
10,6%
5,4%
Indústria
Serviços
Agroindústria
26,4%
57,6%
Comércio
Gráfico 3.1 – Respondentes da pesquisa por setor econômico
Fonte: Anuário análise gestão ambiental, 2008.
Com relação às práticas e procedimentos relativos à gestão ambiental,
dentre outras, buscou-se conhecer primeiramente se as empresas possuem
política ambiental, como a organizam, e se possuem certificação ISO 4000.
Os dados estão assinalados no gráfico abaixo.
9
POSSUEM OU NÃO POLÍTICA AMBIENTAL E COMO A
ORGANIZAM?
13,1%
0,5%
Sim. Int egrada com as demais polí t icas
da companhia
Sim. Especí f ica para meio ambient e
23,9%
62,5%
Não. M as adot am prát icas não
sist emat izadas
Não possuem
Gráfico 3.2 - Práticas e procedimentos da gestão ambiental
Fonte: Anuário análise gestão ambiental, 2008.
POSSUEM OU NÃO CERTIFICAÇÃO ISO 14001?
11,2%
Possue
13,6%
48,1%
Não possuem, mas palnejam obt er
Não possuem, mas cumprem as et apas
para obt ê-la
Não possuem e não vêem necessidade
da cert if icação no moment o
27,1%
Gráfico 3.3 – Percentual de empresas certificadas pela ISO 14001
Fonte: Anuário análise gestão ambiental, 2008.
A pesquisa identificou também a estrutura da gestão ambiental, para
conhecer como a responsabilidade pela área de gestão ambiental está
dimensionada e quais as ações que estão sendo definidas para o
aprimoramento das metas ambientais, conforme segue:
COMO DEFINEM A RESPONSABILIDADE PELA ÁREA
AMBIENTAL?
21,0%
2,9%
Formalment e e declarada no
organograma
De maneira inf ormal
Não def inem
76,1%
Gráfico 3.4 – Estrutura da gestão ambiental
Fonte: Anuário análise gestão ambiental, 2008.
10
TÊM PROGRAMAS DE GESTÃO PARA MELHORAR METAS
AMBIENTAIS?
3,4%
21,0%
Sim, de maneira document ada
Sim, de maneira inf ormal
Não
75,6%
Gráfico 3.5 – Percentual de empresas que têm programas para
melhorar as metas ambientais
Fonte: Anuário análise gestão ambiental, 2008.
O conjunto de informações levantadas pela pesquisa constitui uma
fonte rica de estudos para diagnosticar o estágio da discussão ambiental no
meio público e privado, e em que direção ela caminha, além de promover
uma reflexão acerca dos desafios que a gestão ambiental requer e suas
implicações.
Considerações finais
O momento atual impõe imensos desafios sociais, econômicos e
ambientais.
Dada a complexidade da situação, é de vital importância que debates
objetivando encontrar alternativas viáveis sejam compartilhadas pelo maior
número possível de pessoas, pois as soluções para os problemas gerados
requerem ações inteligentes (para serem efetivas) em diversas áreas e
dimensões da vida humana.
Os negócios estão mudando, e isso requer que o marketing também
mude. As estratégias de sucesso para crescer em um cenário extremamente
competitivo e dinâmico exigem um ajuste entre as exigências do mercado
escolhido, os recursos da empresa e suas competências para atender de
forma eficaz as novas demandas.
Para alcançar um desenvolvimento sustentável no complexo mercado
mundial, as empresas do amanhã deverão ser capazes de aprender
rapidamente e de mudar rapidamente, quando preciso. Para alcançar este
dinamismo, a empresa deve inspirar seu pessoal a atingir novos patamares
de excelência, eficiência e inovação, apoiado por um senso de
comprometimento e responsabilidade com os aspectos sociais e ambientais
inerentes ao contexto organizacional, rumo às práticas de sucesso.
Desta forma, o marketing contemporâneo continuará a evoluir e
enfrentar os novos desafios e oportunidades que exigirão cada vez maior
proximidade com seus clientes e parceiros, na busca por um mundo mais
justo e seguro e de empresas sustentavelmente mais rentáveis.
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12
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