FAQ- FACULDADE XV DE AGOSTO A UTILIZAÇÃO DO MARKETING DE RELACIONAMENTO NA FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE RETENÇÃO DE CLIENTES EM UM PROVEDOR DE ACESSO A INTERNET KATIA APARECIDA FRANCESCONI SOCORRO 2010 FAQ- FACULDADE XV DE AGOSTO A UTILIZAÇÃO DO MARKETING DE RELACIONAMENTO NA FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE RETENÇÃO DE CLIENTES EM UM PROVEDOR DE ACESSO A INTERNET Aluno: KATIA APARECIDA FRANCESCONI Orientadores: Profª Ms. Claudia Cobêro Prof.Ms. Luiz Antônio Fernandes Trabalho de Coclusão de Curso apresentado a Faculdade XV de Agosto como um dos prérequisitos para a obtenção do grau de bacharel em Administração. SOCORRO 2010 AGRADECIMENTOS Neste momento em que o sentimento de dever cumprido mistura-se com tantos outros fortes sentimentos, quero primeiramente agradecer a Deus que me possibilitou mente e corpo sãos para chegar até aqui e concluir minha pesquisa. Em meio a tantas dificuldades e momentos em que achei que não conseguiria concluir o curso, lá estava Ele me amparando e fazendo de minhas dificuldades obstáculos superáveis, que hoje só me fazem saborear ainda mais a vitória conquistada. Agradeço a orientadora Cláudia Cobêro, que com dedicação e paciência sempre esteve disposta a sanar as dúvidas mil que surgiram no decorrer do trabalho, por mais descabidas ou corriqueiras que fossem. Obrigada professor Noel pelas dicas enriquecedoras, professor Peter pela alegria e professor César pelos ensinamentos preciosos. Agradeço aos meus queridos colegas de jornada, por compartilharem comigo destes 4 anos! Quero dizer também que vocês estarão eternamente guardados em meu coração, mesmo que a vida faça com que não nos encontremos mais. Obrigada Robson, Zazá, Jorge, Diogo, P.A, Laura e Lena, por estarem comigo no dia a dia e, mesmo sem esforço consciente e direto, contribuírem tanto para a plenitude da alegria que sinto agora. RESUMO O presente trabalho descreve o processo de implantação de ferramentas de marketing de relacionamento em uma micro empresa do ramo de internet, localizada no interior de São Paulo, onde o objetivo principal foi a busca pela fidelidade de seus clientes a partir do emprego de ações estratégicas de simples entendimento. Para embasamento da pesquisa, este estudo utilizou definições de diversos autores, que convergiam na idéia de que a fidelização de clientes vem se tornando um meio cada vez mais eficiente e pouco oneroso de se garantir receita sustentável no mercado atual. Foi realizada uma pesquisa exploratória mesclada com a pesquisa-ação, onde, através do estudo de um banco de dados já existente na empresa, buscou-se avaliar a contribuição das ações propostas na fidelidade da clientela, definindo um cenário em que a fidelidade está diretamente ligada a outros aspectos positivos como a lucratividade e a propaganda da marca. A partir deste trabalho foi possível observar também que a fidelidade tem estreita ligação com o quanto a empresa está comprometida com o nível de satisfação percebido pelo cliente. SUMÁRIO 1 - Introdução ----------------------------------------------------------------- 05 1.1- Empresa Analisada------------------------------------------------------- 06 2- Referencial Teórico ------------------------------------------------------ 08 2.1- Conceitos de marketing ------------------------------------------------- 08 2.2 - Marketing de relacionamento ------------------------------------------ 08 2.3 - Comportamento do cliente --------------------------------------------- 11 2.4- Fidelização ---------------------------------------------------------------- 12 2.5- Provedor de acesso à internet, email, site, software, hardware ----- 14 3- Metodologia --------------------------------------------------------------- 16 3.1- Procedimentos metodológicos ------------------------------------------ 16 4- Resultados e análises ---------------------------------------------------- 20 5- Considerações Finais ---------------------------------------------------- 23 Referências Bibliográficas -------------------------------------------------- 24 5 1- INTRODUÇÃO Na época em que as organizações se desenvolviam embasadas nas inovações trazidas pela Revolução Industrial, seus artigos eram divulgados em massa, já que muitos deles começaram a ser produzidos em maior escala e vendidos em embalagens que davam vida a uma marca estampada. Neste cenário, os esforços em marketing visavam convencer o cliente da compra de sua marca, para que os estoques de suas revendas fossem mantidos e, desta forma, os fabricantes garantissem sua preferência no mercado. Ofertavam um produto que estivesse em conformidade com a maioria dos consumidores para guiar um mercado visto de forma maciça. Hoje, com a segmentação dos mercados em geral e foco nas necessidades dos clientes, surge a demanda por iniciativas de marketing mais direcionadas, partindo do princípio que cada cliente é diferente do outro. Portanto, clientes diferentes têm perfis e percepções diferentes influenciando seu comportamento de compra. Sendo a percepção algo determinante na opção de compra de um produto ou serviço, gerir uma rede de informações que permita agrupar dados relevantes sobre seu cliente, proporcionando a antecipação de seus desejos, tem se mostrado uma iniciativa de grande eficácia na obtenção de mercados e na retenção dos já existentes. No tratamento destas percepções intangíveis, difíceis de mensurar, exemplificada pela qualidade, por exemplo, o Marketing de Relacionamento oferece inúmeras possibilidades para estabelecer um relacionamento próximo e sólido com o cliente, utilizando ações simples que resultam em vantagem competitiva. A relevância do assunto vem sendo destacada em pesquisas realizadas pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), que apontam que 58% das pessoas que compram via internet o fazem por conveniência, 49% são atraídos pela facilidade de fazer pesquisas e comparações, e 43% pelo preço. Isso mostra que entre 3 motivos relacionados, 2 são aspectos intangíveis. O Marketing de Relacionamento torna o Atendimento ao Cliente e o Marketing elementos integrados, tornando iniciativas de criação de relacionamento com clientes 6 visualmente aplicáveis também na pequena empresa, foco do estudo desenvolvido neste trabalho. Outros estudos e pesquisas em micro e pequenas empresas, mostram que grande parte delas já estabeleceu algum tipo de relacionamento com seus clientes, justificado pelo seu menor tamanho e facilidade de acesso aos mesmos. Dando ênfase às informações expostas no intuito de desenvolver o estudo, tornouse necessário questionar: Quais as ações necessárias para formulação de uma estratégia de retenção de clientes em um provedor de internet, utilizando conceitos do Marketing de Relacionamento? O objetivo foi desenvolver ações que resultem, prioritariamente, na manutenção dos clientes já existentes, sem descartar secundariamente, a conquista de outros em potencial, e estabelecer grau de fidelidade, tornando o cliente fiel um propagandista da marca à sua rede de contatos. 1.1 - Empresa Analisada. A empresa analisada atua no ramo de informática a mais de 16 anos, estando estabelecida atualmente na cidade de Socorro, interior do estado de São Paulo. Conta atualmente com cinco funcionários, sendo um deles o proprietário-fundador. Mantém ainda uma rede de colaboradores autônomos que prestam serviços variados, como consultoria técnica em novas tecnologias, instalação e manutenção de computadores e redes corporativas, vendas externas e limpeza. As atividades iniciais da empresa, estabelecida na cidade de São Paulo primeiramente, focavam atendimento a clientes corporativos, que na época faziam uso de computadores de grande porte, redes e impressoras do tipo matricial. Contava com apenas seu fundador como funcionário, que se revezava entre todas as atividades. No ano de 1997 a empresa transferiu-se para Bragança Paulista, onde a atividade principal passou a ser voltada para os cursos e treinamentos na área de informática, altamente procurados pela popularização e criação do computador como hoje se conhece. 7 No ano de 2000, a empresa passou a operar como provedor de acesso a internet, oferecendo acesso a usuários comerciais e residenciais, através do sistema discado via telefone. Em 2003 transferiu-se para Socorro, onde está estabelecida até hoje oferecendo acesso a internet pelo sistema Wireless, que dispensa linha telefônica. Atualmente oferece planos de assinatura variados, onde o cliente escolhe qual velocidade de acesso deseja aderir, podendo optar também por outros serviços corelacionados. 8 2 – REFERENCIAL TEÓRICO A seguir serão apresentadas definições relativas ao tema da pesquisa, segundo alguns autores: 2.1 - Conceito de Marketing Novas definições e responsabilidades estão constantemente sendo incorporadas ao conceito de marketing durante os anos, fazendo com que o assunto tenha um caráter dinâmico bem acentuado. A concepção anterior de que o marketing era a “arte da venda” há muito foi substituída pelo conceito de “ciência”, que descreve a venda de produtos, conquista dos clientes e a manutenção do relacionamento, visando o aumento da lucratividade. Estas mudanças constantes sugerem que toda empresa precisa ter um posicionamento de marketing eficiente, onde os esforços não sejam isolados e englobem toda a organização, resultando na identificação das necessidades de seus clientes (KOTLER, 1998). Kotler (2000) complementa o conceito de marketing descrevendo um cenário onde a visão é oferecer aquilo que os clientes desejam ou necessitam, dentro de um processo social de livre negociação de produtos e serviços de valor. Esse mecanismo tem o objetivo de conhecer melhor seus clientes atuais e também os potenciais. A proposta é de que as organizações identifiquem as necessidades não satisfeitas de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que proporcionem satisfação aos consumidores, expostos o tempo todo a um meio permeado pelo processo mercadológico. Tudo que consumimos está impregnado pela mensagem que o produto deseja transmitir, fazendo com que se defina um padrão de consumo. 2.2 – Marketing de Relacionamento De acordo com Stone, Woodcock (1998), o marketing de relacionamento era, inicialmente, considerado uma disciplina composta pela associação entre marketing e banco 9 de dados, gestão de contas e prestação de serviços ao cliente. Seu êxito estava atrelado à tecnologia da informação, através de uma aplicação planejada e sensata. Apesar de poucos preverem a evolução na área da tecnologia da informação, quando esta ocorreu, com o advento da informática, os conceitos de gerenciamento em geral foram rapidamente assimilados e a gestão dos clientes tomou forma. Marketing de relacionamento é definido por Vavra (1993) como o processo de garantir satisfação contínua e reforço aos indivíduos ou organizações que são clientes atuais ou que já foram. Assim, estes clientes devem ser identificados, reconhecidos, comunicados, em relação à satisfação e respondidos. Outros estudiosos citam também que a mensuração da satisfação dos clientes pode ser o grande diferencial entre uma organização bem sucedida e as demais que não alcançam sucesso. Citam que as empresas precisam ter essa mensuração externa, por uma ou mais das razões relacionada a seguir: -Satisfação de clientes é freqüentemente equiparada à qualidade. -O compromisso por um programa de satisfação de clientes demonstra liderança em uma categoria de negócios. -Mensurações internas de satisfação de clientes podem ser inadequadas. -Ouvindo os clientes, as empresas podem passar a ser voz ativa no mercado. -Muitos clientes não reclamam porque podem achar que nada vai ser feito. -Um programa de satisfação de clientes é uma poderosa ferramenta para estimular a melhoria dos produtos ou serviços. -Os concorrentes podem já ter adotado programas de satisfação de clientes bemsucedidos (VAVRA,1993). Vavra (1993) diz que toda organização que decide implantar o pós-marketing deve esforçar-se em oferecer satisfação por meio de seus produtos e serviços. O autor sugere que os relacionamentos empresa-cliente bem sucedidos estão embasados em práticas constantes de pós-marketing, citando a coleta de informações a respeito destes clientes uma das principais. O programa de coleta de informações e a criação de um banco de dados fornece um feedback do cliente referente a qualidade dos produtos ou serviços, apontando caminhos 10 para mudanças e melhorias. O desafio é interpretar o modo de pensar e as percepções dos clientes, a fim de oferecer informações confiáveis para que os gestores possam tomar decisões com base neste conhecimento produzido. O diálogo e a construção de relacionamentos estáveis e duradouros são a resposta ao desafio imposto pelas mudanças ocorridas no ambiente empresarial e nos desejos dos consumidores ( KOTLER,1998). O marketing de relacionamento para Kotler (1998) representa uma postura inovadora na interação entre uma empresa ou entidade e seus clientes. Ele afirma que uma das principais ferramentas de diferenciação é prestação de serviços de alta qualidade. O segredo para o sucesso da empresa é não só atender, e sim exceder as expectativas dos consumidores-alvos O objetivo central é a manutenção de uma base de clientes rentáveis. No entanto esse objetivo torna-se conflitante se comparado com o comportamento de algumas empresas que fazem prospecção de clientes sem nenhum critério, visando suprir outros que já não mais consomem seus produtos e serviços muitas vezes por falhas no relacionamento. Kotler (1998) ainda destaca a necessidade de se manter contato constante com os clientes a fim de monitorar suas experiências de consumo. O mapeamento dessas impressões por meio dos relatos dos próprios é o caminho mais rápido para se melhorar o desempenho da empresa. Estar atento às demandas e respostas dos clientes aos produtos e serviços oferecidos ao mercado é importante para se desenvolver um relacionamento sólido e duradouro que possa ser convertido em aumento dos consumidores. Para McKeena (1991), marketing de relacionamento ou pós-marketing é vislumbrado na construção e sustentação de uma infra-estrutura de relacionamentos com clientes. Trata-se da integração cliente-empresa, desde o planejamento dos produtos, desenvolvimento de processos industriais e de vendas. Consiste em construir pró - ativamente relacionamentos duradouros, visando aumento de desempenho na busca por resultados sustentáveis. Para este autor, este processo deve iniciar-se com a escolha do cliente, passando pela identificação de suas necessidades, a definição dos serviços prestados e da relação custo/benefício, e escolha de funcionários para atendimento adequado. 11 Las Casas (2006) destaca os custos elevados gerados pela conquista de cada cliente, já que outras empresas concorrentes também se empenham em conquistá-los. Essa conquista pode custar até 5 vezes mais do que manter um atual, sendo a fidelização a grande prioridade, citando também que a perda dos clientes atuais implica na queda de receitas imediatas. A concorrência acirrada tornou óbvio que a fidelização depende da satisfação contínua do cliente no pós venda, não se resumindo apenas ao momento de aquisição do produto. É seguro afirmar que se o relacionamento com o cliente não for mantido, ele tende a buscar outros produtos ou marcas. 2.3- Comportamento do Cliente Blackwell (2000), afirma que a ciência aplicada para conhecer a cultura, valores, crenças e desejos que influenciam o comportamento do consumidor, utiliza conhecimento das mais variadas áreas, como antropologia, psicologia, economia e até estatística, onde o objetivo é a formulação de conceitos que permitam entender o processo de decisão de compra. Para Kotler (2000), ponto de partida também se concentra na tentativa de entender o comportamento do consumidor, usando para isso o estudo de como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, utilizam e descartam produtos, serviços e até mesmo idéias, em prol da satisfação de suas necessidades e desejos. Uma variável que vem cada vez mais imprimindo importância na decisão de compra do consumidor é a classe social. Esta mostra-se presente em estudos relacionados ao ato de comprar, principalmente se este estiver diretamente ligado à escolhas relacionadas com marcas e grifes. Kotler e Amstrong (1993) enumeram os fatores renda, ocupação, educação e riqueza como fatores de suma importância para identificar uma classe social. Relacionam estes fatores como essenciais para determinar preferências e padrões de consumo dentro destas classes. Já na concepção de Karsaklian (2000 p.11), “ser consumidor é ser humano (...) é uma parte de todos nós, e como todos nós, como todos humanos, o consumidor tem lá suas motivações para a busca de determinadas ambições, para a conquista de determinados 12 espaços, para a realização pessoal”. Essas motivações são representadas por comportamentos caracterizados por uma forte energia utilizada em ações voltadas para um objetivo específico. A autora ainda completa a análise definindo a persistência como o melhor indício para avaliar se o comportamento é ou não característico da motivação. Ele cita que na busca por um medicamento, a motivação que define a persistência por encontrá-lo é a dor, exemplificando bem seu pensamento. Em relação aos processos psicológicos que objetivam influenciar o comportamento do consumidor, cabe o desafio de entender como ocorre o processamento de informação e as maneiras pelas quais a informação recebida pelo consumidor é processada, ou seja, transformada, reduzida, elaborada, armazenada, recuperada e recebida. Segundo Blacwell, Minard e Engel (2000), o processo se assemelha com uma cadeia, que se inicia com o reconhecimento da necessidade do consumidor, passa pela busca de informações sobre a necessidade ou desejo e chega ao estágio da tomada de decisão descrita como processo psicológico. 2.4- Fidelização Segundo Galé (1996), a criação de valor é primordial quando o assunto é fidelização de clientes, embasando a colocação através da descrição da necessidade da oferta de uma proposta de valor superior a da concorrência, que não ofereça apenas uma opção de utilização imediata. Este valor tem de estar atrelado ao gerenciamento da qualidade na empresa. Para Cobra (2000), a criação de valor é o ato de oferecer algo que, sob a visão do cliente, venha destacar seu produto. Esse destaque está ligado não ao que o produto faz para o cliente, mas ao que ele espera que faça de maneira única, se possível. Com o passar dos anos, as empresas estão reconhecendo a importância de satisfazer e reter o cliente, já que clientes satisfeitos constituem o capital mais valioso de uma empresa. Segundo Kotler (2001), o valor de uma empresa não é só determinado por suas instalações, equipamentos e marca, mas também pela base de clientes que manteriam a relação com o novo proprietário caso a organização fosse vendida. 13 Ainda segundo Kotler (2006), fidelizar o cliente significa realizar o maior número possível de vendas a um único cliente pelo maior período possível, sem esquecer-se de mantêlo satisfeito. É envolvê-lo e conquistá-lo de uma forma tão completa que o impeça de estabelecer contato com a concorrência.O autor destaca fatores interessantes sobre a fidelização de clientes: - As empresas perdem em média 10% de seus clientes a cada ano. - Conforme o setor, uma redução de 5% no índice de perda de clientes pode aumentar os lucros de 25 a 80 %. - A taxa de lucro por cliente tende a aumentar ao longo do tempo de permanência do cliente retido. Segundo Kotler (2001), os vendedores que se relacionam com clientes importantes devem fazer mais do que oferecer produtos via telefone quando perceberem que eles estão prontos para o consumo. Devem se fazer presentes durante todo processo, não somente quando for esperado. Tschohl (1996) comenta o assunto levantando a questão do valor da lealdade e de quanto vale fomentá-la. Cita que para a organização que foca manter seus clientes, é garantida a longo prazo a manutenção dos seus ativos, fator vital para obter resultados positivos. Ele ainda descreve que somente tendo como conseqüência a perda de clientes pela deslealdade é que se pode visualizar o valor da lealdade do cliente, enfatizando que a organização deve ter seu cliente como “patrocinador” de sua área de marketing. Na atualidade, as empresas de sucesso são aquelas que estão utilizam várias estratégias combinadas na retenção de seus clientes. Segundo Bogmann (2000), cliente fidelizado é aquele que sempre retorna à empresa para efetuar uma nova compra ou transação, por sentir-se satisfeito com o produto ou serviço. A fidelização aparece fortemente ligada à questão da qualidade de serviços e, essa fidelização, integra o processo filosófico do marketing de relacionamento (BOGMANN, 2000). Stone e Woodcock (1998) citam que há um grau de fidelidade, onde alguns clientes são mais fiéis que outros, definindo aqueles que estão mais propensos a reagir a incentivos e ações direcionadas. A fidelidade seria, portanto, desenvolvida através de 14 abordagens que desencadeiem um estado mental positivo e resultem no objetivo principal de aumentar a fidelidade dos que reagem a essa medida. 2.5- Provedor de acesso à Internet, Email, Site, Software, Hardware A Wikipedia (2010), define o fornecedor ou provedor de acesso à internet como a empresa que oferece principalmente serviço de acesso à internet, podendo agregar a ele outros serviços relacionados. No Brasil, provedor é aquele que fornece serviços de valor adicionado (SVA), referindo-se aos serviços presentes na internet que a diferenciam-na de uma rede comum. A Enciclopédia Virtual Wikipedia (2010) também define e-mail, correio-e, correio eletrônico, ou ainda email como um método que permite compor, enviar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de comunicação. A palavra e-mail é aplicada tanto à transações de mensagens que utilizam a internet e são baseados em um protocolo, quanto aqueles sistemas conhecidos como intranets, que permitem a troca de mensagens internamente, sendo baseados em protocolos proprietários. Já site, saite, sítio ou website, é definido pela Wikipédia (2010) como um conjunto de páginas, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP ( HyperText Transfer Protocol ), ou protocolo de transferência de hipertexto. O conjunto de todos os sites públicos existentes compõe a World Wide Web ( www). As páginas num site são organizadas a partir de um URL (Uniform Resource Locator ) ou localizador uniforme de recursos, onde fica a página principal, e geralmente residem no mesmo diretório de um servidor. A mesma enciclopédia oferece para software a seguinte definição: sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redirecionamento ou modificação de um dado/informação ou acontecimento. É o nome dado tambem ao comportamento exibido por essa seqüência de instruções quando executada em um computador, além de ainda a definição de produto desenvolvido pela engenharia de software, incluindo não só o programa de computador propriamente dito, mas também manuais e especificações. Hardware por sua vez é definido pela Wikipédia (2010) como a parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos, circuitos integrados e placas, que se comunicam através de barramentos, complementando o software como parte lógica do 15 computador. Não se refere apenas aos computadores pessoais, mas também aos equipamentos embarcados em produtos que necessitam de processamento computacional, como o dispositivos encontrados em equipamentos hospitalares, automóveis e aparelhos celulares. 16 3 – METODOLOGIA Para a elaboração deste trabalho foram utilizados dois métodos de pesquisa distintos: Pesquisa Exploratória e Pesquisa-ação. Segundo Oliveira (1999), pesquisa exploratória dá ênfase às descobertas, práticas ou diretrizes que precisam modificar-se na elaboração de alternativas que possam ser substituídas. Este tipo de método visa propiciar ao pesquisador um maior conhecimento sobre o assunto, a fim de que este possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (GIL 1999). Uma concepção de pesquisa que Pinto (1979: 456) considera “fundamentalmente como ato de trabalho sobre a realidade objetiva”. Já para Gamboa (1982: 36), a pesquisa-ação “busca superar, essencialmente, a separação entre conhecimento e ação, buscando realizar a prática de conhecer para atuar”. 3.1 – Procedimentos Metodológicos O primeiro passo para elaboração da estratégia de retenção proposta foi a busca por informações que permitissem saber quem são os clientes e como contatá-los. Um banco de dados já existente na empresa tornou-se a ferramenta central do início do trabalho, já que continha os mais variados dados já cadastrados. As informações contidas neste banco de dados iam desde dados pessoais como nome, endereço e telefone, tipo de plano e data da assinatura do serviço, até valor pago mensalmente, número de vezes que requisitou suporte técnico e motivos que o levam a efetuar o chamado técnico, geralmente via telefone. Com base nestas informações, verificou-se a carência de um pacote de serviços que estreitasse o relacionamento com o cliente e os colocasse em maior e mais freqüente contato com a empresa, já que a maioria pouco se relacionava devido ao caráter impessoal da prestação de serviços de internet. O primeiro serviço criado foi a manutenção de computadores, já que na grande maioria das vezes que o cliente se queixava de interrupções no acesso a internet, o problema 17 era originado por defeitos no software ou hardware de seu computador, tendo que buscar o reparo em outra empresa. O início do trabalho compreendeu oferecer via e-mail e via ligações telefônicas a opção de manutenção de computadores exclusivamente aos clientes do provedor. Foi contratado um técnico para os eventuais reparos oferecidos após serem constatados na visita técnica requisitada pelo cliente. O setor de manutenção ofereceu a opção de retirada do computador no local, orçamento sem compromisso e entrega do mesmo num prazo de 30 horas após ser feita a retirada do equipamento. Uma ordem de serviço assinada pelo cliente passou a ser utilizada para regulamentar e oficializar o pedido de reparo. O site da empresa também disponibilizou um link de acesso ao suporte, onde o cliente registraria sua solicitação ou sugestão de forma prática e rápida, através de uma mensagem eletrônica que é diretamente enviada a uma caixa de email. Logo após, um profissional encaminha a solicitação à área responsável que prontamente a responde. A área de promoções começou a tomar forma como opção de reconhecimento e premiação para os clientes que indicavam os serviços da empresa de acesso à internet a outras pessoas, prática comum observada no estreitamento do relacionamento entre empresa-cliente. Neste quesito, a ação foi estabelecer descontos e vantagens para que o cliente já existente indique o serviço da empresa aos seus contatos. Criou-se uma tabela de descontos, de acordo com o número de novos clientes indicados determinando o desconto obtido na mensalidade do mês correspondente à indicação: 1 cliente indicado 15% de desconto na mensalidade 2 clientes indicados 30% de desconto na mensalidade 3 ou mais clientes indicados 50% de desconto na mensalidade Para que os novos serviços e benefícios criados pudessem ser oferecidos com foco no estreitamento das relações, houve a necessidade de se criar uma divisão na carteira de 18 clientes, que antes era gerida sem nenhuma distinção. Foram criadas duas classes: clientes corporativos e clientes residenciais. Após esta divisão, ficou estabelecido que a carteira corporativa passaria a ser gerida pela atual gerente, e a carteira residencial gerida pela outra colaboradora da empresa, integrante do quadro administrativo atual, visando criar a sensação de proximidade para o cliente, que passou a ser atendido sempre pela mesma pessoa. Foi iniciado também um programa onde clientes fiéis de ambas as carteiras com mais de 1 ano de assinatura receberiam um aumento de sua velocidade sem despesa extra de nenhuma natureza, oferecido através de abordagem telefônica assim que o período de dois anos fosse atingido. Para isso, o técnico responsável pela manutenção do servidor de acessos passou a executar o aumento de velocidade assim que é comunicado pela gerente responsável pelo cliente. Todos os clientes que aderiram ao benefício passaram a ter um aumento de 30% em sua velocidade de acesso atual. Além destes novos produtos e vantagens oferecidas, a empresa ainda disponibilizou gratuitamente aos clientes corporativos uma área para hospedagem de seu domínio, serviço necessário à empresa interessada em disponibilizar um site na internet. Nesta área de hospedagem incluíram-se também serviços de mensagens, oferecendo ao cliente a opção de até 10 caixas de email sem custo adicional. Este serviço normalmente é contratado e pago mensalmente para que a empresa tenha um provedor administrando suas informações empresariais na internet, bem como o tráfego de emails gerado pelos contatos conseguidos através desta forma de propaganda virtual. Encontra-se em fase de estudo a possibilidade de implantar um serviço específico na área de desenvolvimento de sites, em que o objetivo principal será a oferta de uma consultoria para a empresa que desejar ter sua marca divulgada na internet. Essa consultoria permitirá ao cliente criar uma página onde poderá definir quais as informações deseja disponibilizar aos seus atuais e novos clientes. Esse serviço exigirá uma nova contratação, pois a empresa não possui hoje um profissional especialista na área. 19 A fim de fundamentar esta pesquisa, foram utilizadas informações captadas da base de dados da empresa, objetivando obter meios de identificar o nível de satisfação e lealdade dos clientes após a implantação dos esforços descritos anteriormente. Para esta análise foi usado o período de janeiro a setembro do ano de 2009 e o mesmo período do ano de 2010, focando o levantamento de êxito das ações de marketing de relacionamento e o quanto estas contribuíram para a fidelização dos clientes. 20 4 - RESULTADOS E ANÁLISES Abaixo serão apresentados comparativos entre os anos de 2009 e 2010 nos meses já citados, para representar os 3 aspectos de maior relevância para este estudo. Cancelamento de Assinaturas 23% 12% 2009 2010 1 2 Figura 1: Comparação do percentual de cancelamentos de assinatura no período analisado pelo estudo Fonte: Dados elaborados pela autora Neste primeira figura pode-se observar que houve queda significativa nos cancelamentos de assinatura no ano de 2010 em comparação com o ano anterior, demonstrando que os esforços de marketing de relacionamento surtiram acentuado efeito positivo no objeto desta primeira análise. Novas Adesões 23% 11% 2009 2010 1 2 Figura 2: Comparação do percentual de novas adesões no período analisado no estudo Fonte: Dados elaborados pela autora 21 Nesta segunda figura, o cenário mostra também, como no caso anterior, acentuada melhoria, já que o percentual de novos assinantes cresceu 12% dentro do período analisado. Rentabilidade 22% -10% 1 2010 2 2009 Figura 3: Comparação do percentual de rentabilidade no período analisado pelo estudo Fonte: Dados elaborados pela autora Na figura 3 os resultados foram analisados levando em consideração o resultado final da empresa, que obteve acentuado crescimento da rentabilidade, já que em 2009 o resultado havia sido negativo em relação ao período anterior e em 2010 a empresa não só recuperou as perdas de 2009 como também conseguiu elevar sua rentabilidade em 12%. Abaixo apresenta-se quadro qualitativo, que ilustra outros resultados obtidos por este estudo, demonstrando a situação anterior à implantação das ações e o cenário posterior. 22 Antes Depois Clientes insatisfeitos com a falta de serviços de manutenção em microcomputadores Clientes satisfeitos com a oferta do serviço de manutenção Baixo nível de adesões Crescimento de novas adesões através dos descontos concedidos aos clientes que indicavam o serviço de internet Agilidade no atendimento das solicitações através do link para suporte on line Tempo elevado no atendimento dos chamados de suporte técnico Falta de personalização no atendimento Assinaturas de pouca duração Poucos clientes empresariais Atendimento personalizado após a divisão das carteiras em pessoa jurídica e pessoa física. Cliente fidelizado através do programa de aumento de velocidade concedido após 1 ano de assinatura Aumento de clientes empresariais com a oferta gratuita da hospedagem de site Quadro 1: Antes e Depois Fonte: Dados elaborados pela autora Estes outros aspectos expostos evidenciam outros pontos positivos da implantação da estratégia de marketing de relacionamento, suprindo a carência de ações que tivesse resultados diretos na fidelidade à marca. A criação de outros serviços agregados resultou em maior movimentação de clientes na empresa e no crescimento do acesso ao feedback, que antes era conseguido apenas através de situações onde a empresa abordava o cliente com questões relativas à satisfação. Além disso, houve crescimento de recompra de produtos com a criação dos serviços de manutenção de computadores. 23 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS No cenário atual de concorrência acirrada e de recursos tecnológicos cada vez mais acessíveis, a proposta de aplicação de estratégias simples que demandem poucos recursos materiais veio se tornar o ponto de partida para o desenvolvimento da metodologia descrita nesta pesquisa, fazendo alusão às ações majoritariamente humanas criadas numa época em que toda facilidade da tecnologia ainda não estava disponível. Com sensação de estar seguindo na contramão no quesito modernidade e de uma volta às origens, a literatura existente acabou por reforçar que, na construção de um relacionamento fiel a longo prazo, a tecnologia facilita sim, mas o principal papel sem dúvida é o da força humana. O estudo desenvolvido mostrou que a busca por melhoria de desempenho não é somente possível para empresas que dispõe de grande capital para investimento estratégico. Pode-se partir de idéias simples para alavancar a conquista de um determinado resultado, focando, claro, acompanhar a evolução do mercado em que se está inserido e, assim que possível, contar com as comodidades oferecidas pela área tecnológica, como a informática, por exemplo. O importante é começar a agir. Nesta microempresa, as ações surtiram considerável efeito no nível de satisfação do cliente, que conseqüentemente, se tornou mais fiel à marca e consumidor ativo dos novos serviços criados justamente na tentativa de antecipar os desejos e necessidades vindas após a aquisição de um serviço inicial. Foi imprescindível também não se apegar à regras ou convenções pré estabelecidas encontradas pelo caminho. Prevaleceu a personalização de ações específicas à realidade da empresa e do meio em que ela está inserida, uma pequena cidade do interior que, como todo lugar, tem suas peculiaridades. O ideal é que a empresa continue desenvolvendo ferramentas de relacionamento conforme a necessidade for sinalizada pelo cliente e também pela concorrência, para que as ações propostas possam estar sempre em evolução e não se tornem obsoletas. 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLACKWELL, Roger D., ENGEL, James F., MINIARD, Paul. W. Comportamento do Consumidor. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000. BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de Relacionamento – Estratégias de Fidelização e suas implicações financeiras. São Paulo: Nobel, 2000. COBRA, M. Marketing de serviço financeiro. São Paulo: Cobra, 2000:32 GALE, B. T. Gerenciando o valor do cliente. São Paulo: Pioneira, 1996. GAMBOA, Silvio A. S. Análise epistemológica dos métodos na pesquisa educacional: Um estudo sobre as dissertações de mestrado em educação da UnB Brasília: Faculdade de Educação UnB, 1982.p.36 GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. JAMES F. ENGEL / ROGER D. BLACKWELL. 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