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Matriz de atividade individual*
Módulo: 2 – Correntes do Pensamento Atividade: AI, Comentários e Fórum
Econômico
Título: Das correntes econômicas e seus enfoques sobre a crise
Aluno: Daniel Massita Tonolli
Disciplina: Introdução à Economia
Turma: 30 - C
Introdução
O presente texto visa oferecer bases teóricas de algumas correntes econômicas
(clássica, neoclássica e keynesiana) para confrontar e induzir uma reflexão quanto
à atual crise.
Características principais da Escola Clássica
A Escola Clássica trata mais do Individualismo, do Liberalismo Econômico e do
Trabalho. Inicialmente visto por Adam Smith, compara a noção da produção de
uma pequena cidade próspera com uma vila, de vasto território agrícola, que vive
na pobreza (cf. FLÓRIO). Com base nos interesses individuais, alavancados pela
livre concorrência e pela “Mão Invisível” do mercado, a Escola Clássica prevê uma
produção do trabalho com o capital que retornará em riqueza – diferente dos
fisiocratas e das concepções metalistas do absolutismo.
Se essa produção individual não-altruísta transpor os custos do mercado, entrará
na economia, produzirá bens e movimentará o mercado, criando assim, a partir de
um interesse singular, um bem-estar geral maior. Muito se deve à divisão do
trabalho, potencializando assim a produção. As trocas também trazem ganhos, pois
numa economia de mercado, os custos de oportunidades diferenciados e as
vantagens comparativas tendem a movimentar a economia.
Contendo ainda os princípios da propriedade privada e liberdade de empresa, contrato e
câmbio. Ao governo compete patrocinar a defesa nacional, garantir a livre concorrência entre as
empresas e a proteção à propriedade privada. A iniciativa individual deve ser incentivada
(FERNANDES).
Contesta assim as barreiras comerciais e garante que a riqueza estará vinculada
com a capacidade de produção oriunda do trabalho e do capital.
David Ricardo dá uma atenção para o valor de um produto, e compete para a préposição de que o valor é dado pela quantidade de trabalho.
A Escola Clássica se ocupava com o crescimento de longo prazo e com as
implicações da forma de distribuição da renda como forma de promover esse
crescimento, calcado na produção.
Em suma, a liberdade dos interesses individuais tende a fomentar o bem-estar
coletivo. O mercado tende ao equilíbrio livremente. O Estado deve ater-se aos
pequenos detalhes como emissão de papel-moeda, controle dos juros e garantia da
propriedade privada. O Individual e o Liberal balizam as idéias dessa escola.
Ricardo, Smith, Baptiste-Say, Malthus e Mill contribuíram para o pensamento dessa
escola.
Em suma: liberalismo, individualismo, interesse privado como dínamo econômico,
equilíbrio e enfoque na produção e abordagem macro.
Características principais da Escola Neoclássica
Guiado pelo pensamento marginalista, o pensamento econômico sofre uma certa
mudança nas suas concepções. Voltando-se para o individual, a Teoria da Utilidade
Marginal vê o valor de um bem como função da sua necessidade, sendo assim,
fator influente nos preços. Ora, unido ao valor relativo de um bem pela
necessidade, o preço também é função da escassez. E essas funções não são de
razão exata, mas sofrem variações de acordo com a diferença entre um ponto e
outro (elasticidade e fator {ganho/custo} marginal). Nota-se já que isso quebra a
idéia de valor de Ricardo (que tende ao absoluto, diferente do valor relativo
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marginalista).
Também deu os parâmetros básicos da oferta e da procura (ou demanda), junto
com o equilíbrio do mercado. A Escola Neoclássica observa juntamente a
Microeconomia e a alocação de recursos desmistificando o problema do
crescimento. Assim, a abordagem neoclássica condiz com uma preocupação com a
visão da dependência interna do sistema e o equilíbrio geral da economia; o viés
marginalista do valor como tal a percepção da escassez como fator direto de
influência. Ora, também com a inflação (quantidade de moeda afeta os reços e não
a produção) e seu equilíbrio. Utilizando novos métodos de medida – matemática –
trouxe novos parâmetros sobre a escola clássica.
Contribuiu principalmente para essa escola: Marshall, Menger, Jevons...
Em suma: liberalismo, individualismo, interesse privado como dínamo econômico,
equilíbrio e enfoque na demanda e abordagem micro; valor, marginalismo,
elasticidade, escassez.
Semelhanças entre as Escolas Clássica e Neoclássica
Ambas as escolas prevêem um liberalismo econômico. A Neoclássica basicamente
implementa a teoria inicial com alguns aspectos destoantes. A idéia de valor é
relativizada. A escassez entra como parâmetro. Todavia a corrente liberal persiste.
A melhoria das técnicas de abordagem econômica junto com a visão diferenciada
em alguns pontos resultou em um arcabouço teórico forte, conhecido como a
economia ortodoxa.
Doravante, os interesses individuais livres tendem ao regulamento da economia,
com pequenas reparações de arestas por parte do governo. Essas mínimas
intervenções pairam sobre os aspectos de proteção dos interesses individuais e
deixam a economia agir por si. Esse liberalismo é conhecido como o “laissez faire,
laissez aller, laissez passer” (vulgo laissez-faire). O equilíbrio econômico é visto
como natural, guiado pela Mão Invisível do mercado. Até 1929...
Características da Teoria Keynesiana
Com a prosperidade do Capitalismo, e todos os meios e finais confabularem para
um futuro glorioso, nada parecia abalar a economia. Ao menos não enquanto as
expectativas criavam sonhos ambiciosos. A economia cresceu substancialmente
desde o surgimento do estudo econômico propriamente dito com Adam Smith. Até
um novo baluarte surgir, com Keynes e o memorável ano de 1929.
Para Keynes, a idéia do laissez-faire na economia soava um tanto incômoda. Não
muito focado sobre a política monetária, deu atenção especial para o Estado e a
política fiscal. De acordo com as suas idéias, Keynes teve como plano de fundo o
decadente cenário após a Crise de 29. A Grande Depressão se formava e a visão
das recessões tornaram-se comuns. Keynes apontou um dos problemas da
recessão a poupança. Para ele, o nível de poupança era um fator determinante na
economia. Prevendo efeitos multiplicadores, sistematizou a idéia de que uma
demanda ineficiente – e aqui fica o parecer de Keynes – poderia, por efeito
alavancado, formar características propícias à uma recessão. Ora, quebrando os
paradigmas àquela época acerca da economia, propôs uma intervenção do Estado.
Da mesma forma que a poupança poderia atrapalhar investimentos (e vice-versa),
também poderia auxiliar. O governo poderia agir como um agente econômico. Se a
demanda é ineficiente, o governo deveria suprir essa necessidade. Contrariando
inclusive o famoso ideal estadunidense de “liberdade”, Keynes sugeriu uma
intervenção do Estado a fim de suprir as medidas necessárias para manter a
economia caminhando para o lado certo (crescimento). Por intermédio de taxas
fiscais cortadas e ampliados os gastos, o governo agregaria uma demanda. Essa
demanda agregada iria ter um efeito multiplicador e conteria a recessão. Se a visão
keynesiana era de uma economia instável, propensa à distúrbios de ordem e crises,
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o governo deveria ser uma válvula reguladora para evitar problemas econômicos
maiores. Então, diante de uma recessão, a ampliação do governo (e aqui entra a
contrária atitude da idéia de liberdade), dos gastos e os cortes fiscais trariam um
fôlego para a economia, possibilitando assim uma recuperação. Suas idéias radicais
realmente vieram em boa hora e mostraram funcionalidade. Assim, um Estado mais
intervencionista pode atuar em locais com demanda e criar demandas para a
população. Essa “demanda efetiva” seria o viés de resposta aos problemas da
insuficiência de demanda. Se a economia tem esse problema, cabe ao Estado cobrilo. De fato, Keynes se coloca totalmente contrário à linha neoclássica. Entretanto, é
fundamental salientar que o contexto histórico permitiu essas aplicações das teorias
keynesianas. Também conhecida por Estado de Bem-Estar Social.
Diferença entre a Teoria Keynesiana e a Escola Liberal
Sendo assim, temos uma clara distinção entre a corrente keynesiana e a liberal das
escolas clássicas e neoclássicas: a primeira defende uma intervenção do Estado, a
segunda, não. Para a corrente liberal, o mercado tende ao equilíbrio eficaz das
forças de oferta e demanda. Eventuais problemas podem surgir mas serão
corrigidos pela Mão Invisível do mercado. Por outro lado, a concepção keynesiana
prevê o mercado como instável e suscetível a fortes perturbações, necessitando ao
governo intervir na economia para estabilizar as situações extremas. A teoria
keynesiana mostrou-se útil após a Crise de ’29, quando o governo passou a dar
maior força na demanda agregada da economia. Já o liberalismo também obteve
êxito em momentos de dificuldades principalmente após o declínio da visão
keynesiana e embasado nas mudanças monetaristas crescentes. Na segunda
metade do século XX, o liberalismo esteve presente em muitas políticas adotadas.
Ao invés de envolver o Estado como um agente econômico ativo, o liberalismo –
advento desde Adam Smith – tratou o Estado como um mantenedor de cuidados
econômicos. Sendo assim, descartava a intervenção do Estado e reafirmava a
antiga idéia de liberdade.
Alternativas para a crise atual a partir da teoria Keynesiana e da Teoria
Liberal
Uma crise, primeiramente, é resultado de diversos fatores que convergem para
uma complicação econômica mais severa. Todavia, o cerne das crises encontram
um tutano em comum. A confiança abalada. O crescimento econômico se dá pela
contínua produção de valor presente e futuro. Se a confiança nesse crescimento for
abalada por algum motivo, e fatores externos coadunarem para tal, seguramente
teremos indícios de uma crise. Muitas vezes, as crises são o cruel despertar de um
sonho próspero.
Os EUA encontram muitos fatores negativos para a economia. Além do grande
endividamento, o país sofreu com especulações exageradas. Baseados na confiança
infundada de um valor virtual, e usando-o como um valor real, os EUA acabaram
por criar uma bolha especulativa de padrões severos. Os níveis de alavancagem
foram ignorados, nem que parcialmente, frente ao risco subestimado. Dessa forma,
muito valor foi criado à um custo (risco) baixo. Essa “facilidade” impulsionou muitos
ativos para altas cifras. E quanto seus valores derreteram, a “crise” apareceu.
Bom, os EUA encontra-se em uma situação de perigo. A economia sofreu um forte
golpe ao ver seus ativos derreterem. Esse é apenas um pequeno fator de uma
tempestade. Com o valor diminuído, a riqueza virtual sofre descrédito,
pressionando ativos especulativos para baixo. Ora, o problema atual demonstrou
um efeito dominó na economia. Muitos bancos quebraram, gerando um efeito em
cadeia. Após a falência de muitos bancos, grandes empresas viram seus ativos em
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apuros. Ameaçadas de quebra, receberam ajuda do governo. Um pacote de auxílio
econômico foi lançado para recuperar a economia estadunidense. Todavias, as
medidas têm sempre dois lados:
Segundo Keynes o Estado deve preencher a demanda. E de fato, ocorreu isso. O
governo cortou taxas, injetou moeda, garantiu liqüidez, estatizou muitas empresas.
Em outras palavras, enquanto a alavancagem fez lucros, as despezas foram
estatizadas. Quem vai pagar isso? O povo norte-americano em primeira instância.
Só que vale lembrar que a economia americana já está bem racalchutada. No curto
prazo essas medidas ajudaram a evitar o naufrágio imediato. Todavia, no longo
prazo haverá um enxugamento da economia. O consumo cairá e arrastará também
muitas empresas. Sem um consumo adequado, o descrédito aumentará e teremos
um problema de crédito. O crédito mais difícil diminuirá os investimentos que já
estarão “frios” por medo.
A percepção liberal já vê a economia como dinâmica e que tende ao equilíbrio. Essa
crise acabou por “cortar” as pontas dos EUA. Esse país já se encontra seriamente
endividado. Com a eminente crise, apenas taparam o sol com a peneira. Mas ainda
há muita gordura para queimar.
O Estado deveria atentar para as necessidades primordiais do coletivo, ao invés de
beneficiar apenas um seleto grupo de paraquedistas dourados. Garantindo a sutura
dos pontos de hemorragia, o corpo econômico deveria ser entregue para a
recuperação natural. Talvez assim “o homo economicus” estadunidense perceberia
sua fragilidade diante de tantos excessos. Garantindo os setores base da economia,
as necessidades mínimas ao coletivo, o Estado deveria abster-se de maiores
intervenções deixando o corpo “sangrar para se recuperar”.
Costumeiramente a economia mostra dois lados da moeda. Pessoalmente, creio
que o governo estadunidense deveria adotar uma medida liberal (escola austríaca).
Aproveitar o momento de choque para aplicar todas as mudanças drásticas e
depois deixar de intervir na economia diretamente. O governo poderia garantir as
necessidades coletivas de forma mínima e deixar o mercado se reestruturar.
Através dessa “prova de fogo” a economia queimaria os maus fatores de mercado e
a livre concorrência cuidaria do disparate ganho/risco. Aberto, o país poderia ser
reconstruído através do interesse privado (até internacional) que tomaria os riscos.
A bonança foi muito duradoura sobre muitas outras economias. O culpado é o
governo? O povo? Todos... E perder algo nos faz parar e repensar certos conceitos.
Os EUA devem fazer um momento de reflexão. Nem que isso custe uma
instabilidade mundial por um tempo. Mas no longo prazo as verdadeiras economias
produtoras de bens voltariam a ativa. E as “molas e alavancas” seriam
consideravelmente reduzidas. O povo norte-americano não precisa sofrer, mas
podem viver um pouco em novas realidades.
Conclusão
Por fim, demonstradas as principais diferenças na abordagem econômica,
concorremos à prova uma idéia dúbia e ambígua da forma de agir da economia.
Não há uma forma correta de agir, mas há muitas maneiras diferentes, cada uma
com resultados distintos. As crises são exemplos de “exceções” das regras. É
necessário ao homem visar a estabilidade mas só poderá compreendê-la quando a
tormenta surgir. Não será nem a primeira nem a última crise econômica, mas cada
ação micro colabora para um resultado macro. Uma nação é feita de homens e sem
dúvida serão seres humanos, mais uma vez, que solucionarão o presente problema.
Mas alguns sofrerão mais, outros, menos. Todavia é certo a pré-disposição da
economia de manter os estudos científicos sobre o grande alicerce social, sempre
imanente.
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Referências bibliográficas
BUCHHOLZ, Todd G. Novas Idéias de Economistas Mortos. Rio de Janeiro: Record,
2000.
CUARÓN, Alfonso. A Doutrina do Choque.
<http://www.youtube.com/watch?v=7HMdZnokY3s> Acesso em: 10 nov. 2009.
FLÓRIO, Antônio Simões. Origem da Escola Clássica. [S.l.: s.n.].
FERNANDES, Silvia. Escola Clássica. [S.l.: s.n.]. Acesso em: 02 jan. 2006.
MANKIW, N. G. Introdução à economia. 3. ed. São Paulo: Pioneira/Thomson, 2005.
PEREIRA, Rafael Vasconcellos de Araujo. A Evolução do pensamento economico.
<http://www.factum.com.br/artigos/t002.htm> Acesso em: 10 nov. 2009.
SCHIFF, Peter. Why the Meltdown Should Have Surprised No One.
<http://www.youtube.com/watch?v=EgMclXX5msc> Acesso em: 10 nov. 2009.
*Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de
raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática.
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