faculdade de educação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Disciplina: EDP – 53-144 Aprendizagem Humana: Processo de Construção
Profº: Fernando Becker
Graziela Fátima Giacomazzo Nicoleit
Percurso Teórico em Aprendizagem Humana: Processo de Construção
No primeiro semestre de 2005, participei da disciplina de Aprendizagem Humana ministrada pelo
Professor Fernando Becker. A partir desta caminhada, escrevo meu processo de construção da mesma, refazendo o
percurso teórico trabalhado.
É no contexto da extensa obra do criador da epistemologia genética e outros autores que as temáticas
foram apresentadas e debatidas. Construía-se assim, a partir das conceituações e exemplos enriquecidos pelo
grupo, fundamentação teórica indispensável para uma prática educativa que se preocupa com o sujeito e como ele
aprende.
Assim, relacionou-se primeiramente o ponto de vista epistemológico, psicológico e pedagógico. A
concepção de aprendizagem de um professor pode ser caracterizada por alguns modelos epistemológicos e
pedagógicos. Os três modelos: empirista (diretivo), apriorista (não-diretivo), e construtivista (relacional) mostram a
inconsistência e ou consistência dos mesmos. O Behaviorismo e o neo-behaviorismo revelam as explicações
empiristas da aprendizagem. A teoria da Gestalt as aprioristas e a Psicologia Genética o construtivismo ou
interacionismo.
Para este percurso será apresentado, em específico, o modelo construtivista, pois o mesmo consegue
explicar e responder aos apelos, dúvidas e a falta de constatações dos demais. O Construtivismo de Jean Piaget
surge no rigor científico e nas pesquisas com sujeitos da aprendizagem. Outros teóricos usam animais em suas
pesquisas, sendo que estes se diferenciam do homem pois não possuem função simbólica. Para a teoria
construtivista o princípio ativo da aprendizagem é o sujeito, é ele que age sobre o objeto, esta é a ação assimiladora.
O objeto desafia o sujeito na medida em que este o interroga. Desta forma, aprendizagem é construir estruturas de
assimilação. A medida que as estruturas se desenvolvem (ficando mais complexas) a aprendizagem é mais eficaz.
Segundo Becker (2001, p. 71) o objeto ao ser assimilado, resiste aos instrumentos de assimilação de que o sujeito
dispõe no momento. Por isso, o sujeito reage, refazendo esses instrumentos ou construindo novos instrumentos,
mais poderosos, com os quais se torna capaz de assimilar, isto é, de transformar objetos cada vez mais complexos.
Para Piaget (1936) o cérebro não está pronto quando a criança nasce. A inteligência se organiza, organizando o
mundo. Sendo assim, se o sujeito vivencia intensamente os estádios sem imposição, ele transforma tudo,
transformando a si mesmo e o meio.
Os estádios descritos por Piaget são: período sensório-motor, período pré-operatório, período
operatório concreto e período operatório formal. Estes estádios compreendem uma unidade funcional. Pode-se dizer
que existe neste processo uma continuidade funcional (assimiliação e acomodação) e uma descontinuidade
estrutural (o novo, a mudança, a busca de uma estrutura para outra). Esta unidade indica muitas implicações no
desenvolvimento intelectual do sujeito, não existe uma organização apenas cronológica. Os estádios devem ser
pensados na sua complexidade sistêmica, como uma rede de conexões interligadas, sucessivas e contínuas.
Muitos autores, afirmam que Piaget não levou em conta o fator externo, assim como tantas outras
questões. Sobre isto, atualmente muitos outros mostram que Piaget sempre considerou-o, mas não como o único.
Juan Delval, na sua crítica às idéias Vygotskyanas, aponta as fragilidades e as contradições deste em
querer explicar o desenvolvimento por meio da influência externa somente. Aliás nesta contemporaneidade urge
pensar qual o conceito de cultura, diante das transformações, inovações tecnológicas, sentido da vida,
espiritualidade e outros.
Em Paulo Freire, o conceito de “conscientização”, encontra-se com as idéias de Piaget acerca da
educação. Seu significado na dimensão educacional ganha especial profundidade, entendido como prática de
liberdade. Prática que possibilita ao homem tomar distância frente ao mundo, distanciar-se do objeto – agir
conscientemente sobre a realidade objetivada. (tomada de consciência – conscientização)
Para Freire a tomada de consciência não é ainda conscientização: a conscientização implica em
ultrapassar a esfera espontânea da apreensão da realidade, para a esfera crítica na qual a realidade se dá como
objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica – é um compromisso histórico.
Conscientização não existe fora da práxis, sem o ato ação-reflexão, é contínuo, é o exercício de reconhecer-se, de
denunciar, por isso utópico.
Na medida em que o homem, integrando-se nas condições de seu contexto de vida, reflete sobre elas e
leva respostas aos desafios que se lhe apresentam, cria cultura. Cultura é resultado da atividade humana. O homem
faz história, formando e reformando épocas, criando e decidindo. A alfabetização dá-se como ato de CRIAÇÃO –
INVENÇÃO – REINVENÇÃO.
“Tudo o que a gente ensina a uma criança, a criança não pode mais, ela mesma descobrir ou inventar” – Jean Piaget
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