O ritmo frenético de vida das grandes cidades tem provocado

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Comer bem e com saúde
Ritmo frenético da vida moderna é obstáculo à alimentação saudável.
Carne branca e verduras devem estar presentes no prato
A correria das grandes cidades tem provocado mudanças significativas nos
hábitos alimentares da população brasileira nos últimos anos. Trocou-se a hora do
almoço em casa pelo famoso prato feito (PF), pela comida no peso dos self-services
e pelos sanduíches dos fast-food. O hábito pode trazer problemas à saúde, como a
obesidade e outras doenças com origem na ingestão de alimentos muito calóricos,
com excesso de açúcar e sal. Mas é possível comer com qualidade na rua, com uma
escolha adequada do cardápio. É o que asseguram os profissionais de saúde.
As alterações no perfil alimentar dos brasileiros têm ligação com as
transformações econômicas, sociais e demográficas que aconteceram no País nas
últimas décadas. Em um Brasil mais urbano e com grandes exigências de
cumprimento das jornadas profissionais, as pessoas dispõem de menos tempo para
realizar suas refeições.
A mesma industrialização que encurtou ou acabou com o horário para o
almoço caseiro trouxe uma nova concepção de gêneros alimentícios. “A
modernização favoreceu o aumento do comércio de alimentos industrializados.
Esses produtos são de fácil acesso e têm seu consumo incentivado pela mídia”,
observa a coordenadora da Promoção da Alimentação Saudável, da Coordenação
geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Gentil.
Segundo Patrícia, estudos realizados nos últimos 30 anos, como as Pesquisas
de Orçamento Familiar (POF), demonstram que cresceu o consumo de comidas
industrializadas ricas em gordura, sal e açúcar, ao mesmo tempo em que houve
redução no consumo de raízes, legumes, verduras, tubérculos e frutas.
A última Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada em 2003, constatou que a
alimentação é a segunda maior despesa dos brasileiros. Perde apenas para a
habitação. Famílias da área urbana gastam 20% de sua renda com comida,
enquanto as da área rural reservam 35% para essa finalidade.
Em média, o brasileiro destina quase um quarto das despesas com comida à
alimentação na rua. As pessoas do meio urbano são as que se alimentam mais fora
do lar. Elas destinam em média 24% dos gastos com alimentação para essa
finalidade. Já a população rural não usa mais do que 13% para comer fora.
Quando se comparam os hábitos alimentares de quem vive na cidade e de
quem vive no campo, há outros dados expressivos. “A população urbana gasta
pouco mais do que 10% com cereais e leguminosas, enquanto a população rural
destina em torno de 16,9% para esses produtos”, informa Patrícia Gentil.
Esses estudos sobre alimentação também demonstram que nos últimos anos
as bebidas industrializadas cresceram no gosto da população, principalmente nas
grandes cidades. Patrícia lembra que ao se comparar as pesquisas de orçamento
familiar realizadas nos últimos 17 anos – as de 1987, 1996 e 2003 – vê-se o aumento
dos gastos do brasileiro com bebidas e infusões como refrigerantes e cervejas, em
detrimento dos gastos com frutas e sucos.
Refeição balanceada – Associada a uma redução no nível de atividade física, uma
alimentação baseada em comidas com excesso de gordura pode se tornar uma
bomba-relógio para detonar a saúde das pessoas. Um dos problemas diretamente
relacionados a uma alimentação desregrada é a obesidade. A população brasileira
convive cada vez mais com esse fator. De acordo com estimativas atuais, cerca de
40% dos adultos brasileiros estão acima do peso e 10% são obesos. Vale sempre
lembrar que o peso acima do normal contribui para o surgimento de doenças
perigosas, como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias (alterações metabólicas
lipídicas), cardiopatias e até alguns tipos de câncer.
Comer na rua não significa necessariamente que a pessoa tenha que se
alimentar mal. É possível se alimentar com qualidade e fazer uma refeição
balanceada, com os nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo
humano. O Ministério da Saúde dá algumas dicas sobre como escolher um prato
saudável. É importante comer diferentes tipos de alimentos. Deve-se privilegiar a
diversidade. A moderação também é importante. Não se deve comer nem mais, nem
menos do que o organismo precisa. É importante estar atento à quantidade certa.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição tem como uma de suas
diretrizes promover a alimentação saudável. No site do Ministério da Saúde
(www.saude.gov.br/alimentacao), está disponível a publicação Dez Passos de uma
Alimentação Saudável. O texto faz recomendações importantes à população, como
consumir frutas, legumes e verduras, usar sal com moderação e evitar café, balas,
frituras, enlatados, refrigerantes e outras guloseimas.
Todas essas dicas valem para a hora de escolher um prato na rua. Deve-se
evitar alimentos mais gordurosos e privilegiar carnes magras (frango e peixe), frutas,
leguminosas e hortaliças. O refrigerante pode dar lugar ao suco e, na hora da
sobremesa, uma salada de frutas pode substituir os doces. “Não existem regras
prescritas para uma alimentação saudável e sim recomendações. O ideal é que se
façam pelo menos três refeições por dia e que se dê preferência às comidas mais
nutritivas”, aconselha Patrícia Gentil. “Essa é uma forma de promover a saúde e
prevenir doenças”, conclui.
Além dos nutrientes, quem come na rua tem que estar atento à higiene dos
alimentos e do ambiente em que os pratos são preparados. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que se evitem locais onde não haja água
corrente para lavar e preparar os alimentos, assim como para a higienização do local
e das pessoas que trabalham ali. Outro conselho da Anvisa é que os clientes
observem se os funcionários cuidam da sua higiene pessoal, como usar roupas
limpas.
Ministério incentiva a culinária regional
Reverter a queda na participação dos vegetais no prato do brasileiro e
promover uma alimentação saudável – com o resgate das culinárias regionais – são
metas da Coordenação Geral da Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(CGPAN) do Ministério da Saúde.
Segundo o ministério, o consumo de frutas e sucos está muito aquém do limite
mínimo recomendado pelos profissionais de saúde. As autoridades reforçam que o
baixo consumo de vegetais se deve ao crescimento do comércio de produtos
industrializados.
Em sintonia com a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), o
Ministério da Saúde apoiou a aprovação da Estratégia Global para a Promoção da
Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, proposta pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). “O objetivo
central em apoiar essa estratégia é reverter o quadro alarmante e crescente das
doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, um problema para o mundo
inteiro”, justifica Patrícia Gentil.
Em 2003, no Fórum Global, foi lançada pela OPAS uma iniciativa mundial para
incentivar o aumento do consumo de verduras, legumes e frutas. Uma ação lançada
pelo Ministério da Saúde foi a publicação Alimentos Regionais Brasileiros. “O objetivo
desse texto é despertar o interesse para a vasta quantidade de legumes, verduras,
frutas e tubérculos presentes em todas as regiões do País”, explica Patrícia Gentil. A
publicação dá exemplos de receitas regionais (sucos, doces e preparações) e
disponibiliza a composição nutricional dos alimentos.
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