introdução

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
ANA NERI ALVES DA ROCHA
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
MACEIÓ – AL
2012
2
ANA NERI ALVES DA ROCHA
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
Artigo apresentado como requisito
parcial para obtenção do titulo de
Mestre Profissionalizante em Terapia
Intensiva pela Sociedade Brasileira
de Terapia Intensiva.
Orientador: Dr. Ricardo Jorge Pereira
da Silva
MACEIÓ – AL
2012
3
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
Rocha1
RESUMO
A humanização da assistência de enfermagem é uma política de difícil
implementação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pois a rotina diária e
complexa que envolve este ambiente faz com que a enfermagem, na maioria
das vezes, não separe o ser cuidado da tecnologia que o ajuda a sobreviver.
Assim, este trabalho tem como objetivo identificar os fatores que dificultam a
humanização da assistência de enfermagem em UTI. Para realização deste
trabalho foi realizado uma revisão bibliográfica, por meio de busca eletrônica
pela WEB nos site “Scientific Electronic Library Online” (www.scielo.br) e
revistas eletrônicas. Várias dificuldades foram encontradas no processo da
assistência de humanização pelos enfermeiros em UTI: a falta de
comunicação; a procura de especializações pelo profissional deixando em
segundo plano a singularidade do paciente; a falta de investimento no processo
ensino-aprendizagem sobre a humanização na área da saúde, o estresse
ocupacional e o trabalho com a equipe multidisciplinar. Todas estas
dificuldades identificadas devem ser refletidas, para que iniciativas sejam
tomadas, com a finalidade de facilitar a humanização da assistência de
enfermagem em UTI.
Palavras-chave: Humanização; Unidade de Terapia Intensiva; Enfermagem
ABSTRACT
The humanization of nursing care is a policy difficult to implement in Intensive
Care Unit (ICU) because the daily routine and complex environment that
surrounds this makes the nurse, in most cases, not be put asunder care,
technology that helps you survive. This study aims to identify the factors that
hinder the humanization of nursing care in the ICU. For this study, a literature
review was conducted through electronic search on the WEB site "Scientific
Electronic Library Online" (www.scielo.br) and electronic journals. Several
difficulties were encountered in the process of humanization of care by nurses
in the ICU, such as: lack of communication, the demand for professional
expertise in the background leaving the uniqueness of the patient, the lack of
investment in the teaching-learning process of humanization in health,
occupational stress and work with a multidisciplinary team. All these difficulties
identified should be reflected, so that initiatives are taken, for the purpose of
facilitating the humanization of nursing care in the ICU.
KEYWORDS: Humanization; Intensive Care Unit; Nursing.
1
Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
4
.
INTRODUÇÃO
Durante a Guerra da Criméia entre países europeus e russos, muitos
feridos estavam morrendo e o governo inglês convocou Florence Nightingale,
para liderar um grupo de voluntárias que atenderia os feridos. Florence,
enfermeira, criou um dos princípios básicos da terapia intensiva ao deparar-se
com as precárias condições de higiene e atendimento: separou os pacientes
mais graves e colocou-os em uma situação que favorecia o cuidado por meio
da observação permanente. Embora a intervenção baseada na observação
constante do paciente tenha iniciado nesta época, as Unidades de Terapia
Intensiva (UTI), tiveram origem na década de 1950, com a evolução dos
avanços tecnológicos na área da saúde (SILVA, ARAÚJO, PUGGINA, 2010).
Na década de 70, durante o período do milagre econômico, começaram
a surgir no Brasil as UTIs, nas quais o governo buscava avanços tecnológicos,
recursos farmacêuticos e de equipamentos (IDE, 1989).
As UTIs foram criadas com a finalidade de oferecer suporte avançado e
monitorização contínua aos pacientes críticos, com risco de morte, utilizando os
recursos de alta tecnologia que ajudam ou substituem a função de órgãos vitais
(VILLA; ROSSI , 2002).
Devido ao notável crescimento do conhecimento técnico e científico na
área da saúde, a dignidade do ser humano, na maioria das vezes, parece estar
em um segundo plano. As doenças, frequentemente, ocupam um lugar de
destaque no meio da pesquisa, passando a ser o objeto do conhecimento,
reconhecido cientificamente, mas separado do ser que o abriga e no qual ele
se desenvolve. Assim, a ética, por enfatizar os valores, os deveres e direitos, o
modo como os profissionais se conduzem nas relações com os pacientes,
constitui-se uma dimensão primordial para a humanização hospitalar (BACKES
et al.,2006).
Com isso, o Ministério da Saúde, através da portaria nº 881, de 19 /06/
2001, criou no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de
Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), com o objetivo de criar uma
cultura de humanização, por meio de discussão e implementação de projetos,
visando propiciar o devido atendimento à população, abrangendo a importância
5
da junção entre os aspectos tecnológicos da assistência e o relacionamento
dos profissionais de saúde para aumentar a qualidade assistencial (BRASIL,
2002).
Com o objetivo de aprimorar o PNHAH e estabelecer um caráter
transversal à cultura de humanização, para atingir todos os níveis de atenção à
saúde, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Humanização
(PNH), conhecida como Humaniza SUS, que tem a finalidade de melhorar os
aspectos organizacionais do atendimento à população, além de divulgar
estratégias e diretrizes para a implementação da cultura de humanização em
todas as áreas da saúde (BRASIL, 2004).
Knobel (2006) define humanização:
Humanizar é cuidar do paciente como um todo,
englobando o contexto familiar e social, incorporando e
respeitando os seus valores, esperanças, aspectos
culturais e as preocupações de cada um.
Humanizar é também garantir a qualidade da
comunicação entre paciente, família e equipe. Significa
ter uma escuta ativa para com o outro, compreendê-lo
na sua singularidade, nas suas necessidades, para que
ele se sinta reconhecido e considerado. (KNOBEL,
2006)
Silva e colaboradores (2010) apresenta algumas propostas de ação para
a humanização do paciente de UTI:
• Orientar a equipe a tratar o paciente pelo nome.
Nesse sentido, é útil colocar pequenas
identificações na cabeceira, no pé da cama ou
próximo à entrada do boxe/quarto;
• Colocar um painel do lado do leito do paciente
para que ele possa afixar fotos de amigos e
familiares, recadinhos, mensagens etc;
• Explicar, com antecedência, os procedimentos
que serão realizados, independentemente do nível
de consciência do paciente;
• Estar atento aos sinais não verbais emitidos
pelos pacientes: desenvolver a percepção de
quando algo agrada ou incomoda. Cuidar para não
invadir seu espaço pessoal sem pedir licença;
• Proporcionar orientação temporal ao paciente,
disponibilizando
relógio
e
calendários,
posicionados de forma que sejam facilmente
visualizados pelo paciente;
6
• Oferecer jornais, revistas, livros, televisão ou
música. Caso o paciente utilize óculos, aparelhos
auditivos e/ou próteses dentárias, devolvê-los
assim que possível;
• Reconhecer o paciente como parte integrante de
uma família, com funções e necessidades
específicas. Facilitar a aproximação.
• Incluir a dor como o quinto sinal vital,
promovendo avaliação frequente e alívio
adequado;
• Preservar a privacidade e a confiança do
paciente, evitando comentários pessoais sobre ele
ou outro paciente em voz alta na UTI ou nos
elevadores.
• Mexer nos pertences pessoais do paciente, por
exemplo, escova de dente, chinelos, pente etc
somente com a sua autorização. Cuidar para não
invadir seu território sem pedir licença;
• Olhar o paciente nos olhos antes de iniciar os
procedimentos.
(SILVA et al., 2010)
Apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar realizando
no sentido de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa difícil, pois
demanda atitudes às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico
dominante e além de possuir o conhecimento teórico e prático, o enfermeiro
pode possibilitar a diminuição do isolamento e medo da solidão do paciente,
proporcionando um contato mais próximo com a família e, para um resultado
satisfatório deve então preparar e cuidar o familiar para que este possa
realmente ser incluído na assistência, o que, acaba por promover um ambiente
mais humano, possibilitando o afeto tão necessário neste momento (BACKES
et al., 2006).
Embora a PNH aponte para uma necessidade, quase uma emergência,
de mudanças no relacionamento entre os cuidadores entre si, e destes com o
ser cuidado e sua família; ainda há inúmeros profissionais que apontam
dificuldades para humanizar o cuidado em UTI.
7
OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo identificar os fatores que dificultam a
humanização da assistência de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva.
METODOLOGIA
Este trabalho de caráter descritivo e retrospectivo foi realizado por meio
de revisão bibliográfica, com busca eletrônica pela WEB nos site “Scientific
Electronic Library Online” (www.scielo.br) e revistas eletrônicas, usando as
combinações de palavras-chave na língua portuguesa “humanização”,
“enfermagem” e “unidade de terapia intensiva”, com a finalidade de identificar e
analisar quais os dificultadores que os profissionais de enfermagem
apresentam no processo de humanização em UTI.
A
seleção dos artigos científicos foi realizada considerando os dois
critérios de inclusão:
 O trabalho está relacionado à humanização da enfermagem na UTI;
 Descrição
dos
dificultadores
do
processo
de
humanização
da
enfermagem na UTI.
Foram excluídos artigos científicos que descreveram os dificultadores da
humanização em UTI, aplicados a outras profissões como médicos,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outras.
RESULTADOS
Por meio da busca bibliográfica foram selecionados nove artigos
científicos, compreendidos entre os anos de 2003 a 2011, de acordo com o
tema abordado para a discussão deste trabalho.
Várias dificuldades descritas por enfermeiros de UTI durante o processo
de humanização foram encontradas por meio desta revisão bibliográfica e são
mostradas no quadro 1.
8
Quadro 1. Resultado da busca bibliográfica das dificuldades relatadas pelos autores na
humanização da enfermagem na UTI.
AUTOR(S)
DIFICULDADES RELATADAS PELOS AUTORES NA HUMANIZAÇÃO NA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UTI
SOUZA et al., 2010
Falha na comunicação; o estresse ocupacional e a presença de aparelhos sofisticados;
falta de comunicação clara, objetiva e simples; presença da família no processo de
reabilitação e o suporte adequado a cada familiar
MARTINS & RIBEIRO,
2011
Ausência de contextualização mais aprofundada acerca dos conceitos de cuidado com o
paciente
MATSUDA et al., 2003
Melhoria das ações e das atitudes voltadas à humanização do cliente no setor
OLIVEIRA & SANINO,
2011
Carga excessiva de trabalho e número de funcionários; carga de horário excessiva e
conciliação de dois empregos (dupla Jornada); estresse; treinamento para os
enfermeiros
COSTA & NASCIMENTO, Falta de visão humanística do cuidado, especialmente quanto à interação equipe de
2001
saúde e a família do paciente
GOMES et al, 2008
Carência de material na unidade
FILHO & LUNARDI, 2005
Espaço dialógico-reflexivo no contexto interdisciplinar
URIZZI & CORRÊA, 2007
Despreparo da equipe em lidar com questões existenciais
ALVES et al., 2010
Desequilíbrio entre tecnicismo e relacionamento humano; o sofrimento do profissional no
ambiente de trabalho da; a dificuldade de inserir família como instrumento terapêutico
DISCUSSÃO
Apesar da criação, do programa nacional de humanização da
assistência hospitalar, com a finalidade de humanizar a assistência hospitalar
prestada aos pacientes atendidos nos hospitais públicos, e com sua posterior
transformação em uma política nacional de humanização, o humaniza-sus,
abrangendo a saúde pública como um todo, com o objetivo de melhorar a
qualidade e eficácia dos serviços na área médica, muitos profissionais como
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas entre
outros; encontram dificuldades no processo de humanização na UTI (BACKES
et al., 2006).
O enfermeiro que trabalha em UTI está inserido em um ambiente onde a
vida, a morte e o meio tecnológico encontram-se em luta constante. Apesar de
existirem vários profissionais que atuam na UTI o enfermeiro é o responsável
9
pelo acompanhamento constante do paciente. Pode-se afirmar também que o
mesmo ocupa um papel fundamental nos momentos de fragilidade,
dependência física e emocional do paciente. Compreende um importante
profissional que serve como ponto de apoio para a equipe no que se refere ao
seu aprendizado e prática; na coordenação do serviço de enfermagem, além
da junção entre o humano e o tecnológico (BACKES et al, 2006)
Com isso, os enfermeiros, por lidarem com questões psicológicas,
biológicas e tecnológicas enfrentam dificuldades no trabalho para aplicar o
processo de humanização em UTI.
Uma das dificuldades identificadas neste trabalho foi a falta de
comunicação, que é considerado por Ferrareze e colaboradores (2006) como o
principal fator que compromete o processo de humanização; por ser uma ponte
entre o cuidador, o ser cuidado e seus familiares, uma comunicação clara,
objetiva e simples traz para a família e o paciente sentimentos de confiança,
segurança e conforto.
É preciso garantir que as famílias sintam-se apoiadas, úteis e
participativas no tratamento do paciente e tenham suas dúvidas esclarecidas
(JERICÓ; BOLELA, 2006)
Assim, os enfermeiros passam por esta dificuldade na comunicação,
pois todos os familiares que acompanham o paciente internado também
necessitam de cuidados especiais únicos, pois cada um tem necessidades
específicas e apresentam índices elevados de estresse, distúrbios do humor e
ansiedade durante a internação do doente (SOARES, 2007).
Muitos profissionais se atentam e priorizam especializações, cursos,
habilitações, buscando ter cada vez mais aprendizado teórico e prático com o
comprometimento em oferecer aos seus pacientes o melhor tratamento e,
consequentemente, sua recuperação e cura; mas tais formações têm deixado
em segundo plano a singularidade do paciente no que diz respeito aos seus
valores, crenças, sentimentos e emoções. Deste modo, a busca por melhor
qualificação passa a inviabilizar significativamente o atendimento humanizado e
de boa qualidade nas instituições de saúde, sendo que o ideal seria investir
tanto no lado intelectual quanto no psicológico para tratar o paciente (BOLELA;
JERICÓ, 2006).
10
As instituições de ensino poderiam investir mais no processo ensinoaprendizagem sobre a humanização na área da saúde, pois nem todos os
profissionais sabem com clareza quais os conceitos sobre a humanização do
cuidado. Isso leva a reflexão de que é preciso estar atentos à humanização,
evitando idealização ou banalização do termo, pois, durante a graduação, é
necessário que o estudante desenvolva, mesmo que em nível inicial, alguns
elementos teóricos sobre o ser humano que potencializa sua visão
psicossocial. (CASATE; CORREA, 2012).
Assim, todo profissional deve ter consciência que o conhecimento
adquirido para o uso da tecnologia na UTI é imprescindível, só que não deve
substituir o humano e o meio familiar. Todos os conhecimentos devem estar
interligados e serem utilizados simultaneamente, na busca por um melhor
acompanhamento do paciente, com um cuidado mais completo e eficaz.
Há ainda, alguns fatores que interferem na qualidade do cuidado,
especialmente quanto à falta de materiais específicos e a interação equipe de
saúde e a família do paciente. Esta visão da necessidade humana do cuidado é
de conhecimento de todos os membros da equipe da UTI, porém, a efetivação
deste cuidado humanizado esbarra em alguns fatores como falta de materiais
específicos para melhorar a acomodação dos pacientes (couxins, travesseiros,
apoios de pescoço e pernas), falta de objetos como relógios e calendários,
visando situar o paciente no tempo e espaço, bem como também, a falta de
sensibilidade em receber a família como parte integrante do tratamento do
paciente e não como entrave para sua recuperação.
Outra dificuldade apontada pelos enfermeiros é o estresse ocupacional a
que estão sujeitos. É conhecido o fato de que os profissionais da área da
saúde estão sujeitos a fatores estressantes como as condições de trabalho
impostas pelas instituições. Como praticar o processo de humanização em um
ambiente de trabalho desumano? O emprego insalubre, com regime de turnos,
baixos salários, o contato muito próximo com os pacientes, mobilizando
emoções e conflitos inconscientes, sem ao menos um aparato psicológico para
o profissional, tornam esses trabalhadores particularmente susceptíveis ao
sofrimento psíquico e ao adoecimento devido ao trabalho (BACKER et al.,
2006).
11
O cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe de saúde,
que precisa estar em condições emocionais de trabalhar com os pacientes e
seus familiares. Ser saudável é uma conquista que deve ser colocada em
prática não só para os pacientes, mas também para a vida dos profissionais
que atuam em UTIs (JERICÓ; BOLELA, 2006).
Dentre
os
princípios
estabelecidos
pela
Política
Nacional
de
Humanização, dois merecem destaque frente às mudanças necessárias na
organização do trabalho e gestão na saúde (BRASIL, 2004):
• Fortalecimento do trabalho em equipe
multiprofissional, fomentando a transversalidade;
• Valorização dos profissionais da rede,
estimulando processos de educação permanente.
(BRASIL, 2004)
Outro ponto negativo apontado pelos enfermeiros no processo de
humanização é entender a equipe de maneira interdisciplinar, pois o paciente
precisa do trabalho de vários profissionais para ter uma boa recuperação;
assim é preciso que haja uma interação de toda a equipe presente na UTI,
respeitando sempre o potencial de cada um.
É importante ressaltar que essa equipe multidisciplinar está unida por
um objetivo comum e para isso é preciso discutir e sanar dúvidas, para
alcançar sempre que possível, uma conclusão comum (JERICÓ; BOLELA,
2006).
CONCLUSÃO
Percebe-se que a relação estabelecida entre o saber e o fazer diante do
processo de internação na UTI é, na maioria das vezes, difícil de ser aplicado,
sendo que as dificuldades identificadas neste trabalho foram: a falta de
comunicação; a procura de especializações pelo profissional, deixando em
segundo plano a singularidade do paciente; a falta de investimento no processo
ensino-aprendizagem sobre a humanização na área da saúde; a falta de alguns
materiais específicos para a melhoria da unidade do paciente, o estresse
ocupacional e o trabalho com equipe multidisciplinar.
12
Dentre as dificuldades elencadas, viu-se que todas elas estão
interligadas e fazem parte de um mesmo contexto. São causas ora objetivas
ora subjetivas, que transformam a qualidade e tipo de assistência prestada
pelos profissionais, especificamente os de enfermagem da UTI que foram
objeto deste estudo.
Todas estas dificuldades identificadas devem ser refletidas e discutidas
em equipe, para que iniciativas sejam tomadas vislumbrando a modificação do
cuidado, incluindo as prerrogativas humanísticas no mesmo. Os valores,
crenças e costumes dos pacientes devem ser levados em conta, dando ênfase,
principalmente, à participação familiar durante o tratamento do paciente na UTI.
Conclui-se que o saber científico-técnico não pode estar separado da
sensibilidade com que a equipe deve enxergar o paciente na UTI. Unir a
eficiência técnica, a delicadeza do toque e o acompanhamento familiar como
tríade de responsabilidades e compromissos conjuntos de equipe é
imprescindível para melhorar o cuidado e facilitar a humanização da
assistência de enfermagem em UTI.
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Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v10n2/10506.pdf> Acesso em: 03
ago. 2012.
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