IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NAS UNIDADES DE TERAPIA

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Revista FACUNICAMPS Ciência
Área de concentração: Saúde
IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
Arleide Tranqueira de Sousa1, Hozana Santos Fernandes Reis2, Marconey.Pereira de Sousa3,
Marislei Espíndula Brasileiro4
RESUMO
Objetivo: descrever a importância da utilização da humanização na UTI durante o
tratamento do paciente, visando a sua melhora fisiológica e emocional. Material e
Método: trata-se de um estudo do tipo exploratório, bibliográfico com análise
integrativa, qualitativa da literatura disponível em bibliotecas virtuais (LILACS,
BIREME,SCIELO). Resultados: diante dos artigos analisados foi possível destacar
três categorias, nas quais os autores falam sobre a importância da humanização nas
unidades de terapia intensiva e incentiva a sua pratica no dia a dia nas UTI, como
forma positiva ao tratamento. Conclui-se que a humanização é uma forma eficaz de
vencer o quadro tenso nas UTI, e enxergar a pessoa do paciente, para melhor tratar
a sua doença, deixando-o preparado emocionalmente.
Descritores: UTI, Humanização, Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: To describe the importance of using of humanization in the intensive care
unit during patient treatment, aiming to improve their physiological and emotional.
Material and Methods: this is an exploratory type of study, literature review with
integrative analysis, qualitative literature digital library (LILACS, BIREME, SciELO).
Results: before the articles analyzed was possible to highlight three categories in
which the authors talk about the importance of humanization in intensive care units
and encourages its practice in everyday life in the ICU, as positively to treatment. It is
concluded that humanization is an effective way to overcome the tension in the ICU
context, and see the person of the patient to better manage their illness, leaving him
emotionally prepared.
Keywords: ICU Humanization, Nursing
1
- Aluna do curso de Enfermagem na FACUNICAMPS;
2
- Aluna do curso de Enfermagem na FACUNICAMPS;
3
- Aluno do curso de Enfermagem na FACUNICAMPS;
4
- Professora Dra. e Coordenadora do curso de Enfermagem da FACUNICAMPS.
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1 INTRODUÇÃO
Durante muitos anos a comunidade científica voltada para a área da saúde
postulou métodos técnicos para o atendimento de enfermagem tanto nas Unidades
de Terapia Intensiva (UTI) quanto em outras áreas de atuação do enfermeiro. Com o
passar dos anos a utilização desses tais métodos se tornaram tão técnicos que a
preocupação com estado emocional do paciente em si caiu no esquecimento,
voltando à atenção apenas para a faceta patológica do enfermo, afirma Ballone
(2004).
Com o distanciamento das praticas ultrapassadas de atendimento de
enfermagem entra em foco então a humanização do atendimento em saúde, pratica
na qual o paciente se torna a principal preocupação, onde antes a preocupação
estava presente apenas em curar a doença. Trata-se da compreensão do estado
emocional do paciente que se encontra no leito, em manter-lo ciente de todos os
procedimentos realizados, respeitar o modo e a qualidade de vida deste, respeitar a
privacidade, e acima de tudo oferecer suporte emocional adequado, levando em
consideração o estado do enfermo, enfatizado no estudo de Ballone (2004).
Além do que, a utilização deste tipo de atendimento nas Unidades de
Terapia Intensiva se torna de suma importância. A UTI é uma “unidade complexa,
dotada de sistemas de monitorização contínua que admite pacientes potencialmente
graves ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que com o
suporte e tratamento intensivo tenham possibilidade de se recuperar” (Resolução
CREMESP 81 – 5 de janeiro de 1995).
Para tanto se observa que a falta de humanização reflete no tratamento do
paciente, fazendo com que a recuperação deste seja de forma mais lenta, e às
vezes pode ocasionar na sua morte por motivos psíquicos associados à patologia
apresentada, fato que por muitas vezes é atribuído à tecnologia que dificulta as
relações humanas, abordado na obra de Casate (2005).
“Estudos realizados nas unidades de cuidados paliativos e câncer da
Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 4,5 milhões de pacientes em
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países em desenvolvimento e desenvolvidos morrem anualmente sem receber
tratamento da dor e sem que lhes sejam considerados outros sintomas tão
prevalecentes quanto à dor e que também causam sofrimento” (PESSINI, 2000).
Como tema de grande importância, o estudo se mostra pertinente por
demonstrar a importância de um atendimento humanizado, além de promover a
classe de enfermagem, pois são os profissionais que possuem contato mais direto
com o paciente. No entanto, fato de grande repercução que fez com que
escolhêssemos o tema, é a grande taxa de mortalidade de pacientes devido à
patologia apresentada associada à falta de humanização no atendimento dos
profissionais da enfermagem.
Sendo assim este artigo tem como objetivo expor a importância de um
atendimento de enfermagem humanizado nas UTI’s segundo a visão do paciente,
salientando o suporte emocional que pode ser dado pelo profissional para amenizar
a situação do enfermo. Além disso, o estudo propõe formular métodos para uma
melhor estadia na UTI, sempre levando em consideração a imagem que o paciente
tem sobre o estado em que se encontra.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo bibliográfico, descritivo-exploratório e retrospectivo
com análise integrativa, sistematizada e qualitativa.
O estudo se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos
científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivoexploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa,
descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e
estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno (GIL, 2008).
Pesquisa qualitativa em saúde trabalha diversos significados, motivações,
crenças, valores e atitudes, correspondendo a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis (MINAYO, 2003).
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Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em
saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – BIREME. Foram utilizados
os
descritores:
Humanização
na
saúde,
Humanização
na
Enfermagem,
Humanização e UTI. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações
apresentadas no Scientific Eletronic Library on-line (SciELO) e livros, no período de
18 de agosto a 14 de setembro, caracterizando assim o estudo retrospectivo,
buscando as fontes virtuais, os anos, os periódicos, os métodos e os resultados
comuns.
Para o resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que
abordassem o tema e possibilitassem um breve relato da evolução da Humanização
relacionada à enfermagem.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou-se a leitura
analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, o que possibilitou a
organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou a
fixação das ideias essenciais para a solução do problema da pesquisa (GIL, 2008).
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do
comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema de pesquisa
e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de
resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a
leitura interpretativa, iniciou-se a tomada de apontamentos que se referiam a
anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as ideias
principais e dados mais importantes (GIL, 2008).
A partir da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos, em
fichas estruturadas em um documento do Microsoft Word, que objetivaram a
identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos
comentários acerca das obras e ordenação dos registros. Os fichamentos
propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das
ideias que acataram os objetivos da pesquisa. Todo o processo de leitura e análise
possibilitou a criação de três categorias. Os resultados foram submetidos às leituras
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por professores da Faculdade Unida de Campinas, que concordaram com o ponto
de vista dos pesquisadores.
A seguir, os dados apresentados foram submetidos à análise de conteúdo
(sendo a pesquisa quantitativa, a análise é quantitativa). Posteriormente, os
resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos provenientes de
revistas científicas e livros, para a construção do relatório final.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais
como tais como a CEEN, SciELO e artigos, utilizando-se as palavras chave:
humanização, estresse e ambiente de UTI, foram encontrados 3 artigos de 2006 à
2010. c
3.1 O ambiente na UTI precisa ser humanizado
Dos oitos artigos, três estão em consenso quanto ao fato de que o Ambiente
da UTI precisa ser humanizado, conforme é possível verificar nas falas dos autores
abaixo:
“Culturalmente, a UTI é um ambiente desconhecido e incerto, que traz aos
pacientes e familiares uma ideia de gravidade associada com perda que, muitas
vezes, não é real. A internação na UTI é um momento que normalmente
desencadeia estresse, tanto ao paciente e seus familiares quanto a equipe de
enfermagem” (SILVA, 2004).
“A enfermagem ao cuidar do seu doente deve preocupar-se com o ambiente
que o cerca, pois este pode interferir no processo de recuperação e não somente
proporcionar um ambiente terapêutico e seguro, mas também buscar proporcionar
ambiente alegre e saudável, agregando valores aos cuidados de enfermagem tendo
como diferencial o atendimento humanizado” (VILLA; ROSSI, 2002).
“Sabe-se e que a humanização deve fazer parte da filosofia da enfermagem,
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pois a recuperação do paciente depende em grande parte da compreensão de que
alquém se importa com ele, onde a atenção entre outros fatores são elementos
essenciais” (SILVA, 2003).
“É inquestionável que a atuação no âmbito da recuperação física do paciente
na UTI é prioridade, mas hoje existe a consciência da necessidade de se utilizar
meios para combater o estresse decorrente da internação na UTI em todo o
contexto. Sabemos que o estresse, resposta não especifica do corpo a uma
demanda, desencadeia reações que inicialmente podem ser benéficas, mas se
persistirem serão responsáveis por aumento da morbidade e mortalidade dos
pacientes. Por estas razões, medidas devem ser adotadas, de acordo com a
realidade e possibilidade de cada UTI, para diminuir o impacto negativo
desencadeado pela internação na UTI” (KNOBEL ET AL, 1998).
“A visão do intensivista hoje está mudando. Temos consciência de que a
função das UTIS não se restringe a tratar apenas da doença e sim cuidar do
paciente de modo que o mesmo não tenha sequelas físicas nem emocionais
decorrentes da internação. Por isso é preciso hummanizar as UTI” (SILVA, 2OO3).
Percebe-se nos textos acimas que a internação na UTI é um ambiente que
normalmente desencadeia estresse, tanto ao paciente e seus familiares quanto a
equipe de enfermagem, que acaba que sendo responsável pelo aumento da
morbidade e mortalidade dos pacientes, visto que um ambiente alegre e saudável se
soma de forma eficaz no seu tratamento. A sua recuperação depende em grande
parte da compreensão de que alguém se importa com ele, por isso a intensão de
tomar medidas para diminuir esse impacto negativo, e garantir um atendimento
humanizado.
Conclui-se que a UTI, gera um alto grau de estresse tanto ao paciente,
familiar e profissional, que acaba deixando um clima negativo entre ambos,
responsável principalmente por gerar desconforto ao paciente e interferir no seu
rendimento e quadro clinico, daí a humanização entrando para eliminar esse quadro
negativo ou amenizar, visando trazer para o paciente um ambiente saudável e
alegre, agregando valores aos cuidados tendo como diferencial o atendimento
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humanizado. Hoje temos consciência de que a função das UTIs são se restringe a
tratar apenas da doença e sim cuidar do paciente de modo que ele não tenha
sequelas físicas nem emocionais decorrentes da internação. Por isso é preciso
haver humanização nas UTIs.
3.2 A humanização vem da preocupação com a pessoa.
Dos oitos artigos, três estão em consenso quanto ao fato de que a
humanização vem da preocupação com a pessoa do paciente, conforme é possível
verificar nas falas dos autores abaixo:
Ballint (1975) afirma que todo médico tem uma vaga ideia, porém quase
inabalável, de como seu paciente deve se comportar e o que esperaria ou
suportaria, ao que ele chamou "função apostólica", visto que o médico acreditaria
poder ensinar o que é certo ao paciente. O médico tente a perceber os problemas
físicos, psicológicos e sociais do paciente de acordo com sua própria hierarquia de
valores e prioridades, que geralmente é diferente da percepção que tem o próprio
paciente, e essas diferenças pessoais, culturais e históricas entre eles dificultam a
comunicação, entre ambos, prejudicando o paciente na expressão de suas
necessidades.
A humanização deve partir do principio de que cada paciente necessita
continuar vivendo como ser humano, ou seja, deve levar em consideração seus
valores de referência, solicitando ao máximo o conjunto de suas possibilidades de
funcionamento, não somente as fisiológicas, mas igualmente as mentais. Deve evitar
que o paciente seja desorganizado pela angustia e submergido por suas reações
emocionais e facilitar seu acesso a palavra é a possibilidade de unir e de simbolizar
seus afetos (JEAMMET e CONSOLI, 2000).
Continua a ser importante curar doenças, mas sem esquecer que mais
importante ainda é curar o doente, e não somente curá-lo, mas também cuidar
dele.É a pessoa doente que deve ser o principal foco de atenção, e não a sua
enfermidade. Ainda quando a cura não é mais possível, quando a ciência se acha
incapaz de resolver o problema trazido pela doença, continuamos diante do doente,
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na sua dignidade de ser amparado, cuidado e amado (PESSINI e BERTACHINI,
2004).
Segundo Jeammet e Consoli(2004), humanizar é reintroduzir o humano no
funcionamento do hospital, quer dizer, evitar que este ultimo seja reduzido ao papel
de usina para reparar órgão danificados.
Segundo Lepargner (2003), a humanização começa com a qualidade humana
das relações entre os seus agentes ou funcionários.
Percebe-se nos testos acima que a humanização deve partir do principio de
que cada paciente necessita continuar vivendo como ser humano, apesar de ainda
continuar sendo importante curar doenças, mesmo assim não se deve esquecer que
mais importante ainda é curar o doente, e não somente curá-lo, mas também cuidar
dele. Humanizar por tanto é reintroduzir o humano no funcionamento do hospital,
começando com a qualidade humana das relações entre os seus agentes ou
funcionários.
Conclui-se que o mais importante não é tratar somente a doença do paciente,
e sim o próprio paciente, uma vez que a pessoa dele também necessita de cuidados,
mesmo quando a cura não é mais possível, continuamos diante do doente, na sua
dignidade de ser amparado, cuidado e amado.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A finalidade deste estudo foi descrever a importância do tratamento
humanizado em pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI), identificando a
capacidade e principalmente a qualidade de toda a equipe multiprofissional, em
utilizar o processo de humanização.
Após a analise deste estudo foi possível identificar que a humanização,
consiste em uma terapia não invasiva, que para alguns estudos consegue interferir
significativamente no quadro evolutivo do paciente, caracterizando assim uma
assistência mais humanizada. Apesar dos profissionais terem a consciência da
necessidade do cuidado humano, o cuidado técnico impere no ambiente da (UTI).
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Por isso todos os profissionais envolvidos, devem se conscientizar da
importância da humanização em UTI, iniciando-se através do conhecimento das
necessidades do paciente crítico, a fim de atendê-las.
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