Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Aula 11.1 As falhas do governo: corrupção e produção de bens públicos Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, in BIDERMAN, C e ARVATE, P. Economia do Setor Público no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Campus/Elsevier, 2005. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Há, basicamente, três visões sobre as causas e consequências da corrupção, tradicionais em economia. Elas são complementares e formam um arcabouço teórico útil para a análise da relação entre regras, instituições, payoffs, comportamento corrupto e consequências econômicas da corrupção. A primeira está ligada ao conjunto de teorias sobre a ação de rent seeking [caçadores de renda]; a segunda, à teoria econômica da propina; a terceira, à relação entre eficiência, crescimento e desenvolvimento e corrupção. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge A TEORIA DOS CAÇADORES DE RENDA Esta visão parte da premissa de que os agentes econômicos possuem uma motivação básica: a busca de lucro econômico positivo a longo prazo, cuja existência está associada à existência de imperfeições institucionais. Os agentes procurarão obter o máximo de renda possível, respeitando ou não as regras da conduta econômica e social. Esta ação pode implicar transferências dentro da sociedade, via monopólios e diversas formas de privilégios. A atividade ligada à busca dessa renda é chamada de “caçadora de renda”. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge A TEORIA DOS CAÇADORES DE RENDA A relação entre a teoria do caçador de renda e a corrupção aparece na própria definição da função objetivo dos agentes públicos e privados e na estrutura de incentivos que predomina dentro de uma economia. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Três formas de controlar o fenômeno dos “caçadores de renda” Impor um sistema de crime e castigo que aumente o risco, na margem, da ação corrupta. Minimizar a regulamentação e buscar um desenho Criar um sistema de institucional que iniba as incentivos e uma cultura oportunidade de caçar renda organizacional dentro da ilegalmente máquina pública que valore negativamente a corrupção (ética do mérito e da correção). Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge A TEORIA ECONÔMICA DA PROPINA A propina, no contexto aqui considerado, pode ser definida, a despeito da generalidade, como o meio financeiro de se transformar relações impessoais em pessoais, geralmente visando à transferência de renda ilegal dentro da sociedade ou a simples apropriação indevida de recursos de terceiros ou a garantia de tratamento diferenciado. No sentido político, os agentes públicos, em geral, e os políticos, em particular, agem como homus economicus. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge A TEORIA ECONÔMICA DA PROPINA (continuação) Os políticos têm como objetivo principal a eleição, a reeleição e a obtenção de um fluxo de renda. Dada a assimetria da informação, o próprio processo de negociação política (logrolling) gera espaço para o pagamento de serviços de representação de interesse de lobbies. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Solução para o problema da propina Avaliação do sistema de pay-off (incentivos) que o conjunto de instituições gera na sociedade e que influencia a ação dos políticos, burocratas e clientes Imposição de sistemas de em geral. punição. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Relação entre eficiência, crescimento, desenvolvimento e corrupção O maior impacto da corrupção, em termos econômicos, estaria no seu custo para o crescimento. A propina envolve alguma distorção no emprego da máquina pública e, além disso, deve ser mantida em segredo, o que gera um custo adicional na sua obtenção (cooptação e manutenção de uma rede funcionários a um esquema de corrupção, manipulação de informações orçamentárias etc.). O resultado da corrupção, em termos de custos, pode ser a redução do crescimento econômico, na medida em que favorece a alocação de recursos em atividades improdutivas e gera custos de transação desnecessários. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge A corrupção e o problema da produção de bens públicos e semipúblicos O aparecimento da corrupção na máquina pública em geral – e na compra de serviços em particular – está associado ao fato de que não podemos falar, a rigor, em administração gerencial pura dentro do Estado, ao custo de ingenuamente supor que as estruturas de incentivo com as quais deparam-se burocratas, políticos e os agentes privados que agem sobre a máquina pública possam ser comparáveis às estruturas de mercado. Assim, as escolhas públicas não são estritamente técnicas ou gerenciais; elas são sujeitas a critérios políticos, lícitos ou não. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge A corrupção e o problema da produção de bens públicos e semipúblicos (continuação) Uma visão do problema da corrupção e da produção de bens públicos e semipúblicos descartaria qualquer possibilidade de um Estado gerencial puro. O Estado e o mercado político não são perfeitos: políticos e burocratas representam seus interesses dentro do governo e os interesses de agentes privados que se organizam coletivamente para agir sobre a máquina governamental, e tal ação tem como objetivo “caçar renda” de grupos da sociedade menos organizados. E quais são os mecanismos que a sociedade pode criar para aumentar o controle sobre a burocracia e sobre os políticos? Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Solução para o problema da corrupção e da produção de bens públicos e semipúblicos. Introdução de incentivos aos contratos: se o agente tem a priori incentivo para agir em seu próprio interesse, uma mudança no sistema de incentivos pode dirigir seu comportamento a um resultado ótimo do ponto de vista do principal e dele mesmo. Por exemplo, na relação entre o governo (principal) e o burocrata Atenção especial ao problema (agente), um contrato eficiente principal-agente: uma questão entre as partes pode ser a de supervisão e controle de existência de leis que limitem ao comportamento de agentes que máximo o poder discricionário do podem agir de forma oculta. agente. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Agenda de pesquisa Governo eletrônico, bolsa de compras e controle da corrupção. Este tópico torna-se cada vez mais importante, já que há tecnologia disponível hoje para a redução de custos de transação dentro do governo e para o aprimoramento das estruturas de governança e accountability. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Agenda de pesquisa Democracia eletrônica, participação popular e accountability Não se pode confundir aumento da eficácia gerencial dentro do Estado – que pode ser um impacto natural da implementação de governos eletrônicos – com os aspectos normativos derivados das externalidades geradas pela adoção de TI na esfera pública. Há relações entre democracia eletrônica e controle da corrupção que precisam ser estudadas, particularmente no que se refere aos processos de execução orçamentária. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Agenda de pesquisa Governo eletrônico no Executivo, no Legislativo e no Judiciário Governo eletrônico não é um conceito que se reduz à informatização de processos licitatórios, mas envolve a informatização de processos e procedimentos em geral. Precisamos fazer estudos de caso e modelos que nos permitam mostrar quais seriam os impactos da adoção de governos eletrônicos sobre o controle da corrupção. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Agenda de pesquisa Corrupção, risco, competitividade e custos de transação Estudos setoriais e macroeconômicos sobre os impactos da corrupção podem ser importantes para estimar seus custos diretos e indiretos sobre a atividade econômica em geral e para o investimento em particular. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Agenda de pesquisa Por fim, mas não por último, pois a agenda de pesquisa é ampla, o autor recomenda que se concentrem esforços no estudo da corrupção sobre o Judiciário. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Economia e Gestão do Setor Público... A existência de uma capacidade empreendedora sólida, perseverante, disseminada por todos os setores da economia brasileira e presente em todas as regiões do Brasil tem sido, ao longo dos anos, o grande ativo com que o país tem contado para enfrentar sucessivas crises e crescer, apesar de todos os vaticínios em contrário. Um segmento importante desses empreendedores é constituído por empresas de porte médio, que se contam às milhares. Ironicamente, essas empresas, que são o grande combustível produtivo do país, ao invés de contar com o apoio irrestrito de políticas públicas, quanto a financiamento, infraestrutura, informações e apoio logístico, quase sempre têm de funcionar em condições adversas no que se refere a todos esses aspectos. Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Economia e Gestão do Setor Público [email protected] Fauzi T Jorge Final do conteúdo programático. Boas férias!! 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