CIRCUITOS ELÉTRICOS CONCEITOS BÁSICOS Prof. Marcos Fergütz Mar/2014 - Carga Elétrica (Q, q) [ Unidade: Coulomb C ] Quando se fornece ou retira energia do elétron (e-), pode-se movimentá-lo por entre as camadas (K, L, M, N...). No limite, pode-se fornecer energia suficiente para que o elétron se desprenda do átomo, gerando uma carga negativa, o elétron, e uma carga positiva, representado pelo íon composto pelo átomo desequilibrado em sua composição. e- • Experiência de Coulomb +Q -Q F F F = 10-7xc2 => |Q| = 1C Onde c é a velocidade da luz 1C = 6,24x1018 e- e = 1,602x10-19 C Eletrostática Cargas em equilíbrio. Eletrodinâmica Cargas em movimento • Transferência de energia; •Transferência de informação. - Corrente Elétrica (I, i) [ Unidade: Ampere A ] Corrente será a definida pelo movimento de cargas em um meio físico. Área da secção transversal i Q+ Q- Meio Físico A corrente elétrica será definida como a taxa entre a variação líquida de carga que atravessa uma secção transversal do meio físico em um determinado período de tempo, ou seja: Q C Q dq , assim i I ou q i.dt A , no limite i lim dt t s t 0 t - Tipos de Correntes Alternada Contínua Contínua pulsante Fonte: www.google.com/imagens - Diferença de Potencial (U, u) [Unidade: Volt V] O movimento de cargas acarreta em realização de trabalho, ou seja, em dispêndio de energia. Assim, para uma carga se deslocar de um determinado ponto a outro, deverá receber ou perder energia, tal qual a ideia para deslocamento do elétron dentro de um átomo. i + Elemento de Circuito u Uma vez que a energia é despendida pela carga, então: - i + i Elemento u - Passivo Seta da corrente entra no terminal positivo da tensão, diz-se que o elemento tem polarização de elemento passivo. Elemento Passivo Absorve Energia J V C - u + Elemento Ativo Seta da corrente entra no terminal negativo da tensão, diz-se que o elemento tem polarização de elemento ativo. Elemento Ativo Fornece Energia - Potência ( P, p ) [ Unidade: Watt W ] • Capacidade de transferir energia ao longo do tempo. C J J x W, então, P UxI s C s - Energia ( E, e ) [ Unidade: Joule J ] E Pxt - Exemplos 5A 5A + 10V Elemento De - Circuito P 10 x5 50W (abs) 10V - 5A De + - Elemento Circuito P 10 x5 50W ( forn) 10V Elemento De + Circuito P 10 x(5) 50W ( forn) 50W (abs) - Lei de OHM A experiência levou OHM a concluir que: Menos Condutor u (V) U I Mais Resistente U3 Portanto, haveria uma constante de proporcionalidade para definir: Mais Condutor U2 Menos Resistente U1 U RI i (A) I RESISTÊNCIA - Elementos de Circuitos • Resistor [R] Unidade: OHM (Ω) U RI u L • Indutor [L] Unidade HENRY (H) • Capacitor [C] Unidade FARAD (F) • Fontes de Tensão: Alternada Contínua V2 P U I R I R 2 i C di dt du dt • Fontes de Corrente: Alternada Contínua - Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) n LKT I I V i 1 i 0 V1 R1 I V1 V2 V3 V 0 então, V1 V2 V3 V , Sabendo que: V2 R2 I V3 R3 I R1 I R2 I R3 I V ( R1 R2 R3 ) I V Req R1 R2 R3 Portanto, Req I V I V Req • Associação Série de Resistores implica em todos os elementos estarem sendo percorridos pela mesma corrente, portanto: Req R1 R2 R3 ... Rn i 1 Ri n - Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) n LKC I j 1 j 0 I1 V I1 I 2 I 3 I 0 então, V R1 V R2 V I1 I 2 I 3 I , Sabendo que: I2 V I3 V I ( 1 R 1 R 1 R ) V I R3 1 2 3 1 1 1 1 Req R1 R2 R3 Portanto, I V V Req I Req • Associação Paralela de Resistores implica em todos os elementos estarem sujeitos a uma mesma diferença de potencial (tensão), portanto: 1 1 1 1 n 1 i 1 Req R1 R2 R3 Ri Obs.: para 2 resistores em paralelo, temos: Req R1 R2 R1 R2 R1 R2 R3 A aplicação de circuitos em instalações elétricas, em geral, está relacionado ao seguinte esquema de ligação: Onde, a fonte representa a alimentação em corrente alternada disponibilizada pela concessionária de energia e as resistências representam as cargas instaladas, tais como, iluminação, chuveiro, torneira elétrica, forno elétrico, microondas e outros equipamentos. Como se pode observar, os equipamentos estão ligados em paralelo entre si e com a fonte de tensão. Assim, garante-se que todos os equipamentos estarão sendo alimentados pela mesma tensão, que deve ser a tensão nominal do equipamento. Por isto, deve se ter o cuidado quando da utilização de equipamentos denominados de bi-volt(110V/220V), pois, se for selecionada a tensão inferior à da fonte(concessionária), em geral o equipamento queima. Se for selecionada a tensão superior à da fonte, o equipamento não funciona ou, se funcionar, não terá o desempenho adequado. - Corrente Alternada Senoidal A energia elétrica é gerada e distribuída na forma de uma senóide que oscila em 60Hz, conforme o gráfico abaixo: Como é característica da forma senoidal, a onda apresenta um valor máximo (Vm) e um mínimo (-Vm) e, oscilando em 60Hz, apresenta um período de 16,67ms. No Brasil, há dois padrões de valores máximos gerados, 155V ou 311V. Esta diferença é diversificada entre os estados brasileiros. Por exemplo, no Paraná se usa 155V, já em Santa Catarina prevalece o 311V. Estas diferenças nos valores são históricas e envolve o desenvolvimento e domínio de tecnologia, além do custo benefício da instalação. - Circuitos com Excitação Senoidal Aplicando LKT, tem-se: di R i L Vm cos .t dt Resolvendo a equação diferencial de 1ª ordem, para o regime permanente, tem-se: i Vm R 2 (L) 2 cos[.t tan 1 (L R )] (A) Defasagem tan 1 ( RL ) Pode-se observar que tanto a amplitude, quanto a defasagem, dependem da frequência. O tempo, agora, apenas denota a existência de uma senóide, ou seja, quando a excitação é senoidal, a variável de interesse passa a ser a frequência e não mais o tempo. Assim, no tocante a circuitos elétricos é desenvolvida uma teoria denominada de FASORIAL, baseada em um elemento matemático denominado FASOR, e que passa a ter como domínio o conjunto dos números complexos. A teoria de Fasores pode ser estudada em detalhes no capítulo 9, do livro do Irwin, que está especificado no plano de ensino da disciplina. Para facilitar o entendimento, aqui se desenvolverão alguns conceitos visando dar um mínimo de base sobre o que se vai estudar. A idéia do fasor está baseada na teoria dos números complexos, conforme segue: Im b ω Z a j.b (retangula r) ou Z | Z | (polar) Z onde, Φ a Re Z a 2 b 2 e tan 1 b a a Z cos e b Z sen Se o número complexo, com sua representação polar (módulo e fase) assume uma velocidade angular (ω), então, a este conjunto, denomina-se de Fasor. A ideia de haver um módulo que se desloca com velocidade angular, é muito próxima da teoria da geração de senos e cosenos, com se verá adiante. A figura abaixo, indica a geração do seno. Observa-se o deslocamento de um ponto M, com fase x e com uma velocidade angular. Fonte: www.google.com.br/imagens Assim, vamos intuir que um sinal senoidal tem três informações importantes: a amplitude, a fase e a velocidade angular. Portanto, se assumirmos conhecida uma dada frequência angular (Domínio da Frequência), o que nos sobra para caracterizar uma onda senoidal é apenas a amplitude e a sua fase, ou seja, tal qual um número complexo e tal qual um Fasor. Com efeito, vamos poder representar as tensões e correntes, no domínio da frequência, da seguinte forma: v VM cos(t ) (V ) V VM (V ) i I M cos(t ) ( A) I I M ( A) Assumindo, agora, que as grandezas elétricas TENSÃO e CORRENTE estão representadas pelos fasores V e I, respectivamente, então pode-se desenvolver o conceito de IMPEDÂNCIA (Z), com sendo: V VM VM VM Z Z I I M IM IM e Com efeito, apresenta-se as relações fasoriais para os 3 elementos de circuito passivos: • Resistor ZR R • Indutor ZL jL • Capacitor ZC j C Z R R0 ou ou ou o Z L L 90o ZC 1 90o C 2. . f ( rd s ) Impedância se associa tal qual Resistência Uma vez apresentados os conceitos relativos aos FASORES, pode-se voltar a atenção para o desenvolvimento dos conceitos de potência, os quais são de grande interesse e aplicação quando se trata de instalações elétricas. - Conceito de Valor Eficaz (RMS – Root Mean Square) As ondas periódicas tem aplicações diversas, porém, como a onda senoidal apresenta um valor médio nulo, dentro de um período, se faz necessário desenvolver o conceito de VALOR EFICAZ de uma onda periódica, em particular a senoidal. Somente assim, a onda senoidal terá sentido de utilização na aplicação da transferência de energia (potência), que é o objetivo das instalações elétricas. Em termos de realização de trabalho, ou dispêndio de energia, ou potência desenvolvida, não importa o tipo de fonte, contínua ou alternada, mas, o resultado em si. Ou seja, a transferência de energia, que em geral, está relacionada com a variação de temperatura, o que por sua vez, dá noção de potência desenvolvida. A ideia de Valor Eficaz está baseada na comparação da transferência de energia, via potência dissipada, entre dois elementos idênticos. Para desenvolver o conceito, vamos supor duas resistências de mesmo valor, estando uma sujeita a uma alimentação em corrente contínua (CC) e a outra em corrente alternada (CA), conforme segue: Onde, i I M cos t ( A) p R i2 CC Pcc R I 2 CA 1 PM T T 0 1 T 2 pdt PM 0 R i dt T Fazendo, Pcc PM Tem-se: 1 RI T 2 1 T 2 1 T 2 2 I i dt I cos ωt dt M 0 0 T T I I M2 T 0 T I M2 T 1 I 1 dt cos 2 ωt dt 2 2 0 T 0 IM I ef 2 Por analogia: T 0 T 0 R i 2 dt ( 1 2 1 2 cos 2ωt ) dt I M2 T 1 2 dt 0 T I M2 1 T T 2 VM Vef 2 Exemplo: Em Santa Catarina No Paraná 311 Vef 220V 2 155 Vef 110V 2 VM 311V VM 155V Portanto, em termos práticos, pode-se afirmar que, do ponto de vista de potência, um sinal senoidal com valor máximo de 311V e oscilando em 60Hz, pode ser substituído por uma fonte de corrente contínua de 220V. O gráfico abaixo, mostra a onda senoidal e o valor eficaz. Em termos de potência, temos: • Corrente Contínua 2 U Pcc U I R I 2 R • Corrente Alternada i I M cos(t ) ( A) 2 v Potência Instantânea p v i R i 2 R Para ondas senoidais, tem-se: v VM cos(t ) (V ) t2 1 pdt Potência Média PM t 2 t1 t1 1 T PM pdt T 0 Substituindo i I M cos(t ) ( A) v VM cos(t ) (V ) Na fórmula da potência instantânea, tem-se: p v i VM .I M . cos(.t ). cos(.t ) , como , então: p VM .I M . cos(.t ). cos(.t ) 12 VM .I M . cos 12 VM .I M . cos(2..t 2 ) Para a potência média, tem-se: 1 T 1 T 1 PM pdt [ 2 VM .I M . cos 12 VM .I M . cos( 2..t 2 )]dt T 0 T 0 0 Cos2ωt tem período de 1 T1 1 T1 T/2, estando sendo PM 2 VM .I M . cos .dt 2 VM .I M . cos( 2..t 2 )dt integrado em T, ou seja, T 0 T 0 1 T 1 T1 1 PM 2 VM .I M . cos .dt 12 VM .I M . cos . dt T 0 T 0 em dois períodos da onda, portanto, valor médio é ZERO. PM 12 VM .I M . cos Usando a relação de valor eficaz: PM 12 VM .I M . cos 12 . 2.Vef . 2.I ef . cos PM Vef .I ef . cos (W) Desenvolvendo os conceitos de potência complexa, ativa, reativa e aparente. j PM Vef .I ef . cos PM Re[Vef .I ef .e ] , mas α θ , então : PM Re[Vef .I ef .e j ( ) j j ( ) P Re[ V . e . I . e ] ] M ef ef _ PM Re V. I _ _ , onde Na forma retangular, tem-se: T P jQ | T | FASOR V FASOR I T V. I Potência Complexa (VA) P Vef .I ef . cos Pot. Ativa (W) T P jQ Q Vef .I ef .sen Pot. Reativa (VAR) 1 | T | P 2 Q 2 (Vef .I ef . cos ) 2 (Vef .I ef .sen ) 2 (Vef .I ef ) 2 (cos 2 sen 2 ) | T | Vef .I ef S Potência Aparente (VA) V .I .sen Q 1 ef ef 1 sen tg 1.tg ( ) tg [Im( T ) / Re(T )] tg tg tg P cos Vef .I ef . cos 1 1 T P jQ | T | S (VA) Fator de P Potência FP P Vef .I ef . cos S . cos (FP) S Indutor FP atrasado o 0 Capacitor FP adiantado o 0 Sistemas Polifásicos - Geração de um sinal senoidal Fonte: http://macao.communications.museum - Geração Trifásica Fonte: http://macao.communications.museum van 180.sen377.t (V) vbn 180.sen( 377.t-120o ) (V) vcn 180.sen( 377.t-240o ) (V) Van 1270o (V) Vbn 127 120o (V) http://dc378.4shared.com/doc/5UNZGUtN/preview.html Ligação em Estrela ou Y Vcn 127 120o (V) Cargas Trifásicas As cargas trifásicas são compostas por 3 impedâncias cujos os terminais são acessíveis, conforme mostra a figura abaixo. A impedâncias podem ser exatamente iguais – Sistema equilibrado -, ou podem ser diferentes - Sistema Desequilibrado. Uma vez que se tem acesso aos 6 terminais, há a possibilidade de se fazer dois tipos de ligações entre os mesmos: Tensões e Correntes no Circuito em Y Tensões de Fase (V f ) Van , Vbn e Vcn Tensões de Linha (VL ) Vab , Vbc e Vca Correntes de Linha ( I L ) I aA , I bB e I cC • Na ligação em Y, as correntes de linha são iguais às correntes de fase; • Está se supondo que as fontes representam a ligação do Transformador que alimenta a carga trifásica, desprezando-se as impedâncias dos condutores de ligação fonte-carga; S e Z1 Z 2 Z 3 , então o sistema é EQUILIBRAD O e I aA I bB I cC 0, Portanto I Nn 0 S e Z1 Z 2 Z 3 , então o sistema é DESEQUILIB RADO e I aA I bB I cC 0, Portanto I Nn 0 Exercícios 1) Para uma carga monofásica de 5.600W/FP=0,8at(ind) alimentada em 220V/60Hz, determinar a potência aparente, a potência reativa e a amplitude da corrente. P 5.600W FP 0,8ind FP cos FP P P 5600 S 7.000 VA S FP 0,8 Q S.sen 7000.sen36,87o 7000 0,6 4.200 VAR cos 1 FP cos 1 0,8 36,87 o S Vef .I ef I ef S 7000 31.82 A Vef 220 2) Para a carga 3,5kVA/Φ=+23,07º , alimentada em 127V/60Hz, pede-se: a) FP b) P c) Q d) Ief 3) Considerando: Carga 1 3kW e 53,13o Sendo a tensão 220V/60Hz, determinar: a) A amplitude da corrente de linha do sistema? b) O FP do sistema ? Carga 2 5kVA e FP 0,8at Carga 3 10kVA e FP 0,78ad Em termos de circuito simplificado, tem-se: Pode-se determinar a potência complexa total TT: TT PT jQT PT P1 P2 P3 e QT Q1 Q2 Q3 PT 3x103 4 x103 7,8x103 14,8kW Carga 1 P1 3kW FP1 cos(53,13) 0,6at TT 14,8 x103 j 0,75 x103 P1 3x10 3 S1 5kVA FP1 0,6 TT 14,82 2,90o KVA Q1 S1.sen 5x10 3.sen( 53,13) 4kVAR Carga 2 S2 5kVA P2 S2.FP2 5x103 x0,8 4kW cos 0,8 36,87 -1 0 Carga 3 S3 10kVA QT 4 x103 3x103 6,25 x103 750VARat Q2 S2 .sen 3kVAR 3kVAR ind P2 S 2 .FP2 10 x10 x0,78 7,8kW 3 cos-1 0,78 38,740 Q2 S2 .sen 6,25kVAR 6,25kVAR ad TT ST T ST V .I Lsis I Lsis ST 14,82 x103 67,4 A V 220 FPT cos T cos( 2,90o ) 0,99ind Estudar - Lista de exercícios disponível na página da disciplina.