UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS (UFT) MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL Identificação do Perfil Comportamental do Consumidor de Palmas-TO Delson Henrique Gomes1 Vinícius Fernandes Barboza2 RESUMO O presente artigo teve como objetivo identificar os aspectos comportamentais dos consumidores da cidade de Palmas-TO com vistas a proporcionar aos empresários e comerciantes locais uma referência para que, a partir desta pesquisa, possam oferecer melhores produtos e serviços, atendendo às atuais exigências do consumidor. Para tanto, o referencial teórico abordou o contexto histórico do comportamento do consumidor, os diversos conceitos e definições de consumidor e seus comportamentos, os fatores que influenciam o comportamento do consumidor e o tipo de pesquisa de mercado realizado. O universo pesquisado foi composto por pessoas que residem na cidade de Palmas, de acordo com o IBGE (2010), a população da pesquisa foi estimada em 228.332 habitantes. Partindo-se desse pressuposto, o tipo de amostragem escolhido foi probabilístico. Portanto, o tamanho da amostra foi definido segundo o cálculo estatístico para amostras finitas, apresentado por Mattar (2001), considerando-se uma margem de erro de 5,84% e um nível de confiança de 95%. Esta pesquisa foi realizada com quatrocentas e quinze pessoas, e formulada em duas fases: a primeira no levantamento do perfil socioeconômico; a segunda nos hábitos de consumo. Isso possibilitou subsidiar informações aos comerciantes locais para que possam oferecer produtos e serviços mais adequados a população. Palavras-chave: Comportamento do Consumidor; Pesquisa de Mercado; Marketing ABSTRACT This article aims to identify the behavioral aspects of consumers in the city of Palmas-TO in order to provide entrepreneurs and local merchants a reference to that, from this research, may provide better products and services, meeting the demands of today's consumer . Thus, the theoretical framework discussed the historical context of consumer behavior, the various concepts and definitions of consumer and their behavior, the factors that influence consumer behavior and the type of market research conducted. The research universe was composed of people who reside in the city of Palmas, according to IBGE (2010), the research population was estimated at 228 332 inhabitants. Starting from this assumption, the type of probability 1 Coordenador do MBA em Gestão Empresarial da UFT, professor graduado em Administração, especialista em Gestão Financeira e Controladoria, e MsC em Estratégia Empresarial e Desenvolvimento Regional. E-mail: [email protected] 2 Pós-Graduando em MBA Gestão Empresarial pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), graduado em Administração. E-mail: [email protected] sampling was chosen. Therefore, the sample size was determined based on the statistical calculation for finite samples, presented by Mattar (2001), considering a margin of error of 5.84% and a confidence level of 95%. This research was conducted with four hundred and fifteen people, and formulated in two phases: in the first survey of the socioeconomic profile; the second in consumption habits. This allowed information to support local businesses so they can offer products and services best suited to population. Key Words: Consumer Behavior; Market Research; Marketing 1 INTRODUÇÃO Analisando-se a perspectiva do cenário da economia global diante das expectativas e necessidades do consumidor atual, que a cada dia se torna mais exigente, esta conduz as empresas a conhecerem intimamente os seus clientes, saber o que pensam e como tomam suas decisões, a fim de serem competitivas e oferecerem produtos e serviços com a personificação do cliente, o que é essencial para o êxito da organização. Nesse contexto, Kotler (1998) enfatiza a necessidade de monitoramento permanente do comportamento de compra do consumidor. Contudo, esse conhecimento das variáveis que influenciam no processo de tomada de decisão do consumidor visto apenas de forma individual não traz parâmetros para que os empresários possam oferecer melhores produtos e serviços. É necessário o agrupamento das pessoas homogêneas para facilitar a oferta de produtos e serviços aos diferentes grupos de pessoas identificados, o que facilita o desenvolvimento de ações específicas de marketing (BRETZE, 2003). De acordo com Rita et al (2014), “na visão de autores como Hawkins (2001) e Solomon (1998) o estudo do comportamento do consumidor é a área que avalia como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, ideias ou experiências para a satisfação de suas necessidades e desejos”. A partir desses pressupostos, esta pesquisa científica tem por finalidade a identificação dos aspectos comportamentais dos consumidores da cidade de Palmas-TO. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Comportamento do Consumidor – contexto histórico O comportamento do consumidor passou por uma evolução ao longo do tempo, teve seu início na década de 1950 quando eram identificadas três áreas de pesquisas distintas: uma delas com foco em determinantes psicológicos emocionais e irracionais do comportamento do consumidor; a outra baseada nos determinantes sociais do comportamento do consumidor; e, por fim, a última fundamentada na tomada de decisão de compra por parte da família (SHETH et al, 1988 apud VILLAS BOAS, 2006). Tais autores trazem que, nos anos 60, as linhas de pesquisa utilizadas na área de comportamento do consumidor eram de lealdade à marca, técnicas para medir respostas psicológicas, desenvolvimento da teoria do risco percebido e de teorias compreensivas relacionadas ao aprendizado de compra. Os principais estudiosos dessa fase foram Howard, Andreasen, Nicosia, Engel, Kollat e Blackwell. Ferber (1970, apud VILLAS BOAS, 2006), dizia, na década de 70, que “esta década seria marcada pela “integração e verticalização”, sendo o desenvolvimento tecnológico responsável por métodos mais sofisticados de análise de marketing, diante do crescimento e expansão de novos negócios, onde abordagens comportamentais e quantitativas se complementam, evidenciando também os processos de segmentação”. A década de 80 era caracterizada por modelos de pesquisas de multiatributos e processamento de informação. Evidencia-se, nessa época, uma disposição maior para pesquisas qualitativas (SHETH et al, 1988 apud VILLAS BOAS, 2006). A partir dos anos 90 houve o desenvolvimento do marketing de relacionamento, em que fatores qualitativos, como atitudes de consumidores, relações pessoais, tendências de comportamento e outros fatores socioculturais eram discutidos entre os pesquisadores. Houve ainda diversos avanços tecnológicos proporcionando melhorias nas pesquisas quantitativas (VILLAS BOAS, 2006). De acordo com Engell, Blackwell e Miniard (2000), a partir do ano 2000 passam a existir novos determinantes de estudo do comportamento do consumidor, baseado num marketing experiencial, no qual os produtos e serviços oferecem aos consumidores experiências sensoriais, afetivas, cognitivas, físicas e sociais. Para Pinto e Lara (2008), no Brasil há uma defasagem de ideias que mostram uma compreensão tardia da realidade, devido à importação de teorias desenvolvidas nos países centrais. 2.2 Conceitos e definições de consumidor e seu comportamento O termo cliente ou consumidor significa uma pessoa ou organização que tem papel definido no processo de troca ou transação com uma empresa ou organização (BRETZKE, 2003). O mesmo autor ainda diz que o termo cliente ou consumidor são as pessoas que assumem diversos papéis no ato da compra, como o especificador, o influenciador, o comprador, o pagante, o usuário ou aquele que consome o produto, que recebe os estímulos de marketing e toma atitudes diferenciadas influenciadas por estes. Para que se possa compreender o funcionamento do mercado, é necessário estudar os padrões de comportamento do consumidor e suas preferências, objetivando a construção de produtos e serviços adequados. Para Las Casas (2006), o estudo dos padrões de comportamento do consumidor objetiva analisar as influências e as características do comprador, a fim de obter condições de fazer propostas adequadas de oferta de marketing, aplicando-se o conceito deste. A partir disso, Sheth (1999, apud LAS CASAS, 2006) diz que “comportamento do consumidor é uma atividade mental e física exercida pelos consumidores ou por empresas que resultam em decisão e ação para o pagamento, compra e uso de produtos e serviços”. O que corrobora o trazido por Richers (1984 apud BATISTELA, ESBERCI e DEMARTINI, 2009), o comportamento do consumidor pode ter como característica atividades mentais e emocionais obtidas na seleção, a compra e o uso de produtos e serviços, a fim de satisfazer as necessidades e desejos. Acrescentando, Kotler (1998) diz que a finalidade do marketing foca-se no atendimento e satisfação das necessidades e desejos dos consumidores, fundamental para conhecer o comportamento de compra. 2.3 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor Para Kotler e Keller (2006), o comportamento de compra do consumidor é influenciado por quatro fatores: culturais, sociais, pessoais e psicológicos, sendo o fator cultural o de maior influência. Já para Bretzke (2003), o mercado de consumo, além dos quatro fatores anteriormente citados, é atingido também por um quinto fator, o de “mercado” que se subdivide em fator econômico, político-governamental e tecnológico. 2.3.1 Fatores Culturais Kotler e Keller (2006) afirmam que cultura é o principal fator que influencia o comportamento, e os desejos de uma pessoa, cultura, subcultura e classe social são fatores importantes para as decisões de compra dos consumidores. Os mesmos autores ainda afirmam que cada cultura divide-se em subculturas que proporcionam identificação e socialização mais específicas para seus membros. Para eles, entre as subculturas estão as nacionalidades, as religiões, os grupos raciais e as regiões geográficas. Reforçando essa ideia, Bretzke (2003) diz que cultura é um complexo de valores e crenças advindos da sociedade, passado de geração em geração pelas famílias e reforçado por instituições como escolas e igrejas. Bretzke (2003) concorda com Kotlher e Keller (2006) ao afirmar que as subculturas estão baseadas em experiências de vida que se diferenciam e formam segmentos dentro das culturas organizadas, em torno de fatores como raça, nacionalidade, religião ou localização geográfica. 2.3.2 Fatores Sociais De acordo com Kotler e Keller (2006), outro fator que também exerce influência sobre as decisões dos consumidores é o social, e se subdivide em grupos de: Referência: exerce alguma influência direta ou indireta sobre as atitudes ou comportamento de uma pessoa. Os grupos que exercem influência direta são chamados de grupos de afinidade e se subdividem em primários: amigos, vizinhos e colegas de trabalho com quem se interage contínua e informalmente; e secundários: religiosos e profissionais ou associações de classe, que normalmente são formais e exigem menos interação. Nesse tipo de grupo, as pessoas são influenciadas por três maneiras: a primeira pelos chamados de grupos de aspiração que são aqueles aos quais se espera pertencer; a segunda pelos chamados de grupos de dissociação cujos valores são rejeitados; e o terceiro pelos chamados de líderes de opinião, ou seja, aqueles que divulgam uma informação informalmente e oferecem dados de uma categoria de produtos específicos dizendo quais são os melhores. Família: destaca-se por ser a mais importante organização de compra de produtos de consumo na sociedade, seus membros fazem parte do grupo de referência primário que tem mais poder de influência. Esse grupo se subdivide em dois: o primeiro é chamado de família de orientação: (i) os pais, de quem a pessoa adquire orientações em relação à religião, política, economia além de noções de ambição pessoal, autoestima e amor; e (ii) os irmãos. O segundo é chamado de família de procriação, que são os cônjuges e os filhos, que também exercem grande influência na tomada de decisões sobre o consumo. Papéis e Status: em que todo indivíduo de uma sociedade participa de algum tipo de grupo, como família, clube, organização, etc., e a posição que a pessoa exerce dentro desses grupos pode ser definida como papéis e status. O papel incide nas atividades esperadas de uma pessoa, o que deve desempenhar, e cada papel carrega um status, o qual está ligado ao cargo que ocupa e é influenciado por indivíduos do mesmo status ou superiores. 2.3.3 Fatores pessoais Kotler e Keller (2006) afirmam que as tomadas de decisões de compra são também fortemente induzidas pelas características individuais das pessoas, e se subdividem em: Idade e estágio no ciclo de vida: esse tipo de característica leva o consumidor a escolher seus produtos ou serviços de acordo com a faixa etária em que se encontra. Além disso, durante o ciclo de vida há influências devido a transições de períodos da vida, como casamento, nascimento, doença, transferência, divórcio, mudança de profissão, viuvez, além do surgimento de novas necessidades. Ocupação e circunstâncias econômicas: a ocupação em que o indivíduo se encontra é fator preponderante e influencia diretamente no padrão de consumo de uma pessoa. A escolha de um produto é afetada por circunstâncias econômicas, como renda disponível, economia e bens, débito, capacidade de endividamento e atitudes em relação a gastar e economizar. Personalidade e autoimagem: são as características da personalidade do indivíduo, as quais influenciam no comportamento de compra. Este termo quer dizer que os traços psicológicos das pessoas são considerados na hora da escolha de seus produtos, principalmente na escolha de marcas. Estilo de vida e valores: o padrão de vida que as pessoas levam, fazem com que as empresas desenvolvam produtos e serviços a esse segmento, tornando-os produtos específicos a determinados estilos de vida. 2.3.4 Fatores psicológicos Para Bretzke (2003), as teorias que obtiveram maior aceitação no estudo dos fatores psicológicos podem ser classificadas em três tipos: Abordagem psicológica: a que tem como fatores psicológicos influenciadores a motivação, percepção, aprendizagem e crenças, e como as atitudes se formam e podem ser modificadas ou influenciadas. Abordagem da aprendizagem: maneira pela qual uma pessoa adquire, processa e utiliza a informação disponível, é o objeto de estudo. Abordagem humanista: em que o indivíduo se comporta de forma coerente e é orientado para um objetivo. Kotler e Keller (2006) colaboram ainda no sentido de afirmar que os fatores que influenciam a reação do consumidor aos vários estímulos do marketing são divididos em quatro fatores psicológicos: Motivação: a necessidade se torna um motivo quando alcança determinada intensidade e provoca as pessoas a tomarem decisões. Nesse fator há três teorias que trazem implicações diferentes para a análise do consumidor. A primeira é a teoria de Freud, da qual se conclui que as forças psicológicas que formam o comportamento das pessoas são basicamente inconscientes e ninguém chega a entender por completo as próprias motivações. A segunda é a teoria de Maslow, da qual os indivíduos são motivados conforme as necessidades e dispostos por hierarquia, da mais para a menos urgente; em ordem de importância são as necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e, por fim, de autorrealização. E a terceira, trata da teoria de Herzberg, na qual são apresentados os insatisfatores e os satisfatores, em que a ausência de insatisfatores não basta, e os satisfatores devem estar claramente presentes para motivar uma compra. Percepção: meio pelo qual os indivíduos selecionam, organizam e interpretam informações recebidas e criam uma imagem significativa. As percepções do indivíduo de um mesmo objeto podem ser distintas por três processos. O primeiro trata da atenção seletiva em que o indivíduo é atraído por estímulos criados para esse fim. O segundo processo é a distorção seletiva, ou seja, a tendência que se tem de transformar a informação em significados pessoais e interpretá-la de modo que se adapte aos prejulgamentos. O terceiro, a retenção seletiva em que o indivíduo é propenso a lembrar os pontos positivos de um produto do qual se gosta e a esquecer os pontos positivos dos produtos concorrentes. Aprendizagem: são as mudanças de comportamento dos indivíduos, causadas em decorrência de uma experiência, e nascem da interação de impulsos, estímulos, sinais, respostas e esforços. Memória: são as experiências e informações acumuladas ao longo da vida que ficam armazenadas no indivíduo, são classificadas em memórias de curto e de longo prazo, sendo as de curto prazo uma memória temporária, e as de longo prazo uma memória mais permanente. 2.3.5 Fatores de Mercado Bretzke (2003) afirma que os fatores econômicos, política governamental e tecnologia influenciam diretamente no processo de decisão de compra dos consumidores por estarem em constantes mudanças e perspectivas. O fator econômico afeta diretamente a predisposição de o consumidor adquirir um produto, pois taxas de juros elevadas, inflação, e câmbio desfavorável interferem no custo do dinheiro, de modo a diminuir a capacidade de compra do consumidor. A política governamental influencia diretamente por meio do aumento de impostos, ajustes na taxa de juros e políticas de regulação. A tecnologia em constante mutação, o constante desenvolvimento de novos produtos, serviços e mídia afetam diretamente na decisão do consumidor. 2.4 Pesquisa de Mercado Segundo Kotler e Keller (2006) pesquisa de mercado é a preparação, coleta, crítica e a edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing. Concordando com os autores acima, Mattar (2001) define pesquisa de marketing como a investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de dados com o objetivo de descobrir e (ou) descrever fatos e (ou) de verificar a existência de relações presumidas entre fatos (ou variáveis) referentes ao marketing de bens, serviços e ideias, e ao marketing como área de conhecimento de administração. Mattar (2001) ainda afirma que o processo de pesquisa de mercado é dividido em quatro etapas e várias fases, e cada fase em diversos passos, conforme descrito no quadro abaixo: Quadro 1: Etapas, fases e passos de um processo de pesquisa de marketing Etapas 1. Reconhecimento e formulação do problema de pesquisa 2. Planejamento da pesquisa Fases Formulação, determinação ou constatação de um problema de pesquisa Exploração inicial do tema Definição dos objetivos Estabelecimento das questões de pesquisa e/ou formulação de hipóteses Estabelecimento das necessidades de dados e definição das variáveis e de seus indicadores Determinação das fontes de dados Determinação da metodologia Passos Determinação do tipo de pesquisa; Determinação de Métodos e técnicas de coletas de dados; Determinação da população de pesquisa, do tamanho da amostra e do processo de amostragem; Planejamento da coleta de dados; Previsão do processamento e análise dos dados. 3. Execução da pesquisa Planejamento da organização, cronograma e orçamento Redação do projeto de pesquisa e/ou de proposta de pesquisa Preparação de campo Campo Processamento e análise 4. Comunicação dos resultados Construção, pré-teste e reformulação dos instrumentos de pesquisa; Impressão dos instrumentos; Formação da equipe de campo; Distribuição do trabalho no campo. Coleta de dados; Conferência, verificação e correção dos dados. Digitação; Processamento; Análise e interpretação; Conclusões e recomendações. Elaboração e entrega dos relatórios de pesquisa Preparação e apresentação oral dos resultados Fonte: Mattar (2001) 3 METODOLOGIA O presente estudo objetiva identificar o comportamento do consumidor da cidade de Palmas-TO, possibilitando aos empresários e empreendedores da cidade informações fidedignas sobre o que pensam os consumidores a respeito do comércio local. Para isso, o universo pesquisado foi composto por pessoas que residem na cidade de Palmas. De acordo com o IBGE (2010), a população da pesquisa foi estimada em 228.332 habitantes. Partindo-se desse pressuposto, o tipo de amostragem escolhido foi probabilístico. Mattar (2001) afirma que amostragem é o processo de colher amostras de uma população e que a amostragem probabilística é aquela que cada pessoa do universo pesquisado tem uma chance conhecida e diferente de zero de ser escolhido para compor a amostra. O mesmo autor ainda afirma que a característica de conhecer a probabilidade de cada elemento da população fazer parte da amostra garante que esta será composta de elementos escolhidos objetivamente por métodos aleatórios, e não pelo anseio do pesquisador. Portanto, o tamanho da amostra foi definido segundo o cálculo estatístico para amostras finitas, apresentado por Mattar (2001), considerando-se uma margem de erro de 5,84% e um nível de confiança de 95%, o que resultou um total de trezentos e oitenta e quatro pessoas a serem pesquisadas. A coleta de dados ocorreu no período de 14 a 23 de agosto de 2014; desta, duzentas e dezoito foram respondidas a partir de questionário aplicado por meio eletrônico, e cento e noventa e sete questionários aplicados presencialmente em pontos estrategicamente definidos pelo pesquisador na cidade de Palmas-TO, totalizando quatrocentos e quinze questionários aplicados. Cervo, Bervian e Silva (2007) definem questionário como uma das formas mais utilizadas e confiáveis de se obter respostas, e ser um meio de obter respostas preenchidas pelo próprio questionado. O instrumento de pesquisa ficou estruturado da seguinte forma: 1ª Parte – Perfil Socioeconômico: oito questões de múltipla escolha, relativas à identificação do perfil socioeconômico do consumidor palmense; 2ª Parte – Hábitos do Consumidor: onze questões de múltipla escolha, relativas à identificação dos hábitos de consumo da população de Palmas. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES O perfil socioeconômico levantado na primeira parte do questionário identifica que entre os pesquisados 58% são do sexo feminino, 43% com idade entre 18 e 25 anos e 35% com idade entre 26 e 35 anos. Observou-se, ainda, que 61% dos respondentes são solteiros, e 62% não possuem filhos. Do total de pessoas que responderam à pesquisa, 43% concluíram o nível superior; 33% possuem renda de até R$ 1.000,00 (mil reais), enquanto que 20% têm renda entre R$ 1.000,01 (mil reais e um centavo) e R$ 2.000,00 (dois mil reais). Profissionalmente, os entrevistados foram caracterizados como 32% estudantes, 29% servidores públicos e 26% funcionários de empresa privada. Por fim, observou-se que a cidade de Palmas sofre influência de pessoas advindas de vários estados brasileiros, pois os números apresentaram que 54% dos respondentes são naturais do Tocantins e 46% dos demais estados brasileiros. Na segunda parte do questionário, foram aplicadas questões que levantaram os hábitos de consumo da população palmense. Na nona questão, o resultado apresentado identificou que 93% dos pesquisados fazem planejamento de suas compras; destes, 32% afirmam que sempre fazem tal planejamento; e 61% às vezes, conforme se pode observar no gráfico a seguir: Gráfico 1: Questão 9 Fonte: Elaborado pelo autor Na questão 10, os pesquisados foram questionados sobre o que levam em consideração ao escolher um produto no comércio de Palmas-TO, e para melhor analisá-la foi elaborada a tabela a seguir: Tabela 1: Questão 10 Fonte: Elaborada pelo autor. Ao analisar a Tabela 1, pode-se perceber que os fatores mais considerados pelo consumidor palmense na escolha de um produto são qualidade (70%), necessidade (64%) e preço (60%), e os fatores menos considerados são benefícios (54%) e forma de pagamento (14%). Perguntou-se aos consumidores, na questão 11, o que eles acham que precisa melhorar no comércio de Palmas-TO, tendo-se destacado o item atendimento (48%) e preço (38%) como se pode observar no Gráfico 2 a seguir. Gráfico 2: Questão 11 Fonte: Elaborado pelo autor. Ao serem perguntados, na questão 14, se atualmente possuem margem para novas aquisições por financiamento ou crediário, considerando-se o comprometimento da margem de 30% do faturamento bruto, 59% das pessoas que responderam informaram que sim, enquanto 41% responderam que não, tais dados podem ser observados no Gráfico 3, abaixo. Gráfico 3: Questão 14 Fonte: Elaborado pelo autor. Ao analisar as demais questões, observou-se que, dentre as pessoas questionadas, 60% consideram o fator “Educação e Cordialidade” o mais importante ao ser atendido por um vendedor. As formas de pagamento mais utilizadas pelo consumidor palmense são as modalidades “à vista” (53%) e “cartão de crédito parcelado” (23%). Ao ser questionado sobre que providências tomariam se tivessem um problema com o produto ou serviço adquirido, 80% dos respondentes afirmaram que procurariam o estabelecimento onde adquiriram o produto. Quanto à insatisfação para com o atendimento num estabelecimento, observou-se que 28% o deixariam sem levar o produto; 27% não levariam o produto nem retornariam ao estabelecimento; e 24% adquiririam o produto se o preço fosse bom. Ademais, a respeito dessa questão, convém ressaltar que apenas 1% dos pesquisados denunciaria o estabelecimento aos órgãos de defesa do consumidor. Com relação ao valor gasto por compra, em média 49% dos pesquisados afirmaram que gastam de R$ 101,00 (cento e um reais) a R$ 300,00 (trezentos reais); e 27% afirmaram gastar até R$ 100,00 (cem reais). Do total de pessoas que responderam à pesquisa, 30% realizam compras mensais pela internet; 20% compraram uma única vez pela internet; e 20% nunca compraram pela internet. Destes, 46% estão satisfeitos com relação às compras feitas pela internet, enquanto 20% estão indiferentes, e 13% totalmente insatisfeitos. 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Considera-se que o objetivo deste estudo foi identificar os aspectos comportamentais dos consumidores da cidade de Palmas-TO, a fim de proporcionar aos empresários e comerciantes locais uma referência para que eles, a partir desta pesquisa, possam oferecer melhores produtos e serviços, atendendo às atuais exigências do consumidor. Observou-se, na pesquisa aplicada, que o perfil socioeconômico do consumidor palmense é, em sua maioria, composto por mulheres de 18 a 35 anos que não possuem filhos e concluíram o nível superior. Está caracterizada, também, por estudantes e servidores públicos. Com relação aos hábitos de consumo, a pesquisa mostrou que a maioria das pessoas planeja as compras, ou seja, não agem por impulso, e muitas vezes elaboram listas de compras e pesquisam o preço, ou se planejam quando há necessidade ou interesse em adquirir algum bem ou serviço. A pesquisa ainda apresentou que a maioria dos consumidores afirma que o comércio local precisa de melhorias no atendimento e que considera importante no ato do atendimento a educação e cordialidade do vendedor, portanto, sugere-se que o empresário local ofereça capacitações no aspecto do atendimento ao cliente aos seus colaboradores. Outro ponto que chamou a atenção foi o de que grande parte dos pesquisados afirmou que o comércio local apresenta preços não competitivos. Para que o empresário local modifique esse panorama, faz-se necessária uma política de preços mais atrativa, haja vista a pesquisa ter mostrado que os consumidores, em sua maioria, realizam os pagamentos de suas compras de forma à vista nas modalidades dinheiro, boleto, cheque ou débito. Pelo exposto, os resultados apresentados na pesquisa apontam que grande parte dos pesquisados não possui margem para novas aquisições por financiamentos ou crediários, pois já atingiram o limite prudencial de parcelamento em mais de 30% do seu faturamento bruto. Isso reforça a necessidade de o comércio local oferecer vantagens para o pagamento à vista. 6 REFERÊNCIAS BATISTELA, E.; ESBERCI, M.A.; DEMARTINI, R.E. Consumidores classe C: o perfil da ascensão. Revista de Administração e Ciências Contábeis do IDEAU. v.4 n.10 jul.dez.2009. BRETZKE, Miriam. Comportamento do Cliente. In: DIAS, Sergio Roberto (Org.). Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. pp. 37-94. CERVO, A.L; BERVIAN, P.A; SILVA, R. 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Revista de administração UFMS, v.I, n.1, pp.85-100, jan./abr. 2008. RITA, Luciana P.S. et al. Perfil do consumidor de produtos e serviços tecnológicos baseados na abordagem da technology readiness índex (TRI). In: XI SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 2014, Resende. Anais... Rio de Janeiro, 2014. VILLAS BOAS, L.H.B.; BRITO, M.J.; SETTE, R.S. Perspectivas da antropologia no estudo do comportamento do consumidor: contribuições para o desenvolvimento da teoria e pesquisa de marketing. Revista eletrônica de administração, Ed.50, v.12, n.2, mar./abr.2006.