VII SEMEAD ESTUDO DE CASO MARKETING MARKETING DE RELACIONAMENTO: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DE GESTÃO NO CONTEXTO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Mario Nei Pacanhan – Doutorando FEA/USP - Docente da FACCAR e Faculdades Metropolitana Londrina Pr [email protected] Cláudio Luiz Chiusoli – Doutorando FEA/USP – Docente da FIAP – SP e Faculdades Metropolitana Londrina Pr [email protected] Luciane Maria Stahl - Mestranda em Administração do PPA - UEM / UEL [email protected] Henrique Akira Hartori Graduado em Administração pela UEL [email protected] RESUMO: A busca de diferenciais competitivos tem levado grandes corporações a estreitarem seus relacionamentos com os clientes, de modo a personalizar cada atendimento, atitude essa comum nas pequenas empresas varejistas, que conhecem cada particularidade de seus clientes. Apesar deste relacionamento próximo entre empresa-cliente, os pequenos comerciantes não possuem a consciência de que estão desenvolvendo marketing de relacionamento. Essa atitude intuitiva não permite que elas desenvolvam qualquer planejamento, não sendo capazes de perceber claramente as vantagens dos processos de relacionamento e fidelização. Através do estudo de caso de uma empresa do segmento alimentício de uma cidade de médio porte, buscou-se estabelecer alguns princípios para a utilização das teorias de Nickels e Wood (2001), Kotler (1998) e McKenna (1993), de modo a adaptá-las ao contexto vivido pelas pequenas organizações, levando-as assim, a refletirem sobre suas políticas de gerenciamento de clientes. Marketing de relacionamento: reflexões á partir da experiência de gestão no contexto de micro e pequenas empresas INTRODUÇÃO As pequenas empresas – de todos os setores econômicos – têm buscado encontrar alternativas estratégicas para enfrentar a concorrência dos grandes grupos varejistas nacionais e internacionais que estão em amplo processo de expansão. Políticas de redução de custos, ampliação do mix de produtos e serviços (MENEZES; ANGELO, 1999), desenvolvimento de marcas próprias (OSTWALD, 2001) e alianças estratégicas (PACANHAN, 2002) são algumas das alternativas que estão sendo adotadas pelos pequenos empresários para enfrentar um cenário cada vez mais competitivo.A necessidade crescente de buscar e, acima de tudo, manter clientes tem despertado grande interesse da comunidade científica surgindo como um outro caminho para se adquirir vantagem competitiva, ou seja, através do marketing de relacionamento. Estudos recentes como os de Peppers e Rogers (1994), Nickels e Wood, (2000), McKenna (1998) focalizam essencialmente a realidade norte-americana, suas particularidades e especialmente o contexto das grandes organizações. O marketing transacional (NICKELS; WOOD, 2000), que aborda cada venda como uma nova operação para um novo cliente, mesmo que um só cliente efetue compras repetidamente, era até a década de 1990 a visão mais comum para as grandes redes varejistas. Hoje essas empresas já conseguem manter certo tipo de controle sobre a relação de venda/cliente, através de centrais informatizadas, cartões de crédito, sistema bancário ou através dos softwares de CRM. Este último provê além de dados numéricos de compras por cliente, informações como produtos mais consumidos, relação de venda entre produtos e sistema de pagamento. A contribuição tecnológica foi fundamental para o desenvolvimento de programas de relacionamento para as grandes empresas. No entanto, pouco se fala das empresas que realmente exploram o marketing de relacionamento e seus benefícios no seu dia-a-dia, muitas vezes sem saber que o fazem e que o faz a muito mais tempo: o pequeno varejista. O pequeno varejista nacional desempenha papel essencial na cadeia de distribuição das grandes organizações, uma vez que se responsabiliza por interiorizar os produtos aos mais particulares dos mercados. Embora haja consciência dessa importância, os estudos dedicados à realidade da pequena empresa e as especificidades de sua sustentação ainda são insuficientes. Por serem de pequeno porte, têm suas atividades restritas às pequenas zonas de influencia onde estão localizadas, o que possibilita ao empresário conhecer as necessidades de seus clientes e, principalmente, desenvolver um relacionamento direto com seu público-alvo, criando uma relação que vai muito além da simples troca de produtos. METODOLOGIA O presente estudo, utilizando-se a taxionomia de Vergara (2000, p. 47) se caracteriza como um estudo exploratório, haja vista que os estudos que enfocam o marketing de relacionamento normalmente são aplicados em grandes empresas. Inicialmente buscou-se, através da pesquisa bibliográfica, identificar as principais teorias que discorrem sobre o marketing de relacionamento utilizando-se para isso dos estudos de Nickels e Wood (2001), Peppers e Rogers (1994), McKenna (1993), Vavra (1992) e Kotler (1998) e alguns conceitos sobre competitividade e vantagem competitiva de Porter (1986 e 1989). Diante da necessidade de se averiguar a sua utilização dentro do contexto das pequenas e médias empresas lançou-se mão do estudo de caso, de modo a obter maiores detalhes a cerca de sua aplicação. O estudo de caso surge como um instrumento válido na medida em que propicia ao pesquisador verificar in loco o seu problema de pesquisa, partindo de um fenômeno contemporâneo inserido em um contexto da vida real, de modo que não pode ser isolado deste. O estudo de caso tem sua validade dentro de certos padrões específicos como responder questões do tipo “como” e “por quê”, e quando o pesquisador possui pouco ou nenhum controle sobre os eventos estudados (YIN, 2001). Deve-se ressaltar que o estudo de caso, como experimento, não representa uma “amostragem”, e o objetivo do pesquisador é expandir e generalizar teorias e não enumerar freqüências (generalização estatística), ou ainda, o objetivo único do caso é fazer uma análise “generalizante” e não “particularizante” (YIN, 2001). Ainda assim, busca-se através das análises do caso, fornecer parâmetros para que estudos posteriores sobre o tema verifiquem que tais eventos ocorrem em outras realidades, permitindo assim a aplicação de seus resultados em outros casos. Através do estudo de caso busca-se entender profundamente o porquê de certas ações e resultados, para isso o pesquisador deve lançar mão de diversas estratégias de coleta de dados a fim de evitar possível viés ou não compreensão de todas as partes do problema. Neste estudo foram realizadas três modalidades de coleta de dados, além da pesquisa bibliográfica, sendo eles a observação não-participante, a entrevista semiestruturada e o questionário fechado. No que concerne a escolha da amostra ela foi nãoprobabilística por acessibilidade na escolha do caso, por júris na determinação dos sujeitos da entrevista e intencional para a aplicação do questionário (MARCONI; LAKATOS, 1996). Deve-se ressaltar que a escolha intencional dos clientes a serem questionários se deu através da indicação dos 25 principais clientes da loja, segundo informações obtidas junto à própria empresa e que dizem respeito aos clientes com maior freqüência e volume de compras na loja. Na análise buscou-se estabelecer correlações entre os dados coletados e entre esses dados e as discussões teóricas acerca do tema, utilizando para isso os pressupostos de Kotler (1998), Nickels e Wood (2001). REVISÃO DA LITERATURA Marketing Em 1948 a American Marketing Association (AMA), definiu o marketing como “a realização de atividades de negócios dirigidos ao fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou usuário” (NICKELS; WOOD, 2001, p.4). Já no ano de 1985 a AMA definiu o Marketing como “o processo de planejar e executar a concepção, definição de preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais” (NICKELS; WOOD, 2001, p.4). Muitos outros autores procuraram entender melhor a definição de Marketing aprimorando e discutindo seus conceitos. Nickels e Wood (2001, p.4), definem Marketing como sendo “o processo de estabelecer e manter relações de troca mutuamente benéficas com clientes e outros grupos de interesses”, para Kotler (1998, p.27) “é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Há que se ressaltar que muito antes de ocorrer estes avanços nos conceitos de marketing tão difundidos atualmente, as empresas já possuíam uma leve tendência para este aspecto. No passado, a preocupação maior estava voltada para a produção propriamente dita e o marketing, mesmo sem ter esta denominação já era praticado, porém sem muita relevância. A preocupação estava na qualidade e quantidade daquilo que estava sendo produzido e não havendo interesse na opinião dos consumidores. Este pensamento, hoje considerado retrógrado, pode ser mais bem visualizado na época em que a Ford viveu momentos de glória produzindo apenas carros na cor preta, deixando para último plano os desejos dos seus clientes. Taylor também apresenta suas práticas administrativas na passagem do século XIX dando ênfase apenas na eficiência dos processos, visando à maximização dos métodos industriais. A etapa seguinte na evolução do Marketing se encontra no período das crises decorrentes da II Guerra Mundial, na qual houve uma explosão na produção e uma necessidade latente de vender seus produtos, neste período o enfoque era vender, não se preocupando, mais uma vez, com o que o cliente desejava comprar. A terceira fase foi marcada pela valorização das vendas aliada a uma análise mais detalhada do mercado na qual o professor Theodore Levitt (1960) em sua obra “Miopia em Marketing” mostra que o futuro do Marketing estava diretamente relacionado com as necessidades dos consumidores e estes sim deveriam ser valorizados. Nesta etapa podemos destacar duas frentes, a do marketing transacional e a do marketing de relacionamento. O marketing transacional marketing como uma relação de diversas transações independentes, desconsiderando a duplicidade de transações num mesmo consumidor durante sua vida. Nickels e Wood, (2001, p.5), diz que “os vendedores colocam o foco em trocas individuais e isoladas que satisfazem as necessidades de um cliente em uma hora e local determinados” ressaltando que os vendedores priorizam atrair novos clientes em detrimento dos clientes atuais. Esse tipo de relação é comum no marketing business to business, mas só recentemente passou a ser aplicado no business to customer (NICKELS; WOOD, 2001). Essa nova abordagem, na qual o consumidor passou a ser o centro na tomada de decisões, levou as organizações a mudarem seu foco de atuação buscando agora valorizar o cliente e mantê-lo satisfeito. No Lugar dos 4 P’s os 8 Processos Universais O padrão atual no mercado indica mudanças constantes e rápidas em todas as áreas de uma empresa, especialmente no marketing, com a adesão de novas tecnologias, consumidores mais criteriosos, novos mercados e multiplicação da concorrência. Assim como os 4 Ps, os oito processos de Nickels e Wood (2001, p.11) é uma alternativa para desenvolver uma ordem de prioridades para que o processo decisório de marketing seja mais eficaz e atinja plenamente seus objetivos. 1 Busca e análise ambiental 2 Pesquisa e análise de marketing 8 Construção de relacionamento 7 promoção Comunicação integrada de marketing 3 Segmento, seleção de mercado-alvo 4 produto Desenvolvimen to de produto e diferenciação 6 praça Gerenciamento canais e cadeia de valor 5 preço Determinação de valor e preço Fonte: NICKELS; WOOD, 1999, p. 13 Figura 1 - Os oito processos universais O primeiro processo é o de busca e análise ambiental. O segundo processo é a pesquisa e análise de marketing. O terceiro passo é a segmentação, seleção de mercado-alvo e posicionamento. O quarto processo diz respeito ao desenvolvimento de produto e diferenciação. Determinação de valor e preços é o quinto processo e o gerenciamento de canais e da cadeia de valor é o sexto processo. O sétimo processo é a comunicação de marketing integrada (CMI) e o último processo se refere a construção de relacionamento. O Marketing de Relacionamento O conceito de Marketing de Relacionamento é relativamente recente, e passou a receber maior importância a partir da década de 1990. Como todos os demais conceitos da área da administração este também surgiu de uma necessidade, imposta pelo mercado: a reformulação da relação empresa/consumidor. A disponibilidade de informação e a grande concorrência do mercado estão fazendo com que os consumidores assumam uma posição privilegiada no relacionamento de compra/venda. São eles que passam a determinar o significado de “valor” e assim controlar a relacionamento com a empresa. Segundo Vavra (1992) quando o mercado se abre para a concorrência, as empresas devem cortejar rapidamente seus clientes para eles permanecerem fiéis. Essas empresas expressaram uma nova disposição em modificar seu produto de modo a atender as exigências dos clientes, procurando estabelecer uma real interação empresa-cliente, onde o cliente interage com a empresa, expondo suas necessidades e assim ajudando a empresa a lançar novos produtos. Nickels e Wood (2001) tratam o marketing de relacionamento como um processo de estabelecer e manter relacionamento de longo prazo mutuamente benéficos entre organizações e clientes, empregados e outros grupos de interesse, ou seja, enfatiza a continuidade nas transações de troca entre as partes, formando um elo de fortalecimento e compromisso entre a empresa e seus stakeholders. Kotler (1998) diz que o marketing de relacionamento é a prática da construção de relações satisfatórias no longo prazo com alguns atores chave – consumidores, fornecedores e distribuidores – para reter sua preferência e manter suas relações comerciais, afirmando ainda que as empresas inteligentes devem tentar desenvolver confiança e relacionamentos do tipo “ganha-ganha” com consumidores, distribuidores, revendedores e fornecedores. O resultado esperado com a prática do marketing de relacionamento é a construção de um ativo exclusivo da empresa chamado “rede de marketing”. Uma rede de marketing, segundo Kotler (1998), é formada pela empresa e todos os interessados que a apoiam: consumidores, fornecedores, funcionários, distribuidores, varejistas, agências de propaganda, cientistas universitários e outros com quem se estruturam, relacionamentos comerciais mutuamente rentáveis. Outro ponto a ressaltar é a importância e o reconhecimento, que as empresas passaram a dedicar a sua equipe de vendas. A chave para o sucesso e a conquista do cliente depende cada vez mais do poder de persuasão de um bom vendedor, por isso a empresa deve estar atenta: recompensar as “estrelas do atendimento”, promover constantemente cursos de aperfeiçoamento e/ou reciclagem, desenvolver políticas salariais e de carreira, incentivar o trabalho em equipe e valorizar a iniciativa individual são medidas necessárias para agregação de valor ao relacionamento. O marketing de relacionamento é baseado na premissa de que os clientes importantes precisam receber atenção contínua. Os vendedores que trabalham com clientes-chave devem fazer mais do que visitas para recolhimento de pedidos, devendo também visitá-los em outras ocasiões, receber e fazer sugestões, ou seja, deve estar inserido na vida da empresa e dos clientes. Esse processo de interação continuada de pós-venda é uma parte muito importante do pós-marketing e é tão necessária quanto a venda, se uma organização deseja contar com oportunidades continuadas de negócios com o mesmo cliente no futuro (VAVRA, 1992). Segundo Kotler (1998, p. 20) as principais etapas envolvidas no estabelecimento de um programa de marketing de relacionamento são: (a) Identificação de clientes-chave que merecem atenção especial (b) Designação de um gerente de relacionamento habilitado a cada cliente-chave (c) Desenvolvimento de uma clara descrição das tarefas dos gerentes de marketing de relacionamento. Devem ser descritos seus objetivos, responsabilidades e critérios de avaliação. (d) Indicação de um gerente-geral para supervisionar os gerentes de relacionamento. Esta pessoa deverá desenvolver descrições de tarefas, critérios de avaliação e recursos de apoio para aumentar a eficácia dos gerentes de relacionamento. (e) Cada gerente de relacionamento deve desenvolver um plano á longo prazo e um plano anual de relacionamento com o cliente. Planejamento Estratégico para o Marketing de Relacionamento Uma estratégia nunca pode ser resumida a um grupo de decisões e sua aplicação pelas pessoas da organização. Para Nickels e Wood (2001), existem três níveis de estratégia. A primeira delas, chamada estratégia de nível corporativo que estabelece a direção geral para toda a organização. A estratégia de nível de negócio que direciona a forma como um negócio, ou divisão, específicos serão administrados, e por fim, as estratégias de nível funcional, que possuem o escopo mais restrito, guiando as atividades de marketing, finanças e outras funções. O foco das estratégias das empresas deve estar sempre nos clientes. Quando as empresas adotam outro ponto de vista que não este, estão correndo um grande risco de desenvolver o que Theodore Levitt (1960) chamou de “miopia de marketing”. A miopia de marketing é uma expressão utilizada para apontar os caminhos errôneos da estratégia de uma empresa, na qual a organização tende a olhar apenas para a produção dos bens e serviços, deixando de lado a satisfação dos clientes. Ainda em seu livro, Levitt (1960) propõe a sustentação do marketing de relacionamento não como um “flerte passageiro”, mas, em vez disso, como um “casamento” de um cliente com a organização, onde cada parte possui expectativas distintas e necessidades específicas. Ao planejar uma estratégia para o marketing de relacionamentos, é necessário olhar além as simples transações. Uma estratégia eficaz deveria ser concebida para (1) atrair novos clientes e (2) conseguir fazer mais negócios com os clientes atuais, maximizando o valor de vida útil deles. A estratégia fornece a estrutura e o propósito que agrega todos os oito processos de marketing, e deve começar a se constituir a partir das necessidades dos clientes, de modo a definir as metas e objetivos organizacionais. A definição dos objetivos estratégicos deve partir de uma série de análises ambientais, como propõe Nickels e Wood (2001) já no seu primeiro processo, e para este processo se encontra disponível uma série de ferramentas, tais como: a) Matriz das cinco forças (PORTER, 1986); b) Análise de SWOT: que é uma análise geral que busca identificar os pontos fortes (strengths), pontos fracos (weaknesses), oportunidades (opportunities) e ameaças (threats); c) Matriz de crescimento-participação (Boston Consulting ou BCG). O único problema desse procedimento é o risco da empresa se preocupar demasiadamente com o mercado e se esquecer de buscar a vantagem competitiva na satisfação de necessidades e desejos dos seus consumidores. Para evitar esse problema a empresa deve unir essa análise de mercado ao processo de segmentação, onde irá definir “quem a empresa quer como cliente”, identificando o público-alvo, os formadores de opinião e definindo qual o posicionamento mais adequado da empresa/produto. Como resultado final do processo de administração de marketing a empresa deve buscar a construção de relacionamento com seus clientes, para tanto Nickels e Wood (2001, p. 31) enumeram os cinco princípios básicos do planejamento desta construção: a) Os relacionamentos se baseiam em comunicação aberta. Envolve fazer perguntas investigativas e sondagens, além de ser um bom ouvinte e mostrar interesse no que o outro tem a dizer; b) Os relacionamentos são construídos com base na confiança. A confiança é adquirida com o tempo e deve-se cumprir com as promessas feitas, prazos e assumir as responsabilidades; c) Os relacionamentos são reforçados quando as partes mantêm contato com os clientes, com o objetivo de identificar necessidades e desejos, visando desenvolver novos produtos e serviços; d) Os relacionamentos dependem de confiança e honestidade e comportamento ético. Qualquer indício que a empresa não está sendo correta e ética, com qualquer de seus públicos, irá enfraquecer os relacionamentos; e e) Parceiros em um relacionamento mostram que se preocupam. Deve ser feito um esforço para mostra esta preocupação, recompensando até aqueles que são leais. Marketing de Relações: a Visão de Regis McKenna Para McKenna (1993) a base essencial e mais importante para o desenvolvimento do marketing de relacionamento é o posicionamento. Isso se deve em função de que o processo de relacionamento tem seu início justamente calcado na figura do consumidor e o esforço do posicionamento tem início á partir desse ponto. São eles que irão analisar e comparar produtos e empresas, que definiram suas cadeias de hierarquia de valores, desejos e necessidades baseadas em seus conhecimentos empíricos e nas informações que recebem do meio onde estão inseridos, por isso a importância do posicionamento da empresa, é através dele que a empresa expõe ao mercado e aos seus clientes seus valores, seus conceitos, suas políticas e será por meio dele que o cliente definirá tomará suas decisões. Os consumidores passam a analisar e comparar produtos e empresas com relação aos concorrentes. Os consumidores definem uma hierarquia de valores, desejos e necessidades com base em dados empíricos, opiniões, referências obtidas através de propaganda de boca e experiências anteriores com produtos e serviços. Além disso, os clientes usam essas informações na tomada de decisões. Muitas empresas já perceberam isso e adotam como estratégia à de marketing a conquista de posições singulares no mercado, bem como para seus produtos e serviços. No centro de toda boa estratégia de marketing está inserida uma boa estratégia de posicionamento visto que a diferenciação não está mais relacionada ao serviço ou ao setor, mas sim na percepção e desejo dos consumidores. Isto significa que o marketing moderno “é uma batalha pela fidelidade do cliente” (McKENNA, 1993, p.45), e deve compreender mais do que a simples consciência de uma hierarquia de marcas e nomes de empresas. Demanda uma relação especial com o cliente e a infra-estrutura do mercado. As estratégias de marketing tradicionais tornaram-se inadequadas devido as mudanças constantes dos hábitos dos consumidores e por não considerar a tecnologia como fator crítico de sucesso. Atualmente o mais importante é o desenvolvimento e a manutenção de boas relações com os clientes, pois as compras se repetem e as necessidades não se extinguem, impelindo o consumidor a repetir suas compras, levando-o a refletir suas experiências anteriores no seu processo de decisão. O posicionamento dinâmico, ao contrário do tradicional, é um processo multidimensional que compreende três etapas sobrepostas: posicionamento do produto, posicionamento no mercado e posicionamento da empresa, sempre havendo uma interação entre elas, influenciando-as. Na primeira etapa, a empresa tem que determinar como deseja colocar seu produto no mercado, como ele deverá ser percebido dentro do ambiente competitivo. Na segunda o produto tem que ganhar o reconhecimento do mercado e credibilidade junto ao consumidor. No posicionamento da empresa – o estágio final do processo – as empresas têm que posicionar não os seus produtos, mas a elas mesmas, e isso é feito principalmente através do sucesso financeiro. É importante lembrar que às vezes a posição da empresa pode ser estabelecida com base em apenas um ou dois produtos chave, chamados de ”bala de prata”, visto que são particularmente importantes nos negócios baseados em tecnologia. Segundo McKenna (1993, p.137) “se uma empresa escolher cuidadosamente suas balas de prata, e ganhar uma aceitação altamente visível por sua comercialização, poderá construir uma reputação sólida, mesmo se o resto de sua linha de produtos for medíocre”. O ideal, portanto, é que as empresas ofereçam um mix balanceado de produtos, desenvolvam as suas “balas de prata” a fim de construir uma imagem de liderança tecnológica, mas nunca se esqueçam de ampliarem sua linha de produtos, pois a estagnação pode levar a empresa a perder suas vantagens competitivas uma vez que as vantagens advindas do produto podem ser facilmente superadas pela concorrência. Seleção e Relacionamento com os Clientes Autores como McKenna (1993) e Peppers e Rogers (1994) ressaltam a importância de selecionar os clientes, é claro que não se irá impedir alguém de ser cliente, mas os esforços no sentido de buscar a fidelização devem ser focalizados. No mercado business to business essa seleção de clientes pode ser feita pela probabilidade de crescimento e sucesso na próxima década, ou seja, empresas emergentes podem se tornar grandes clientes, principalmente por ainda não terem suas estruturas tão consolidadas e restrita a novos produtos e fornecedores. No caso do business to costumer, esse processo é mais complexo e será guiado, na maioria das vezes, pelo volume de compras ou freqüência das mesmas e pelo poder que determinados clientes exercem em seus grupos de influência. Em ambos os casos existem alguns pressupostos para que o marketing de relacionamento possa se desenvolver, como por exemplo, o diálogo. É através do diálogo que as relações são construídas e os produtos concebidos, adaptados e aceitos. No novo marketing, comunicar-se com os clientes é fundamental e compreende tanto ouvir quanto falar. Ouvir opiniões, críticas e sugestões e saber expor os pontos de vista tanto do cliente quanto do empresário pode melhorar a relação, promovendo ganhos para ambos os lados. Marketing One to One O mercado tem passado por diversas alterações nos últimos anos, a introdução da tecnologia da informação, a rápida melhora dos sistemas logísticos e a internacionalização de mercados e clientes tem gerado uma série de conflitos no processo de gestão empresarial. Essa nova conformação altamente dinâmica tem obrigado as organizações a reverem suas estratégias de manutenção das relações comercias e da competição, conduzindo a um novo padrão de medida de eficiência: enquanto a medida do sucesso dos programas de marketing tradicional é o aumento da participação no mercado medido por categoria de produto, uma de cada vez, os programas one to one têm seu sucesso medido em termos da participação do cliente medindo cliente a cliente. O marketing tradicional procura mais clientes para produtos específicos, enquanto o one to one, procura mais produtos e serviços para os seus clientes. A empresa que trabalha com o marketing tradicional gerencia produtos e seus executivos são remunerados pelas vendas trimestrais desses produtos, enquanto que a empresa one to one gerencia clientes e seus executivos são remunerados pelo desenvolvimento desses clientes ao longo do tempo até o seu valor esperado. Para Peppers e Rogers (2001, p.10) “o processo de implementação de um programa de marketing one to one pode ser pensado como uma série de quatro passos básicos: identifique seus clientes; diferencie seus clientes; interaja com seus clientes; personalize”. Outro fator fundamental no marketing individualizado é a capacidade em identificar a ocorrência de eventos que determinam mudanças nas necessidades dos consumidores, participando, assim mais ativamente da vida de cada cliente. Até pouco tempo, a qualidade e a tecnologia eram fatores chaves que determinavam o sucesso de uma empresa, servindo de diferenciais entre os produtos. Atualmente essa concepção por si só não garante as possibilidades de sucesso, apesar de serem de extrema importância, não devem ser considerados primordiais. A essência do marketing one to one é tratar clientes diferentes de forma diferente pelo simples fato que os clientes são diferentes, e ignorar essas diferenças, não os torna todos iguais. (PEPPERS; ROGERS, 2001) Essa diferenciação deve ter como base o valor que o cliente tem para a organização e as diferentes necessidades que cada um apresenta nas distintas situações em que ele interage com a empresa. É importante tratar de forma especial os clientes especiais para desenvolver obstáculos que impeçam a mudanças e maximize a sua fidelidade, concentrando-se ao máximo nas suas vontades e necessidades, na busca de se o “dono” de suas preferências. Peppers e Rogers (2001, p.18) afirmam que “o ser humano é infiel por natureza, pelo menos como consumidor, sempre querendo experimentar novos serviços e produtos”, justamente por isso é importante tratar de forma especial os clientes especiais, de forma a desenvolver obstáculos que impeçam a mudança e maximize a fidelidade, o que irá impedir que um cliente troque de fornecedor é a inconveniência de mudar, ou seja, o custo de mudança. O MARKETING DE RELACIONAMENTO NO CONTEXTO DE UMA PEQUENA EMPRESA A empresa analisada é a “Irmãos Furuta e Cia. Ltda.”, que atua no ramo alimentício na cidade de Londrina. Seu mix de produtos é variado, englobando produtos básicos (componentes da cesta básica), cereais, bebidas, produtos sazonais e produtos importados, contando com 12 funcionários. A loja está localizada em um mercado municipal, que atualmente focaliza o público das classes “A” e “B” e já se tornou sinônimo de qualidade e produtos diferenciados. Presente no mercado desde 1968, a empresa é familiar e foi fundada pelos pais dos atuais proprietários, que ainda mantém o poder de decisão concentrado em suas mãos. Um dado importante é que esta empresa ocupa aproximadamente 20% do espaço físico do mercado, e se destaca na cidade de Londrina como a principal loja de produtos nobres, tendo como principais concorrentes uma outra loja de pequeno porte e as grandes redes supermercadistas. Segundo o proprietário o objetivo da empresa é “prestar um atendimento diferenciado aos clientes, sempre oferecendo mercadorias de qualidade” e para isso se propõe a buscar os lançamentos no mercado nacional e internacional, compondo um ponto de encontro dos apreciadores de produtos nobres, como queijos, vinhos, chocolates, etc. Nestes 35 anos no mercado a empresa viu seu foco de trabalho se alterar drasticamente. No início, o seu mix de produtos era composto basicamente de produtos da cesta básica e o público que freqüentava o mercado municipal era muito mais heterogêneo. A entrada das grandes redes supermercadistas alterou este quadro. A variedade oferecida pela empresa, antes um diferencial, passou a ser um ponto negativo, já que essas grandes empresas oferecem mais de 30 mil itens. Essas mesmas empresas forçavam o preço para baixo, reduzindo as margens de lucro das pequenas empresas do setor. Este novo cenário segmentou o público, deixando para o mercado municipal os clientes que buscavam atendimento personalizado, produtos de alta qualidade e que não são sensíveis às guerras de preços. Este novo perfil do consumidor foi de imediato percebido pelas lojas, que ampliaram seus serviços e passaram a selecionar ainda mais seus produtos, criando assim o ambiente perfeito para o desenvolvimento de um processo de fidelização, o que inconscientemente começaram a fazer, ou seja, buscaram promover o marketing de relacionamento, no intuito apenas de “satisfazer seus clientes”. O proprietário da loja, em diversos momentos de sua entrevista demonstra a preocupação em disponibilizar um atendimento diferenciado (personalizado), onde seus funcionários procuram atender seus clientes pelo nome, oferecendo produtos para degustação, sistema de entrega em domicílio gratuito e recebe encomendas para produtos que ainda não oferece no seu mix. Os fornecedores são atendidos preferencialmente às terças-feiras pelo proprietário, após este conversar com seus vendedores, é então verificado os produtos necessitam de reforço na reposição de estoques mínimos de segurança. Na pesquisa junto aos clientes foi possível verificar que essa preocupação está sendo reconhecida, visto que 88% dos clientes considera como grande motivo para suas compras na empresa o atendimento diferenciado e 80% considera ainda como fator decisivo a qualidade dos produtos oferecidos. Os vendedores são responsáveis pelo atendimento diferenciado da loja, sendo que 76% dos entrevistados afirmam que todos são bem treinados e aptos para sanar dúvidas durante o processo decisório de compras e apenas 24% acredita que o atendimento poderia ser ainda melhor. Deve-se ressaltar que cada funcionário se especializa em um determinado setor da loja e conseqüentemente adquire maior afinidade nas vendas de determinado produto, como vinhos, queijos, massas, entre outros, o que os permite conhecer profundamente os produtos de modo a auxiliar o processo de escolha de seus clientes, visto que segundo a pesquisa realizada junto aos clientes 80% deles afirmam que costumam aceitar as sugestões dos vendedores, adquirindo produtos novos ou pouco conhecidos. No que diz respeito ao treinamento dos funcionários foi encontrado o quadro típico de uma pequena empresa, a transferência de conhecimentos através das experiências diárias, onde os funcionários mais antigos ensinam os mais novos, sem qualquer estruturação ou planejamento prévio. Nota-se também que por se tratar de uma pequena empresa os clientes possuem um canal de comunicação muito amplo com vendedores e gerentes, e que através deste contato se sentem a vontade para fazer críticas e sugestões a empresa, sendo que 64% percebem que suas sugestões são aplicadas, o que os incentiva a manter o diálogo com a empresa. Ainda segundo os dados coletados, os clientes se mostraram fiéis à loja, visto que 44% afirmaram que são clientes da loja há mais de 10 anos, 48% dizem que conhecem a loja entre 2 e 10 anos e apenas 8% dentre os entrevistados são clientes novos, ou seja, compram a menos de 2 anos na loja. No que diz respeito às políticas promocionais a empresa mantém uma linha conservadora, suas políticas de preço são estáveis e focalizadas no valor agregado pelo serviço e pela qualidade, fornecendo descontos apenas quando os produtos não estão com bons rendimentos ou quando obtém descontos dos fornecedores. Não há preocupação quanto a utilização de mídias de divulgação, pois a gerência considera mais importante o padrão dos serviços prestados aos clientes fiéis, preferindo manter um portfólio menor de clientes à atender um público maior perdendo a sua identidade de personalização. Por se tratar de clientes das classes econômicas “A” e “B” não há comparação de preços e os apelos promocionais ligados a ele não surtem grandes efeito (segundo a gerência), para comprovar se esta visão estava correta foi questionado aos clientes como eles tomam conhecimento das promoções: 68% relatou que só sabem de uma promoção quando vêm a loja e 20% disse que não toma conhecimento de qualquer promoção, com relação a questão preço deve-se ainda destacar que apenas 8% consideram isso como um fator que os leva a comprar na loja, ponto onde se destaca a prestação de serviço, como a entrega à domicilio com 48% das inferências. Outra política utilizada pela empresa diz respeito as suas margens de lucratividade, ao se utilizar “descontos estratégicos” para propiciar poder de barganha ao cliente. A empresa tem como concepção desde a sua criação a concessão de pequenos descontos ao final das compras, quando requisitado pelo cliente, essa atividade já está prevista no momento de formação dos preços, que são reajustados incluindo um desconto estratégico a ser fornecido ao cliente de modo a evitar a diminuição da sua margem de lucro, criando no cliente a percepção de que ele é importante, que pode barganhar e que está obtendo uma vantagem não prevista inicialmente. Uma outra forma de fidelização é àquela voltada aos funcionários. A empresa oferece seu mix de produtos com 20% de desconto, além de facilidades de pagamento, visando assim evitar que os funcionários comprem em outros lugares e “vistam a camisa da empresa”. ANÁLISE DOS PROCESSOS DE RELACIONAMENTO DO ESTUDO DE CASO Analisando os pressupostos de Kotler (1998) e suas etapas envolvidas no programa de marketing de relacionamento, buscou-se uma correlação com a empresa objeto de estudo. A seleção dos clientes a serem abordados com tratamento diferenciado, na busca de sua fidelização está diretamente relacionada aos três itens considerados importantes, no feedback entre as partes: volume gasto em recursos monetários, freqüência de visita à loja e confiança e credibilidade no pagamento. Há ainda que ressaltar que todo o processo de identificação destes clientes “vips” é feita de maneira gradativa, ou seja, primeiramente os laços entre o profissionalismo e a amizade são estreitados a ponto dos vendedores conhecerem os clientes nominalmente e quais os produtos que são frequentemente alvo de suas compras. Quanto a designação de um gerente de relacionamento habilitado a cada cliente chave, conforme proposto por Kotler (1998) pode ser aplicado no business to business ou no caso de grandes empresas, mas não cabe aplicação como proposto em empresas de pequeno porte como no caso em análise, onde este papel é exercido por vendedores, que desenvolvem empatia junto a certos clientes, e portanto se responsabilizam pelo relacionamento para com estes. Tendo como parâmetro que na empresa analisada o vendedor adquire as funções de gerente de relacionamento e que se trata de uma empresa basicamente familiar, não há qualquer definição, por escrito, de seus objetivos, responsabilidades e critérios de avaliação, sendo todas essas atividades realizadas de forma subjetiva, estando isso implícito dentro das funções do vendedor. Assim como as duas atividades anteriores não é possível a contratação de um gerente específico para as atividades de gestão dos gerentes de relacionamento, mas sim a sua adaptação a realidade de uma pequena empresa. Essa atividade é, portanto, subordinada ao gerente geral, que busca despender uma atenção especial a cada vendedor na intenção de desenvolver nele a consciência da importância de um atendimento personalizado. Não foi constatado qualquer instrumento ou política explicita para o desenvolvimento de um plano de longo prazo voltado a fidelização e relacionamento. Assim pode-se inferir através da observação e dos dados coletados e da literatura que isso não ocorre, pois toda a política de marketing de relacionamento ainda não está clara e estruturada, sendo ainda concebida segundo os critérios intuitivos dos proprietários, sem qualquer pesquisa ou constatação empírica de seus resultados. CONSIDERAÇÕES FINAIS As estratégias de marketing de relacionamento estão emergindo dentro do contexto organizacional e suas ferramentas já são amplamente utilizadas pelas grandes empresas e, mesmo que instintivamente, estão presentes nas pequenas organizações. Como analisado no caso anterior a sua aplicação é feita sem qualquer estruturação, sempre na busca de manter os seus clientes diante da competitividade imposta pelas grandes corporações. Deste caso pode-se tirar algumas recomendações importantes para a sua aplicação nas pequenas empresas: a) Quanto à seleção dos clientes: a escolha dos clientes deve ser baseada em alguns critérios que indiquem a sua importância para a empresa, como o volume ou freqüência das compras, confiança e credibilidade no pagamento, e no caso das empresas business to business a perspectiva de crescimento das compras; b) Quanto ao treinamento dos vendedores: este processo é extremamente importante na medida em que, nas pequenas empresas, o vendedor será o ponto de contato da organização com seu cliente, ele representará a empresa e servirá como canal de comunicação entre as partes, isso deve estar claro para todos os vendedores, ou seja, eles devem estar cientes de que as sugestões e críticas tecidas pelo cliente devem ser repassadas à organização, e que delas dependem o sucesso da relação; c) Quanto ao atendimento: os vendedores precisam despender uma maior atenção aos clientes preferenciais, com os quais a empresa pretende desenvolver o relacionamento e isso só é possível através da troca de informações; d) Quanto à gerência: deve estar atenta às reclamações e sugestões dos seus clientes e, percebendo qualquer alteração na freqüência de compra, buscar junto a este os motivos para tal comportamento; e) Atenção às necessidades: a empresa que busca estabelecer relacionamentos com seus clientes deve também estar atenta às ações da concorrência e, principalmente, às necessidades e desejos do consumidor, procurando sempre inovar e agregar valor às suas relações seja através da inserção de novos serviços ou da diferenciação de seus produtos; f) Vantagens competitivas: a empresa deve buscar estabelecer vantagens competitivas que impeçam a mudança de seus clientes para o concorrente, implantando custos de mudança, desta forma, estabelecendo vantagens competitivas não monetárias a empresa poderá se eximir das guerras de preço travadas no mercado, aumentando consideravelmente a sua lucratividade; g) Influências no processo de compra: é também necessário verificar junto aos clientes quais são as referências por ele utilizadas no processo de compra, quais são os seus grupos de referências, onde buscam informações sobre novos produtos/serviços (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). Essa atenção deve-se ao fato de muitas vezes os próprios vendedores atuarem como um formador de opinião, apresentando produtos, suas vantagens e utilidades, influenciando diretamente o processo decisório. Embora os cuidados acima sejam importantes de serem observados, cabe à organização a manutenção de uma coerência entre os objetivos desejados e as práticas empregadas em prol disso. A busca do relacionamento e da fidelização tem como objetivo estabelecer vantagens competitivas que de certa forma são mais difíceis de serem igualadas pela concorrência, mesmo que a um pequeno e seleto grupo de clientes, que na maioria das vezes corresponde a um grande percentual do faturamento da empresa. Ao alcançar a fidelidade de um grupo de cliente à empresa consegue fixar o seu posicionamento estratégico para este grupo, de modo a estabelecer novas diretrizes para seu planejamento estratégico, passando a ser reconhecida no mercado através dos seus diferenciais, alterando a estrutura da industria e estabelecendo novas relações com clientes e fornecedores, de modo a ampliar o seu próprio poder de barganha, evitando as guerras de preços e aumentando a sua lucratividade. REFERÊNCIAS ENGEL, J.F.; BLACKWELL, R.E e MINIARD, P.W. Comportamento do consumidor. Rio de Janeiro: LTC, 2000. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. LEVITT, Theodore. Miopia em marketing. Harvard Business Review. 1960. In: Coleção Harvard de Administração 1. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1986. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. 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