Geometria Plana 03 Prof. Valdir PONTOS NOTÁVEIS DE UM TRIÂNGULO Como consequência da propriedade a), temos que: 1. BARICENTRO É o ponto de equilíbrio ou centro de gravidade do triângulo. O baricentro coincide com o ponto de intersecção das medianas do triângulo (na figura a seguir = G). Mediana – é o segmento de reta que une um vértice ao ponto médio A do lado oposto. P A1 = A2 = A3 = A4 = A5 = A6. 2. INCENTRO É o centro da circunferência inscrita no triângulo. O incentro coincide com o ponto de intersecção das bissetrizes dos ângulos internos de um triângulo. Bissetriz interna – é o segmento de reta que une um vértice com o lado oposto formando dois ângulos de mesma medida. N AM – bissetriz do ângulo  BN – bissetriz do ângulo B CP – bissetriz do ângulo C G B M C A AM – mediana relativa ao lado BC BN – mediana relativa ao lado AC CP – mediana relativa ao lado AB ⇒ I é o incentro do ∇ABC N P Propriedades: I a) O baricentro divide cada mediana em dois segmentos na razão de 2 para 1. Justificativa: Considerando a figura anterior, como M é médio de AB e N é médio de AC, teremos: B M C Teoremas: 1) Teorema das bissetrizes internas: MN // AB e AB = 2.MN “A bissetriz do ângulo interno de um triângulo determina sobre o lado oposto dois segmentos de reta de medidas proporcionais aos dois lados que formam o referido ângulo.” De MN // AB, então ∇ MNG ∼ ∇ABG. Assim: AG = 2.GM BG = 2.GN CG = 2.GP A b) Uma mediana divide o triângulo em dois triângulos de mesma área; A C B M Se AM é a bissetriz do ângulo Â, então, pode-se afirmar que: C M H CM BM = AC AB B Veja: O triângulo AMC e AMB tem bases iguais, CM = CB, e AH como altura. Assim, ele tem áreas iguais. c) As três medianas dividem o triângulo em seis triângulos de A mesma área. Demonstração: Aplicando a lei dos senos nos triângulos ACM e ABM da figura a seguir, teremos: A α A5 A6 B α A4 G A1 A3 C θ β M B A2 C www.cursosimbios.com.br 1 CM AC = (1) senα senβ BM AB No triângulo ABM : = (2) senα senβ Como β + θ = 180, temos que senθ = senβ. Assim, dividindo (1) por (2), vem que: CM AC senα = senθ ⇒ CM = AC (Provado) BM AB BM AB senα senβ No triângulo ACM: 2) Teorema da bissetriz externa “Se a bissetriz de um ângulo externo de um triângulo intercepta a reta que contém o lado oposto, então ela divide este lado oposto externamente em segmentos proporcionais aos lados adjacentes”. : A Então, AO, BO e CO são segmentos de reta que têm a mesma medida do raio da circunferência que passa por A, B e C. r C O B A s Observações: a) Num triângulo retângulo, o circuncentro é o ponto médio da hipotenusa e a mediana relativa à hipotenusa tem o comprimento do raio da circunferência circunscrita. (AO = BO = CO = raio, onde BO é a mediana relativa à hipotenusa). CM BM = AC AB α α A O M C B Demonstração: C B Aplicando a lei dos senos nos triângulos ACM e ABM da figura a seguir, teremos: A b) O circuncentro (O) de um triângulo obtusângulo é um ponto exterior ao triângulo. (0° < α < 180°) α α 180° - α B θ C α M No triângulo ACM: CM AC = (1) sen(180° - α ) senθ No triângulo ABM : BM AB = (2) senα senθ C A B O 4. ORTOCENTRO É o ponto de intersecção das alturas de um triângulo. Como sen(180°-α) = senα, dividindo (1) por (2), teremos: A CM AC CM AC sen(180° - α) senθ = ⇒ (Provado) = BM AB BM AB senα senθ N P O B 3. CIRCUNCENTRO É o centro da circunferência circunscrita no triângulo. O circuncentro coincide com o ponto de intersecção das mediatrizes dos lados do triângulo. Mediatriz de um segmento de reta – é o lugar geométrico do plano cujos pontos são equidistantes dos extremos do segmento. M C AM – é a altura relativa ao lado BC. BN – é a altura relativa ao lado AC. CP − é a altura relativa ao lado AB. O – é o ortocentro do triângulo ABC. Observações: r – é a mediatriz do lado BC s – é a mediatriz do lado AB O = r ∩ s – Circuncentro do triângulo ABC www.cursosimbios.com.br a) No triângulo retângulo, o ortocentro é o vértice do ângulo reto e, no triângulo obtusângulo, é um ponto exterior ao triângulo. 2 b) O triângulo cujos vértices são os pontos M, N, P é chamado de triângulo órtico. O ortocentro (O) do triângulo ABC é o incentro do triângulo órtico. Ou seja, a circunferência inscrita no triângulo MNP tem centro no ponto O. c) Os pontos A, P, M e C pertencem à circunferência de diâmetro AC. Assim como os pontos A, N, M e B pertencem à circunferência de diâmetro AB e os pontos B, P, N e C pertencem à circunferência de diâmetro BC. A 02. Seja o triângulo ABC de lados AB, BC e AC respectivamente iguais a 9 cm, 8 cm e 10 cm. Sejam CM e CN as bissetrizes interna e externa do triângulo no vértice C com M e N pontos da reta que contém o lado AB. Assim, calcule o comprimento do segmento de reta MN. Resolução: C θ α α θ 10 8 A B M N 9 P N Usando os teoremas das bissetrizes, teremos: O B C M MB 9 - MB = ⇒ MB = 4 cm 8 10 NB 9 + NB = ⇒ NB = 36 cm 8 10 Assim, teremos: MN = MB + NB = 40 cm Resposta: MN = 40 cm (Letra E) 03. Na figura a seguir, ABC é um triângulo retângulo no vértice C, AE é bissetriz do ângulo BÂC e CD é mediana relativa ao lado AB. Exercícios resolvidos: 01. Dado o triângulo ABC cujos lados medem AB = 10 cm, AC = 8 cm e BC = 12. Seja AS o segmento de reta que passa pelo centro da circunferência inscrita no triângulo ABC e AM a mediana relativa ao lado BC. Determine o comprimento do segmento de reta SM. Sabendo-se que o ângulo AÊD mede α e o ângulo C D̂ E mede β, então calcule α + β. A A D β F α C S Resolução: B M C 20° B E O triângulo ABC é retângulo em C. Assim, o ponto D, médio de AB, é o circuncentro do triângulo ABC. O que se pode concluir que CD = BD = AD. Como o triângulo BCD é isósceles, o ângulo DCE mede 20° e o ângulo FCA mede 70°(complemento). Sendo AE uma bissetriz, o ângulo CAE mede 35°. Pelo teorema do ângulo externo, nos triângulos CAF e FED, temos que: A 10 cm 8 cm Resolução: α + β = 70° + 35° Resposta: α + β = 105°. C S B M 12 – CS 12 cm 04. Na figura a seguir, ABC é um triângulo retângulo em B sendo AB = 3 cm e BC = 4cm. O segmento BN é uma bissetriz e BM uma mediana. Sendo assim, calcule a medida do segmento de reta MN. A Pelo texto, AS é bissetriz do ângulo A. Assim, pelo teorema das bissetrizes internas, vem que: CS BS CS 12 - CS 16 = ⇒ = ⇒ CS = ⇒ 8 10 4 5 3 Como AM é mediana, temos que: CM = 6 cm. Assim, teremos: 16 2 SM = CM – CS = 6 – ⇒ SM = cm 3 3 Resposta: SM = 2/3 cm N M 3 cm Resolução: B 4 cm C Considerando MN = x, e aplicando o teorema das bissetrizes internas no ∆ABC, teremos: AN NC 2, 5 - x 2, 5 + x = ⇒ = 3 4 3 4 7x = 2,5 ⇒ x = 5/14 ⇒ 7,5 + 3x = 10 – 4x ⇒ Resposta: 5/14 cm www.cursosimbios.com.br 3 Relação de Stewart Aplicando a relação de Stewart, teremos: Seja um triângulo ABC e a ceviana CD relativa ao lado BC, sendo D um ponto do lado AB, como mostra a figura a seguir. C 2 2 2 2 2 2 n.b + m.c = a.(m.n + x ) ⇒ 5.8 + 5.9 = 10.(5.5 + x ) ⇒ 2 2 320 + 405 = 250 + 10.x ⇒ x = 47,5 ⇒ Resposta: x ≅ 6,9 cm. b c x 02. Seja o triângulo ABC cujos lados AB, BC e AC medem, respectivamente 8 cm, 10 cm, 9 cm. Determine o comprimento da bissetriz BS relativa ao vértice B. β α A B B D m Resolução: n α α a 10 8 Sendo: x: comprimento da ceviana CD a, b, c: medidas dos lados do triângulo ABC m, n: medidas dos segmentos AD e BD, partes do lado AB x A C S m A relação de Stewart será: n 9 2 2 2 n.b + m.c = a(m.n + x ) Calculando m e n pelo teorema das bissetrizes internas. Demonstração: Aplicando a lei dos cossenos nos triângulo ACD e BCD, teremos: b2 = m2 + x 2 - 2.x.m.cosα 2 2 2 c = n + x - 2x.n.cosβ m = 4 cm m n m 10 - m = ⇒ = ⇒ 8 10 8 10 n = 5 cm Assim, aplicando a relação de Stewart, teremos: 2 2 2 2 2 2 n.b + m.c = a.(m.n + x ) ⇒ 5.8 + 4.10 = 9.(4.5 + x ) ⇒ 2 2 320 + 400 = 405 + 9.x ⇒ x = 35 ⇒ x ≅ 5,9 cm Como cosα = – cosβ, teremos: Resposta: x ≅ 5,9 cm b2 = m2 + x 2 + 2.x.m.cos β 2 2 2 c = n + x - 2x.n.cos β POLÍGONOS CONVEXOS Multiplicando a 1ª equação por n e a 2ª por m, teremos: B b2n = m2n + x 2n + 2.x.m.n.cos β 2 2 2 c m = n m + x m - 2x.n.mcos β e2 C i3 i2 e3 Adicionando as duas equações, teremos: e1 2 2 2 2 2 2 b n+c m=m n+n m+x m+x n⇒ 2 2 2 b n + c m = mn(m+n) + x (m + n) ⇒ 2 2 2 n.b + m.c = (m + n).(m.n + x ) ⇒ A i4 D i1 e4 Como m + n = a, vem que: 2 2 ... 2 n.b + m.c = a(m.n + x ) (Relação de Stewart) Exercícios resolvidos: Observando o polígono ABCD ... da figura anterior, teremos: 01. Seja o triângulo ABC cujos lados AB, BC e AC medem, respectivamente 8 cm, 9 cm, 10 cm. Determine o comprimento da mediana BM relativa ao lado AC. B Resolução: 8 x 9 A C 5 M 5 1. ELEMENTOS ⇒ A, B, C, D, ... – vértices do polígono. ⇒ AB, BC, CD, … – lados do polígono. ⇒ AC, AD, BD, ... – diagonais do polígono. ⇒ i1, i2, i3, ... – medidas dos ângulos internos. ⇒ e1, e2, e3, ... – medidas dos ângulos externos. 2. SOMA DOS ÂNGULOS EXTERNOS (Se) Considerando um polígono convexo de n lados, a soma dos seus ângulo externo será dada por: Se = 360° 10 www.cursosimbios.com.br 4 Demonstração: Observa-se que e1, e2, e3, ... en, são os desvios angulares, em cada, vértice quando consideramos uma trajetória que coincide com o polígono. Assim, para efetuar uma volta completa em, cominhando pelos lados do polígono, o desvio angular é de 360°. Dessa forma, Exercícios resolvidos: 01. Um polígono convexo de 15 lados tem as medidas de seus ângulos internos em progressão aritmética de razão igual a 2°. Determine o maior ângulo interno desse polígono. Resolução: e1 + e2 + e3 + ... + en = 360° ⇒ Se = 360° (Provado) 3. SOMA DOS ÂNGULOS INTERNOS (Si) Considerando um polígono convexo de n lados, a soma dos ângulos internos do polígono será dada por: Se os ângulos internos formam uma PA crescente de razão 2º, então, o termo central (i8) é a média aritmética das medidas dos ângulos internos. Assim, i8 = Sn S15 (15 - 2).180o = = = 156° n 15 15 Si = (n – 2).180° A medida do maior ângulo interno será: Demonstração: Observa-se que, em cada vértice do polígono, a soma das medidas dos ângulos interno e externo é 180°. Então: e1 + i1 = 180° e2 + i2 = 180° e3 + i3 = 180° ⋮ ⋮ ⋮ en + in = 180° i15 = i8 + 7.r ⇒ i15 = 156° + 7.2° =170° Resposta: 170° 02. Um polígono convexo tem dois ângulos de 150º e os outros medem 155º. Determine o número de diagonais desse polígono. Resolução: Adicionando as n parcelas, teremos: e1 + e2 + e3 + ... + en + i1 + i2 + i3 + ... in = n.180° ⇒ 360° + Si = 180°.n ⇒ Si = 180°.n – 360° ⇒ Si = (n – 2).180° (Provado) Obs.: Num polígono regular, lados e ângulos são congruentes. Logo, teremos: i1 = i2 = i3 = ... = i ⇒ i = Si / n e1 = e2 = e3 = ... = e ⇒ e = Se / n 4. NÚMERO DE DIAGONAIS DO POLÍGONO O número de diagonais (D) de um polígono convexo de n lados é dado por: n.(n - 3) D= 2 Se i1 = 150º ⇒ e1 = 30º e i2 = 155º ⇒ e2 = 25º. Assim, como a soma dos ângulos externos é 360°, teremos: 30° + 30° + 25° + 25° + 25° + ⋯ = 360° ⇒ 60° + (n – 2).25° = 360º ⇒ (n – 2).25° = 300° ⇒ n – 2 = 12 ⇒ n = 14 Calculando o número de diagonais, teremos: n.(n - 3) 14.(14 - 3) ⇒D= ⇒ D = 77 D= 2 2 Resposta: 77 diagonais. 03. No polígono regular ABCDEF... o número de diagonais é o triplo do número de lados. Sendo assim, determine a medida do ângulo formado pelas diagonais AC e AE desse polígono. (Lembrete: todo polígono regular é inscritível). Resolução: Sendo n o número de lados, teremos: Demonstração: Diagonal é um segmento de reta que liga dois vértices não consecutivos de um polígono convexo. Portanto, (n – 3) é o número de diagonais que saem de cada vértice. Ou seja, de um vértice não sai diagonal para ele mesmo e nem para os dois vértices consecutivos a ele. Conclui-se, então, que o número total de diagonais de um n.(n - 3) polígono convexo de n vértices é dado por (Provado) 2 n.(n - 3) 2 = 3.n ⇒ n – 9n = 0 ⇒ n = 9 (eneágono) 2 Inscrevendo o eneágono em um círculo, teremos: B A C D α E Obs1.: Se o polígono for regular de n lados, teremos: a) Se n for par, n/2 diagonais passam pelo seu centro e assim, teremos n.(n – 4)/2 diagonais que não passam pelo seu centro. b) Se n for ímpar, então nenhuma diagonal passa pelo centro do polígono. Obs. 2.: Todo polígono regular é inscritível e circunscritível em uma circunferência. G F Como o polígono tem 9 lados, vem que: o = 360 = 40o ⇒ CE = 80° CD 9 Como α é um ângulo inscrito, teremos: CE α= ⇒ α = 40° 2 Resposta: 40° www.cursosimbios.com.br 5