ID: 32694257 12-11-2010 Tiragem: 21000 Pág: 45 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 28,50 x 14,30 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Opinião A impressora da FED A Reserva Federal americana aprovou a compra de mais 600 mil milhões de dólares em activos e o reinvestimento de 300 mil milhões de dólares até Junho. No mesmo sentido, Ben Bernanke anunciou a manutenção da taxa de referência no intervalo entre os 0 e 0,25%, mínimos históricos. Este anúncio acomodou as expectativas do mercado, em particular do lobby financeiro. O Banco Central garantiu ainda que vai adequar as medidas às necessidades. Esta era a frase de que o mercado precisava para continuar a comprar. “Eles têm a impressora a funcionar”; “eles vão fazer tudo para dinamizar a economia”. As consequências estão à vista de todos. A cotação das acções está nos máximos do ano e as “commodities” dispararam, em particular os metais preciosos. No plano político as reacções críticas foram várias. Por exemplo, o ministro ale- mão das Finanças afirmou-se contra estas medidas e prometeu endurecer as críticas na próxima cimeira do G20. O mesmo país acusa os EUA de estarem a manipular a taxa de câmbio (desvalorizar o dólar) em dissonância com o que diz que a China deve fazer. Previsão: vem aí uma guerra cambial. Entretanto, os Republicanos obtiveram a maioria nas eleições para a Câmara dos Representantes e o caminho apontado é a reestruturação da despesa pública no sentido de acabar com os “bailouts”. O presidente Obama já admitiu que os resultados da votação foram humilhantes e aceita fazer algumas cedências em reformas como a da Saúde. A economia americana criou, em Outubro, 151 mil empregos versus um consenso dos analistas de 60 mil empregos. A taxa de desemprego fixou-se em 9,6%. Estes números aliviaram alguns receios quanto ALEXANDRE MOTA Director Executivo Golden Broker a um abrandamento brusco da economia americana. A melhoria registada neste indicador desde Junho e alguns inquéritos empresariais mais favoráveis são sinais importantes de alguma estabilização na economia americana, com repercussões positivas na cotação do dólar. Portugal Em Portugal confirmou-se a aprovação na generalidade do Orçamento Geral de Estado para 2011, após semanas controversas de intensas negociações. As yields a 10 anos de títulos da dívida portuguesa atingiram um novo máximo desde a adesão ao euro no dia 4 de Novembro (6,61%), superior ao anterior máximo de 6 de Maio (6,33%). A aproximação à linha vermelha de 7%, traçada pelo ministro das Finanças para recurso a Bruxelas e ao FMI, trouxe pressão adicional ao mercado português. Nós, como se sabe, não temos impressora. “Commodities” Os metais preciosos continuam a renovar os máximos registando fortes ganhos. O ouro encerrou a primeira semana do mês nos 1.393 dólares a onça, com um ganho semanal de 2,52%, e a prata valorizou 8,04%, para os 26,74 dólares a onça. O crude inverteu a tendência de queda e registou um ganho semanal de 6,66%, para os 86,85 dólares por barril. Conclusão Com a impressora da FED a funcionar, lutar contra a subida das cotações é uma tarefa hercúlea. Num contexto de emissão monetária sem limite (e sem pudor) não há limites à desvalorização. É tempo dos activos reais: “hot commodities”.