1 Razões para criticar e para celebrar Cesar Vanucci * “O financiamento conseguido pela Petrobras junto ao banco chinês é superior ao valor pago pela aquisição da Vale no leilão de 1997. Uma nota preta!” (Antônio Luiz da Costa, educador) Existem, sim, sobejas razões para que a mídia, no saudável exercício democrático que lhe é inerente de avaliar o comportamento da economia brasileira, se ocupe com comentários críticos de vários procedimentos governamentais que contribuíram para os pífios resultados alcançados ultimamente. O crescimento de apenas 0.1 por cento do PIB, os números das contas públicas, das contas relativas aos negócios com o exterior, a tendência inflacionária altista, os indicadores macroeconômicos mais recentes compuseram um quadro, pode-se afiançar, bastante aquém do potencial produtivo da Nação. Ocorreu ainda, entre outras situações perturbadoras, clara desaceleração no ritmo da produção de bens, o que configurou um indesejável sinal de “desindustrialização”. Sem que isso possa, de maneira alguma, servir-nos de consolo face ao desempenho desfavorável registrado, conseguimos manter-nos, entretanto, na posição de sétima potencia global entre os países detentores de economia pujante. A constatação deixa naturalmente realçado que o mundo continua a enfrentar uma crise de grande proporção. Essa crise projeta-se, como não fica difícil deduzir, no esforço que o país promove na busca de novos patamares de desenvolvimento. Mas, por outro lado, existem também fortes motivos para que, apesar de todos os pesares, sem abrir mão de suas legitimas prerrogativas institucionais, a mídia aprenda a destinar espaço mais dilargado, nas apreciações feitas sobre nossa conjuntura econômica, a revelações animadoras que porventura aportem o noticiário nosso de cada dia, chutando pra fora do gramado a cantilena exageradamente derrotista adotada. 2 O financiamento de 3.5 bilhões de dólares que o Banco de Desenvolvimento da China acaba de conceder à Petrobras, nesse momento delicado enfrentado por sabidos fatores pela estatal, é acontecimento de extraordinária relevância. Sinaliza, de forma irretorquível, que a empresa, como almejado pelos que comandam agora seus destinos e pela sociedade brasileira, tem condições plenas, dispõe das potencialidades necessárias para reencontrar-se em sua trajetória de progresso. O valor do financiamento anunciado – bom relembrar – é superior à soma que, em maio de 1997 foi utilizada na aquisição, em leilão de privatização, por grupos particulares, da antiga Vale do Rio Doce. Marcada por controvérsias, a operação – recorramos novamente à memória - foi considerada por respeitáveis setores da mídia como a maior transação da história econômica nacional. Os ativos da organização foram transferidos, na época, por 3.3 bilhões de dólares, com financiamento subsidiado pelo BNDEs. Esse aporte de agora do Banco de Desenvolvimento da China para a Petrobras faz ainda jus a destaque todo especial quando se tem sob mira mais outra elucidativa informação. Os 3.5 bilhões de dólares superam, por exemplo, a ajuda que a Comunidade Europeia, depois de muitas e acaloradas negociações, resolveu dias atrás conceder à Grécia para retirá-la da enrascada financeira em que se acha mergulhada. A quantia liberada, em euros, corresponde a 2 bilhões,158 milhões e 400 mil dólares. Temos aqui mais informação econômica recente que reivindica, pela mesma forma, pelo teor positivo de que se reveste, atenção dos comentaristas midiáticos. Contrariando diagnósticos de especialistas com acesso aos veículos de comunicação, a balança comercial brasileira, agora em março, apresentou saldo positivo de 458 milhões de dólares. A cifra é quatro vezes maior à anotada no mesmo período do ano de 2014, quando o saldo registrado acusou 118 milhões de dólares. Outro dado digno de nota que não merece passar desapercebido: no primeiro bimestre deste ano, já em decorrência do chamado ajuste, o erário acumulou saldo fiscal positivo de 18 bilhões de reais. A dívida líquida manteve-se estável. * Jornalista ([email protected])