Título: Boas Práticas para Manipulação de Alimentos Subtema: Incorporação das ações de Visa, em conjunto com a Atenção Primária à Saúde, no cotidiano das comunidades Autores: Maria Dalva Adamoli Thurow Bienter Luís Hammes Kohls Município: Cristal/RS Período de realização: 2008/2009/2010 Introdução Cristal, na região centro-sul do Estado do Rio Grande do Sul, integra a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde. É um município com 7.044 habitantes cortado pela BR 116, fator determinante para as ações de VISA. Devido ao intenso tráfego na BR 116, os estabelecimentos entorno da rodovia merecem atenção especial, pois atendem centenas de pessoas por dia. Cristal tem um hotel, tem supermercados, lancherias, padarias e minimercados. O balneário às margens do Rio Camaquã recebe grande número de visitantes atraídos pelo campeonato praiano e pelas belezas naturais do local. A estrutura no balneário é temporária devido à impossibilidade de instalações permanentes por ser área de preservação ambiental demandando especial atenção do Setor de Vigilância Sanitária. Justificativa Conforme pesquisadores da área de saúde “as doenças transmitidas por alimentos (DTA) constituem um dos problemas de saúde pública mais freqüente do mundo contemporâneo” e “são causadas por agentes etiológicos, principalmente microrganismos, os quais penetram no organismo humano através da ingestão de água e alimentos contaminados”. Este projeto tem como objetivo primordial orientar os manipuladores de alimentos da importância de cuidados básicos de higiene e conservação destes alimentos, responsabilizar os empresários do setor pela capacitação dos seus colaboradores, transformar agentes mirins em parceiros na vigilância em saúde e capacitar o trabalhador doméstico para despertá-lo a responsabilidade na elaboração de um alimento saudável. Este trabalho se justifica visto que a conscientização de todos para a responsabilidade com a sua saúde e a saúde da população são fatores preponderantes para melhorar qualidade de vida. OBJETIVOS Conscientizar a todos para a responsabilidade com a sua saúde e a saúde da população; Responsabilizar empresários do setor de alimentos para a capacitação de seus colaboradores; Orientar os manipuladores de alimentos dos cuidados básicos de higiene e conservação de alimentos; Capacitar o trabalhador doméstico para elaboração de um alimento saudável; Transformar agentes mirins em parceiros na vigilância em saúde; Oferecer uma cartilha de consulta e informações de acesso fácil a todos com os principais cuidados com a manipulação de alimentos. Metodologia A Vigilância Sanitária elaborou este curso de capacitação de manipuladores de alimentos para ser desenvolvido junto aos comércios de alimentos como as lancherias, pizzarias, restaurantes e hotel. Também nas escolas com as merendeiras, auxiliares de serviços gerais, agentes mirins em saúde e trabalhadores domésticos. Para realização deste curso foi desenvolvida uma cartilha que tem sido instrumento útil e de grande valor informativo que também é utilizado em capacitações de outros agentes que não só os manipuladores de alimentos. No curso aos agentes cidadãos mirins e na capacitação ao trabalhador doméstico esta cartilha também foi usada. Trata-se basicamente de um instrumento informativo que serve para o trabalhador manusear servindo de fonte de consulta durante e após a sua capacitação e que foi elaborada pelos trabalhadores do Setor de Vigilância Sanitária utilizando-se das normas técnicas vigentes. Neste instrumento são encontradas todas as orientações referentes a higiene e manipulação de alimentos evitando as toxinfecções alimentares, as regras básicas para manutenção dos equipamentos de refrigeração e calor, aferição de temperatura, limpeza e conservação, organização dos alimentos nos equipamentos, a manipulação de alimentos e a contaminação cruzada, o descongelamento, o resfriamento, cuidados com alguns alimentos, os aspectos estruturais de ambiente de manipulação e a saúde do manipulador. Para o desenvolvimento deste Projeto são realizadas: Capacitações com 04 horas de duração para manipuladores de alimentos, agentes mirins e trabalhadores domésticos; Elaboração do material para a capacitação: Power point, cartazes, lâminas, planilhas de controle de presenças, certificados e folders; Divulgação do curso através de cartazes expostos em locais de acesso ao público alvo; Fóruns sobre Produtos de Origem Animal e suas Conseqüências à Saúde da População com a participação de técnicos da Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal, da Inspetoria Veterinária e do Sistema de Inspeção Municipal e de Segurança Alimentar e Nutricional; Convocação por Decreto Municipal aos proprietários de comércios de alimentos, açougues, casas de carnes, transportadores de produtos de origem animal, restaurantes e similares; Divulgação destes fóruns em rádios comunitárias e imprensa de circulação local; Convites as entidades e clubes comunitários locais; Condicionamento a participação nestes eventos à liberação de alvará sanitário aos comércios e aos clubes comunitários. Resultados Os resultados alcançados não podem ser quantificados, mas qualitativamente são observadas nas visitas de inspeções periódicas aos estabelecimentos que comercializam alimentos, nas escolas e nas observações dos demais agentes envolvidos. O grupo de cidadãos mirins participa de jornadas educativas e campanhas organizadas pela Secretaria de Saúde e Assistência Social e são agentes transformadores na família, na escola e na comunidade com intervenções pontuais dentro das orientações recebidas. Os trabalhadores domésticos capacitados passam a ser referência por seus empregadores e estes buscam junto ao Departamento de Assistência Social referências para a contratação de serviços de pessoal capacitado. O conhecimento de noções básicas de manipulação de alimentos, higiene, conservação de alimentos são fundamentais para a melhor qualidade do alimento consumido e conseqüentemente à saúde da população. Aprendizado com a vivência Conclui-se que a prevenção é a melhor forma de investir em saúde, a mais eficaz e a menos onerosa. Os resultados obtidos com o presente trabalho apontam para a melhor qualidade de vida a partir do conhecimento por parte da população e dos agentes manipuladores de alimentos na área de segurança alimentar. Aos comércios de alimentos cabe o cumprimento das determinações da RDC 216 muito embora o fato de que muitos dos surtos ocorrem em residências se torna evidente a necessidade de orientar a população quanto aos cuidados necessários na conservação, manipulação e consumo dos alimentos, às boas práticas de fabricação e aos riscos que os alimentos contaminados representam. Outro fato constatado é a tendência de aumento de surtos envolvendo clubes e associações comunitárias e a necessidade de responsabilização destes promotores de eventos diminuindo o número de surtos de DTA’ s. Considerações finais O Setor de Vigilância Sanitária da cidade do Cristal no Rio Grande do Sul realiza atividades conjuntas de planejamento e ações, com os demais setores da administração e a comunidade. Mutirões, fóruns, capacitações, coleta seletiva, compostagem, jornadas informativas, referentes às questões de lixo, meio ambiente, qualidade da água e manipulação de alimentos. Com este projeto “Boas Práticas na Manipulação de Alimentos” investe em prevenção capacitando os manipuladores de alimentos utilizando cartilha elaborada pela equipe atendendo as orientações das normas técnicas vigentes. As normas técnicas apontam para noções básicas de higiene, preparo e conservação destes alimentos a partir do conhecimento dos riscos oferecidos por cada um deles. A capacitação em boas práticas na manipulação de alimentos vem de encontro aos estudos de vários órgãos relacionados à saúde enfocando a prevenção aos surtos de doenças transmissíveis por alimentos – DTA’s com os cuidados que devem ser tomados pelos manipuladores destes alimentos. Além das capacitações, envolve os comércios de alimentos juntamente com a população para a discussão em fóruns sobre a segurança alimentar e suas conseqüências a saúde de todos.