1 FACULDADE CENECISTA DE VARGINHA Sistemas de Informação – Planejamento Estratégico de Marketing Prof.ª Máyra R.J.David Silva – e-mail: [email protected] - aula 01 Objetivos: Ser capaz de definir marketing e conhecer seus principais tipos. Distinguir os diferentes tipos de demandas Discutir os conceitos de administração de marketing Explicar a relação entre produção e consumo. Descrever as cinco filosofias de marketing INTRODUÇÃO Você liga a televisão e um comercial de sabão em pó aparece na tela, seguido por um outro que incentiva você a não dirigir depois de beber. Você caminha por um corredor de supermercado e pega um cupom de desconto para o molho de salada numa promoção. No final do corredor, experimenta uma amostra da nova batata frita sem gordura. De volta para casa, você atende a um telefonema convidando-o a participar de uma pesquisa sobre audiência de rádio. Na faculdade, você visita a seção de estágios para verificar as oportunidades de empregos. Em seu trabalho, você mantém o controle dos suprimentos do escritório e encomenda reposições quando necessário, enquanto um amigo lhe pede conselhos sobre como comercializar um novo programa de software. Todas essas situações envolvem marketing. (Churchill,2000) Segundo Cobra (1997) o mundo vive uma era de grandes transformações. O consumidor deixa de ser consumidor de uma única região para se tornar consumidor mundial. As oportunidades de consumo se ampliam, o que torna o comprador mais exigente e seletivo em relação às ofertas do mercado. Diante de tantos desafios, o Marketing tem sido focado sob várias teorias, que procuram compreender seu fenômeno e explicar melhor sua atuação. Os profissionais de Marketing de hoje, deparam-se com as mesmas difíceis decisões de antigamente. Mas o mercado de hoje é imensamente mais complexo. Para Kotler (2000) Mercados domésticos, antes a salvo de invasores estrangeiros, estão hoje envolvidos com gigantescas empresas globais. Importantes avanços tecnológicos reduziram significativamente o tempo e a distância: novos produtos são lançados em um ritmo espantoso e tornam-se mundialmente disponíveis em curto espaço de tempo. Os meios de comunicação proliferam. 1 2 Novos canais e formatos de distribuição continuam a aparecer. Os concorrentes estão por toda parte... e estão famintos. Essas novas possibilidades de compra significam um novíssimo mundo de oportunidades e ameaças em abundante proliferação. Esse mundo novo também se caracteriza por um ambiente espantosamente rico em informações. PRÍNCIPIOS DE MARKETING Marcos Cobra brinca dizendo que a cobra foi quem primeiro aplicou intuitivamente o conceito de marketing, quando usou de técnicas de persuasão para “vender” a maçã para Eva e, esta, a Adão. Antes de tentar adotar uma única e exclusiva compreensão da área específica de marketing, é interessante verificar como têm evoluído suas definições: 1960 – AMA (American Marketing Association) – “O desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou utilizador”. 1969 – Kotler e Levy – “O conceito de Marketing deveria abranger também as instituições não lucrativas”. 1969 – David Luck – “O marketing deveria limitar-se às atividades que resultam em transações de mercado”. 1997 – Kotler – “É o processo de planejamento e execução desde a concepção, preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam os objetivos de pessoas e de organizações. Muitas pessoas pensam em marketing apenas como vendas e promoção. A razão desta confusão é que todos os dias somos bombardeados com comerciais de televisão, anúncios em jornais e revistas, mala direta e telefonemas de vendas. Alguém está sempre tentando nos vender algo. Apesar disso, vendas é apenas uma das facetas do marketing, uma de suas várias funções. Se um profissional de marketing fizer um bom trabalho de identificação das necessidades do consumidor, desenvolver bons produtos e definir seu preço ideal, distribuí-los e promove-los com eficácia, estes bens de consumo serão vendidos com muita facilidade. Para Peter Drucker, “O objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. É conhecer e compreender o cliente muito bem, de modo que o produto ou serviço se ajuste... e venda por si próprio”. 2 3 Uma das definições mais suscintas de marketing é “atender a necessidades de maneira lucrativa”. Um grande esforço para transformar uma necessidade particular ou social em uma oportunidade de negócio lucrativo. De acordo, com RICHERS (1983), o termo Marketing denomina-se como sendo as atividades sistemáticas de uma organização humana voltadas à busca e realização de trocas para com seu meio ambiente, visando benefícios específicos. Segundo, FERREIRA (1989) – Dicionário Aurélio, Marketing é um conjunto de estratégias e ações relativas a desenvolvimento, apreçamento, distribuição e promoção de produtos e serviços, e que visa a adequação mercadológica destes. Pode-se citar ainda outras definições, como: Marketing: Conjunto de operações executadas por uma empresa envolvendo a vida de um produto, desde a planificação de sua produção até o momento em que é adquirido pelo consumidor; mercadologia. Marketing, Mercadologia, Mercadização, resumidamente, é o processo que se constitui de atividades que visam conseguir e manter um mercado para os produtos de uma empresa. Pode equivaler a mercadologia, termo pouco usado, e também mercadização, ou seja, a comercialização dos produtos, sendo que todas as formas têm um único objetivo que é de alcançar os clientes. Marketing é a ciência que procura enxergar o mundo com os olhos do cliente. A partir das percepções dos clientes, suas necessidades e expectativas, a empresa é construída para atender aquele segmento da população que demandará seus produtos. O Marketing dos dias atuais é sobretudo uma ciência de observação do ambiente, do comportamento das camadas sociais, das mudanças de mercado e da economia, das tendências e das oportunidades latentes. Marketing é o processo que identifica necessidades, transforma-as em produtos ou serviços, descobre onde estão os clientes, analisa a melhor maneira de alcança-los e satisfaz suas expectativas, de forma lucrativa para a empresa. Hoje, a palavra Marketing, circula no Brasil com quase a mesma freqüência e intensidade que expressões como democracia e goiabada, dito por RICHERS (1983). Isso não foi sempre assim. Há alguns anos atrás, praticamente ninguém conhecia a expressão. A conseqüência de tudo isto é que o Marketing veio para ficar. Mas isto não basta, nem necessariamente satisfaz. É preciso também que ele seja utilizado com eficácia, o que 3 4 equivale às instituições que o adotam como técnica ou filosofia aprendam a explorar as suas potencialidades com um conjunto de instrumentos que, acima de tudo, contribuem para aumentar a produtividade e rentabilidade das empresas. MARKETING OU MERCADOLOGIA? Historicamente, a transição da economia de produção à economia de consumo processouse através do marketing, desde os primórdios da revolução industrial, quando a produção em massa encontrou a chamada economia de escala na fabricação. A partir deste momento é que surgiu o dilema: Como compatibilizar a capacidade de produção com a capacidade de consumo, e vice-versa? Que mercados existem e para que produto ou serviço? O berço do Marketing se encontra indiscutivelmente nos EUA. A sua difusão pelo mundo foi relativamente lenta. Mesmo na Europa, o Marketing só começou a ser aceito após a Segunda Guerra Mundial. Quanto ao Brasil é possível identificar uma data específica da introdução do conceito de Marketing na nossa sociedade empresarial e acadêmica. Ao menos formalmente, o termo “Marketing” começou a ser empregado entre nós a partir do exato momento em que a missão norte americana, chefiada pelo professor Karl A. Boedecker começou a organizar os primeiros cursos de Administração na recém criada Escola de Administração de Empresas do Estado de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, isto foi em meados de 1954. Na época dúvidas de que uma palavra tão nitidamente estrangeira pudesse ser difundida no Brasil. Foi um típico erro de Marketing onde se buscou uma palavra que traduzisse o conteúdo e o conceito da palavra Marketing, a palavra escolhida foi “Mercadologia” . Vale ressaltar, que durante muitos anos, as expressões “Mercadologia” e “Mercadização” dominaram o cenário na busca da substituição da palavra Marketing, mas isto faz parte do passado, Marketing, Mercadização, Mercadologia, são sinônimos e poderão, portanto, ser utilizados como expressões intercambiáveis. A EVOLUÇÃO DA DEFINIÇÃO DE MARKETING Apesar de sua juventude o Marketing já passou por uma série de fases conotativas bem distintas e em parte, até divergentes. Houve épocas em que as definições se concentravam nos aspectos primordialmente legais, relacionados à transferência de posse quando dá compra e venda de bens. Em outras ocasiões, a ênfase fora dada a aspectos relacionados à distribuição, 4 5 sobretudo quando, nos EUA, surgiram conflitos entre os interesses de poderosos grupos de produtores e distribuidores de bens. Com todas as mudanças chegou a conclusão de que o conceito de Marketing poderia ter aplicação e utilidade em áreas não necessariamente restritas à atuação das empresas privadas. Sob essas influências o conceito ampliou-se para abranger áreas de ordem macro (como algumas das funções de um estado moderno ou de uma comunidade social), bem como, as atividades de organizações que não necessariamente visassem lucros nas suas transações, tais como igrejas, hospitais, partidos políticos. Desde então o Marketing ampliou os seus horizontes para além das empresas particulares e tornou-se uma atividade – irmã de funções sociais, como a prática e planejamento urbano. A maneira de interpretar o Marketing, não descuida da amplitude do conceito moderno na área, mas dá ênfase primordialmente voltada à empresa e, sobretudo às responsabilidades dos executivos que administram recursos limitados à luz de objetivos pré-determinados e voltados ao convívio com um meio ambiente em constante transformação. A definição também é sistêmica por levar em conta a necessidade de um constante entrosamento racional entre os diversos instrumentos que fazem parte da execução de um determinado plano de Marketing, na prática administrativa. A partir dessas considerações define-se Marketing como sendo as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltada à busca e realização de trocas para com o seu ambiente, visando benefícios específicos. O núcleo desta definição é a idéia de troca ou do intercâmbio de quaisquer tipos de valores entre partes interessadas. Mas por mais ampla que possa ser a gama dos objetos transacionais, não é qualquer tipo de troca que merece ser caracterizada como mercadológica, desta maneira, uma empresa que se dedica regularmente à oferta e transação de produtos ou serviços, exercem uma função mercadológica tão indiscutível quanto digamos, uma instituição beneficente voltada a busca ordenada de fontes para doações que ela encaminha a públicos-alvo pré-definidos. TIPOS DE MARKETING O marketing é usado para desenvolver trocas que visam ou não lucros. Trocas visando lucros são a meta de negócios que buscam gerar receitas acima dos custos. Uma organização sem fins lucrativos, por outro lado, pode vender os produtos com um lucro e, depois usa-lo apenas para cobrir seus custos. 5 6 Marketing de Produtos ou bens - destinado a criar trocas para produtos tangíveis. Constitui a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria dos paises, são o sustentáculo da economia. Marketing de Serviços – destinado a criar trocas para produtos intangíveis. À medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividades se concentra na produção de serviços. Empresas aéreas, hotéis, locadoras de automóveis, barbeiros, esteticistas, pessoal de manutenção e reparo, contadores, advogados, médicos, engenheiros, programadores de softwares, consultores gerenciais. Marketing de Pessoas - destinado a criar ações favoráveis em relação a pessoas. O marketing de celebridades tornou-se um grande negócio. Aparece aqui a figura dos assessores de imprensa, agentes, gerentes pessoais e uma grande ligação com profissionais de relações públicas. O “guru gerencial” Tom Peters, especialista no estabelecimento da sua própria marca, tem aconselhado que cada pessoa se torne uma “marca”. Marketing de Lugar – destinado a atrair pessoas para lugares específicos. Grande competição para atrair turistas, fábricas, sedes de empresas e até novos moradores. (Rock in Rio, Cidades que buscam mulheres ou homens por existir defasagem...) Marketing de Causa ou Social – destinado a criar apoio para idéias e questões ou a levar as pessoas a mudar comportamentos socialmente indesejáveis. Utiliza estratégias para coibir o uso de drogas ilícitas ou para aumentar o número de doações de sangue. Destinado também a atrair doadores, membros, participantes ou voluntários. Marketing de Organização – As organizações trabalham para construir uma imagem sólida e positiva na mente do seu público.Vemos anúncios de identidade corporativa veiculados por empresas que buscam maior reconhecimento do publico. Marketing de Eventos – destinado a promover eventos em períodos determinados. Eventos específicos para Olimpíadas, aniversários de empresas, feiras de negócios, eventos esportivos (marketing esportivo), espetáculos artísticos (marketing cultural) Marketing de Experiências – destinado a orquestrar diversos serviços e produtos que possam criar, apresentar e comercializar experiências. Magic Kingdon, o Hard Rock Café, Planet Hollywood. Existe um Mercado para experiências peculiares (esportes radicais, passeios ecológicos...) Marketing de Informações – informações podem ser produzidas e comercializadas como um produto. É essencialmente isso que escolas e universidades produzem e distribuem, mediante 6 7 um preço, aos pais, aos alunos e às comunidades. A produção, a embalagem e a distribuição de informações constituem um dos principais setores econômicos da sociedade de hoje. TIPOS DE DEMANDA PARA MARKETING Demanda: Desejos humanos acessíveis ao poder de compra. Demanda negativa: o mercado em grande parte não gosta do produto e pode até o evita. As pessoas têm demanda negativa por vacinações, tratamento odontológicos, vasectomias, pequenas cirurgias. Os empregadores têm demanda negativa por expresidiários e alcoólatras como funcionários. A tarefa de marketing é analisar por que o mercado não gosta do produto e se um programa de marketing que consista de redesenho de produto, preços menores e promoção mais positiva pode mudar as crenças e atitudes do mercado. Demanda inexistente: Os consumidores-alvos podem estar indiferentes ou desinteressados pelo produto. Muitas vezes desconhecem a existência do produto ou serviço. Assim, os agricultores podem não estar interessados em um novo método de plantio e os estudantes universitários, em cursos de línguas estrangeiras. A tarefa agora do marketing é encontrar maneiras de conectar os benefícios do produto com as necessidades e interesses naturais das pessoas. Demanda latente: Muitos consumidores podem sentir forte necessidade que não pode ser satisfeita por qualquer produto existente. Há forte demanda latente por cigarros que não prejudicam a saúde, bairros seguros e carros que tenham melhor desempenho e muito baixo consumo de combustível. A tarefa de marketing é mensurar o tamanho do mercado potencial e desenvolver bens e serviços eficazes que atendam a essa demanda. Demanda declinante: Qualquer organização, mais cedo ou mais tarde, enfrenta demanda declinante por um ou mais de seus produtos. Os clubes de campo vêm enfrentando declínio no número de associados e as faculdades particulares vêm sofrendo queda no número de matrículas. A organização deve analisar as causas do declínio do mercado e determinar se a demanda pode ser reestimulada encontrando novos mercados-alvos, mudando as características do produto ou desenvolvendo 7 8 comunicação mais eficaz. A tarefa de marketing é reverter à demanda declinante através da recriação do produto. Demanda irregular: Muitas organizações enfrentam demanda que varia em base sazonal, diária ou, mesmo, horária, causando problemas de capacidade ideal ou de saturação. No transporte de massa, o equipamento utilizado é ideal durante horários normais e insuficiente nos horários de pico. Os cinemas estão vazios durante a semana e sobrecarregados nos fins de semana. A salas de cirurgia dos hospitais estão sobrecarregadas no início da semana e ociosas no final. A tarefa de marketing; denominada sincromarketing é encontrar maneiras de alterar o mesmo padrão de demanda através de preço flexível, promoção e outros incentivos. Demanda plena: As organizações enfrentam demanda plena quando estão satisfeitas com seus volumes de negócios. A tarefa de marketing é manter o nível atual da demanda, em face de mudança de preferência dos consumidores e a concorrência crescente. A organização deve manter ou melhorar sua qualidade e, continuamente, mensurar a satisfação dos consumidores para assegurar-se de que está fazendo um bom trabalho. Demanda excessiva: Algumas organizações enfrentam um nível de demanda superior ao que podem ou desejam atender. Assim, os hotéis na alta temporada (dezembro a março), têm um volume maior de hóspedes do que no decorrer do ano. A tarefa de marketing é encontrar maneiras de reduzir a demanda temporária ou transforma-la em permanente (demarketing) Demanda indesejada: Os produtos indesejados atraíram esforços organizados para desencorajar seu consumo. Campanhas de não-venda têm sido realizadas contra cigarros, álcool, entorpecentes, armas e filmes pornográficos. A tarefa de marketing é fazer com que as pessoas desistam de gostar de alguma coisa, usando ferramentas como mensagens atemorizam, aumentos abusivos de preço e redução da disponibilidade destes produtos para o mercado. A importância dessas questões varia de mercado para mercado. Considere os quatro mercados a seguir: Mercado Consumidor – empresas que comercializam produtos e serviços de consumo em massa, como refrigerantes, cremes dentais, aparelhos de tv e passagens 8 9 aéreas. Investem grande parte de seu tempo tentando estabelecer uma imagem de marca superior. Isso exige uma idéia clara de seus clientes-alvo (target), o conhecimento da(s) necessidade(s) que seu produto atenderá e uma comunicação enfática e criativa do posicionamento de marca. Grande parte da solidez de uma marca depende do desenvolvimento de um produto superior, com uma embalagem adequada, sustentado por propaganda contínua e atendimento confiável. Profissionais de marketing de consumo decidem sobre as características, o nível de qualidade, a abrangência da distribuição e os gastos com promoção que ajudarão sua marca a alcançar boa colocação no mercado-alvo. Mercado Empresarial – empresas que vendem bens ou serviços para outras empresas deparam-se com profissionais de compras bem treinados e bem informados, que possuem técnicas para avaliar ofertas competitivas. As empresas que vendem esses produtos devem demonstrar como eles ajudarão seus clientes a atingir suas metas de lucro. Mercado Global – empresas que vendem seus produtos ou serviços no mercado global enfrentam decisões e desafios adicionais. Elas têm que decidir em que países entrar, como entrar em cada país (como exportador, licenciador de franquia, parceiros de joint-venture, fabricante sob contrato ou fabricante autônomo), como adaptar as características de seus produtos e serviços a cada país, como determinar preços e adaptar comunicações para que se encaixem nas práticas culturais de cada país. Essas decisões devem ser tomadas diante de um sistema jurídico diferente, diferentes estilos de negociação, e vários outros detalhes que são específicos de cada localidade. Mercados Sem Fins Lucrativos (Terceiro setor) – empresas que vendem seus produtos ou serviços a organizações sem fins lucrativos, como igrejas, fundações, instituições de caridade ou órgãos públicos, precisam determinar seus preços com cautela, pois essas organizações têm poder de compra limitado. 9 10 A CAPACIDADE DE PRODUÇAO E A CAPACIDADE DE CONSUMO Em uma economia estável, balanceada e utópica, haveria um equilíbrio perfeito entre produção e consumo. Capacidade de Produção Capacidade de Consumo Equilíbrio Exemplificação de economia estável Fonte: COBRA (1997) – Marketing Básico Como o desequilíbrio faz parte da economia de mercado, quando a capacidade de consumo diminui e a capacidade de produção aumenta, surge a necessidade de criar ou estimular o mercado (ou até mesmo abandoná-lo). Em função do desequilíbrio, surge o papel do marketing, tentando estimular o consumo, reduzindo preços ou oferecendo vantagens e divulgando através da propaganda essas ofertas. Todo esforço mercadológico culmina em resultados de manutenção, retração ou ampliação de mercado, de acordo com os objetivos da empresa e sua política comercial. Para atingir os resultados esperados, o esforço estratégico orienta-se para o atendimento dos objetivos dos clientes. Mas essa dinâmica de satisfação múltipla de objetivos da empresa e necessidades dos clientes tem um fator que altera todo o ritmo de processamento: é o meio ambiente, ele tem dinamismo próprio. Daí, dizer-se hoje que a agilidade das decisões empresariais é à força de torque de um empreendimento. O marketing é o orientador da obtenção dos resultados que se ajustam como a caixa de câmbio de um carro às alterações do terreno ou às circunstâncias de uma ultrapassagem. É elemento catalisador de toda a mecânica mercadológica. Engata-se no tempo e no espaço através de quatro marchas. Com uma sutil, porém relevante diferença: o marketing engata essas quatro marchas simultaneamente, e sem tirar o pé do acelerador. 10 11 A qualidade das informações que sustentam essa máquina é de valor considerável: informações sobre todos os fatores que por ventura interfiram e favoreçam a reorientação dos objetivos da empresa. Detalhando: Assim, o marketing estaria durante todo o percurso histórico da empresa com as antenas ligadas à ocorrência desses fatores. Produção Fatores que influenciam na Produção. Consumo MKT Fatores que influenciam no Consumo. Fatores que influenciam na produção e no consumo Fonte: COBRA (1997) – Marketing Básico Muitas empresas se alienam das inovações e das necessidades por elas geradas, enroscam-se em problemas banais de distribuição ou de serviço ao público, porque se arraigaram a um produto disponível e se acomodam dando enfoque exagerado voltado unicamente à produção. E aí surge a indagação: até que ponto os problemas da empresa dizem respeito aos desafios do meio ambiente ou ao desafio interno de uma organização mal estruturada, voltada para dentro em vez de orientar-se para o mercado e para os resultados? 11 12 Informações que interferem na reorientação dos objetivos da empresa. Sobre a Produção Sobre o Consumo Falta de Matéria- Prima Inflação Impostos e Taxas Valores Sociais Falta de Mão-de-obra Calamidades Ausência de Tecnologia Concorrência E outras Restrições de Crédito Mudança no Hábito de Compra E outras Fonte: COBRA (1997) – Marketing Básico É importante observar que o mercado consumidor está cada vez mais esclarecido, consciente de suas necessidades, desejos e expectativas, à espera de ser satisfeito através de produtos e serviços. As empresas têm de se definir no sentido de estabelecer o que é mais importante, desde uma instalação e manutenção até a fase de crescimento. É preciso verificar se o enfoque de produção e de qualidade do produto é questão primordial, para melhor orientar sua decisão de produto e de serviços, ou se existem outras prioridades. ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING A administração de marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. Esta definição reconhece que a administração de marketing é um processo que envolve análise, planejamento, implementação e controle, que envolve serviços e idéias, que se fundamenta na noção de troca; que a meta é produzir satisfação para as partes envolvidas. 12 13 A administração de marketing tem a tarefa de influenciar o nível, o momento e a composição da demanda de maneira a ajudar a atingir seus objetivos, ela é essencial para a busca da demanda. O gestor de marketing administra a demanda, realizando pesquisa de marketing, planejamento, implementação e controle, são nessas fases que devem tomar decisões sobre os mercados-alvos, posicionamento de mercado, desenvolvimento de produto, fixação de preço, canais de distribuição, distribuição física, comunicação e promoção. AS FILOSOFIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Orientação para a Produção: Filosofia que postula que os consumidores preferem produtos que estão disponíveis e que têm preços muito baixos. A administração então, deveria concentrar-se em melhorar a produção e a distribuição. Fazem parte desta filosofia, as empresas que aumentam a produção para reduzir custos e baixar preços. (indústria automobilística – Henry Ford). É preciso produzir bens e serviços, informar os clientes sobre eles, deixar que os clientes venham até você. O papel essencial do marketing orientado para a produção é, entregar produtos em locais onde possam ser comprados. Embora seja muito criticada, há situações em que ela é apropriada. Quando a demanda por produtos e serviços é bem maior do que a oferta, uma orientação para produção pode ser adequada. Orientação para o Produto - A Idéia de que o consumidor prefere os produtos que oferecem melhor qualidade, durabilidade, desempenho e recursos. A organização deveria centralizar seus esforços no produto.Os gerentes de organizações que seguem essa linha se concentram em fabricar produtos de qualidade e em aperfeiçoa-los com o tempo. Entretanto, esses gerentes às vezes se vêem presos em um “caso de amor” com seu produto e não percebem aquilo que o mercado necessita. Orientação para Vendas: Envolve a concentração das atividades de marketing na venda dos produtos disponíveis. È normalmente utilizada quando a oferta de produtos e serviços é maior do que a demanda. Idéia de que o consumidor não comprará uma quantidade de produtos suficiente, a menos que se faça um esforço adicional de vendas e promoção. Este conceito é mais utilizado quando se trata de produtos não-demandados, aqueles que os compradores não pensam em comprar 13 14 (enciclopédias, jazigos). Há ocasiões,em que uma orientação para vendas é adequada. Por exemplo, as lojas às vezes têm um excesso de oferta de mercadorias antigas. Para vende-las, elas baixam o preço a fim de criar demanda. Descrição: Produzir bens e serviços, ir até os clientes e leva-los a comprar. Orientação para o Marketing: Para que se alcance os objetivos organizacionais, é necessário determinar as necessidades e desejos dos mercados-alvo e proporcionar as satisfações desejadas de maneira mais efetiva e eficiente do que seus concorrentes. Filosofia relativamente recente. Assume uma perspectiva de fora para dentro, começa com um mercado bem definido, centrado nas necessidades dos consumidores, coordena todas as atividades de marketing que afetam os consumidores e lucra criando a satisfação do consumidor. Descrição: Descobrir o que os clientes precisam e desejam, produzir bens e serviços que eles dizem precisar e desejar, oferece-los aos clientes. Tentam criar lealdade e competir de forma eficiente com outros. Limitações da orientação para o marketing: primeiro, como foi observado, ela não é apropriada em algumas situações. Em segundo lugar, ao centrar-se apenas nos clientes, ela pode incentivar as organizações a dar atenção insuficiente a outros grupos importantes, como funcionários e fornecedores. Além disso, ignora a capacidade dos concorrentes satisfazerem necessidades de maneira mais efetiva e eficiente. Orientação de Marketing voltado para o Valor – é uma orientação para se alcançar objetivos desenvolvendo valor superior para os clientes. É uma extensão da orientação de marketing. Essa filosofia centra-se não só nos clientes, mas, nas maneiras de criar valor para eles. Pressupõe que as avaliações de valor dos clientes podem mudar ao longo do tempo e em diferentes situações. É o conceito mais recente entre as cinco filosofias citadas. Este questiona se o conceito de marketing tradicional é adequado a uma época de problemas ambientais, escassez de recursos naturais, rápido crescimento populacional, inflação mundial e negligência de serviços sociais. Preocupa-se em saber se a empresa que percebe, serve e satisfaz desejos individuais está também fazendo o que é melhor para os consumidores e para a sociedade em longo prazo. (Coca Cola, pouco valor nutritivo, prejudicial à dentição das pessoas, possui cafeína e aumenta o problema de lixo com suas latas e garrafas descartáveis). Um bom exemplo é a 14 15 Johnson & Johnson, a empresa possui um documento “O credo” que enfatiza a honestidade, integridade e coloca as pessoas antes dos lucros. (Caso Tylenol – 8 mortes, comprimidos com cianureto – prejuízo de 240 milhões de dólares). Orientação de Marketing Societal – algumas pessoas questionam se a orientação de marketing é adequada a uma época de deterioração ambiental, escassez de recursos, explosão demográfica, fome e miséria em todo o mundo e serviços sociais negligenciados. As empresas que fazem um excelente trabalho em relação à satisfação de desejos de consumidores estão necessariamente agindo segundo os melhores interesses de longo prazo dos consumidores e da sociedade? O conceito de marketing não aborda os conflitos potenciais entre desejos e interesses dos consumidores e o bem-estar social a longo prazo. Ex: setor de fast-food com alimentos pouco saudáveis, excesso de lixos por causa das embalagens... Esse tipo de orientação de marketing sustenta que a tarefa da organização é determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvo e fornecer as satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que a concorrência, de uma maneira que preserve ou melhore o bem-estar do consumidor e da sociedade. Exige que as empresas incluam considerações sociais e éticas em suas práticas de marketing. Deve existir um equilíbrio entre os lucros para a empresa, satisfação dos desejos dos consumidores e o interesse público. Ex: lucros doados para instituições, ingredientes naturais... Denominado também de Marketing de Causas Sociais: “atividade por meio da qual uma empresa com uma imagem, produto ou serviço a ser comercializado estabelece uma parceria ou um relacionamento com uma “causa”, em benefício mútuo. As empresas vêem isso como uma oportunidade de as empresas intensificarem sua reputação corporativa, aumentarem a conscientização de marca e a fidelidade dos clientes, incrementarem as vendas e chamarem a atenção da imprensa. Acreditam também que os clientes procurarão cada vez mais demonstrações de cidadania por parte das empresas. Venda ou Marketing Na verdade, o conceito de venda, no passado, visualizava o lucro através da venda, e utilizava como meio, uma integração entre venda e promoção, sendo o foco o produto. Hoje, o foco é a necessidade do cliente, o meio é o marketing integrado, por fim, a obtenção do 15 16 lucro como a satisfação do cliente. Dessa maneira, o meio não é a venda em si, mas o marketing dentro da venda com a finalidade de satisfazer o cliente. A figura, abaixo, ilustra essa evolução de conceituação. Antes Hoje Foco Meio Produto Venda e Promoção Lucro com a venda Necessidade do Cliente Marketing Integrado Lucro c/ a satisfação do cliente Fim Diferença entre marketing e venda: evolução do conceito. Fonte: Kotler (1998) - Administração de Marketing As práticas de marketing têm um enorme impacto na nossa sociedade. Diferentes objetivos foram propostos para um sistema de marketing, tais como maximizar o consumo, a satisfação do consumidor, a escolha do consumidor ou qualidade de vida. O interesse pelo marketing tem crescido à medida que mais organizações no ramo de negócios, organizações sem fins lucrativos e de âmbito internacional descobrem as formas através das quais o marketing pode melhorar seu desempenho. Referências Bibliográficas: KOTLER, Philip; Armstrong, Gary. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1993. (página 2) COBRA, Marcos. Marketing Básico: uma perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 1997. (página 20 KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. (página 29) CHURCHILL, Gilbert; PETER, J.Paul. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. (página 5) 16