ESQUEÇA O MARKETING O Marketing surge da transformação econômica e social dada ao final da II Guerra, no momento em que os países europeus iniciam o processo de reconstrução de suas economias, principalmente os mais afetados pela desolação dos conflitos armados. Tal reconstrução, liderada pelos EUA, promoveu as empresas norte-americanas condições de ampliarem seus negócios aos países atingidos, e junto a isso, observou-se o crescimento de um novo tipo de consumidor, exigente, imediatista, e com sede de aproveitar melhor a vida com o consumo de produtos e serviços. Os novos consumidores, ladeados pelos EUA e URSS, convivem com a realidade de uma possível guerra nuclear entre as duas potências, o que os motiva, por um lado, a se mobilizarem contra a corrida nuclear, porém, por outro lado, surgem aqueles que valorizam os projetos de vida e as aplicações na poupança para o futuro dos descendentes. A tecnologia proporciona o gozo imediato pela vida e desejos de realizações. Com isso, as empresas passam a se preocupar em conhecer melhor seus consumidores, buscam maneiras de atender suas expectativas. As universidades, com essa nova demanda, incorporam em seus cursos voltados aos negócios, disciplinas que privilegiam pesquisa e análise de consumidores. Nasce assim, na década de 50, disciplinas dedicadas ao estudo do mercado, a Mercadologia. Com o tempo, a limitação do termo Mercadologia é substituída por Marketing, que derivadas da palavra Market – mercado, e adicionando o sufixo ing – sinalizava que tudo relacionado ao mercado estaria subsumido pelo Marketing. Tal expressão absorveria para si a pesquisa, desenvolvimento de novos produtos, gerência de produtos, logística de vendas, precificação, controle de vendas, propaganda, etc. No inicio da década de 60 surgem os 4 P´s, por Jerome McCarthy – Product (produto), Price (preço), Place (lugar ou ponto de venda) e Promotion (promoção), vindo assim a caracterizar o mix de marketing, e ser, para todas as instituições, com ou sem fins lucrativos, a forma de interação com o mercado. As transformações no campo sociocultural, a partir dos anos 80, e a crescente busca pela “globalização”, proporcionaram o desenvolvimento e a compreensão da gestão empresarial, porém, carregando com ela, os inadequados usos da expressão Marketing. QUADRO: FLUXOGRAMA SISTEMICO DE UMA EMPRESA De maneira simplista, tudo o que “sai” da empresa (outputs) é conseqüência da correta entrada e transformação (inputs e throughputs) dos elementos na organização. Assim, o Marketing não cabe apenas ao Departamento de Marketing, mas a todos que fazem parte da empresa. Por fazer referencia a diversas atividades, a expressão Marketing vem se desgastando, como por exemplo: se a empresa apresenta um produto ruim, preços altos e má distribuição, costuma-se dizer que o produto é ruim, mas o marketing é bom, quando na verdade, o correto é entender que a comunicação é boa, porém o marketing é péssimo. Existem ainda, aqueles que por verem empresas patrocinando casas de espetáculos, galerias e exposições, estão fazendo “Marketing Cultural”. Bancos são bons exemplos de tal ilustração, porém o marketing bancário é para seus produtos e serviços financeiros, e o patrocínio a eventos é para divulgação de sua marca juntos aos consumidores/clientes. Sendo assim, a comunicação é um dos elementos do Marketing com a função de tornar comum e compartilhar o que as empresas apresentam de melhor ao mercado. A comunicação nas organizações pode ser caracterizada em 3 grupos: Comunicação administrativa: se refere ao gerenciamento da organização em seus aspectos formais; Comunicação institucional: trabalha com a imagem e o conceito da instituição; Comunicação comercial: relaciona a organização com seus fornecedores e clientes, listando a propaganda, promoção de vendas e merchandising. Com isso, consideremos mais algumas errôneas expressões: “Marketing Direto” – utilizado para caracterizar a estratégia da empresa em direcionar, a seus clientes, produtos, promoções, preços, etc. O correto é “Comunicação Direta”; “Marketing Promocional” – quando o correto é dizer que a empresa priorizará ferramentas de Promoção de Vendas; “Marketing de Incentivos” – quando se quer definir programa de incentivo a vendas como base de estratégia de comunicação. “Marketing Digital” – referindo-se a internet como veículo de comunicação. Adequadamente, deve-se utilizar a expressão “Comunicação Digital”; “Marketing de Relacionamento – forma de caracterizar o esforço da empresa em relacionar-se com o mercado. A organização deve se comunicar e ter boas relações não apenas com os clientes, mas com todos os outros públicos que a cerca, sendo assim, a correta expressão é “Relações Publicas”. Assim, ESQUEÇA O MARKETING, antes que sejam criadas novas expressões que vulgarizem o real sentido da expressão...