consequencias do abuso sexual intrafamiliar

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FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
A RELAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E O DOCENTE NO
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM
TDAH
Léia Alves da Silva Brandão
APARECIDA DE GOIÂNIA
2010
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LÉIA ALVES DA SILVA BRANDÃO
A RELAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E O DOCENTE NO
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM
TDAH
Artigo apresentado ao Instituto Superior de Educação da
Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação do professor
Ms. José Calixto de Souza Pires, como parte dos
requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.
APARECIDA DE GOIÂNIA
2010
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FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO
A RELAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E O DOCENTE NO
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM
TDAH
Aparecida de Goiânia, ___ de dezembro de 2010.
EXAMINADORES
Orientador - Prof. Ms. José Calixto de Souza Pires - Nota:___ / 70
Primeiro examinador - Prof.(a) Ms. ----- - Nota:___ / 70
Segundo examinador - Prof.(a) ----- - Nota:___ / 70
Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70
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A RELAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E O DOCENTE NO DESENVOLVIMENTO DA
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TDAH
Léia Alves da Silva Brandão1
RESUMO: O artigo em questão aborda a temática do Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade – TDAH. Um transtorno de alta prevalência em crianças
da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. As principais
características do TDAH são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, que
dificultam os relacionamentos sociais e familiares e prejudicam o desenvolvimento
escolar da criança. Este artigo tem como objetivo geral analisar a relação entre a
família e o docente no desenvolvimento da criança com TDAH no processo de
ensino/aprendizagem. E como objetivos específicos entender as características do
TDAH para uma compreensão mais ampla dos recursos que facilitam o
desenvolvimento da criança; levantar aspectos que favoreçam o envolvimento da
família e da escola no processo de ensino/aprendizagem da criança com TDAH e
identificar e analisar a relação entre a família da criança com TDAH e o professor na
perspectiva do ensino/aprendizagem. A metodologia utilizada foi baseada em
pesquisas bibliográficas. Os resultados confirmaram que a intervenção dos
profissionais da escola tem um papel muito importante no tratamento deste
transtorno; sendo fundamental a união da família e o apoio de todos os envolvidos;
ressaltando que é indispensável estabelecer um vínculo de parceria, entre o professor
e a família para a análise criteriosa das intervenções que contribuem para o
desenvolvimento da aprendizagem da criança com TDAH.
Palavras-Chaves: TDAH. Família. Escola. Professor.
INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno de
grande incidência na infância. Seus sintomas e suas limitações podem causar inúmeras
dificuldades, principalmente no desempenho escolar e no convívio social da criança. Este
transtorno é caracterizado pela prevalência da desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Apesar de ser um tema que está em questão, o TDAH ainda é alvo de compreensões
equivocadas. A falta de conhecimento sobre suas características e particularidades facilita a
construção de preconceitos, sendo muitas vezes confundido com dificuldade de
aprendizagem, preguiça, desinteresse e principalmente desobediência.
O tratamento deste transtorno requer muita dedicação de todos os envolvidos, família,
escola e profissionais da saúde, para a construção de um tratamento que obtenha bons
resultados a curto, médio e longo prazo.
O presente artigo tem como objetivo geral analisar a relação entre a família e o
docente no desenvolvimento da criança com TDAH no processo de ensino/aprendizagem, e
1
Graduanda em Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser.
5
como objetivos específicos entender as características do TDAH para uma compreensão mais
ampla dos recursos que facilitam o desenvolvimento da criança; levantar aspectos que
favoreçam o envolvimento da família e da escola no processo de ensino/aprendizagem da
criança com TDAH; e identificar e analisar a relação entre a família da criança com TDAH e
o professor na perspectiva do ensino/aprendizagem.
O problema que motivou esta pesquisa tem como pressuposto analisar quais vínculos a
família e o docente precisam estabelecer para colaborar com o desenvolvimento da criança
com TDAH.
Este trabalho está estruturado em três partes: introdução, fundamentação teórica e
conclusão. A introdução tem o papel de apresentar o tema ao leitor e possibilitar a
compreensão prévia sobre o que será tratado no trabalho.
No desenvolvimento da fundamentação teórica deste trabalho, a compreensão sobre
vários aspectos do tema ampliam-se para uma abordagem mais aprofundada. Inicialmente fazse a contextualização histórica do transtorno, apresenta-se o conceito do TDAH, suas causas,
características e como deve ser realizado seu diagnóstico. Aborda-se também o papel da
escola, da família e do educador frente ao TDAH, apresentando as possíveis intervenções que
podem auxiliar no desenvolvimento da criança.
Esta pesquisa além de ressaltar que o TDAH está presente em nosso contexto há muito
tempo, também apresenta a visão e as pesquisas de vários autores que contribuem para a
compreensão sobre o transtorno. Porém, o TDAH ainda é alvo de preconceitos, suas causas e
características ainda não são compreendidas, bem vistas e aceitas por grande parte da
sociedade a qual esta criança é inserida, e isto só dificulta o seu desenvolvimento.
As considerações finais têm a finalidade de responder se os objetivos geral e
específicos foram alcançados, apresentar uma resposta ao problema da pesquisa e mostrar os
principais resultados obtidos, buscando orientar aqueles que lidam diretamente com este
transtorno.
Por meio desta pesquisa a família, a escola e o docente da criança com TDAH poderão
encontrar caminhos que favoreçam uma atuação mais consciente, e principalmente com
intuito de promover o desenvolvimento desta criança. A pesquisa evidencia os aspectos que
os pais, a escola e o docente precisam conhecer e compreender para facilitar o
desenvolvimento desta criança, e até mesmo para saber diferenciar comportamentos
inadequados, de limitações e sintomas do TDAH.
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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE-TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), conforme pesquisas
atuais, atinge de 3% a 5% da população infantil. Estudos estimam que a cada vinte alunos das
séries iniciais, pelo menos uma criança apresentará seus sintomas. Para uma compreensão
mais ampla deste transtorno, torna-se indispensável conhecer sua história, perceber quais
alterações ocorreram ao longo do tempo e seus avanços até os dias atuais.
Conforme Rohde et al. (2004), na metade do século XIX começaram as publicações
das primeiras referências médicas sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
que passou por várias mudanças em sua nomenclatura.
Segundo Rotta (2006), o pediatra inglês George Frederidk Still foi o pioneiro nos
estudos sobre o TDAH. Em 1902 ele estudou uma série de crianças com condutas
consideradas inadequadas, ou seja, que desafiavam, descumpriam regras, demonstravam
agressividade e indisciplina. O mesmo acreditava que estas crianças tinham certa dificuldade
na inibição de respostas aos estímulos, e considerou como a possível causa a hereditariedade.
Leite (2002) reforça que George Frederidk Still nomeou este conjunto de condutas
inadequadas como Defeito na Conduta Moral.
Em 1904 Meyer e, ainda Goldstein em 1936, observaram comportamentos similares
ao descrito por Still em crianças que sofreram lesões cerebrais traumáticas e sugeriram os
termos Distúrbio Orgânico do Comportamento e Lesionado Cerebral (Goldstein, 2001).
Já em 1937, Bradley observou que a anfetamina, droga estimulante do sistema nervoso
central, tinha efeito calmante em crianças muito agitadas, e isto foi interpretado como uma
“reação paradoxal”, pois era oposto ao resultado esperado. Esta reação foi considerada por
muitos uma verdadeira comprovação do transtorno, pois demonstrava que o indivíduo que
apresentasse esse sintoma após receber anfetamina seria um Lesionado Cerebral, enquanto
que os sujeitos considerados normais demonstravam um efeito estimulante.
Petry (1999) afirma que o TDAH recebeu o nome de Lesão Cerebral Mínima (LCM)
na década de 1940. O mesmo autor menciona que as dificuldades de se comprovar que se
tratava realmente de uma lesão, possibilitaram a utilização de uma definição funcional,
denominada como uma síndrome de conduta, tendo como principais sintomas a atividade
motora excessiva e o déficit de atenção.
O termo Hiperatividade surgiu apenas em 1957 por Laufer e Denhoff, e
posteriormente em 1960 por Stella Chess, que afastou a possibilidade de a hiperatividade estar
7
relacionada a uma lesão cerebral mínima (Silva, 2009). Chess acreditava que o transtorno
estava ligado diretamente a genética individual e não às lesões cerebrais que o ambiente
poderia causar.
Em 1962 durante um encontro em Oxford (Inglaterra), a nomenclatura LCM foi
alterada, porque estudos mostraram que este transtorno era mais ligado a disfunções em vias
nervosas do que em lesões. A denominação de LCM foi abandonada e optou-se pela
utilização do termo Disfunção Cerebral Mínima (DCM).
Para Silva (2009), foi na década de 1970 que começaram a perceber que o déficit de
atenção poderia ocorrer mesmo sem a presença da hiperatividade. Essas constatações foram
possíveis graças à teoria apresentada por Virgínia Douglas.
Na década de 1980, após tantas modificações em sua terminologia, o TDAH foi
incluído no DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) com a
nomenclatura Distúrbio do Déficit de Atenção.
Apenas no século XX, precisamente em 1994, é que o termo TDAH passou a ser
utilizado para definir um conjunto de fatores, entre eles a hiperatividade e impulsividade,
consideradas mais constantes em relação a indivíduos com desenvolvimento aproximado.
Ainda neste ano, a Associação Americana de Psiquiatria dividiu as predominâncias do
TDAH em:
Déficit de Atenção DA: predominante desatento;
Déficit de Atenção DA/HI: predominante imperativo-impulsivo;
Déficit
de
Atenção
TC:
onde
os
sintomas
de
desatenção
e
hiperatividade/impulsividade estão presentes no mesmo grau de intensidade.
A organização mundial de saúde (OMS) por meio da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde - CID-10 e do DSM–IV
representam a junção dos sintomas do TDAH. Cada doença recebe um código que une seus
sintomas específicos facilitando um diagnóstico mais preciso.
Schwartzman (2001) afirma que o TDAH atualmente é um dos transtornos
comportamentais crônicos mais comuns na infância. O diagnóstico deste transtorno aumentou
consideravelmente nos últimos anos e a quantidade de crianças que recebem medicações
estimulantes por conta deste diagnóstico é relativamente preocupante.
Percebe-se que o TDAH é alvo de estudos desde o século XIX, e apesar de ser um
tema que já existe a mais de um século e meio, vários profissionais da educação se encontram
de mãos atadas quando se deparam com os sintomas deste transtorno na escola. A limitação
do conhecimento sobre o que venha ser o TDAH e seus principais sintomas é um dos fatores
8
que impossibilitam uma atuação eficaz que facilite o desenvolvimento cognitivo satisfatório e
sem traumas da criança com TDAH. Portanto, torna-se indispensável à busca por
compreensões, por novos conhecimentos que facilitem e capacitem as instituições escolares
para que ela cumpra com o seu dever de educar.
Segue na tabela abaixo um apanhado histórico das nomenclaturas adotadas para
identificar casos clínicos de TDAH de 1900 a 2004.
Tabela 1: Histórico da nomenclatura e sintomas/critérios para definir o TDAH
Ano
Nomenclatura
Sintomas/Critérios
Defeito de Conduta Moral
Déficit de atenção e hiperatividade
1900
Distúrbio Orgânico do Comportamento
Lesão cerebral traumática
1904
Desordem Pós – Encefálica
Inquietação, desatenção, impaciência
1922
Lesão Cerebral Mínima
Problemas de manutenção da atenção,
1940
regulação do afeto, atividade e memória
1957/1960
1960
1960
1962
Hiperatividade
Excesso de atividade motora
Reação Hipercinética
da Infância
Síndrome Hipercinética
Disfunção Cerebral Mínima
DSM – II
Déficit atencional e no controle de
impulsos
Distúrbio do Déficit de Atenção
1980
Distúrbio do Déficit de
1987
Atenção/Hiperatividade
Transtornos Hipercinéticos
1993
Transtorno do Déficit de
1994/2002
Atenção/Hiperatividade
Fonte: SENA, 2008, p. 245
1972
CID – 9
Comportamento hiperativo causador de
dificuldades escolares
Problemas de atenção e impulsividade
DSM – III
DSM – III – R
CID – 10
DSM – IV / DSM – IV – TR
O QUE É TDAH?
Segundo Biaggi (1996) o TDAH é um conjunto de sintomas e sinais, ou seja, é um
transtorno que só pode ser diagnosticado se o indivíduo apresentar um número de sintomas
em um determinado tempo. Sendo assim, existem casos de pacientes com TDAH que
apresentam o transtorno, no entanto, em condições diferentes.
Já Bastos, Thompson e Martinez (2000) afirmam que o TDAH é um distúrbio genético
provocado pela baixa produção de hormônios como adrenalina e noradrenalina, que são
responsáveis pelo controle de alguns sistemas como o da atenção, da motricidade e o da
motivação. Estudos neurológicos afirmam que os baixos níveis desses hormônios podem
provocar uma hipoativação desses sistemas, ou seja, sintomas do transtorno.
9
De acordo com Barkley (2002), o TDAH é um transtorno que dificulta o autocontrole
em momentos que é preciso manter a atenção, os impulsos e os níveis de atividades. Ele leva
o indivíduo a situações indesejáveis, a constrangimentos e irritações.
Nota-se que os autores acima apresentam informações que se completam, e
possibilitam uma compreensão maior do que vem a ser o TDAH. Cada um dá sua
contribuição de maneira particular e este apanhado de observações são caminhos para uma
compreensão melhor sobre este transtorno.
Conforme Rohde (1999), estudos apontam uma disfunção na região frontal do cérebro
de crianças com TDAH. Esta região além de ser uma das mais desenvolvidas na criança é a
responsável pelo controle comportamental ou autocontrole. Estes estudos demonstram que os
neurotransmissores das crianças com TDAH, responsáveis por transmitir informações entre os
neurônios, parecem ter funcionamento e quantidade inferiores a de crianças com
desenvolvimento compatível.
Silva (2009) ressalta que é importante lembrar que a compreensão de déficit como
uma deficiência absoluta e imutável é equivocada. O indivíduo com TDAH não pode ser
tratado como quem tem uma disfunção cerebral, seu comportamento pode ter consequências
positivas ou negativas de um funcionamento peculiar característico deste transtorno.
A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) conceitua o TDAH como um
transtorno neurobiológico de origem genética que se inicia na infância e tende-se a percorrer
por toda a vida do indivíduo. Porém, Goldstein e Goldstein (2009) afirmam que a
hiperatividade é um problema mais comum e persistente na infância do que em outras etapas
da vida.
Para Benczik (2002), a criança com TDAH tem as mesmas características de qualquer
outra criança, porém bem mais excessivas. Ela parece não parar, está sempre agitada e
distraída, muitas vezes não consegue controlar seus impulsos e não se concentra com
facilidade. Além da falta de controle, a criança com TDAH também não tem uma boa
aceitação quando é contrariada ou frustrada e apresenta uma autoestima baixa devido aos
repetidos problemas vividos.
Para Goldstein e Goldstein (2009), as principais características do TDAH são:
desatenção, impulsividade e hiperatividade. Essas características apresentadas de forma
isoladamente podem não ser sintomas de TDAH, por isso tamanha é a importância de uma
contextualização de cada caso para um diagnóstico correto.
Percebe-se que não é possível apontar um conceito fechado e único para o TDAH, mas
é possível notar que este transtorno tem uma interferência direta no controle da atenção, das
10
emoções e dos níveis de atividade da pessoa principalmente na infância, durante o início das
atividades escolares.
Rotta (2006) define o TDAH como uma síndrome neurocomportamental caracterizada
principalmente pela persistência de desatenção e hiperatividade. Já Barkley (2002) o
considera um transtorno do desenvolvimento do autocontrole, principalmente durante a
realização de tarefas que exijam uma maior concentração, controle de impulsos e dos níveis
de atividade. Para Topczewski (1999), o TDAH pode ser considerado clinicamente
heterogêneo, pois varia em graus de comprometimento e de respostas aos tratamentos
utilizados.
Nota-se que a definição deste transtorno ainda é desconhecida ou encarada de forma
equivocada por muitos. Torna-se imprescindível a ampliação do conhecimento sobre este
transtorno para derrubar paradigmas e preconceitos que só dificultam e impedem um bom
desenvolvimento das crianças com TDAH.
CAUSAS DO TDAH
Goldstein e Goldstein (2009) afirmam que nas décadas de 1960 e 1970 muitos
acreditavam que a hiperatividade era provocada por lesões ocorridas durante o parto. Esta
justificativa era bem aceita, pois facilitava a compreensão sobre os problemas enfrentados
pelos filhos e também afastava a hipótese do problema estar na criação dos mesmos.
Segundo Mattos (2004) e Barkley (2002), o TDAH não pode ser generalizado ou
reconhecido por uma única causa, mas sim por diversas constatações que foram desenvolvidas
cientificamente a partir de estudos ao longo dos anos. Grande parte das pesquisas que
examinaram a etiologia deste transtorno é correlacional, ou seja, pode resultar de vários
mecanismos causais.
Du Paul e Stoner (2007) relatam que o TDAH pode ser causado por vários fatores
como: variáveis neurobiológicas (diferenças estruturais no cérebro), influências hereditárias,
sofrimento fetal e toxinas ambientais. No entanto, os mesmos autores afirmam que os fatores
situacionais e os constrangimentos vividos por estas pessoas também podem agravar ou
reduzir os sintomas deste transtorno. Ainda, segundo eles os fatores neurobiológicos podem
levar a criança com TDAH a taxas mais altas de impulsividade e atividade ou taxas mais
curtas de atenção e concentração.
11
Nota-se que os autores acima afirmam que as principais causas desse transtorno são
biológicas e genéticas, porém não descartam a possibilidade de que os fatores emocionais
podem prejudicar ainda mais o desenvolvimento desta pessoa.
Rotta (2006) aponta a interação gene-ambiente como um fator desencadeante do
TDAH. Já Guardiola (2006) afirma que os fatores ambientais pré-natais, paranatais e pósnatais podem desencadear o transtorno. Os pré-natais são variáveis como infecções,
hemorragias e doenças crônicas que podem afetar o sistema nervoso fetal. Os paranatais
podem ocorrer durante o parto, seja através da mãe, da criança ou até mesmo por
complicações no parto. E os pós-natais são relacionados a acidentes vasculares, traumatismos
e infecções do sistema nervoso.
Topczewski (1999) alega que o tabagismo durante a gravidez, o nascimento prematuro
e o baixo peso ao nascer, a exposição a neurotoxinas, a exposição intra-uterina às drogas e os
conflitos familiares são fatores que aumentam o risco de ocorrência do TDAH.
É notável a relevância das variáveis ambiente e família no desencadeamento do
TDAH. Empreendimentos preventivos devem ser aplicados antes, durante e depois do
nascimento. Da gestação a uma interação saudável entre família e criança, esses cuidados são
extremamente importantes no caso do TDAH.
Segundo Rohde (1999), estudos confirmam que as crianças com TDAH têm uma
disfunção na região frontal do cérebro, região esta responsável pela inibição do
comportamento e pelo autocontrole. Os mesmos estudos demonstram que existem alterações
nas conexões da região frontal, com os neurotransmissores que passam informações entre os
neurônios e interligam diversas áreas do cérebro. Os neurotransmissores de quem tem TDAH
apresentam alterações em quantidade ou em funcionamento.
Rohde e Benczik (1999) afirmam que estas alterações no funcionamento do cérebro do
indivíduo com TDAH são causadas pela hereditariedade. Não significa que o transtorno vai
ser obrigatoriamente herdado pelo indivíduo, mas a hereditariedade deixa esta pessoa mais
vulnerável ao transtorno.
Para Cypel (2001) são muitos os fatores que podem causar TDAH, e esta variedade se
apresenta de forma distinta para cada caso, o que torna impossível a identificação do
transtorno de forma geral. Partindo deste pressuposto nota-se que as causas do TDAH não são
definidas de forma clara e precisa. Os fatores causais são amplos e podem ser modificados de
acordo com o estudo e descobertas de novos casos.
Du Paul e Stoner (2007) consideram o TDAH como multifatorial, pois abrange fatores
genéticos e ambientais combinados a partir de inúmeras possibilidades.
12
De acordo Goldstein e Goldstein (2009), a hereditariedade é a causa mais frequente e
está claramente relacionada ao TDAH. Crianças hiperativas têm quatro vezes mais chances de
ter outras pessoas na família com TDAH, do que crianças que não tem o transtorno.
Para Roman, Rohde e Hutz (2001) identificar as possíveis causas da suscetibilidade
deste transtorno é fundamental, uma vez que esta descoberta estará diretamente ligada a uma
possível prevenção e a um tratamento mais eficaz.
Nota-se que inúmeras são as possíveis causas deste transtorno, algumas podem ser
evitadas, outras como a hereditariedade, não. Cabe aos responsáveis a busca pela
compreensão das causas, para que sejam esclarecidos os fatores que provocaram o transtorno
na criança, servindo como um ponto de partida para o tratamento.
CARACTERÍSTICAS DO TDAH
Tompson (2002) acredita que a característica fundamental do TDAH é a incapacidade
de inibir reações imediatas de impulso. O indivíduo se comporta como se não refletisse antes
de agir, suas reações se apresentam de forma espontânea e explosiva.
Esse transtorno dificulta o controle das ações, a impulsividade leva a criança a
interromper a fala de outras pessoas, devido a dificuldade que a mesma tem de esperar sua
vez.
Segundo Castro e Nascimento (2009) alguns sintomas do TDAH aparecem cedo, antes
mesmo de andar, algumas crianças demonstram inquietações que já podem ser indícios do
transtorno. Quando a criança inicia sua vida escolar, torna-se mais fácil a observação dos
sintomas. Alguns demonstram mais energia que outros e é neste momento que é preciso
realizar um diagnóstico preciso para que uma simples agitação não seja confundida e tratada
como TDAH. As crianças que têm o predomínio da desatenção apresentarão maior
dificuldade com o passar dos anos, quando os conteúdos escolares exigirem maior
complexidade e atenção.
De acordo com os mesmos autores, esse transtorno não pode ser considerado uma
doença, porque nem todos os indivíduos que têm o TDAH apresentam os mesmos sintomas.
O TDAH é uma síndrome que estará presente caso o indivíduo se enquadre em alguns de seus
sintomas. Logo, cada pessoa com TDAH poderá demonstrar sintomas completamente
diferentes.
Ainda, para os autores, o TDAH tem sido considerado como um dos principais
problemas crônicos da infância. Seu tratamento é basicamente medicamentoso e
13
psicoterápico. Os medicamentos não curam o TDAH, no entanto ajudam a normalizar as
funções do cérebro.
Nota-se que as características do TDAH podem ser vistas antes mesmo da idade
escolar. Por isso a observação da criança, realizada pela família, precisa ser criteriosa, para
afastar possíveis falsos diagnósticos e até mesmo para não adiar o tratamento se este for o
caso.
Para Goldstein e Goldstein (2009), as crianças com TDAH apresentam as mesmas
dificuldades de comportamento que as crianças sem o transtorno, porém estas dificuldades
surgem de forma muito mais acentuada em quem tem o transtorno. Os autores mencionam
que alguns estudos apontam que as meninas com TDAH têm menos problemas de
agressividade que os meninos. Elas sofrem mais problemas voltados para o humor e para a
emoção. Porém, não é possível afirmar essas diferenças, apenas é possível constatar, a partir
de observações, que a agressividade e a impulsividade se apresentam de forma mais
acentuadas nos meninos.
Percebe-se que as dificuldades que a criança com TDAH passa são bem semelhantes
às dificuldades normais de qualquer criança da mesma idade, o que precisa ser bem observado
é a constância dessas manifestações de agressividade, impulsividade, falta de atenção e
hiperatividade.
Razera (2001) afirma que o TDAH além de ser um transtorno neurológico, apresenta
uma tríade de sintomas clássicos caracterizados por desatenção, hiperatividade e
impulsividade.
Para Castro e Nascimento (2009), algumas características indicam a presença do
transtorno, tais como: o tempo de duração, a frequência, a intensidade e a persistência dos
sintomas de hiperatividade, desatenção e impulsividade em vários ambientes e o prejuízo
clínico significativo, ou seja, se a criança apresenta os sintomas, mas isso não prejudica seu
desenvolvimento, é possível que eles estejam voltados para o tipo de temperamento da criança
e não necessariamente indique TDAH.
O DSM – IV (1995) caracteriza o TDAH a partir de dezoito sintomas, sendo nove
sintomas de desatenção e nove de hiperatividade – impulsividade:
Sintomas de desatenção: A criança com TDAH apresenta grande dificuldade para manter a
atenção durante atividades cujos estímulos não despertam seu interesse. Ela não consegue
permanecer concentrada do mesmo jeito das outras crianças que não têm o transtorno. As
características da desatenção são:
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Falta de atenção a detalhes ou cometer erros por descuidos;
Ter dificuldade em manter a atenção durante atividades lúdicas;
Não ouvir quando lhe é dirigido à palavra
Apresentar dificuldades para cumprir instruções e terminar atividades;
Não ter organização nas tarefas e recusar atividades que exijam esforço mental;
Perder objetos necessários para a realização de atividades;
Distração excessiva;
Frequentemente parece esquecer-se das rotinas.
Sintomas de hiperatividade e impulsividade: Aparentam estar constantemente inquietos, é
como se tivesse a necessidade de estar sempre em movimento ou ocupados, parece ser
incapaz de permanecer sentado ou de esperar sua vez para falar. As característica da
hiperatividade e impulsividade são:
Agitar com frequência os membros inferiores e superiores e mexer-se constantemente
na cadeira;
Levantar em momentos que é necessário ficar sentado, correr ou pular em situações
inapropriadas;
Ter dificuldade para brincar, ficar em silêncio e estar sempre agitado;
Falar em demasia e dar respostas precipitadas;
Ter dificuldade em esperar sua vez e intrometer em assuntos dos outros.
Nota-se que as crianças com TDAH passam por muitas dificuldades, porém estas
dificuldades não podem ser aceitas apenas como sintomas do transtorno. Elas precisam ser
trabalhadas através da imposição de limites e orientações sem demonstrar irritabilidade. A
repetição das orientações é algo que precisa manter-se constante para facilitar o
armazenamento destas informações, já que esta capacidade de armazenar é uma limitação do
transtorno.
DIAGNÓSTICO DE TDAH
Du Paul e Stoner (2007) afirmam que para ser diagnosticada com o TDAH a criança
deve exibir pelo menos seis dos nove sintomas de desatenção e/ou pelo menos seis dos
sintomas de hiperatividade/impulsividade em vários contextos.
Os mesmos autores explicam que a avaliação desses sintomas em primeiro momento
envolve os pais, a própria criança e a escola na coleta de dados. O relato de sintomas na
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escola deve ser feito pelo professor e não pelos pais, para que não misturem os sintomas de
casa com os da escola. Esta primeira avaliação é só o início do caminho para um possível
tratamento desta criança, que será traçado por profissionais (neuropediatras, psicopedagogos e
psiquiatras) que a partir de várias informações buscarão o que for melhor e mais eficaz.
Percebe-se que para o TDAH seja diagnosticado, os sintomas devem permanecer por
pelo menos seis meses e devem estar presentes em pelo menos dois contextos (ex: casa e na
escola). De acordo com o DSM-IV (1995) é muito raro o indivíduo apresentar os mesmos
comportamentos em todos os ambientes que vive ou no mesmo ambiente em todos os
momentos. Além disso, para um diagnóstico seguro deve-se atentar para a intensidade e a
persistência dos sintomas.
Nota-se que para chegar ao diagnóstico deste transtorno torna-se imprescindível o
envolvimento e a troca de informações entre família, profissionais da saúde e escola, que
precisam ser coerentes e verdadeiras. Para que isso ocorra, a observação das reações da
criança precisa ser minuciosa.
Goldstein e Goldstein (2009) ressaltam que para evitar um diagnóstico falso-positivo
ou falso-negativo de TDAH, torna-se necessário percorrer um processo que passa por cinco
etapas. A primeira etapa baseia-se em verificar se a criança enquadra-se nos sintomas
definidos pelo DSM – IV, se os sintomas começaram antes dos sete anos de idade e se já
manifestam a mais de seis meses. A segunda etapa exige a elaboração de um questionário
onde pais e professores descrevem o comportamento da criança. A terceira etapa recolhe
dados objetivos e científicos com um teste direto e com a observação do comportamento e das
habilidades da criança na sala de aula. A quarta etapa é mais criteriosa, pois avalia a criança
em vários ambientes para afastar a hipótese dos sintomas de hiperatividade indicar alguma
outra dificuldade. A quinta etapa avalia se os sintomas apresentados indicam outro distúrbio
emocional ou não, por isso é a mais importante e precisa ser analisada cuidadosamente para
que não existam falhas.
Os autores também informam que os dados para a avaliação devem ser coletados
durante todo o tratamento para determinar se o mesmo está ou não surtindo efeito, e assim
possibilitar novos caminhos.
Algumas crianças apresentam todos os sintomas em casa e na escola, porém quando
são levadas para uma avaliação elas não demonstram nenhuma característica do transtorno.
Essa falta de manifestação dos sintomas prejudica o diagnóstico, já que o profissional não tem
como observá-las em outro ambiente, daí a importância da participação dos pais, professores e
de todos aqueles que convivem com a criança para facilitar o processo de diagnóstico.
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Segundo Goldstein e Goldstein (2009), um diagnóstico preciso deve coletar e observar
oito tipos de informação que são: histórico da família e da criança; inteligência da criança;
personalidade e desempenho; desempenho escolar; amizades; disciplina e comportamento em
casa; comportamento na sala de aula; e consulta médica, para que outros especialistas possam
falar a respeito da criança.
O objetivo de todos estes processos de avaliação não deve ser apenas chegar a um
diagnóstico de TDAH. Eles devem servir como ponto de partida para a construção de um
plano de ação com base nas informações coletadas, com grandes chances de ser bem
sucedido.
Percebe-se que o aumento dos diagnósticos de TDAH é algo que precisa ser analisado
com cautela, para saber se os critérios de avaliação dos sinais e sintomas são utilizados de
forma consciente, ou estão de algum modo sendo compreendidos de forma equivocada e até
mesmo aplicado a indivíduos que não têm o transtorno. Um bom diagnóstico analisa
cautelosamente como a criança se desenvolve, sua personalidade, seu desempenho escolar,
seu relacionamento com os amigos, seu comportamento em casa e na escola e suas condições
clínicas.
Um diagnóstico e um tratamento correto, sem perca de tempo, podem prevenir uma
série de problemas futuros, evitando que a criança se torne um adolescente com baixa-estima,
com problemas comportamentais, com relações sociais e afetivas prejudicadas e depressivo.
Para o tratamento deste transtorno é necessário que haja um enorme trabalho em conjunto: de
psicólogos, psicopedagogos, médicos, familiares, escola e de todos aqueles que cercam a
criança de alguma forma.
TDAH E A ESCOLA
Mattos (2004) afirma que, na maioria dos casos, os sintomas do TDAH começam a
surgir quando a criança inicia sua vida escolar. Neste ambiente a criança costuma demonstrar
dificuldade de relacionamento com os amigos, apresenta notas abaixo do exigido e muita
agitação.
Segundo Castro e Nascimento (2009), a escolha de uma escola adequada para a
criança com TDAH é um fator indispensável para o seu desenvolvimento, ou seja, uma escola
que tenha apoio de profissionais da saúde, que tenha professores preparados para lidar com o
transtorno, que as salas não sejam muito cheias e, principalmente, uma escola que facilite e
permita o diálogo entre todos os envolvidos no tratamento. É necessário saber o que a escola
conhece sobre o TDAH e como ela lida com as necessidades desta criança.
17
Benczik (2002) acredita que a escola ideal para a criança com TDAH é aquela que
valoriza o desenvolvimento global do indivíduo. Uma escola que reconheça e respeite as
diferenças, que valorize não só as limitações, mas também aquilo que cada um tem de melhor,
desenvolvendo a criatividade e a espontaneidade de todos.
Nota-se que a escola é mais do que parte do tratamento, ela é fator indispensável para
um bom desenvolvimento da criança com TDAH, e suas intervenções podem contribuir para
seu desenvolvimento acadêmico, sua adaptação social e familiar.
Para Rohde et al. (2004), o atual contexto escolar brasileiro apresenta vários fatores
que favorecem um baixo desempenho. Traçam objetivos padronizados e também não
consideram a diversidade encontrada em sala de aula. As dificuldades do aluno com TDAH
ou com qualquer outra necessidade educacional especial se intensificam neste ambiente
homogêneo e rígido, pois este educando não tem a possibilidade de interagir, de acordo com o
padrão exigido, com o professor ou com seus colegas.
A quantidade de alunos em sala de aula também é algo muito relevante, uma sala
muito cheia pode prejudicar a inclusão desta criança, já que ela exige uma dedicação maior do
docente.
Os pais também precisam se informar sobre os profissionais da escola, saber se os
mesmos
recebem treinamentos ou suporte para lidar com este transtorno. Certificar se
realmente essas teorias são aplicadas na prática, ou seja, os pais precisam acompanhar com
frequência o que seu filho realiza na escola e o que a escola realiza para o desenvolvimento de
seu filho.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 deixa bem claro, em um de seus
capítulos, o papel e as obrigações da escola em adequar seu ensino de acordo com as
limitações dos alunos com necessidades educacionais especiais. Mesmo não sendo citados
neste capítulo, os indivíduos com TDAH podem se beneficiar dos direitos que esta lei
assegura.
O artigo 59 da LDB 9.394/96 afirma que:
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências [...]
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados
para a integração desses educandos nas classes comuns.
18
A flexibilização do currículo para atender as necessidades do aluno com TDAH é
garantido por lei. Aplicar avaliações diferenciadas, utilizar estratégias individuais são recursos
previstos pelo órgão regularizador. No entanto, não é isso que se observa, ainda há inúmeras
dificuldades para atender o aluno com TDAH.
Para Castro e Nascimento (2009), as escolas não estão preparadas para atender as
necessidades do aluno com TDAH. O professor já está sobrecarregado, lida com diversos
alunos e não tem tempo para atender as necessidades do aluno com o transtorno, e isso o leva
a muitas vezes retirar o aluno desatento ou inquieto de sala de aula.
Esse despreparo das instituições só agrava os problemas causados pelo TDAH. A
criança percebe que pode manipular aqueles que a cerca, caso apresente determinados
comportamentos, e assim vai deixando de realizar atividades que não considera interessantes.
E para agravar ainda mais não aceitam regras, porque elas muitas vezes não são impostas, já
que estas instituições consideram que as crianças com o transtorno são incapazes de cumprilas.
TDAH E FAMÍLIA
Segundo Rohde e Mattos (2003), o primeiro passo que a família deve dar para
contribuir no tratamento da criança com TDAH é conhecer este transtorno, suas causas, o que
fazer, como ele se manifesta e como lidar. É de extrema importância que todos aceitem que o
TDAH é um problema real e que precisa de cuidados direcionados. Para isso, a família precisa
buscar recursos para orientar o comportamento da criança, ou seja, conhecer verdadeiramente
sobre o assunto.
Pinheiro (2006) afirma que grande parte dos comportamentos inadequados das
crianças com TDAH são mantidos pela falta de habilidade da família em lidar com os
sintomas do transtorno, ou seja, o TDAH não é o único causador dessas condutas, a falta de
limites também pode agravar esse tipo de comportamento.
O mesmo autor afirma que para treinar essas habilidades existe o Programa de
Treinamento dos Pais (PTP), que é voltado para responsáveis por crianças com problemas de
comportamento. Este tipo de treinamento, junto a uma abordagem comportamental,
intervenções multidisciplinares, terapêuticas e a medicação adequada são indicadas em grande
parte dos casos, principalmente quando só o medicamento não é suficiente.
19
Rohde e Mattos (2003) também acreditam que as atitudes dos pais, em relação à
criança com TDAH, podem contribuir com o aumento dos sintomas do transtorno e por
consequência acentuar os comportamentos inadequados desta criança.
Para os autores os pais precisam:
Estabelecer regras claras e definidas;
Pai e mãe precisam agir juntos, demonstrar que um concorda com a atuação do outro;
Não tolerar comportamentos inadequados, impor limites;
Saber dosar as correções;
Resolver conflitos através do diálogo e de forma tranquila.
Percebe-se que os pais são peças fundamentais no tratamento da criança com TDAH,
pois são os responsáveis por corrigir condutas inapropriadas. O exemplo é um grande começo,
pois é a partir de suas próprias condutas que eles demonstram como esse indivíduo deve agir.
Goldstein e Goldstein (2009) apresentam quatro passos para um bom desempenho dos
pais em relação à criança com TDAH:
Primeiro Passo: O conhecimento e a compreensão são os passos iniciais. É necessário
compreender o comportamento da criança, e ter consciência se este comportamento é
causado pelo transtorno ou não. É importante observar o mundo a partir da visão dela,
para que não haja reações de impulso ou desânimo, fatores estes que poderão
atrapalhar o desenvolvimento da criança.
Segundo Passo: Saber distinguir desobediência de incapacidade. A desobediência
acontece quando o indivíduo decide agir sem se importar com as consequências. Já a
incapacidade ocorre quando este indivíduo não tem as habilidades necessárias para
atender ao que lhe foi imposto. Ambas devem ser tratadas de maneiras distintas, a
desobediência deve ser contida com firmeza e precisão e a incapacidade com o
desenvolvimento da habilidade necessária.
Terceiro Passo: Atuar de forma positiva, evidenciando o que quer que a criança faça e
não o que ela não deve fazer. É necessário corrigir com firmeza, falar para a criança o
que é correto fazer e esperar o resultado. Depois desse resultado será possível
diferenciar se o comportamento da criança é causado pela desobediência ou pela
incapacidade, para a partir daí atuar de forma correta.
Quarto Passo: Promover o sucesso a partir das intervenções. Corrigir de forma breve,
firme e sempre elogiar um comportamento de superação. Quando a criança
20
compreende e adquire uma habilidade, ela conserva essa mudança positiva de
comportamento.
Nota-se que o envolvimento entre os pais e a criança com TDAH necessita ser algo
constante, sólido, verdadeiro e consciente. Cada atuação positiva é um passo relevante para
que a criança adquira habilidades que possam favorecê-la no futuro.
Rohde e Mattos (2003) ressaltam que os pais não podem tentar resolver todos os
problemas de uma só vez, é necessário destacar prioridades, escolher um ou dois
comportamentos que mais incomodem e focalizar nestes até que os mesmos sejam superados.
Após atingir o resultado desejado, os pais gradualmente devem ir resolvendo os outros
aspectos que também precisam de atenção.
Os mesmos autores afirmam que o meio familiar da criança com TDAH necessita de
rotinas claras e bem definidas, esta criança precisa saber o que esperam dela, para buscar
corresponder a essas expectativas.
De acordo com Goldstein e Goldstein (2009), as punições também precisam ser
moderadas e aplicadas somente nos momentos de desobediência. Para os momentos de
incapacidade é necessário mostrar, diversas vezes, o que precisa ser feito. Os pais precisam
criar estratégias para punir, afim de que esta punição tenha sentido para a criança, e a leve a
compreender que foi seu mau comportamento que gerou o castigo.
Os autores ainda afirmam que os castigos, quando necessários, precisam ser aplicados
com firmeza. Os pais devem ter consciência da necessidade deste recurso e não se render a
solicitações ou desculpas pelos atos cometidos. A punição só traz resultados quando é
cumprida, caso não possa cumpri-la, não faz sentido ficar fazendo promessas, pelo contrário,
só irá agravar o comportamento inadequado.
Segundo Rohde e Mattos (2003), os pais precisam analisar com clareza a necessidade
da utilização de castigos, o objetivo desta atuação não é fazer a criança se sentir mal, incapaz
ou frustrada. A principal razão deste recurso deve ser conscientizar a criança sobre seu ato de
desobediência, sempre mantendo a calma e demonstrando o que ela deve fazer com muito
afeto.
É notável que todos os familiares e a criança com TDAH passam por momentos de
muita dificuldade. Todos os envolvidos necessitam estar constantemente atentos para corrigir
aos poucos os comportamentos inadequados que possam surgir. E para isso, é preciso se
preparar bem, buscar inúmeros recursos para atuações que não frustrem nenhuma das partes,
para que estes momentos de correções tornem-se momentos de aprendizagem para todos.
21
TDAH E EDUCADOR
Rohde e Mattos (2003) afirma que para o educador lidar com a criança com TDAH é
necessário que ele primeiramente conheça o transtorno e saiba distinguir entre
comportamentos inadequados, apresentados por crianças desobedientes e limitações causadas
pelo TDAH.
Os autores ressaltam que o docente precisa suprir as necessidades específicas da
criança com TDAH e ao mesmo tempo se esforçar para não deixar de atender aos demais
alunos da sala. Para que ambos os alunos sejam atendidos é imprescindível que a sala tenha
no máximo quinze alunos, ou seja, uma realidade muito distante da encontrada nas salas de
aula de escolas públicas.
Para Goldstein (2006), muitos educadores acreditam que o TDAH é um problema
específico de aprendizagem, mas ao contrário do que pensam, é sabido que estas crianças são
capazes de aprender como as outras. O que dificulta este processo de aprendizagem é o
impacto que os sintomas deste transtorno, quando não são trabalhados, têm sobre sua atuação.
É possível perceber que a preparação do professor é o que lhe dará suporte em suas
atuações, e a partir do conhecimento sobre as particularidades deste transtorno, que o mesmo
saberá o que precisa ser feito em cada caso.
Benczik (2002) destaca algumas características que o professor precisa ter, ou pelo
menos precisa adquirir para colaborar com as necessidades do aluno com TDAH:
Ser democrático, solícito e compreensivo;
Criar um vínculo de amizade, ser otimista e empático;
Corrigir de maneira rápida, consistente;
Não deixar transparecer raiva nos momentos das correções;
Ser organizado, saber administrar o tempo e elaborar vários tipos de atividades;
Ser objetivo e capaz de buscar recursos para auxiliar seu aluno no alcance das metas.
Phelan (2005) afirma que as crianças com TDAH são muito apegadas com seus
professores, e esta aproximação pode causar efeitos tanto positivos como devastadores. Para
que esta relação tenha apenas bons resultados é necessário que o professor conheça
verdadeiramente seu aluno, para saber como intervir de forma eficaz e consciente.
De acordo com Rohde e Mattos (2003), o professor precisa estipular uma rotina clara,
bem estruturada, com regras e limites que direcionem o que o educando precisa fazer
22
diariamente. O docente também precisa compreender que a criança com TDAH apresenta
uma necessidade maior de estimulação, porém estes estímulos não podem ser exagerados,
precisam ser dosados para que ela não crie uma dependência.
Nota-se que o professor precisa encontrar inúmeros recursos, caminhos e estratégias
para fazer com que o aluno com TDAH consiga se concentrar, manter a atenção e aprender.
Este profissional também precisa dosar suas emoções para saber lidar com seu aluno nos
momentos que em que os sintomas prevalecem.
A
RELAÇÃO
ENTRE
O
TDAH,
A
FAMÍLIA
E
O
EDUCADOR
NO
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM NA CRIANÇA HIPERATIVA
Goldstein e Goldstein (2009) afirmam que a comunicação entre a família e o educador
da criança com TDAH favorece o apoio e contribui para intervenções educacionais eficazes.
De acordo com Rohde e Benczik (1999), esta comunicação é um fator extremamente
importante para a compreensão do quadro real da situação. É a partir desta aproximação que
ambos podem trocar informações relevantes sobre o comportamento da criança em outros
ambientes, e das possíveis intervenções e seus resultados.
Para Du Paul e Stoner (2007), o docente e a família deveriam manter um diálogo
diário através da comunicação escrita baseada na ética e na parceria. Este tipo de
comunicação deve ter como princípio a cooperação entre docente e família, e em momento
algum pode ser encarado como um meio de cobrança e rivalidade.
Partindo destes pressupostos nota-se que a comunicação entre os envolvidos no
tratamento do TDAH precisa ser frequente, pois é a partir das experiências vividas em
diferentes ambientes que se torna possível traçar um caminho com chances maiores de dar
certo. É necessário que família e docente criem um vínculo de parceria, para que ambos
compreendam as dificuldades vividas pelo outro e colabore com o intercâmbio de
intervenções que deram resultados.
Segundo Goldstein e Goldstein (2009), a relação entre a família e a escola da criança
com TDAH precisa ter como base a confiança. Esta relação precisa ser transparente e
contínua, porque um bom tratamento envolve a ligação das diversas informações,
observações, opiniões e julgamentos de todos os envolvidos.
De acordo com Topczewski (1999), o aluno com TDAH apresenta limitações que
frustram todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem desta criança, a falta de
recursos para lidar com essas limitações chegam a deixar todos impacientes e intolerantes. O
23
autor acredita que o conjunto, família e escola, é o principal responsável pelo
desenvolvimento da criança com TDAH. Cabe a este grupo a busca por formas mais
adequadas de vida para a criança, a responsabilidade de caminhar para um bom resultado.
Nota-se que não é possível chegar a um bom resultado quando o trabalho é realizado
sem a participação da família ou da escola. É necessário o envolvimento de todos, para que
ambos analisem criteriosamente as intervenções que estão ou não surtindo efeito e juntos
decidam por qual caminho devem seguir. O educador e a família precisam aprender qual a
melhor forma de se trabalhar com esta criança, conhecê-la para saber qual dinâmica ou
estímulo utilizar nos momentos em que ela esteja ou não apresentando os sintomas do
transtorno.
Segundo Topczewski (1999), a falta de entrosamento da família e da escola além de
prejudicar o rendimento escolar da criança, também desfavorece a elaboração de um
tratamento eficaz que afaste outras inúmeras dificuldades como: o abandono escolar, o
surgimento de outros distúrbios comportamentais e o surgimento de sequelas psicológicas ou
transtornos psicopatológicos.
Para Goldstein e Goldstein (2009), família e docente também precisam de
acompanhamento. A família para trabalhar todas as frustrações geradas durante o tratamento,
para que a mesma compreenda as limitações do TDAH e não descarregue suas angústias e
ansiedades na criança. E o professor para se nutrir de novos conceitos, novos recursos e
metodologias. Conhecer possíveis meios, através do estudo e do vínculo com os outros
profissionais envolvidos, que estimule a concentração e a vontade de aprender desta criança.
Percebe-se que para se alcançar um bom resultado no tratamento da criança com
TDAH, é indispensável à criação de um vínculo de confiança entre família e docente. Esta
criança necessita sentir-se compreendida, acolhida e aceita em suas dificuldades,
principalmente em casa e na escola. Nestes ambientes ela precisa encontrar o apoio e o
respeito necessário para a superação de todos os obstáculos que terá que enfrentar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou ampliar, através da compreensão de diferentes teóricos, o
conhecimento sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), um
transtorno que, quando não tratado de maneira adequada, causa inúmeros prejuízos no
processo de ensino/aprendizagem desta criança.
24
O TDAH caracteriza-se por uma combinação de três sintomas principais: desatenção,
hiperatividade e impulsividade. É um transtorno que, na maioria dos casos, acompanha o
indivíduo em todas as fases de sua vida. Porém, seus sintomas são notados com mais
frequência na infância, principalmente em crianças com idade escolar.
As crianças com TDAH podem apresentar diversas dificuldades. As mais comuns são
identificadas nos relacionamentos familiares e sociais e no rendimento escolar, que na maioria
dos casos, é abaixo do esperado. Essas limitações são características do transtorno, e por isso,
precisam ser trabalhadas para serem superadas. Porém, muitas vezes essas dificuldades são
encaradas como incapacidade e preguiça e acabam sendo ignoradas por aqueles que têm o
papel de auxiliar em seu tratamento.
Constatou-se que a relação entre a família e o docente contribui significativamente
para o desenvolvimento da criança com TDAH. Ressaltou-se a enorme importância de se
conhecer as características do TDAH, para uma compreensão mais ampla dos recursos
pedagógicos e afetivos que colaboram com o tratamento; evidenciou-se que a família e a
escola precisam estabelecer um vínculo de parceria e dedicação no processo de
ensino/aprendizagem.
A partir do estudo e análise dos diversos teóricos apresentados neste trabalho,
observou-se que a relação entre a família e o professor da criança com TDAH, na perspectiva
do processo de ensino/aprendizagem, precisa ser estabelecida a partir da confiança, da
colaboração e principalmente da paciência. Desse modo, conclui-se que os objetivos desta
pesquisa foram alcançados e a problematização que alavancou a construção deste artigo foi
respondida.
Assim, este trabalho evidenciou o papel da escola no desenvolvimento da criança com
TDAH, como parte indispensável no tratamento desta criança, e como a intervenção da escola
pode contribuir para seu desenvolvimento escolar, sua adaptação social e familiar.
Notou-se que todos os familiares e, principalmente a criança com TDAH, passam por
inúmeras dificuldades. E estas dificuldades só podem ser enfrentadas se a família estiver
unida e preparada para colaborar com a superação das limitações que possam surgir. E para
isso, os pais precisam do apoio dos profissionais da escola e da equipe multifuncional que
acompanha o tratamento da criança. Com este apoio, a família saberá lidar melhor com as
frustrações enfrentadas, tornando cada instante um momento de aprendizagem para todos.
Confirmou-se que a comunicação entre os envolvidos no tratamento da criança com
TDAH precisa ser frequente, pois é através da observação desta criança em diferentes
ambientes que se torna possível traçar um caminho com maior probabilidade de acertos. É
25
necessário que família e docente criem um vínculo de parceria para compreender as
dificuldades vividas em cada ambiente e colaborar com o intercâmbio de intervenções que
deram resultados.
O estudo mostrou que o professor precisa buscar inúmeros recursos, caminhos e
estratégias que façam o aluno com TDAH manter-se atento, concentrado e com isso conseguir
internalizar o que é ensinado. Este profissional também precisa dosar suas emoções para saber
lidar com seu aluno nos momentos em que os sintomas, mesmo com intervenções,
persistirem. Por isso, faz-se necessário a capacitação do professor para dar-lhe suporte em
suas atuações, e a partir do conhecimento sobre as particularidades deste transtorno, ele saberá
discernir qual será a melhor intervenção em cada caso.
É importante ressaltar que não é possível chegar a um bom resultado quando o
trabalho é realizado sem a participação da família ou da escola. O envolvimento de todos é
imprescindível; todos precisam analisar criteriosamente as intervenções que estão ou não
surtindo efeito e juntos decidir por qual caminho devem seguir. O educador e a família
precisam aprender qual a melhor forma de se trabalhar com esta criança, conhecê-la para
saber qual dinâmica ou estímulo utilizar nos momentos em que ela esteja ou não apresentando
os sintomas do transtorno.
A partir deste pressuposto é possível afirmar que a preparação de todos os envolvidos
no processo de ensino/aprendizagem da criança com TDAH é indispensável. A instituição
precisa oferecer aos docentes uma capacitação minuciosa e continuada sobre o transtorno, e
também proporcionar uma participação ativa da família.
Os professores, por sua vez, precisam buscar através de estudos, um conhecimento
mais aprofundado sobre o assunto, para que assim se sintam preparados para encarar os
desafios que estas crianças enfrentam, buscando sempre a superação das limitações
provocadas pelo TDAH.
Este artigo não pode ser visto como uma receita pronta de como lidar com a criança
com TDAH, mas deverá ser utilizado como um recurso a mais, que poderá contribuir para a
compreensão deste transtorno. A busca por novas informações é indispensável no tratamento
do TDAH, para que novas ações possam ser traçadas.
Para pesquisas futuras sobre este assunto, sugere-se a análise de como deve ser uma
escola adequada para a criança com TDAH, ou seja, quais mudanças são fundamentais para a
inclusão destas crianças no ensino regular, de maneira que suas necessidades sejam
respeitadas e atendidas.
26
ABSTRACT: The article in question addresses the topic of Attention Deficit
Disorder and Hyperactivity - ADHD. A highly prevalent disorder in children of
kindergarten and early grades of elementary school. The main characteristics of
ADHD are inattention, hyperactivity and impulsivity, which hinder the social and
familial relationships and hamper the development of school children. This article
aims at analyzing the relationship between family and teaching in the development
of children with ADHD in the teaching / learning. The specific objectives are to
understand the characteristics of ADHD to a broader understanding of the features
that facilitate child development, raising issues that promote family involvement and
school in the teaching and learning of children with ADHD and to identify and
analyze the relationship between families of children with ADHD and a professor at
the prospect of teaching and learning. The methodology was based on literature
searches. The results confirmed that the role of school professionals have an
important role in treating this disorder, being the fundamental unity of the family
and the support of everyone involved, noting that it is essential to establish a bond of
partnership between the teacher and his family to careful analysis of interventions
that contribute to learning development of children with ADHD.
Keywords: ADHD. Family. School. Teacher.
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