Transtorno do Déficit de Atenção Hiperatividade Características : Desatenção Hipercinesia Impulsividade “Mestre não é quem sempre ensina mas quem de repente aprende” (Guimarães Rosa) Você conhece algum aluno que: “Vive no mundo da lua”, perdendo, dessa forma, boa parte das atividades? Parece não ouvir quando se fala com ele (está sempre “desligado”)? Esquece facilmente o que já estudou, tendo dificuldade de memorização por uma atenção muito superficial? Responde antes de ler ou ouvir a pergunta, o que leva a erros? Evita tarefas longas, monótonas ou que exijam concentração? Pode se tratar de um caso de TDAH! Histórico: George Still – 1902 – Lancet Década de 40 – Lesão Cerebral Mínima Década de 60 – Disfunção Cerebral Mínima Década de 90 – DMS IV Epidemiologia: Prevalência = 3 a 6 % crianças em idade escolar Relação Masculino : Feminino Estudos populacionais = 2:1 Estudos clínicos = 9 : 1 Etiologia Não completamente esclarecida > Fatores Genéticos > Fatores Ambientais Fatores Genéticos Genes de suscetibilidade com expressão variável Herdabilidade estimada em 0,7 Estudos com crianças adotadas (pais adotivos x pais biológicos) Estudos com gêmeos (monozigóticos e dizigóticos) Genética molecular: genes que codificam os sistemas dopaminérgico, noradrenérgico e serotoninérgico Fatores ambientais Biederman – associação com adversidades psicossociais: conflitos conjugais severos, criminalidade dos pais, psicopatologia materna Mick – relação com uso de fumo e álcool na gestação Injúrias no lobo frontal durante o período perinatal Neurobiologia Processo de maturação encefálico = póstero-anterior – 4 a 5 anos mieliniza-se a região Frontoparietal e pré-frontal Quadro Clínico Critérios diagnósticos DMS-IV DESATENÇÃO Comete erros freqüentes por descuido nas tarefas Tem dificuldade em manter atenção em atividades lúdicas Com freqüência parece não escutar quando se fala com ela Dificuldade em seguir instruções e concluir seus deveres (não por oposição ou incapacidade de compreensão) Com freqüência tem dificuldade de se organizar Evita tarefas que exijam esforço mental constante Perde freqüentemente suas coisas Facilmente distraído por estímulos alheios Esquecimento freqüente das atividades diárias HIPERATIVIDADE Agita freqüentemente mãos e pés Tem grande dificuldade de permanecer sentado Corre ou faz escaladas em situações nas quais isso é inapropriado Tem dificuldade em brincar silenciosamente Está freqüentemente “a mil” ou “a todo vapor” Fala demasiadamente IMPULSIVIDADE Dá respostas precipitadas antes que as perguntas sejam completadas Tem dificuldade para aguardar sua vez Se mete em assuntos dos outros “Pistas” diagnósticas: É importante contextualizar os sintomas na história de vida da criança e ter um tempo de observação suficiente (no mínimo 6 meses) Observar a persistência dos sintomas nos diversos ambientes da criança Avaliar a significância do prejuízo que os sintomas causam à vida da criança Ficar atento às comorbidades Tipos de TDAH - TDAH com predomínio de desatenção - TDAH com predomínio de hiperatividadeimpulsividade - TDAH combinado Comorbidades Transtorno Opositor Desafiante: 21 a 39 % Transtorno de Conduta: 15 a 40 % Depressão : 13 a 20 % Transtorno de ansiedade : 22 % Transtorno de tique: 17 % Dificuldades de aprendizagem: 25 % Abuso de álcool e drogas: 20 a 40 % Diagnóstico História Clássica da TDAH: Lactente – “bebê difícil”, irritado, de difícil consolo, muitas “cólicas “, dificuldades no sono e alimentação Pré- escolar – muito ativo, teimoso, birrento e difícil de satisfazer Escolar – não se concentra, distraído, impulsivo, desempenho escolar inconsistente Adolescente – inquieto, dificuldade de memória, mais sujeito a acidentes, abuso de substâncias químicas Avaliação Diagnóstica Observação comportamental Relatório Escolar História Familiar Descartar: distúrbio auditivo, visual e retardo mental Não há exames de neuroimagem ou testes laboratoriais que confirmem o diagnóstico Evolução Mais da metade melhora espontaneamente na idade adulta TDAH está associado a: baixo desempenho escolar (repetência, suspensões, expulsões), relações familiares difíceis, inadaptação social, baixa autoestima, abuso de drogas, multas e acidentes automobilísticos, fracasso conjugal, problemas profissionais, criminalidade Tratamento TDAH não é um problema simples Não há uma solução simples. Tratamento Abordagem múltipla: > Intervenção familiar > Estratégia pedagógica > Tratamento psicoterápico comportamental > Terapêutica farmacológica Orientação familiar Ter grande compreensão Reforçar o bom comportamento Fazer contato olho a olho para qualquer instrução Orientar uma tarefa por vez Certificar-se de que houve registro Evitar “sermões” Reduzir situações de conflito Estimular atividade física Reforço gradativo a atividades que exijam concentração Identificar e estimular ‘ilhas de competência “ Auxiliar a lidar com sentimento de culpa, vergonha, ansiedade, cobrança e frustração – auto-estima Cuidados em sala de aula: Colocá-las nas primeiras carteiras, no centro da sala Manter contato visual ao falar com elas Aulas dinâmicas, alternando atividades de alto e baixo interesse, evitando prolongar um mesmo tipo de tarefa Instruções em frases curtas, certificando-se da compreensão Permitir atividades nas quais a criança possa se locomover Em momentos de maior agitação, permitir um tempo para que recupere o auto-controle Valorizar o bom comportamento Contato permanente com os pais e acompanhamento das tarefas Crianças com TDAH são melhor sucedidas em classes com menor número de alunos Dicas aos Educadores: Diversifique as estratégias de ensino até perceber o melhor resultado na aprendizagem do aluno. Realize atividades audio-visuais ; tarefas diferentes despertam o interesse facilitando a compreensão e assimilação. Desenvolva auto-análise e monitoração. Ao final de cada semana converse com a criança para saber como ela está se sentindo em sala de aula; ouça sua opinião sobre seus progressos e dificuldades; ela deve ser um sujeito ativo em seu processo de aprendisagem. Dicas aos Educadores: Estabeleça regras claras em frases breves. Dê reforços positivos. Elevar a auto-estima é fundamental. Elogie sua evolução. Sempre que possível transforme as atividades em jogos. A motivação será maior. Transforme a lição de casa em uma rotina diária motivadora. Incentive a criança destacar os pontos mais importantes de cada conteúdo. Pergunte à criança o que pode ajudá-la. Ela é intuitiva e pode se tornar epecialista de si mesma. Características de um professor “ideal” para crianças com TDAH: Conhecer o transtorno e diferenciá-lo de “má educação” e ”preguiça” Reconhecer o potencial da criança, suas limitações e estar realmente interessado em ajudá-la Ter a habilidade de equilibrar as necessidades dos demais alunos com a dedicação que a criança requer Ter “jogo-de-cintura” e criatividade para uma variedade de alternativas no processo ensino-aprendizagem, avaliando qual funcionou melhor em cada situação Entender que a criança consegue atenção apenas no que lhe interessa muito e distinguir incapacidade de falta de vontade de atender regras Escala de Skamp Pontuar os itens em: (0) se não corresponde (1) (1) se corresponde pouco (2) se corresponde regular (3) se corresponde bem ATENÇÃO Participa das atividades em sala assim que elas se iniciam Mantém-se concentrado no prazo necessário Realiza as tarefas corretamente Conclui o trabalho proposto É cuidadoso e organizado quando escreve ou desenha Participa das discussões em sala de aula Passa de uma atividade para outra adequadamente Escala de Skamp (continuação) COMPORTAMENTO Interage bem com as outras crianças Respeita o silêncio proposto em sala de aula Permanece sentado quando necessário Atende à orientação do professor Obedece as normas da escola Tratamento farmacológico Vale a pena? Arch Gen Psychiatry – 1999 – The MTA Cooperative Group – estudo clínico multicêntrico envolvendo 579 crianças com TDAH divididas em 4 grupos: intervenções sócio-pedagógicas / Psicoterapia comportamental / Medicamento / Tratamento combinado Opções terapêuticas: Metilfenidato – 0,3 a 0,6 mg/kg/dia em doses fracionadas ou apresentação de liberação lenta Imipramina – 2 a 5 mg/kg/dia Bupropiona – 1,5 a 5 mg/kg/dia Clonidina – 0,03 a 0,05 mg/kg/dia Atomoxetina – 1,4 mg/kg/dia “De perto ninguém é normal.” (Caetano Veloso) Obrigado por sua ATENÇÃO ! FIM