Módulo XIII - Distúrbios de comportamento O que é comportamento? Para a psiocologia, o comportamento é definido como o conjunto de reações de um sujeito, possíveis de serem observadas e que seguem uma referência do meio social no qual esse sujeito está inserido. Considera-se um comportamento normal aquele que segue o padrão determinado socialmente como correto, muitas vezes estipulado por uma maioria, sendo anormal aquele que o contra ria. O que é distúrbio de comportamento? Os distúrbios de comportamento são atitudes do sujeito que fogem ao padrão comum, que o diferenciam, que desviam ou se opõem à normalidade. É um estado ou algo estranho, fora do comum ou do que se está habituado. Tipos de distúrbios de comportamento a) Agressividade b) Medo c) Timidez d) Agitação, inquietude e instabilidade e) Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) A) Agressividade Definição: é um ataque físico ou verbal de um sujeito em relação a uma ou mais pessoas, geralmente quando esta se sente contrariada em seus desejos ou necessidades. Não encontrando uma forma pacífica de relacionar-se, o sujeito impõe pela força o que quer, e a resposta agressiva é uma dificuldade do sujeito em aceitar a frustração e perda ou de afirmar e exibir-se perante os outros. Sendo assim, a agressividade pode assumir uma variedade de formas, mas em todas elas o sujeito apresenta uma alteração emocional, expressando sentimentos caóticos e difusos: a criança chora, esperneia, esbraveja; a criança ataca fisicamente com murros, pontapés e mordidas; a criança mais velha substitui o ataque físico pelo ataque verbal (xingar, praguejar, ridicularizar – reações agressivas simbólicas à frustração). No início, isso ocorre na frente da pessoa agredida; mais tarde, de maneira camuflada, a fim de abalar a sua reputação. De acordo com José e Coelho (2002), superagressivos e antissociais devido a: os indivíduos rejeição dos pais ou parentes; excessiva tolerância da agressividade; falta de supervisão dos pais e responsáveis; desvios sociais dos pais e parentes; discórdias em família; tratamento incoerente (ora “mimo”, ora punição); uso de punições físicas dolorosas; ameaças de punição física. se tornam Orientações: na escola, a criança agressiva é chamada de “briguenta”, e o rótulo em nada ajuda a diminuir esse comportamento – pelo contrário. Os pais e professores podem ajudar a criança: organizando em grupo regras coletivas de convívio social; estabelecendo em grupo as sanções ao não-cumprimento das regras; sendo firmes, honestos e imparciais; auxiliando o aluno a controlar seus impulsos, ensinando formas de resolver conflitos de maneira cooperativa; não ignorando uma briga ou conflito, ou mostrando indiferença. B) Medo Definição: o medo é uma emoção normal do ser vivo; refere-se a um estado de alerta frente a uma situação de perigo, gerando desconforto e ansiedade no sujeito. Classificação Evolução negativa do medo (José e Coelho, 2002) Medo biológico Medo psicológico Medo condicionado Ansiedade Fobia Medo biológico Ö natural e necessário à sobrevivência. Medo psicológico Ö crianças pequenas têm medo de locais não-conhecidos, pessoas não-familiares, situações novas, sensação de abandono, tensão familiar, fantasia infantil (monstros, bruxas, bicho-pa pão, animais, tem pestades...); quando mais velhas, as crianças gostam de brincar de fazer medo nos outros e têm medo de situações de fracasso, humilhação, perda de prestígio, morte e doenças. Medo condicionado Ö é um medo aprendido socialmente (ba rata). Ansiedade e fobia Ö medo que paralisa o sujeito e o impede de relacionarse com outras pessoas, sair de casa, ficar sozinho, etc. Isso pode levar a prejuízos na formação da personalidade, à ansiedade e à insegurança, sendo necessário um tratamento psicológico. O quadro fóbico que se instaura impede o sujeito de viver normalmente. http ://office.microsoft.com/pt-br/clipart Causa: de acordo com José e Coelho (2002), o medo pode ser causado por dois fatores: falta de segurança; falta de amor e proteção. Experiências prévias que provocaram medo: atitude medrosa dos pais; atitude ansiosa e superprotetora dos pais; ameaças dos adultos (histórias, raptos, crimes, lutas...); moléstias crônicas que abalaram a confiança da criança sobre si mesma. Orientações: a tranquilidade do adulto, a sensação de segurança que ele transmite, seu amparo e a paciência com que aguarda que a criança se acalme do pavor podem influenciar de maneira decisiva para que a criança supere essa dificuldade. Não obrigar a criança a enfrentar o que a amedronta; não utilizar o medo como brincadeira (escondendo-se, ameaçando vender ou dar a criança...); ouvir os motivos do medo; amparar a criança amedrontada; associar fatos agradáveis àquilo que causa medo. A seguir, outros distúrbios de comportamento: Fobia escolar Incapacidade total ou parcial de frequentar a escola ocorre com crianças independentemente de níveis sociais, graus de escolaridade e níveis de inteligência. Manifestase através de ansiedade, pânico, náuseas, vômitos, diarréia, dores de cabeça e de barriga, falta de apetite, palidez, febre. A mudança de escola ou de professor não elimina o problema, pois a fobia escolar existe tanto pelo medo de ir à escola quanto pelo medo de ser abandonada. É necessário um acompanhamento do professor e orientação psicológica à criança, aos pais e à escola. C) Timidez Definição: a Timidez pode ser definida como o desconforto e a inibição em situações de interação pessoal que interferem na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza-se pela obsessiva preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros. A timidez aflora geralmente, mas não exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com pessoas do sexo oposto, contato com estranhos e ao falar diante de grupos - e até mesmo em ambientes familiares. A timidez é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco) seus pensamentos e sentimentos e não interage ativamente. Embora não comprometa de forma significativa a realização pessoal, constitui-se em fator de empobrecimento da qualidade de vida. Deste ponto de vista, a timidez não pode ser considerada um transtorno mental. Aliás, quando em grau moderado, todos os seres humanos são, em algum momento de suas vidas, afetados pela timidez, que funciona como uma espécie de regulador social, inibidor dos excessos condenados pela sociedade como um todo, ou micro-sociedades. A timidez funciona ainda como um mecanismo de defesa que permite à pessoa avaliar situações novas através de uma atitude de cautela e buscar a resposta adequada para a situação. http://office.microsoft.com/pt-br/cli part Classificação Existem dois tipos de timidez: a) Timidez situacional: a inibição se manifesta em ocasiões específicas, e portanto o prejuízo é localizado (por exemplo: a pessoa interage bem com a autoridade e pessoas do sexo oposto, mas sente vergonha de falar em público); b) Timidez crônica: a inibição se manifesta em todas as formas de convívio social. A pessoa não consegue fazer amigos e falar com estranhos, intimida-se diante da autoridade, tem medo de falar em público, etc. Pode levar a fobia social e síndrome do pânico. Orientações: a tranquilidade do adulto, a sensação de segurança que ele transmite, seu amparo e a paciência com que aguarda que a criança se acalme do pavor que a timidez causa podem influenciar de maneira decisiva para que ela supere essa dificuldade. D) Agitação, inquietude e instabilidade Definição: a agitação é um comportamento que pode ser momentâneo e normal nas várias fases do ciclo vital; aparece como característica do desenvolvimento ou como reflexo de crises passageiras na infância. No entanto, há certas atitudes da criança que se mostram constantes, tornando-as extremamente irrequietas, instáveis e agressivas, provocando instabilidade e descontentamento no ambiente familiar e escolar. Causa: podem ser provocadas por ambiente familiar instável, pais que brigam na presença dos filhos, pais separados, doenças mentais, lesões cerebrais, problemas neurológicos, etc. Orientações: agitação, inquietude ou instabilidade não são problemas graves, mas podem perturbar a rotina escolar, ocupando parte do tempo das atividades na escola. Por isso, o professor deve acolher a criança com essas dificuldades, evitando atitudes punitivas, escolhendo propostas que envolvam todos os alunos. Sobre o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, temos: E) Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)1 É um transtorno neurológico, inicialmente relacionado a uma lesão cerebral mínima. Nos anos 1960, devido à dificuldade de comprovação da lesão, sua definição adquiriu uma perspectiva mais funcional, caracterizando-se como uma síndrome de conduta, tendo como sintoma primordial a atividade motora excessiva e o déficit de atenção(no entanto existe também o Distúrbio do déficit de atenção sem hiperatividade). O transtorno nasce com o indivíduo e já aparece na primeira infância, quase sempre acompanhando o indivíduo por toda a sua vida. O transtorno se caracteriza por sinais claros e repetitivos de desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo quando o paciente tenta não mostrá-lo. Existem vários graus de manifestação do TDAH, os mais caracterizados são tratados com medicamentos, como o cloridrato de metilfenidato (Ritalina em sua versão comercial). Recebe às vezes o nome DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) ou SDA (Síndrome do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, as iniciais de Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD.) Na década de 1980, a partir de novas investigações, passou-se a ressaltar aspectos cognitivos da definição de síndrome, principalmente o déficit de atenção e a impulsividade ou falta de controle, considerando-se, além disso, que a atividade motora excessiva é resultado do alcance reduzido da atenção da criança e da mudança contínua de objetivos e metas a que é submetida. É um transtorno reconhecido pela OMS (Organização Mudial da Saúde), tendo inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos que têm este transtorno ou distúrbios quanto aos seus familiares. Há muita controvérsia sobre o assunto. Há especialistas que defendem o uso de medicamentos e outros que, por tratar-se de um Transtorno Social, o indivíduo deve aprender a lidar com ele sem a utilização de medicamentos. Segundo Rohde e Benczick o TDAH é um problema de saúde mental que tem como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como a baixo desempenho escolar; podendo ser acompanhado de outros problemas de saúde mental. Os autores Rohde e Benczich, caracterizam o TDAH em dois grupos de sintomas. Sintomas relacionados à desatenção: não prestar atenção a detalhes; ter dificuldade para concentrar-se; não prestar atenção ao que lhe é dito; ter dificuldade em seguir regras e instruções; desvia a atenção com outras atividades; não terminar o que começa; ser desorganizado; evitar atividades que exijam um esforço mental continuado; perder coisas importantes; distrair-se facilmente com coisas alheias ao que está fazendo; esquecer compromissos e tarefas; problemas financeiros; tarefas complexas se tornam entediantes e ficam esquecidas; dificuldade em fazer planejamento de curto ou de longo prazo. ficar remexendo as mãos e/ou os pés quando sentado; • não permanecer sentado por muito tempo; pular, correr excessivamente em situações inadequadas; sensação interna de inquietude; ser barulhento em atividades lúdicas; ser muito agitado; falar em demasia; responder às perguntas antes de concluídas; ter dificuldade de esperar sua vez; intrometer-se em conversas ou jogos dos outros. Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem manifestarse em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses. Causas As pesquisas têm apresentado como possíveis causas de TDAH a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias (chumbo) ou problemas familiares como: um funcionamento familiar caótico, alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução, famílias com baixo nível socio-econômico, ou famílias com apenas um dos pais. Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo ou de oposição desafiante nas crianças. Segundo Goldstein, alguns fatores podem propiciar o aparecimento do TDAH quando em condições favoráveis, por isso as causas do TDAH são de uma vulnerabilidade herdada ao transtorno que vai se manifestar de acordo com a presença de desencadeadores ambientais. A ansiedade, frustração, depressão ou criação imprópria podem levar ao comportamento hiperativo. Quem pode diagnosticar TDAH O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional médico, que necessariamente deve descartar outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra) ou psicólogo especializados podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico. Existem testes e questionários que auxiliam o diagnóstico clínico. Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que possuam conexão com a região frontal possam não estar funcionando adequadamente, levando aos sintomas semelhantes aos de TDAH. Os neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento, em indivíduos com TDAH, são basicamente a dopamina e a noradrenalina, que precisam ser estim uladas através de medicações. Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de minorar os sintomas de déficit de atenção/ hiperatividade, entretanto nem todas respondem positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização de medicamentos em função dos efeitos colaterais que os mesmos possuem. Em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos mesmos. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas ao uso e de cada caso em si.