Córtex cerebral - Departamento de Fisiologia e Farmacologia

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Anatomia fisiológica do córtex
O Córtex Cerebral
Geanne Matos de Andrade
Depto de Fisiologia e Farmacologia
Áreas de associação corticais
Figura 19.1. Os neurolingüistas empregam técnicas modernas de imagem funcional para localizar as áreas cerebrais
envolvidas com a linguagem. Neste caso trata-se de imagens tomográficas obtidas através de um isótopo emissor de
pósitrons (PET), que indica o aumento da atividade neural quando um indivíduo executa as tarefas descritas acima de cada
esquema do cérebro (A a D). A escala à direita indica os níveis de atividade codificados pelas cores. Modificado de J.A. Hobson,
Consciousness (1999), p. 65. W.H. Freeman, EUA.
Função das áreas de associação corticais
Figura 17.1. As áreas corticais envolvidas com a percepção são mais amplas que as regiões primárias, e ficaram conhecidas pelo termo
impreciso “áreas associativas”. As lesões que ocorrem nelas produzem as agnosias, distúrbios da percepção que atingem a visão, a
audição, a sensibilidade a respeito do corpo e do ambiente externo.
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Área de associação parieto-occiptotemporal
Funções
Análise das coordenadas espaciais de todas as partes do corpo e
do meio circundante (lesão- perde o reconhecimento de que
tem o lado oposto do corpo- assomatognosia)
Área de Wernicke- Compreensão da linguagem, inteligência
Lesão- incapacidade de dispor as palavras em um pensamento
coerente, pode ler, mas não reconhece o pensamento alí
contido (afasia de Wernicke), demência
Estimulação- induz pensamentos (cenas visuais complicadas,
alucinações auditivas)
Giro angular- Processamento visual das palavras
Dixlexia- a pessoa consegue ler, mas não compreende o
significado das palavras
Afasia de compreensão
(ou Afasia de Wernicke)
Fi gu ra 19 .1 0 . Os
pacientes com lesão da
áre a de Wern i ck e
apresentam distúrbios de
compreensão da fala.
Assomatognosia- Síndrome de indiferença
Figura (Quadro 17.1). Em
seus auto-retratos, o artista
documentou a evolução da
sua própria síndrome de
indiferença 2 meses após o
acidente neurológico (A),
3,5 meses depois (B), 6
meses depois (C) e 9 meses
depois (D). Retirado de R. Jung
(1974) In Ps ycho- patologie
Musischer bestaltungen, pp. 2988. Schaltauer, Alemanha.
Figura 17.15. Desenhos de um paciente com a síndrome de indiferença. O paciente copia apenas o lado direito
dos modelos, ignorando quase tudo que está à esquerda. Modificado de J.C. Marshall e P.W. Halligan (1993) Journal of
Neurology, 240: 37-40.
Área de reconhecimento da face
occipital anterolateral e temporal posterior
Lesão- Prosofenosia
Área de associação pré-frontal
Função
Planejamento de movimentos complexos e
elaboração de pensamentos
Área de Broca- Formação da palavra
Área de associação límbica
Função
Comportamento, emoções e motivação
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Sistema Límbico
Afasia de expressão
(ou Afasia de Broca)
Figura 19.9. Os pacientes
com lesão da área de
Broca apr esen tam
distúrbios de expressão da
fala.
Afasia de condução
Especializações Hemisféricas
Figura 19.11. Os pacientes com lesão do feixe arqueado apresentam deficiências na repetição de frases ouvidas.
Figura 19.19. Os hemisférios
são especializados, o que
significa que participam das
mesmas funções de modo
diferen te. O con cei to de
especiali zação s uperou o
conceito antigo de dominância,
pelo qual um dos hemisférios
faria tudo, sendo o outro uma
“reserva técnica” coadjuvante.
Figura 19.4. Os encéfalos
rep r es e n ta do s e m A
ilustram a posição de
lesões corticais (em roxo)
de pacientes que não
co n se gu e m n o m ear
pess oas, a nimai s e
i n s t r u m e n t o s ,
re s p e c t i v am e n t e . O s
encéfalos representados
em B ilustram as regiões
corticais mais ativas (em
vermelho) na tomografia
por emissão de pósitrons,
em indivíduos durante a
nomeação verbal dessas
mesm as catego rias.
Modificado de H. Damasio e
colaboradores (1996) Nature
380: 499-505.
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Figura 17.13. Quando se apresenta a uma pessoa com lesão no lobo temporal esquerdo um painel de objetos como em A, ele não é
capaz de nomeá-los verbalmente, mas indica que reconhece cada objeto, colorindo-os ( B). Modificado de M.S. Gazzaniga e colaboradores
(1998) Cognitive Neuroscience, p. 186. W.W. Norton, EUA.
Figura 19.20. A primeira observação do Mercado de escravos com o busto evanescente de Voltaire, quadro pintado em 1940
por Salvador Dali (1904-1989), revela a estratégia perceptual do hemisfério direito. Um segundo olhar mais cuidadoso revela a
estratégia do hemisfério esquerdo. Óleo sobre tela, Museu Salvador Dali, St. Petersburg, EUA.
Áreas corticais envolvidas com a linguagem
Figura 19.6. Neste experimento de localização das áreas corticais que processam a linguagem, o indivíduo ouve palavras diversas
(A), enquanto o pesquisador registra imagens de RMf de seu cérebro. Neste caso, as imagens representam cortes coronais. Revelamse ativas diversas áreas em torno do sulco lateral em ambos os hemisférios. Quando o pesquisador subtrai mediante técnicas de
computação a imagem resultante da estimulação com palavras sem sentido (pseudopalavras) (B), ressalta o envolvimento
lateralizado do hemisfério esquerdo (E). Imagens de Jorge Moll Neto, Grupo Labs - Rede D’Or, Rio de Janeiro.
Figura 19.21. Quando os painéis à esquerda (em bege) são apresentados para pacientes com grandes lesões
hemisféricas copiarem, os que têm lesões direitas (hemisfério esquerdo funcionante) copiam os detalhes mas
perdem a forma global (painéis do meio). O contrário ocorre com os pacientes com lesões esquerdas (hemisfério
direito funcionante, painéis à direita). Modificado de D. Delis e colaboradores (1986) Neuropsychologia 24: 205-214.
Modelo Neurolinguístico de Wernicke
Figura 19.12. Pelo modelo
ne u r o l i n g ü í s t i c o d e
We rni ck e, o ind iv íd uo
re sp o n de r i a a u m
interlocutor (desenho de
cima ) ativ ando em
se qü ên ci a as á rea s
auditivas (A1 e A2), a área
da co mp re en sã o de
Wernicke (W), a área de
expressão de Broca (B), e
finalmente a área motora
primária (M1), responsável
pelo comando da
articulação. O indivíduo que
lê em voz alta (desenho de
b a i x o ) e m p r e g a ri a o
mesmo circuito, mas a sua
área de Wernicke seria
ativada pelo córtex visual
primário (V1) e áreas
visuais subseqüentes.
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Lesão no Córtex pré-frontal
Figura 19.1 3. O model o
conexionis ta envolve a
interação de diversas áreas
corticais, mais restritas que as
defi ni das p or B ro ca e
Wernicke. Surgiu da análise
dos sintomas de pacientes com
lesões pequenas, e permite a
identificação tentativa dos
sistemas postulados pelos
psicolingüistas. Ang + SM =
Gir o a n gu l a r + g ir o
supramarginal. BP = Broca
posterior. IT = córtex ínferotemporal. M1 =área motora
primária. PF = córtex préfrontal. PT = pólo temporal. TP
= córtex temporal posterior. W
= área de Wernicke.
As funções intelectuais superiores da área pré-frontal
Conexão interhemisférica
Lobotomia pré-frontal (pacientes com depressão psicótica
grave)
Efeitos:
- incapacidade de resolver problemas complexos
- perdem objetivos, ambição
- incapacidade de executar várias tarefas simultaneamente
- perdem agressividade
- perda de conceitos morais (sexo, excreção)
- labilidade de humor (doçura para raiva, excitação para
loucura)
- falam e compreendem a linguagem, mas não acompanham
pensamentos complexos
- realizam funções motoras sem objetivo
- incapacidade de elaboração do pensamento (distração)
Figura 19.17. Representação
das comissuras cerebrais
vi sta s d e b ai xo e “ por
trans parên ci a”. O co rpo
caloso e a comissura do
hipocampo estão cortados
longitudinalmente em ambos
os lados, para facilitar a
compreensão. Na verdade
nenhuma dessas comissuras
tem um limite lateral preciso,
pois suas fibras se continuam
na substância branca cortical.
Muitas fibras que trafegam na
comissura do hipocampo na
verdade não cruzam, mas
formam o fórnix em cada lado.
A comissura anterior tem um
ramo anterior que conecta os
bulbos olfatórios.
Síndrome da desconexão inter-hemisférica
Função do corpo caloso e da comissura anterior
Conectar as áreas corticais dos dois hemisférios
- corpo caloso- cooperação dos dois lados do hemisfério
- comissura anterior- unificação da resposta emocional dos
dois lados do hemisfério
Lesão
Ex. secção do corpo caloso
- a área de Wernicke dominante perde o controle sobre o
córtex motor do lado oposto
- apresentam duas partes cerebrais conscientes totalmente
separadas
Figu ra 19 .18 . No
experimento que revelou a
síndrome de desconexão
inte r-he mis fé ric a, a
paciente com o corpo
caloso seccionado olha
fixamente para uma tela
(A) onde o pesquisador
projeta estímulos muito
breves (milissegundos).
Depois (B), é solicitada a
dizer oralmente o que viu,
e apontar o mesmo com a
mão esquerda. Por que as
respostas são diferentes?
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Sistemas de memória
Memória
comportamento
A memória é a capacidade que tem o homem e os
animais de armazenar informações que possam ser
recuperadas e utilizadas posteriormente. Difere da
aprendizagem que é apenas o processo de aquisição
de informações.
Eventos internos (cognição, emoção)
Evocação e
utilização
Seleção
Eventos
externos
Seleção
Aquisição
Retenção
temporária
Consolidação
Retenção
duradoura
Esquecimento
Tipos e Características da Memória
Quanto ao tempo de retenção
Circuitos
hipocampais
envolvidos na
formação da
Tipos e subtipos Características
Ultra-rápida
Curta duração
memória
Longa duração
Tipos e Características da Memória
Quanto ao tempo de retenção (cont.)
Dura fração de seg. a alguns seg., memória
sensorial
Dura min. ou horas, garante o sentido de
continuiddade do presente
Dura horas, dias ou anos, garante o registro
do passado autobiográfico e dos
conhecimentos do indivíduo
Tipos e Características da Memória
Quanto à natureza
Tipos e subtipos Mecanismo de formação
Tipos e subtipos Características
Ultra-rápida
Explícita ou
declarativa
Curta duração
Longa duração
Atividade neural contínua ou acúmulo de
cálcio na terminação pré-sináptica
Presença de neurônio facilitatório
(serotonina)
Modificação estrutural nas sinapses
- Aumenta a capacidade física para a
liberação do neurotransmissor ou o número
de vesículas
- Aumenta o número de terminações présinápticas
Pode ser descrita por meio de palavras
Implícita ou não Não pode ser descrita por meio de palavras
declarativa
Operacional
Permite o raciocínio e o planejamento do
comportamento
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Tipos e Características da Memória
Tipos e Características da Memória
Implícita ou não declarativa
Quanto à natureza (cont.)
Tipos e subtipos
Explícita ou declarativa
Tipos e subtipos Características
- Episódica
Tem uma referência temporal, memória de
fatos sequenciados
- Semântica
Envolve conceitos atemporais, memória
cultural
Características
De representação Representa imagens sem significado
conhecido, memória pré-consciente
perceptual
De procedimento Hábitos, habilidades e regras
Associativa
Associa dois ou mais estímulos
(condicionamento clássico), ou um
estímulo a uma certa resposta
(condicionamento operante)
Não associativa
Atenua uma resposta (habituação) ou a
aumentta (sensibilização) através da
repetição de um mesmo estímulo
Tipos de Memória e substrato neural
correspondente
Memória
Amnésia
Substrato neural
Memória a curto prazo Córtex pré-frontal
Memória explícita ou
declarativa
Priming
Lobo temporal medial,
diencéfalo
Córtex occipital, temporal e
frontal
Aprendizado de tarefas Estriado
motora
Condicionamento
Cerebelo
clássico
Condicionamento
Amígdala
emocional
Tipos de amnésia
Amnésia anterógradanão lembra memórias recentes
Amnésia retrógraddanão lembra memórias do passado
Amnésia dissociativaesquece certos eventos ou uma parte do passado
* hiperminésia e incapaciddade de esquecer
* confabulação
Refere-se à incapacidade parcial ou total de
adquirir, reter e/ou evocar, em um momento
posterior, informações previamente
adquiridas.
Principais causas da amnésia
Fisiológica, amnésia senil benigna
Hipóxia, hipoglicemia
Doenças neurodegenerativas (Alzheimer,
Parkinson)
Traumas ou tumores, convulsões, epilepsia
Demência alcoólíca (Síndrome de Korsakoff)
Alterações cerebrovasculares
Depressão, mania, esquizofrenia
Induzida por drogas (benzodiazepinicos)
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Síndrome de Wernicke-Korsakoff
(Síndrome confabulatória amnésica)
Causa- Ingestão de álccol por longo tempo
deficiência de tiamina
Sintomas- déficits irreversíveis na memória de curto
prazo e na de longo prazo recente
Confusão, confabulação e diminuição na
espontaneidade
Patogenia- degeneração nos corpos mamilares,
núcleos talâmicos, subst. cinz. periaquedutal, núcleos
vestibulares, cerebelo,
diminuição de 5-HT, Ach, DA, Glu, GABA
Amnésia dissociativa
Amnésia histérica (Pierre Janet e Sigmund Freud)
Causa- Forte trauma emocional
Sintomas - incapacidade voluntária (ou
inconsciente) de relembrar eventos traumatizantes amnésia retrógrada seletiva
Área envolvida- complexo amigdalóide
Amnésia dissociativa
Tipos
Amnésia localizada- perda de memória para
acontecimentos de curto prazo
Amnésia generalizada- perda de memória para todo um
periodo de vida do indivíduo
Amnésia seletiva- incapacidade de evocar
determinados acontecimentos, durante curto tempo
Amnésia contínua- esquecimentos de acontecimentos
sucessivos à medida que eles vão ocorrendo
Tratamento- Psicoterepêutico, barbitúricos,
benzodiazepínicos,
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