Artigo Original Tratamento seletivo do hipoparatireoidismo após tireoidectomia total baseado nos valores de PTH Selective treatment for hypoparathyroidism after total thyroidectomy based on PTH levels Resumo Abstract Introdução: A hipocalcemia é a complicação mais comum após a tireoidectomia total e responsável por um maior tempo de internação. A fim de evitar manifestações da hipocalcemia, alguns autores rotineiramente fazem suplementação oral de cálcio, outros, por sua vez, prolongam a estadia do doente aguardando dosagens séricas de cálcio para indicar a reposição. Objetivo: Avaliar a eficácia da suplementação de cálcio/calcitriol baseado em valores pós operatórios de paratormônio(PTH) , afim de evitar manifestações clínicas de hipocalcemia em pacientes submetidos à tireoidectomia total. Materiais e Métodos: Estudo prospectivo com 31 pacientes submetidos à tireoidectomia total ou totalização, com ou sem esvaziamento recorrencial. O PTH foi colhido após 1 hora de pós operatório. A suplementação seletiva foi determinada pelo valor do PTH com cálcio (PTH >5 e <15pg/ml), cálcio e calcitriol (PTH <5pg/ml) e foram correlacionadas com sintomas de hipocalcemia durante 10 dias de pós operatório. Resultados: Nenhum paciente com PTH>15pg/ml desenvolveu sintomas (p=0,007). Dentre os pacientes com PTH <15pg/ml, 9 (52,84%) permaneceram assintomáticos com uso da medicação. Cinco pacientes (29,41%) não fizeram uso da suplementação prescrita e todos apresentaram sintomas. Três pacientes apresentaram sintomas, apesar do uso correto da suplementação.(p=0,009). Conclusão: A suplementação seletiva de cálcio ou cálcio associada ao calcitriol, baseada no PTH, é eficaz para evitar os sintomas de hipocalcemia. Descritores: Tireoidectomia; Hormônio Hipocalcemia; Hipoparatireoidismo. Antônio Augusto Tupinambá Bertelli 1 William Kikuchi 2 Camila Paiva Derito 2 Leonardo Gabriel Möller 2 Liara Nakamura Hirota 3 Vinicius Araújo Garcia 3 Alexandre Baba Suehara 1 Antonio José Gonçalves 8 Marcelo Benedito Menezes 9 Paratireóideo; INTRODUÇÃO A hipocalcemia é a mais comum e, por vezes, mais severa complicação pós-operatória em pacientes submetidos à tireoidectomia total com uma incidência que varia de 1,7 Background: Hypocalcemia is the most common complication after total thyroidectomy and the major determinant in delay of discharge. Because of this, some authors routinely use oral supplementation of oral calcium, while others postpone hospital discharge waiting of multiple calcium dosages. Objectives: To test a selective oral calcium/calcitriol supplementation to avoid clinical manifestations of hypocalcemia based on parathyroid hormone levels after total thyroidectomy. Methods: Prospective study with 31 patients undergoing total thyroidectomy or completion, with or without central neck dissection. Parathyroid hormone (PTH) was measured 1 hour postoperative period. Selective supplementation was determined by serum PTH levels with oral calcium (PTH>5pg/ ml and <15pg/ml) or oral calcium plus calcitriol (PTH<5pg/ml) and correlated with symptoms of hypocalcemia during 10 days postthyroidectomy. Results: None of the patients (14/31) with PTH levels > 15pg/ml developed symptoms (p=0,007). Among seventeen patients with PTH<15pg/ml, 9 (52,84%) patients had adequate supplementation and remained asymptomatic. Five patients (29,41%) had clinical manifestations without correct supplementation. Three patients developed symptoms taking correct supplementation. (p=0,009). Conclusions: The selective supplementation based on postthyroidectomy PTH levels can be used safely to avoid clinical manifestations of hypocalcemia. Key words: Thyroidectomy; Hypocalcemia; Hypoparathyroidism; Parathyroid Hormone. a 68%1. Tal complicação pode ocorrer por manipulação, desvascularização ou ressecção inadvertida de uma ou mais glândulas paratireoides, de forma que, as paratireoides remanescentes não produzem Paratormônio (PTH) suficiente para manter a homeostase do cálcio levando a quadros de 1)Mestre em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Assistente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de São Paulo. 2)Médico(a) Residente. Médico(a) Residente em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 3)Acadêmico(a) da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 4)Livre Docente em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Chefe do Departamento de Cirurgia da Santa Casa de São Paulo. 5)Doutor em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Chefe da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de São Paulo. Instituição: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. São Paulo – SP – Brasil. Correspondência: William Kikuchi - Rua Dr Cesário Mota Jr, 112 - Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Departamento de Cirurgia - Bairro: Santa Cecília - São Paulo / SP – Brasil CEP: 01221-020 – E-mail: [email protected] Artigo recebido em 02/12/2012; aceito para publicação em 24/10/2014; publicado online em 31/10/2014. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 3, p. 123-126, Julho / Agosto / Setembro 2014 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 123 Tratamento seletivo do hipoparatireoidismo após tireoidectomia total baseado nos valores de PTH. hipocalcemia sintomática. Este quadro de hipoparatireoidismo pode ser transitório ou, em até 15% dos casos, permanente, quando os sintomas perduram por mais de 6 meses.2 A maioria desses pacientes evolui com hipocalcemia assintomática, auto-limitada, sem a necessidade de tratamento medicamentoso. Quando presentes, os sintomas variam de parestesias e câimbras a quadros de tetania e convulsões, que geralmente acontecem em torno de 24 a 48 horas de pós operatório, podendo ocorrer até 7 dias após o procedimento cirúrgico.3 Desta forma, os pacientes permanecem internados para monitorar o possível desenvolvimento de sinais e sintomas de hipocalcemia, durante o período mínimo de 48 horas. A suplementação pós-operatória de cálcio em pacientes submetidos à tireoidectomia total é controversa. Diferentes protocolos de reposição são citados na literatura, baseados na clínica, no valor de Cálcio sérico e/ou de valores de Paratormônio (PTH) pós-operatório. Alguns autores advogam o uso de cálcio como rotina após a tireoidectomia para todos os pacientes. 2,4 Outros autores utilizam valores de cálcio sérico diário para orientar a reposição, independente da presença de sintomas. Já para aqueles que aguardam manifestações clínica para reposição, o manejo de pacientes inclui a dosagem de Cálcio sérico após inicio dos sintomas com a introdução da terapêutica com reposição de carbonato de cálcio e, eventualmente, calcitriol. Casos de hipocalcemia severa, por sua vez, podem exigir cuidados intensivos e reposição endovenosa de gluconato de cálcio, por vezes prolongando a internação hospitalar. A presença de sintomas pode estar relacionada com a queda dos níveis de cálcio. Porém, a concentração sérica deste íon não decai imediatamente após a injúria das paratireoides, levando de 24 a 72 horas para atingir seus valores mais baixos. Os sintomas, por sua vez, podem aparecer em um período inferior à queda do cálcio sérico.5,6 O PTH, ao contrário, apresenta meia-vida de 2 a 3 minutos, refletindo imediatamente a queda da função das glândulas paratireoides. 7 Recentemente, diversos estudos têm dosado o Paratormônio com algumas horas de pós-operatório como fator preditor de hipocalcemia sintomática.8,9,10,11,12,13,14,15,16 Uma recente análise de 3 estudos comparou os valores de PTH pré e pós-operatório o qual demonstrou que, pacientes com queda no valor de PTH maior que 60%, entre 1 e 6 horas de pós operatório, possuem maior risco de desenvolver sintomas de hipocalcemia.17 Pacientes com valores de PTH acima de 15pg/ml teriam baixo risco de desenvolver sintomas de hipocalcemia podendo obter alta hospitalar no primeiro dia de pós-operatório, sem a necessidade de reposição oral de cálcio18,19. Já pacientes com PTH com valor abaixo de 10pg/ml, apresentariam alto risco para hipocalcemia sintomática. Nestes casos, poderse-ia implementar um tratamento profilático afim de, evitar os transtornos bio-psico-sociais de uma hipocalcemia sintomática e, promover a redução de custos, com uma terapêutica menos agressiva e menor quantidade de exames seriados12. OBJETIVO Avaliar a eficácia da suplementação de cálcio/calcitriol baseado em valores pós operatórios de PTH, afim de evitar manifestações clínicas de hipocalcemia em pacientes submetidos à tireoidectomia total pela Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia da F.C.M.S.C.S.P.; identificar os pacientes que evoluem com hipoparatireoidismo no pós operatório, correlação 124 e������������������������������������������� Bertelli et al. das alterações do paratormônio com sintomas clínicos e necessidade de reposição de cálcio. MATERIAIS E MÉTODOS Estudo clínico, prospectivo, em 31 pacientes portadores de doença maligna ou benigna de tireoide que foram submetidos à tireoidectomia total ou totalização de tireoidectomia pela Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia da F.C.M.S.C.S.P., no período de janeiro à julho de 2012. O perfil da amostra encontra-se detalhado na Tabela 1. Após anamnese completa, todos os pacientes foram esclarecidos a respeito dos objetivos desta pesquisa, do procedimento a que foram submetidos, eventuais riscos, complicações, dos potenciais benefícios obtidos, do sigilo de seus dados pessoais e clínicos, da utilização do material obtido exclusivamente para a realização deste estudo, da não obrigatoriedade da sua participação e da sua liberdade para deixar de participar no momento desejado sem prejuízos ao seu acompanhamento e tratamento. Após sua concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelo paciente e Pesquisador, foi entregue uma cópia ao paciente e a outra arquivada no prontuário médico. O trabalho foi aprovado previamente pelo Comitê de Ética e Pesquisa. O pré-operatório consistiu na dosagem de hemograma, coagulograma, glicemia, ureia, creatinina, sódio, potássio, cálcio total, albumina e hormônio tireo-estimulante (TSH) e tiroxina (T4 livre); ultrassonografia de tireoide; eletrocardiograma; radiografia de tórax. O procedimento consiste numa tireoidectomia total com preservação do nervo laríngeo recorrente, sem o uso de monitor de nervo; e dissecção minuciosa para identificação macroscópica das paratireoides, afim de preservá-las. No caso de desvascularização ou ressecção inadvertida de uma ou mais, um fragmento de paratireoide foram submetido a estudo anátomo-patológico por meio de congelação. O remanescente foi preservado em solução salina isotônica e posteriomente reimplantado no músculo esternocleidomastoideo no final do procedimento.20 Critérios de inclusão: Pacientes com indicação de totalização de tireoidectomia por neoplasia de tireoide e com indicação de tireoidectomia total devido a: • Nódulo tireoideano com suspeita de malignidade; • Bócio volumoso com manifestações de compressão; • Bócio Mergulhante; • Bócio difuso tóxico com falha de tratamento ou com contra-indicação de tratamento clínico; Tabela 1. Perfil da amostra Total de pacientes 31 Sexo (M:H) 26:5 Idade (Anos) 22 - 88 Média de Idade 54,8 Procedimento cirúrgico Tireoidectomia Total 24 Tireoidectomia Total + EC 6 Totalização de tireoidectomia 1 Diagnóstico Anatomo-Patológico Benigno13 Maligno18 Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 3, p. 123-126, Julho / Agosto / Setembro 2014 Tratamento seletivo do hipoparatireoidismo após tireoidectomia total baseado nos valores de PTH. • Estética; • Neoplasia de tireoide. Critérios de exclusão: • Pacientes que não concordam em participar do estudo; • Hipocalcemia pré-operatória; • Hiperparatireoidismo pré-operatório comprovado por meio de dosagem de cálcio e PTH; Os pacientes foram submetidos à dosagem sérica de paratormônio (PTH) pelo método de Imunoensaio Quimioluminométrico (Advia Centaur) no Laboratório de Patologia Clínica da I.S.C.M.S.C.S.P na indução anestésica e com 1 hora de pós-operatório. Foi considerando valor referencial para o método 14pg/ml a 72pg/ml. A suplementação de cálcio ou cálcio e calcitriol seguiu o protocolo da Figura 1. A avaliação das manifestações clínicas da hipocalcemia foi realizada durante a internação e no primeiro retorno ambulatorial (7-10 dias de pós operatório). Foram considerados sintomas de hipocalcemia: parestesias peri-oral e de extremidades, câimbras, sinais de Chvostek e Trousseau. Não foram realizadas dosagens de Cálcio sérico. Análise Estatística: O teste exato de Fisher foi utilizado para comparar as variáveis categóricas com uso do Software Epi Info 7, sendo considerado p<0,05 como significativo. RESULTADOS Dos 31 pacientes analisados, 14 pacientes apresentaram PTH > 15pg/ml não necessitaram de reposição de cálcio e calcitriol e se mantiveram assintomáticos. Nos 17 pacientes (54,83%) que se enquadravam na faixa de risco para desenvolver os sintomas de hipocalcemia, seis apresentaram valores de PTH entre 5 e 15 e receberam reposição de Carbonato de Cálcio 2g/dia, sendo que todos estes permaneceram assintomáticos até o primeiro retorno ambulatorial. Um paciente não fez uso adequado da medicação, necessitando de reposição endovenosa e passagem em pronto-socorro. Valores de PTH ≤ 5pg/ml foram encontrados em 11 pacientes, os quais receberam orientações para o uso de Carbonato de Cálcio 2g/dia e Calcitriol 0,75 µg/dia. Destes, 7 pacientes fizeram uso correto da medicação, sendo que 4 permaneceram assintomáticos e 3 apresentaram as manifestações clínicas de hipocalcemia. Os pacientes que não seguiram as orientações de reposição, 4 pacientes, apresentaram sintomas, por vezes necessitando de passagem em Pronto-socorro com reposição endovenosa de cálcio. Pelo teste exato de Fisher alcançamos um p=0.007, de forma que podemos afirmar que pacientes com PTH > 15pg/ml não apresentarão sintomas clínicos de hipocalcemia. Quando comparados os pacientes com PTH ≤ 15 pg/ml que usaram e não usaram a medicação, houve significância estatística sendo que o uso de medicação 125 e������������������������������������������� Bertelli et al. Figura 1. Protocolo de reposição de Cálcio e Calcitriol conforme valores de PTH. PTH: Paratormônio P.O. 1-hora: pós operatório 1 hora. para esses pacientes com fator de risco para hipocalcemia evitam os sintomas de hipoparatireoidismo. (p=0,009) DISCUSSÃO A tireoidectomia total é uma das cirurgias mais realizadas pelo cirurgião de cabeça e pescoço. O manejo pós operatório dos pacientes submetidos à tireoidectomia total inclui observação de sinais de hematoma cervical, paresia de nervo laríngeo recorrente e sinais e sintomas de hipocalcemia. A paresia bilateral do nervo laríngeo recorrente, geralmente é observada na sala cirúrgica logo após a extubação do doente, por vezes, necessitando de reintubação ou até mesmo uma traqueostomia. O risco de hematoma cervical é maior nas primeiras 24 horas de pós operatório, diminuindo sua incidência nos dias subsequentes. A hipocalcemia é complicação pós operatória mais comum com uma incidência que varia de 1,7-68%.1,21,22 Hipocalcemia sintomática é definida quando os pacientes apresentam um ou mais sinais e ou sintomas relacionados à queda do cálcio, que são: parestesia perioral, tremores ou parestesias de extremidades, câimbras ou tetanias musculares, sinal De Chvostek e sinal de Trousseau.23,24 A presença de sintomas pode estar relacionada com a queda dos níveis de cálcio. Porém, a concentração sérica deste íon não decai imediatamente após a injúria das paratireoides, levando de 24 a 72 horas para atingir seus valores mais baixos. Os sintomas, por sua vez, podem aparecer em um período inferior à queda do cálcio sérico.5,6. O PTH, ao contrário, apresenta meiavida de 2 a 3 minutos, refletindo imediatamente a queda da função das glândulas paratireoides.7 Huang avaliou 197 pacientes que foram submetidos à tireoidectomia total sendo que 187 pacientes apresentaram PTH >15ng/L, 79 (42,3%) pacientes evoluíram com hipocalcemia transitória, contudo, nenhum destes desenvolveu sintomas do hipoparatireoidismo.1 Kim e cols. em um estudo com 123 pacientes, nenhum apresentou sintoma de hipocalcemia, quando o PTH se encontrava acima de 10pg/ml.23 No presente estudo, todos os pacientes com PTH acima de 15 pg/ml no pós Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 3, p. 123-126, Julho / Agosto / Setembro 2014 Tratamento seletivo do hipoparatireoidismo após tireoidectomia total baseado nos valores de PTH. operatório permaneceram assintomáticos, mesmo sem nenhuma suplementação, em acordo com a literatura apresentada. Desta forma, podemos afirmar que o valor de PTH > 15pg/ml pode ser considerado um valor de referência para alta hospitalar sem uso da medicação. A suplementação seletiva de cálcio e/ou vitamina D em pacientes submetidos à tireoidectomia total tem sido indicada. Os autores que apoiam esta prática sugerem que a hipocalcemia pós operatória é secundária à um hipoparatireoidismo, e que o PTH pós operatório ajudaria a identificar os pacientes de risco. O uso rotineiro de suplementação eleva o risco de hipercalcemia quando comparado com pacientes submetidos à suplementação seletiva. (4,5 vs 0%, p=0,006).1,2,25 Em teoria, uma única dosagem de PTH imediatamente após a tireoidectomia poderia ser usada para identificar os pacientes com risco de desenvolver hipoparatireoidismo, a maioria deles transitório e facilmente tratados com suplementação de cálcio e/ou vitamina D.15 Desta forma, em nosso estudo pacientes com PTH ≤ 15pg/ml foram orientados a utilizar alguma forma de suplementação via oral. Contudo, alguns pacientes não fizeram uso da medicação prescrita, permitindo a subdivisão dos pacientes em 2 grupos quanto ao uso da suplementação, sendo que todos os pacientes que não fizeram uso da medicação apresentaram os sintomas de hipocalcemia, assim validando o protocolo instituído para pacientes com PTH pós operatório ≤15pg/ml. CONCLUSÃO Os resultados deste estudo permitem concluir que a suplementação seletiva de cálcio ou cálcio associada ao calcitriol é eficaz para evitar os sintomas de hipocalcemia em pacientes com valor de PTH≤15pg/ ml. Os pacientes com valores de PTH acima de 15pg/ ml, não desenvolverão sintomas de hipoparatireoidismo, desta forma, não necessitam de reposição. REFERÊNCIAS 1. Huang SM. Do we overtreat post-thyroidectomy hypocalcemia. World J Surg.2012;36:1503-1508. 2. Wang TS, Roman SA, Sosa JA. Postoperative calcium supplementation in patients undergoing thyroidectomy. Curr Opin Oncol. 2012;24(1):22-28. 3. 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