Mix de Marketing Professora conteudista: Daniela Menezes Sumário Mix de Marketing Unidade I 1 O QUE É MARKETING? ......................................................................................................................................1 1.1 Elementos básicos de marketing ......................................................................................................3 2 AMBIENTE DE MARKETING ............................................................................................................................6 2.1 Macroambiente ........................................................................................................................................7 2.2 Microambiente .........................................................................................................................................9 3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO ....................................................................................................................11 3.1 Marketing de segmento .................................................................................................................... 12 3.2 Marketing de nicho ............................................................................................................................. 13 3.3 Marketing individual ........................................................................................................................... 14 3.4 Marketing local ..................................................................................................................................... 15 3.5 Segmentação dos mercados consumidores .............................................................................. 16 3.6 A segmentação efetiva ...................................................................................................................... 17 3.7 Posicionamento no mercado em marketing ............................................................................. 18 3.8 Fatia de clientes versus fatia de mercado .................................................................................. 18 3.9 O mesmo objetivo, mas com resultados ..................................................................................... 21 3.10 Uma abordagem da fatia de clientes......................................................................................... 22 4 TIPOS DE MERCADOS .................................................................................................................................... 24 4.1 Mercado organizacional .................................................................................................................... 25 4.1.1 Situações de compra no mercado organizacional .................................................................... 26 4.2 Mercado consumidor .......................................................................................................................... 27 5 MARKETING E VALOR PARA O CLIENTE.................................................................................................. 29 5.1 Proposta de valor ................................................................................................................................. 30 5.2 Satisfação total do cliente................................................................................................................ 31 6 MARKETING DE RELACIONAMENTO ........................................................................................................ 31 6.1 Os benefícios do marketing de relacionamento ...................................................................... 36 7 ESTRATÉGIAS X MARKETING ...................................................................................................................... 37 7.1 Tipos de estratégias ............................................................................................................................. 38 8 GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES NO MARKETING ................................................................... 40 8.1 O sistema 0800...................................................................................................................................... 41 8.2 O SAC......................................................................................................................................................... 42 8.3 A Internet ................................................................................................................................................ 43 8.4 Os “torpedos” ......................................................................................................................................... 44 8.5 O telemarketing .................................................................................................................................... 44 8.6 O database (banco de dados) .......................................................................................................... 45 9 GESTOR DE MARKETING ............................................................................................................................... 46 9.1 O perfil ...................................................................................................................................................... 47 Unidade II 10 INTRODUÇÃO AO COMPOSTO DE MARKETING................................................................................. 49 10.1 Composição do mix de marketing .............................................................................................. 50 11 PRODUTO .......................................................................................................................................................... 53 11.1 Classificação de produto ................................................................................................................. 55 11.2 Elementos do produto ...................................................................................................................... 57 12 PLANEJAMENTO DE NOVOS PRODUTOS.............................................................................................. 62 12.1 Estratégias para desenvolvimento de novos produtos....................................................... 63 12.2 Ciclo de vida do produto ................................................................................................................ 64 12.3 Composto de produto (ou portfólio de produtos) ............................................................... 69 Unidade III 13 PRAÇA (DISTRIBUIÇÃO) ...............................................................................................................................71 14 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................................................ 72 14.1 Funções dos canais de distribuição ............................................................................................ 74 14.2 Organização do canal de marketing .......................................................................................... 75 14.3 Distribuição física e gerenciamento da logística .................................................................. 78 14.4 Varejistas e atacadistas ................................................................................................................... 79 15 TRADE MARKETING...................................................................................................................................... 83 15.1 As novas relações nas negociações entre fabricantes, varejistas e consumidores ............83 15.2 O conceito de trade marketing .................................................................................................... 84 15.3 O trade marketing mix..................................................................................................................... 86 16 PREÇO ............................................................................................................................................................... 90 16.1 Objetivos de preços ........................................................................................................................... 91 16.2 Passos para a determinação de preços ..................................................................................... 92 16.3 Lei da oferta e da demanda........................................................................................................... 94 16.4 Determinação da demanda ........................................................................................................... 95 16.5 Determinação dos custos ............................................................................................................... 96 17 ESTRATÉGIAS PARA FORMAÇÃO DE PREÇOS .................................................................................... 99 17.1 Determinação das estratégias e políticas de preços .........................................................100 17.2 Estratégias de determinação de preços para novos produtos ......................................101 17.3 Estratégias de determinação de preços para um mix de produtos .............................103 17.4 Estratégias de preço x qualidade...............................................................................................105 17.5 Mudanças de preços ....................................................................................................................... 107 Unidade IV 18 PROMOÇÃO (COMUNICAÇÃO) ..............................................................................................................109 18.1 O processo de comunicação........................................................................................................ 110 18.2 Estágios no desenvolvimento das comunicações .............................................................. 110 18.3 Mix de comunicação (composto de comunicação) ........................................................... 115 18.4 Comunicação Integrada de Marketing (CIM) ....................................................................... 116 18.5 Propaganda ........................................................................................................................................ 117 18.6 Venda pessoal .................................................................................................................................... 118 18.7 Promoção de vendas ...................................................................................................................... 119 18.8 Relações públicas (publicidade) .................................................................................................121 18.9 Marketing direto ..............................................................................................................................122 MIX DE MARKETING Unidade I INTRODUÇÃO AO MARKETING 1 O QUE É MARKETING? Antes de entendermos o que é marketing, vamos nos atentar a detalhes que demonstram sua existência em nosso cotidiano. Todos os dias nos deparamos com comunicações, produtos e serviços, diferentes formas de consumo, enfim, estratégias que 5 passam despercebidas por nós e que trazem consigo, de alguma forma, resquícios do marketing. Ao acordarmos, escovamos os dentes com uma escova e creme dental de uma determinada marca, tomamos nosso café, leite, iogurte, comemos nosso pãozinho, recebemos o jornal 10 em casa, tomamos nosso banho com sabonete, shampoo e condicionador, colocamos nossa roupa, sapatos e saímos para nossos compromissos. Só nesse ínterim já podemos identificar a presença de estratégias de diferentes empresas, veja como: Para que a escova dental chegasse em nossas casas, uma empresa idealizou esse consumo e criou um produto que satisfizesse nossa necessidade de higiene bucal, mas que também tivesse características que possibilitassem a um grupo de consumidores escolher determinada marca em detrimento de 20 outras. Criou uma comunicação que não só lhes informasse, mas que também os convencesse de que essa determinada escova era a ideal para atender às suas expectativas. Administrou seus 15 1 Unidade I custos e após muito estudo estabeleceu um preço adequado para a compra do produto e, além de tudo, viabilizou a compra, deixando o produto disponível em locais (pontos de vendas) convenientes para os consumidores. 5 Perceba que em um parágrafo já podemos observar algumas das ações que uma empresa precisa tomar para atender a seus consumidores e, consequentemente, conquistar seus objetivos empresariais. No entanto, é preciso ressaltar que o marketing está presente em diversos setores da sociedade e não só no setor 10 privado, esse exemplo foi utilizado apenas para ilustrar o nosso contato com essa ciência. Vejamos algumas definições do marketing: Segundo Kotler (1998), existem definições sociais e gerenciais: Definição social 15 Processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo que necessitam e que desejam com a criação, a oferta e a livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros. O propósito do marketing, segundo essa definição, é proporcionar à sociedade uma qualidadade de vida superior. 20 Definição gerencial Processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço, a promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços para criar negociações que satisfaçam metas individuais e organizacionais. 25 2 O propósito do marketing, segundo essa definição, é satisfazer as necessidades dos clientes, contruindo, assim, relacionamentos duradouros e não apenas vendendo produtos. MIX DE MARKETING Se refletirmos a partir dessas duas definições é fácil concluir que o marketing é uma ciência que estuda o processo de troca, no qual duas ou mais partes oferecem algo de valor para o outro, com o objetivo de satisfazer necessidades e desejos. 1.1 Elementos básicos de marketing 5 O marketing tem o papel de planejar e executar estratégias, para que o processo de troca aconteça de forma a beneficiar tanto quem procura satisfazer suas necessidades ou desejos quanto quem oferta para atingir metas individuais ou organizacionais. Faz parte da essência do marketing alguns elementos básicos, 10 vejamos: 15 1. Necessidades: é o elemento mais básico e inerente ao marketing, é a partir dele que percebemos um estado de privação ou limitação desencadeando a busca pela satisfação. Conforme Abraham Maslow, refere-se a aspectos básicos da condição humana – alimentar-se, vestir-se, ter um lugar para morar etc. Pirâmide da hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow: moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos. Realização pessoal autoestima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros. Estima Amor/Relacionamento amizade, família, intimidade sexual. Segurança segurança do corpo, do emprego, de recursos, de moralidade, da família, da saúde, da propriedade. Fisiologia respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção. Fonte: <http://www.quenerd.com.br/blog/wpcontent/uploads/Hierarquia_das_ necessidades_de_Maslow.png>. 3 Unidade I Quando uma necessidade é focada em um único objeto, e somente ele é capaz de satisfazer a essa necessidade, isso se transforma em desejo. 5 2. Desejos: são manifestações de nossa vontade, não são necessidades. Assim, temos o desejo de um carro novo, de um televisor maior, de um apartamento novo. 3. Oferta: consiste em colocar à disposição para a troca um produto, um serviço ou uma ideia. 10 4. Troca: é o conceito central de marketing, envolve a obtenção de um produto desejado por alguém que oferece algo em troca dele. Para que o potencial de troca possa existir, cinco condições são essenciais: • que existam pelo menos duas partes; 15 • que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes; • que todas as partes tenham capacidade de comunicação e de entrega; • que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca; 20 25 4 • que todas as partes acreditem ser adequado participar da negociação. 5. Transação: é uma troca de valores entre duas ou mais partes. Ex.: Sérgio entrega uma televisão a Alexandre, que lhe paga R$ 600,00 (seiscentos reais) em dinheiro. Isso é uma transação monetária clássica. No entanto, a transação não exige que dinheiro seja um dos valores trocados. Uma transação de permuta envolve a troca de bens ou serviços por outros bens ou serviços. MIX DE MARKETING Ex.: um contador faz a declaração de imposto de renda para um médico em troca de uma consulta. Uma transação envolve várias dimensões: pelo menos duas coisas de valor, acordo no que diz respeito a condições, momento 5 do acordo e local adequado. Geralmente, existe um sistema legal para apoiar e exigir o cumprimento das obrigações. Sem legislação a transação poderia ser vista com desconfiança, o que traria prejuízos a ambas as partes. 10 15 6. Transferência: quando A dá x para B, mas não recebe nada em troca. Presentes, subsídios e doações a obras de caridade são transferências. O comportamento de transferência também pode ser compreendido por meio do conceito de troca, porque quem transfere espera receber algo em troca. Ex.: ao doar sangue a alguém, espera-se receber gratidão, o que traz ao doador uma sensação de bem-estar. 7. Satisfação: uma oferta poderá proporcionar satisfação ao consumidor se os seus atributos, o seu pacote de benefícios (também chamado de valores) o satisfizerem, ou seja, atenderem às suas expectativas. 20 8. Valor: pode ser definido, segundo Cobra (1992), como “ a diferença entre o que o cliente espera e o que ele recebe”. O autor explica o valor pela seguinte fórmula: Valor = Benefícios – sacrifícios Custos = (benefícios práticos + benefícios emocionais) – sacrifícios custos monetários + custo tempo + custo energia + custos psicológicos Fonte: Adaptado de Cobra (1992). 25 9. Mercado: pode ser definido, atualmente, segundo Kotler (2006), como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe de produto (mercado imobiliário ou de grãos, por exemplo). 5 Unidade I 10. Demanda: é o grupo de pessoas que procuram por um determinado produto e tem o poder aquisitivo para obtê-lo. 2 AMBIENTE DE MARKETING O ambiente de marketing é formado pela conjunção de fatores externos (macroambiente) e internos (microambiente) à 5 empresa, estes interferem, direta ou indiretamente, nas decisões e nos resultados das ações de marketing realizadas. Os profissionais de marketing devem estar constantemente atentos ao ambiente de marketing, para identificarem possíves oportunidades e se defenderem de ameaças. 10 O ambiente de marketing pode ser representado pela figura abaixo: Mercado global Macroambiente Microambiente Os fornecedores, os intermediários, os concorrentes, as entidades públicas e privadas, os clientes e a empresa. Forças:demográficas, tecnológicas, econômicas, político-legais, naturais, culturais. Fonte: Adptado de Basta, Darci; Marchesini, Fernando Roberto De Andrade; Oliveira, José Antonio Ferreira De; Sá, Luis Carlos Seixas (2004). 6 MIX DE MARKETING 2.1 Macroambiente O macroambiente é formado por forças que a empresa não pode controlar, sendo de responsabilidade do gerente de marketing analisar, avaliar e entender o histórico e evolução dessas forças, bem como as possíveis tendências de evolução 5 futura, de modo a elaborar cenários que minimizem os riscos das decisões e ações de marketing. Forças do macroambiente Forças tecnológicas: provavelmente essa seja a força com maior expressão atualmente, em função das constantes inovações 10 proporcionadas pela tecnologia, que geram oportunidades de mercado. É importante ressaltar que as inovações tenológicas podem movimentar o mercado, de tal forma a substituir produtos, criar demanda primária (com lançamento de novos produtos) e até 15 afetar a outra força, como no caso da indústria da natalidade: a pílula anticoncepcional está reduzindo o tamanho das famílias, neste caso influe na força cultural. Forças econômicas: além da necessidade de existência do mercado para o processo de troca, é necessário que nesse 20 mercado existam pessoas e que essas pessoas detenham o poder de compra, sendo que esse poder de compra está atrelado à distribuição de renda, aos preços, às poupanças, aos empréstimos e à disponibilidade de crédito. Em suma, é importante avaliar a situação econômica do país em que uma empresa pretende 25 atuar. Os profissionais de marketing devem estar atentos às principais tendências na renda e nos padrões de consumo, porque elas podem ter um forte impacto nos negócios, especialmente no caso de produtos direcionados a consumidores de alto poder 30 aquisitivo e sensíveis ao preço. 7 Unidade I Segundo Kotler (2006), em uma economia global é preciso atentar-se a mudanças na distribuição de renda no mundo, pois essa distribuição varia muito de país para país, especialmente nos países em que os níveis de riqueza estão aumentando. 5 Forças político-legais: é formada por leis, regulamentos, tratados, acordos, normas que são outogardos por governos e grupos de pressão que exercem influência sobre várias organizações e indivíduos da sociedade. Com relação a essa força, é preciso considerar a atuação dos 10 partidos e dos grupos que elas representam. As privatizações, as instituições jurídicas, a legislação sindical, a proteção industrial nacional, a lei de patentes, os impostos, o código de defesa ao consumidor são algumas variáveis importantes. Em alguns casos, oportunidades são geradas em virtude de leis 15 que beneficiam determinados setores, assim como a Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura) beneficiou o mercado cultural e a Lei da Alcoolemia Zero (mais conhecida como Lei Seca), Lei 11.705, que entrou em vigor em 20 de junho de 2008, beneficiou o mercado de seguro automobilístico no Brasil, porque reduziu 20 o número de acidentes e, consequentemente, os sinistros das seguradoras. Forças naturais: essa força tem como foco os recursos naturais. É necessário que as empresas percebam a necessidade de adoção de práticas que protejam o meio ambiente para 25 evitar a escassez de matéria-prima e a própria degradação do meio ambiente. Grandes oportunidades aguardam por empresas e profissionais de marketing que consigam criar novas soluções, capazes de conciliar prosperidade e proteção ambiental. 30 8 Segundo Kotler (2006), as empresas precisam se conscientizar sobre as ameaças e oportunidades associadas às quatro tendências do ambiente natural: a escassez de matérias- MIX DE MARKETING primas, especialmente de água; o custo mais elevado de energia; os níveis mais altos de poluição; e a mudanças no papel dos governos com relação à proteção ambiental. Forças demográficas: referem-se às pessoas que formam 5 os mercados (o público-alvo). As empresas têm muito interesse no tamanho e na taxa de crescimento populacional em diferentes mercados, assim como na distribuição etária, no composto étnico, nos níveis educacionais, nos padrões de moradia, nas características regionais etc. Por meio de um 10 aprofundamento em pesquisas demográficas é possível que a empresa concentre seus esforços em determinadas ações com vistas a atender às características próprias de públicos específicos, por exemplo: crianças com poder de influenciar em uma decisão de compra, casais jovens com dupla fonte de 15 renda e sem filhos, profissionais liberais solteiros, universitários, entre outros. Forças culturais (sociais): conforme as preferências, hábitos e gostos das pessoas, a decisão de compra é direcionada para um determinado produto e/ou serviço em detrimento de outro. 20 A sociedade molda crenças, valores e normas que definem, em grande parte, suas preferências. Os profissionais de marketing devem entender as visões que as pessoas têm de si próprias, das outras, das instituições, da sociedade, da natureza e do universo. As empresas precisam 25 criar e vender produtos e/ou serviços que vão ao encontro dos valores centrais e secundários da sociedade, assim como abordar as necessidades das diferentes subculturas existentes dentro da sociedade. 2.2 Microambiente As empresas precisam atrair clientes e retê-los através da 30 construção de um relacionamento estruturado, baseado na entrega de valor e satisfação. 9 Unidade I Para tal, é necessário administrar diversas variáveis no seu microambiente, que é formado por forças que a empresa pode controlar, tais como: Empresa: é preciso avaliar todos os recursos utilizados na 5 atuação da empresa, incluindo o recurso humano, que, aliás, é um dos recursos mais importantes para o seu bom desempenho. Os gestores devem construir uma administração que conscientize cada colaborador sobre sua importância em todo o processo de atendimento ao cliente. Todos têm o seu valor, ou seja, todos 10 representam um papel fundamental para a existência da empresa; por essa razão, devem estar integrados para alcançar um só objetivo e trabalharem em conjunto para que ele seja alcançado. Clientes: a segmentação de mercados é importante para a delimitação do público-alvo de uma empresa, porque centraliza 15 os esforços de marketing em um ou poucos grupos que interessam à empresa atender. Seguindo esse princípio da segmentação, Phillip Kotler (2006) propôs a existência de cinco tipos de mercados com características bem distintas e que devem ser explorados com atenção especial, pois os critérios para seleção 20 de fornecedores são rigorosos. Os mercados são: consumidor, industrial, revendedor, governamental e internacional. Concorrentes: os concorrentes exercem forte influência na lucratividade, na participação de mercado (market share) e até mesmo no posicionamento da empresa. 25 O monitoramento da concorrência precede e serve de base para a criação de estratégias competitivas de marketing. De caráter prospectivo, consiste em prever o índice de crescimento de cada um dos concorrentes mais importantes nos próximos anos, assim como a possibilidade de novos entrantes e o papel 30 desempenhado pelos produtos substitutos. Entidades públicas e privadas: a opinião pública pode afetar positivamente ou negativamente a força competitiva de 10 MIX DE MARKETING uma empresa, caso ela adote ou não práticas éticas e socialmente responsáveis. Algumas entidades privadas e públicas como: ONGs, o Conar (Conselho Nacional de Auto- Regulamentação Publicitária), o 5 Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), entre outras, alertam a opinião pública para várias questões, como a utilização de mão de obra infantil nas atividades organizacionais, propaganda enganosa, segurança no trabalho, direito dos consumidores, proteção ambiental etc. Fornecedores: os profissionais de marketing devem se interessar, particularmente, por essa variável, pelo poder de interferência na proposta de valor que a organização pretende desenvolver para os seus clientes, seja do ponto de vista técnico, de produção e logística, seja nas atividades de custeio e na precificação 15 de produtos, considerando diferentes níveis de serviços. 10 O marketing incentiva os fornecedores a oferecerem soluções diferenciadas que agreguem valor ao produto, dificultando a transferência de clientes para a concorrência. Diminuindo os custos com mudanças, a organização torna-se mais lucrativa. Intermediários: devem ser objeto de constante avaliação por parte dos profissionais de marketing, porque têm importante papel na competitividade e lucratividade das organizações, uma vez que suas atividades destinam-se a fazer chegar às mãos dos clientes uma vasta gama de produtos e serviços produzidos 25 pelos fabricantes. 20 São considerados intermediários: atacadistas, distribuidores e varejistas, que representam os canais de distribuição. 3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO Pode-se definir mercado como um espaço físico ou virtual onde vendedores e compradores encontram-se para trocar bens 11 Unidade I e serviços . Os compradores são pessoas que fazem parte de uma sociedade com uma determinada organização política, econômica e cultural, e que acumulam experiências ao longo da vida; têm perfil, personalidades, percepções e motivações 5 diferentes. No entanto, todas as pessoas buscam sempre satisfazer suas necessidades e desejos. A segmentação consiste na divisão do mercado em grupos de pessoas (clientes potenciais) com características, percepções de valores, comportamento de compra e expectativas 10 semelhantes. O ponto de partida de qualquer estudo sobre segmentação é o marketing de massa. No marketing de massa a empresa utiliza um único composto de marketing para atender todo o mercado. Como exemplo de uso dessa abordagem, podemos 15 citar a Coca-Cola, que utilizou o marketing de massa quando vendia o refrigerante apenas em garrafas de 200 ml. A justificativa do marketing de massa é que ele cria um mercado potencial maior, o que gera custos mais baixos que, por sua vez, levam a preços mais baixos ou a margens mais 20 altas. No entanto, com a evolução das formas de comunicação e distribuição, tem se tornado cada vez mais difícil e caro atingir um público em massa. Para alguns, essa abordagem está com os dias contados. Realmente, muitas empresas estão se voltando para o marketing de segmento, de nicho, local e 25 individual. 3.1 Marketing de segmento Segundo Kotler (2006), um segmento de mercado consiste em um grande grupo de pessoas com características e expectativas semelhantes. Os profissionais de marketing devem identificar e decidir em 30 quais segmentos vão se concentrar, para daí, então, planejar, 12 MIX DE MARKETING definir preços, divulgar e fornecer o produto ou serviço para melhor satisfazer o mercado-alvo, que é o segmento específico de mercado que uma organização seleciona para servir. 3.2 Marketing de nicho Um nicho é um grupo determinado, restrito, que procura por 5 um mix de benefícios específicos. Usualmente o profissional de marketing identifica um nicho subdividindo um segmento em um subsegmento. Um nicho atraente tem as seguintes características: • os clientes têm necessidades distintas; 10 • os clientes se predispõem a pagar um preço mais alto para adquirir um produto ou serviço que melhor atenda às suas necessidades e desejos; • os nichos não constumam atrair outros concorrentes; 15 • o nicho gera retorno financeiro para empresa por meio da especialização; • o nicho tem potencial para crescer e gerar lucros maiores. As empresas que praticam marketing de nicho se especializam em entender profundamente as necessidades e desejos de seus 20 clientes, o que possibilita a sua satisfação plena, por meio da criação de produtos e/ou serviços direcionados. Exemplo de utilização de marketing de nicho: Apesar de líder no segmento de refrigerantes e de refrigerantes de cola no Brasil, a Coca-Cola também vende 25 outros refrigerantes, entre eles a Fanta Uva, feita para um público altamente especifico. Esse mercado-alvo de clientes que procuram refrigerantes de uva, é um nicho de mercado. 13 Unidade I 3.3 Marketing individual Adaptar o composto de marketing para clientes de forma individual é o que chamamos de marketing individual ou marketing customizado. No passado esse tipo de marketing era difícil de ser 5 praticado, mas com o avanço da tecnologia ele começou a se tornar uma estratégia viável. Computadores, banco de dados, produção robotizada e e-mails permitem ao profissional de marketing reunir e recuperar informações sobre os desejos e as necessidades individuais e as compras de muitos clientes 10 potenciais ou passados. Embora marketing individual nem sempre seja útil, os contínuos avanços tecnológicos o estão tornando cada vez mais atraente. O profissional de marketing continuará a influenciar no processo, mas de novas maneiras. Atualmente, os clientes estão tomando mais iniciativas para determinar o que e como comprar. Eles navegam pela Internet, procuram informações e avaliações dos produtos e/ou serviços oferecidos, contatam fornecedores, consumidores, participam de redes sociais que comentam sobre determinados produtos e 20 até ilustram o que querem. A Internet cada vez mais possibilita ao cliente demonstrar em detalhes os seus desejos com relação aos atributos do produto, forma de pagamento e opções de entrega. Ela cria soluções que permitem a fabricação do produto a partir das escolhas dos clientes, o que otimiza os custos para 25 a empresa. 15 Cada empresa precisa avaliar seu negócio e o perfil de seu mercado-alvo para decidir se é mais compensador criar ofertas para segmentos ou clientes individuais. As empresas favoráveis à segmentação a percebem como um processo mais eficiente 30 que requer menos informações do cliente e possibilita maior padronização das ofertas de mercado. Já as empresas seguidoras 14 MIX DE MARKETING do marketing individual acreditam que os segmentos não são confiáveis porque são compostos de pessoas muito diferentes entre si, e que as empresas podem atingir a precisão e a eficiência atendendo às necessidades individuais. 5 Observações gerais sobre customização: • a customização não é para todas as empresas (não é indicada para fabricantes de produtos muito complexos); • ela pode elevar os custos do produto acima do que o cliente está disposto a pagar; 10 15 • alguns clientes não sabem exatamente o que querem antes de ver um produto já pronto; • não é possível cancelar um pedido depois que já iniciou a fabricação de um produto, pois não é muito provável que um outro cliente se interesse por um produto pronto nessa modalidade; • o conserto do produto pode se tornar difícil e o valor de revenda baixo. 3.4 Marketing local O marketing direcionado leva programas de marketing idealizados de acordo com os desejos e as necessidades de 20 grupos de clientes locais (áreas comerciais, bairros e até mesmo lojas). As atividades de marketing local procuram estar, tanto quanto possível, próximas e serem pessoalmente relevantes para cada cliente. Pode-se considerar um exemplo de atividade de 25 marketing local o patrocínio de times escolares locais. Grande parte do marketing local constitui-se do marketing experimental, que promove um produto e/ou serviço não só comunicando seus atributos, como também relacionando-o com 15 Unidade I experiências específicas e interessantes. Kotler (2006) define o marketing experimental dessa forma “a ideia não é vender algo, mas demonstrar como a marca pode enriquecer a vida do cliente”. Para os defensores do marketing local, a propaganda em âmbito nacional é um desperdício porque é muito genérica, ela não atende às necessidades locais. Já os que não confiam nessa tática, argumentam que ela eleva os custos nos processos de produção e marketing, diminuindo as economias 10 de escalas. De fato, os problemas de logística aumentam e a imagem da marca como um todo pode ficar enfraquecida se os produtos e as mensagens forem diferentes em cada localidade. 5 3.5 Segmentação dos mercados consumidores A segmentação de mercado pode ser feita com base em 15 alguns critérios como: Segmentação geográfica: requer a divisão do mercado em diferentes unidades geográficas como nações, estados, regiões, cidades, bairros, clima e densidade. Uma empresa pode atuar em uma, em algumas, ou em todas as unidades geográficas, desde 20 que atenda às variações locais. Segmentação demográfica: o mercado é dividido em grupos de variáveis básicas como idade, sexo, raça, renda, ocupação, grau de instrução, religião, tamanho da família, geração, classe social, entre outras. Segmentação psicográfica: a psicografia é a ciência que utiliza a psicologia e a demografia para entender melhor os consumidores. Na segmentação psicográfica, os compradores são divididos em diferentes grupos, com base no estilo de vida, na personalidade e nos valores. Pessoas do mesmo grupo 30 demográfico podem ter perfis psicográficos diferentes. 25 16 MIX DE MARKETING Segmentação comportamental: os compradores são divididos em grupos conforme seus conhecimentos, atitude, uso e resposta a um produto. 3.6 A segmentação efetiva Para que o processo de segmentação de um mercado 5 seja justificável, o segmento identificado deve ter algumas características, a saber: Ser diferenciável: o segmento deve ter uma reação diferente (considerando os outros segmentos ou a totalidade do mercado) às ações de marketing de uma empresa. Deve-se 10 olhar para uma publicidade de forma diferente, para que assim se possa direcionar a fala especificamente para o segmento. Ser mensurável: o segmento deve ter o seu tamanho ou potencial identificado, ou seja, deve-se ter uma noção de quantas pessoas estão nesse segmento para que não ocorra um 15 esforço inadequado ao tamanho do segmento. Por exemplo: é possível mensurar a quantidade de mulheres de Belo Horizonte. Ser acessível: a empresa deve ter condições de oferecer o que este segmento realmente busca. Por exemplo: se uma empresa identifica que um segmento deseja produtos mais 20 baratos deve ter condições de oferecê-los a este mercado. Ser substancial: o segmento deve ter um tamanho que justifique os investimentos da empresa para atendê-lo. Por exemplo: se uma empresa identificou que um segmento deseja produtos mais baratos, mas para oferecer isso ao mercado 25 precisa modernizar a sua manufatura, precisa verificar se este investimento será compensado pelos ganhos que terá com este segmento. Ser acionável: a empresa deve convencer que a sua proposta de valor para o segmento será aceita (comprada) por 17 Unidade I ele. Por exemplo: uma empresa reconhece que um segmento deseja um produto com desempenho superior, no entanto se ela não conseguir fazer com que este segmento reconheça o seu produto como de desempenho superior não terá sucesso no seu 5 esforço para atender o segmento. 3.7 Posicionamento no mercado em marketing O posicionamento é a técnica pela qual os “mercadólogos” tentam criar uma imagem ou identidade para um produto, marca ou empresa. É o espaço que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado. O posicionamento de 10 um produto depende de como compradores potenciais o veem, e é expressado pela relação de posição entre os competidores. O reposicionamento envolve uma mudança da imagem de um produto perante seus consumidores, concorrentes e mercado. A habilidade de identificar oportunidades de 15 posicionamento é um grande teste de habilidade para os profissionais de marketing. Estratégias bem-sucedidas em marketing, normalmente têm sua raiz na vantagem competitiva sustentável de um produto. Em função das semelhanças dos consumidores que compõem 20 cada segmento, eles tendem a responder de forma similar a uma determinada estratégia de marketing, isto é, tendem a ter sentimentos e percepções semelhantes sobre um rol de marketing composto para um determinado produto. 3.8 Fatia de clientes versus fatia de mercado Para se ter êxito em um mercado onde os interesses de um 25 cliente não necessariamente representam o da coletividade, as empresas devem medir seus resultados através de cada cliente e não através do mercado onde atuam. A proposição central para qualquer negócio que atue em um mundo individualizado é a fatia de clientes. 18 MIX DE MARKETING Aumentar a fatia de mercado implica, como se sabe, vender a maior quantidade possível de um produto para o maior número possível de clientes. Contudo, pelo conceito de fatia de clientes, a empresa deve se assegurar de que cada um dos clientes que 5 compra o seu produto, volte a comprá-lo e compre somente a sua marca. A exigência desse conceito é a empresa conhecer os seus clientes individualmente.É preciso que a empresa tenha duas informações essenciais: saber quem são os consumidores que 10 nunca compraram os seus produtos, para evitar investimentos desnecessários; e saber quem são os seus clientes leais, para se certificar de que o que eles compram da empresa é o que escolhem com maior frequência. Antes de se tirar proveito das novas tecnologias, é 15 preciso ter um conjunto de princípios para a aplicação dessas prerrogativas. O atual paradigma posto em vigor pelo marketing de massa não necessita de mídia interativa ou de computadores que identifiquem transações individuais com os clientes associados ao longo do tempo. Esse 20 rastreamento de transações específicas e a conversa direta com o cliente não são práticas difundidas por empresas que visam o marketing de massa através do conceito de fatia de mercado. Porém, à medida que se começa a pensar sob a influência do 25 conceito de fatia de clientes, novas perspectivas competitivas são abertas e o emprego da tecnologia da informação passa a ser útil para a interação com o cliente, mesmo que virtualmente. Tomando como exemplo um floricultor que comercializa seus 30 produtos em uma pequena cidade. As suas ações de marketing podem ter duas direções: quanto à fatia de mercado ou quanto à fatia de clientes. 19 Unidade I Fatia de mercado Caso ele aja segundo o conceito da fatia de mercado, sua administração estaria enquadrada nas atuais concepções de marketing, ou seja, seu objetivo seria vender a máxima quantidade 5 de flores naquele mercado no período que estivesse nele. Em seguida, divide-se o volume de vendas que ele obteve pelo volume de vendas total do setor durante o mesmo período e, dessa forma, se tem o percentual do mercado de flores da cidade. Ciente de que seu objetivo é maximizar as suas vendas, quais 10 providências práticas ele deverá tomar? Utilizando a abordagem de marketing tradicional, que figura o raciocínio da fatia de mercado, ele poderá fazer algumas promoções especiais para datas comemorativas como dia das mães e dia dos namorados, quando há uma alta demanda por flores. Isso poderá surtir o 15 efeito pretendido de aumento das vendas, desde que os seus concorrentes não reduzam preços – o que não é provável. No entanto, essa medida lhe custará uma fatia de seu lucro. Ele estará disposto? Qualquer negócio que ele feche adotando essa estratégia 20 não é certeza de conquista de clientela, porque as compras só estão ocorrendo devido às suas ações promocionais. Todos esses clientes serão perdidos no momento em que a concorrência utilizar a mesma estratégia. Fatia de clientes 25 Ele aje de forma diferente da tradicional busca desenfreada pela maximização de vendas e procura ter o foco no seu cliente, naquilo que cada um busca ao procurar o seu comércio. O floricultor pode observar cada negócio que está ou não fechando com os clientes e procurar aumentar a sua fatia de 30 preferência de cada cliente, descobrindo aquilo que cada um está procurando para disponibilizar em sua banca. 20 MIX DE MARKETING A diferença entre as duas abordagens é sutil, mas merecedora de atenção, pois está no objetivo central de cada uma. Na primeira abordagem, o interesse está em conseguir aumentar a participação no mercado, enquanto na segunda 5 está em conseguir aumentar a participação na preferência do consumidor. Certamente, a maximização das vendas de uma forma consistente e a médio prazo é obtida com a abordagem de fatia de cliente. No entanto, como o pensamento que prevalece no meio empresarial brasileiro é o lucro imediato, a 10 curtíssimo prazo, a abordagem da fatia de mercado ainda é a mais seguida. 3.9 O mesmo objetivo, mas com resultados Se uma empresa é eficaz o suficiente para elaborar promoções reduzindo suas margens e, com isso, gerar caixa, mesmo tendo o ônus da divulgação e da perda de 15 lucratividade, ela pode otimizar o seu processo de vendas permitindo que a sua equipe de vendas trabalhe corretamente e como consequência seus clientes retornarão. Dessa forma, os objetivos são alcançados, mas os resultados financeiros não são reduzidos. 20 Aparentemente, esse processo de fácil aplicação poderia ser adotado por muitas empresas, mas o tempo de retorno, utilizando essa estratégia, é de médio a longo prazo – o que não interessa à maioria dos empresários brasileiros. Para adotar essa estratégia é necessário que a empresa 25 primeiramente reconheça a diferença entre atingir uma fatia de mercado maior e atingir uma fatia de clientes maior, trabalhando um cliente por vez. Independentemente de qual estratégia de vendas a empresa adote, se for perceptível ao final de um período que as suas 30 vendas tiveram um aumento maior que a média de mercado, poderá ter sido reflexo do aumento de sua fatia de mercado. 21 Unidade I No entanto, se os clientes foram bem trabalhados pela equipe de vendas, é bem provável que a sua fatia de clientes também tenha sofrido o mesmo incremento. As chances de a empresa aumentar seu faturamento 5 otimizando o relacionamento de seus vendedores com seus clientes são grandes, mas ainda há um motivo maior para a empresa adotar a estratégia de fatia de clientes. Mesmo que ela não sofra uma expansão em termos de vendas unitárias, concentrando-se na fatia de clientes, ela poderá se tornar 10 mais forte e lucrativa. Para compreender como isso é possível, responda a seguinte pergunta: qual é a floricultura com maior probabilidade de sucesso em relação às vendas – a que vende para todo o mercado, acumulando 10% da preferência de cada cliente, ou a que vende para somente 10% do mercado, mas 15 acumula 100% da preferência de cada cliente? Talvez, concentrar-se na fatia de clientes, em vez de se concentrar na fatia de mercado, seja o meio menos dispendioso, mais rentável e gratificante para se alcançar o aumento de faturamento em termos globais. 3.10 Uma abordagem da fatia de clientes 20 Os consumidores não são chaves do tipo liga e desliga. Eles são como botões de volume do tipo que podem aumentar ou diminuir a intensidade com que consomem produtos ou serviços durante toda a vida. Por exemplo, a compra de uma caixa de leite não será algo isolado que acontecerá uma vez na vida daquele 25 consumidor. Cabe às empresas buscarem uma sintonia eficiente com seus clientes e, gradativamente, aumentarem o volume de consumo. Uma teoria que confirma a viabilidade da fatia de clientes é a teoria de Pareto, em que ele afirma que 80% dos negócios de 30 uma empresa são resultantes da negociação com 20% dos seus clientes. 22 MIX DE MARKETING A percepção desse simples fato por parte dos administradores de marketing pode levar ao conhecimento mais profundo das necessidades dos clientes e, ao mesmo tempo, à compreensão de que eles possuem sentimentos, 5 pensamentos e lembranças de suas últimas compras, especialmente aquelas que os marcaram negativamente. Na verdade, uma pessoa toma a decisão de comprar a partir de suas impressões sobre o produto, de suas experiências e de seu estado de humor naquele momento. 10 Quando a empresa começa a visualizar o aumento da sua fatia de clientes, a sua tarefa passa a ser a descoberta de uma maneira de fazer com que cada cliente aumente seu controle de volume em relação à compra de seus produtos e serviços. 15 No entanto, deve-se entender que as múltiplas transações provenientes do mesmo cliente são acontecimentos condicionais, ou seja, a sequência de transações dependerá da contínua satisfação do cliente. Logo, é importante manter os clientes constantemente satisfeitos com os produtos e serviços 20 ofertados. A aparente banalidade desse fato não é de fácil compreensão por empresas que praticam o marketing de massa, pois como o foco é aumentar a fatia de mercado, essas percepções sobre a importância da individualidade de seus clientes passam 25 despercebidas. Assim, nunca deve ser esquecido pelas empresas que os consumidores têm o livre-arbítrio da escolha e podem mudar a sua preferência de compra a qualquer momento, ao menor sinal de descontentamento com produtos ou serviços ofertados. 30 Dessa forma, muitos o fazem sem que as empresas percebam que perderam clientes valiosíssimos. 23 Unidade I 4 TIPOS DE MERCADOS O profissional de marketing deve sempre pensar em uma forma otimizada de atuar no mercado para alcançar os objetivos da empresa. Em princípio, parece uma tarefa relativamente fácil, mas na realidade são muitas as dificuldades encontradas, o que 5 explica o grande número de empresas que se retiram do mercado, mesmo contando com larga experiência, com profissionais capacitados e com ampla estrutura mercadológica. Ao estudar o mercado, é necessário, inicialmente, entender como é o seu funcionamento. Uma empresa pode vender 10 seus produtos ou serviços aos consumidores mediante o preenchimento de alguns requisitos básicos. O primeiro é a existência de pessoas com necessidades a serem satisfeitas com a compra dos produtos ou serviços ofertados pela empresa. Caso não exista a necessidade, mesmo que seja latente, não 15 haverá possibilidade de negociação. O segundo requisito a ser preenchido é que as pessoas tenham poder aquisitivo para comprar. Se um produto ou serviço pode ser vendido em prestações, não será possível vendê-lo a alguém que tenha um poder aquisitivo inferior ao valor de tais prestações, ao 20 menos dentro das condições de adimplência. Se algum desses dois fatores não existir em um determinado local, não haverá mercado para uma empresa que queira atuar naquela área. Portanto, o profissional de marketing deve determinar qual o mercado visado para, em seguida, selecionar o grupo que tem 25 interesse em atingir com programas de marketing, conhecido como mercado-alvo. De uma forma geral, os mercados são selecionados de acordo com o uso final do produto. Neste caso, os mercados são divididos em mercado de consumo e mercado organizacional. No mercado de consumo o comprador adquire os 30 produtos para consumo, enquanto no mercado organizacional o comprador adquire os produtos para outros fins que não sejam de consumo próprio, como: transformar, revender, alugar, entre outros. 24 MIX DE MARKETING Essa classificação determina diferenças básicas no que diz respeito às políticas de marketing a serem desenvolvidas para cada um desses mercados. Logo, as empresas que atuam em mercados de consumo têm que conhecer a estrutura deste 5 mercado, além dos hábitos e das motivações para a compra dos produtos pelas pessoas; enquanto que se a empresa optar pelo mercado organizacional, ela deverá conhecer as características de compra e de uso por parte das empresas visadas. 4.1 Mercado organizacional Segundo Kotler (2006), “o mercado organizacional é formado 10 por todas as organizações que produzem bens e serviços utilizados na produção de outros produtos ou serviços que são vendidos, alugados ou fornecidos a terceiros”. Os principais setores que formam o mercado organizacional são: agricultura, pesca, mineração, manufatura, construção, transporte, comunicação, 15 serviços públicos, setor bancário, financeiro e segurador, distribuição, comércio e serviços. Os mercados organizacionais possuem diversas características que os tornam muito diferentes dos mercados consumidores: 20 25 30 • menos compradores, porém compras em maior volume – se comparado a quantidades de consumidores finais potenciais de um produto, o número de organizações é menor, porém o volume de compra é muito maior; • relacionamento mais próximo entre fornecedor e cliente– em compras organizacionais o cliente lida diretamente com o fornecedor, o que não ocorre normalmente no processo de compra do consumidor final, em função dos intermediários envolvidos; • compra profissionalizada – os profissionais que exercem função de compras organizacionais são treinados e seguem normas e regulamentos preestabelecidos pelas empresas que eles representam; 25 Unidade I • influências de compra – diversas pessoas influenciam no processo de compra organizacional; muitas vezes especialistas, gestores e até comitês precisam participar da decisão; 5 10 15 20 25 • grande número de contatos de vendas – são realizados alguns orçamentos com diferentes fornecedores para uma mesma compra, gerando, assim, um número maior de contatos; • demanda derivada – a demanda por bens organizacionais é oriunda da demanda por bens de consumo, porque as empresas só comercializam entre sim o que tem mercado, ou seja, o que uma pessoa ou um grupo de pessoas consumiriam; por essa razão é preciso acompanhar as tendências de consumo; • demanda inelástica – a demanda total de muitos bens e serviços organizacionais é inelástica, ou seja, não é muito afetada pelas mudanças de preços; • demanda oscilante – a demanda por bens e serviços organizacionais tende a ser mais instável do que a demanda por bens e serviços de consumo, isso porque se ocorrer um determinado aumento no percentual da demanda de consumo, pode levar a um aumento muito maior na demanda de instalações, equipamentos e diversas variáveis envolvidas na produção adicional; • concentração geográfica dos compradores – alguns setores se concentram em determinadas regiões o que ajuda a reduzir custos de venda; • compra direta – normalmente as organizações preferem comprar diretamente dos fabricantes. 4.1.1 Situações de compra no mercado organizacional 30 26 O comprador organizacional encara diversas situações no processo de decisão de compra, como a complexidade do MIX DE MARKETING problema, compras novas, o volume de pessoas envolvidas e o tempo requerido. Kotler apud Patrick Robinson distingue três tipos de situação de compra. 5 10 15 1. Recompra simples: compra sistemática de determinados produtos, com fornecedores pré-cadastrados. Esses fornecedores buscam manter a qualidade para continuar a atender o cliente. 2. Recompra modificada: o comprador decide alterar as especificações, os preços, os prazos de entrega e outros termos referentes ao produto. A recompra modificada normalmente envolve agentes de decisão adicionais de ambas as partes. Neste caso, os forncedores habituais precisam ficar atentos para protegerem sua compra, pois essa é uma oportunidade para fornecedores alternativos. 3. Nova tarefa: o comprador adquire um produto ou serviço pela primeira vez e quanto maior o custo ou risco, maior é o número de participantes no processo de decisão e a quantidade de informações coletadas (o que aumenta o tempo gasto para a decisão final). 4.2 Mercado consumidor 20 Para se vender ao consumidor final é necessário entender a natureza do seu comportamento: quando, por que, como e onde essas pessoas compram ou não compram os produtos e serviços oferecidos. É importante conhecer o comportamento do consumidor para 25 se entender as necessidades do mercado e, assim, desenvolver compostos de marketing que satisfaçam a essas necessidades. As pessoas frequentemente compram produtos ou serviços com o intuito de satisfazer não somente as suas necessidades, mas também porque sofrem influências para tal. Há três 30 agentes interpessoais que são influentes no comportamento do 27 Unidade I consumidor e que podem determinar sua compra: a cultura, a sociedade e a família. 5 10 15 20 1. Cultura: a cultura, sendo um complexo de valores e crenças criados pela sociedade, é passada às gerações por meio de instituições como escolas e igrejas. De uma forma consciente ou não, os valores culturais exercem influências para que as pessoas se comportem seguindo o que a tradição determina, dessa forma inibem ou estimulam comportamentos e hábitos. 2. Sociedade: as classes sociais são divisões relativamente homogêneas e compõem uma sociedade, na qual os membros de cada classe compartilham valores, interesses e comportamentos similares. Porém, as pessoas podem oscilar entre as classes sociais e as empresas devem estar atentas a essa condição. 3. Família: a família talvez seja o agente mais influente quando se trata de comportamento de compra do consumidor, devido à estreita e contínua interação mantida entre os seus membros. Por existir este tipo de relacionamento mais próximo e confiável, muitos hábitos e costumes são transmitidos dentro da própria unidade familiar. Atenção com o poder de influência da mulher (esposa, mãe), das crianças e adolescentes e dos homossexuais. São três públicos que não foram considerados pelos planos de marketing 25 de muitas empresas por muitos anos. Na década de 1950 as mulheres costumavam ter tempo, mas não tinham poder de compra. Hoje, isso mudou e acabou gerando um novo e específico modo para se chegar ao público feminino. Quanto a crianças e adolescentes, hoje foram percebidos 30 como um mercado promissor, pela questão da fidelidade enquanto são pequenos. As indústrias de entretenimento, de artigos esportivos e de alimentação perceberam esse público e 28 MIX DE MARKETING investem maciçamente em fidelização desde cedo, porque são altas as probabilidades de eles se tornarem seus consumidores quando ficarem mais velhos e até lá muitas receitas serão geradas. O público homossexual, antes esquecido e vítima de 5 preconceitos, atualmente é responsável por movimentar vários ramos de atividade, como beleza e estética, turismo, moda, entretenimento e lazer. Apesar disso, o comportamento de compra do consumidor é regido por influências interpessoais e pessoais, ou seja, não 10 somente cultura, sociedade e família interferem na decisão de compra do indivíduo, mas também as suas necessidades individuais, as suas motivações, as suas percepções, as suas atitudes e o seu autoconceito. 5 MARKETING E VALOR PARA O CLIENTE Uma empresa orientada pelo marketing acredita que o 15 cliente é o centro de seu lucro, por isso gerencia suas ações para, além de satisfazê-lo e encantá-lo, também criar soluções que melhorem sua qualidade de vida. Além de estarem mais informados do que nunca, os clientes de hoje detêm ferramentas que lhes possibilitam verificar os 20 argumentos das empresas e buscar melhores alternativas. Daí surge o questionamento: o que lhes faz decidir por um produto em detrimento de outro? Acredita-se que os clientes analisam qual oferta lhes proporciona maior valor. E os clientes procuram sempre maximizar o valor, dentro dos limites impostos pelos 25 custos envolvidos na procura, pelas limitações de conhecimento, mobilidade e renda. Eles formam uma experiência de valor e agem com base nela. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende se a oferta atenderá ou não a essa expectativa de valor. 30 O Valor Percebido pelo Cliente (VPC) é a diferença entre a avaliação que o cliente potencial faz de todos 29 Unidade I 5 10 os benefícios e custos relativos a um produto ou serviço e as alternativas percebidas. Já o valor total para o cliente é o valor monetário de um conjunto de benefícios econômicos, funcionais e psicológicos que os clientes esperam de um determinado produto ou serviço. Por fim, o custo total para o cliente é o conjunto de custos em que os consumidores esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço, incluindo os custos monetários, de tempo, de energia física e psíquicos (Kotler, 2006, p.140). Enfim, o valor percebido pelo cliente baseia-se na diferença entre a expectativa do cliente e o que ele realmente adquire. As empresas podem aumentar o valor da oferta para o cliente 15 não só através de benefícios tangíveis e funcionais mas também através de benefícios intagíveis, como vantagens emocionais (status, conforto e confiança, por exemplo). 5.1 Proposta de valor Os consumidores possuem níveis diversificados de fidelidade a marcas específicas. Para entender esses níveis é preciso 20 compreender que um consumidor fiel é aquele que compra e indica repetidamente uma determinada marca, mesmo submetido a influências situacionais e mercadológicas. Para gerar um grande nível de fidelidade, a empresa deve desenvolver uma proposta de valor competitivamente superior, 25 dirigida a um segmento de mercado específico, com o suporte de um sistema de entrega de valor superior. Uma proposta de valor consiste em um conjunto de benefícios que a empresa promente entregar, é mais do que um posicionamento central da oferta. Por exemplo, o 30 posicionamento central da Volvo é segurança, mas ela promete ao cliente mais do que um carro seguro; outros benefícios 30 MIX DE MARKETING incluem um carro duradouro, um bom atendimento e um prazo de garantia extenso. Basicamente, a proposta de valor é uma declaração sobre a experiência resultante que os clientes obterão com a oferta e seu relacionamento com o fornecedor. A marca 5 deverá representar uma promessa relativa à experiência total resultante que os clientes podem esperar. Se a promessa será ou não cumprida, isso dependerá da capacidade da empresa em gerir seu sistema de entrega de valor. O sistema de entrega de valor inclui todas as experiências que o cliente terá ao longo do 10 processo de obter e usar a oferta. 5.2 Satisfação total do cliente Percebemos a satisfação do cliente a partir do sentimento que brota após a compra de um determinado produto ou serviço. Esse sentimento pode ser uma frustração ou uma sensação de prazer resultante da comparação entre o desempenho percebido 15 e suas expectativas. Para criar soluções que alcancem a satisfação do cliente é necessário conhecer como os clientes formam suas expectativas. Normalmente, estas são formadas com base em experiências de compras anteriores, conselhos de amigos, informações e 20 promessas de diversos fornecedores. Após o entendimento das variáveis que influenciam na criação da expectativa do cliente, os profissionais de marketing devem estabelecer um nível adequado de expectativa que irão atender para não desperdiçar recursos com elementos que não representarão 25 diferenciais aos produtos e não encantarão o cliente. 6 MARKETING DE RELACIONAMENTO A partir da difusão do conceito de marketing de relacionamento, um número crescente de estratégias de marketing vem sendo desenvolvido com base na ideia do continuum transacional-relacional. 31 Unidade I Ele é fundamentado na premissa de que estabelecer um relacionamento com o consumidor pode ser dividido em duas partes: a atração do consumidor e a construção de um relacionamento em que os objetivos econômicos podem ser 5 alcançados. Dessa forma, uma empresa que se preocupa em fazer promessas pode atrair consumidores, mas se as promessas não puderem ser cumpridas, o relacionamento não poderá ser mantido, porque o consumidor foi lesado em dois dos pontos mais relevantes para a sua decisão de compra: a confiança e o 10 comprometimento. Esses dois fatores são essenciais para que uma empresa tenha sucesso em seu marketing de relacionamento, pois induzem ao comportamento cooperativo entre os parceiros de troca. Através deles é possível que ambos trabalhem preservando seus 15 investimentos, de forma que um saberá que o outro não agirá com oportunismo, visando a benefícios recíprocos de longo prazo. Alguns autores definem a satisfação provocada pela política de relacionamento como um estado afetivo que resulta de 20 uma avaliação geral feita desse relacionamento. No entanto, é interessante perceber uma particularidade envolvida nessa avaliação geral: podem ocorrer casos em que as ligações tenham sido positivas; outros em que algo não tenha saído “perfeito”, o que resultou na perda do cliente. Logo, é importante que 25 as empresas identifiquem onde ocorreu a falha para que seja evitada futuramente. Em contrapartida, existem casos em que os clientes com relacionamentos mais duradouros com empresas demonstram serem mais compreensivos com possíveis falhas de 30 relacionamento, pois acumularam satisfação durante o decorrer dos contatos. Apesar disso, a empresa deve ter atenção porque esse acúmulo de satisfação pode ser totalmente anulado pelo excesso de contatos posteriores negativos. 32 MIX DE MARKETING Alguns consumidores que mantêm relacionamentos de longo prazo com empresas podem experimentar três tipos de benefícios: de confiança, sociais e de tratamento especial, o que confirma que as estratégias que visam à satisfação e à 5 lealdade do consumidor podem ser construídas utilizando os relacionamentos de forma positiva. Estes relacionamentos servem como forma de reter os clientes . É necessário que o profissional de marketing compreenda a diferença entre alguns termos que são muito confundidos e que 10 precisam ser bem identificados para evitar a tomada de decisões erradas. Os termos são: fidelidade e lealdade, além de transação e relação. A fidelidade está relacionada à conveniência, enquanto que a lealdade se refere a uma relação mais profunda. Por exemplo: 15 ao comprar pão francês, as pessoas preferem ir à padaria mais próxima de casa, mas se as pessoas se mudarem, comumente passarão a comprar o pão francês em uma padaria mais próxima da nova casa. Nesse exemplo é apresentado o comportamento do consumidor que é fiel. Se ele fosse leal à padaria onde compra 20 seus pãezinhos, mesmo ao se mudar continuaria comprando no mesmo local. A segunda diferença que o profissional de marketing deve conhecer é entre negócios que envolvem transações e negócios que envolvem relações. Mesmo que não haja regras gerais 25 aplicáveis, é possível identificar algumas particularidades que podem fazer com que as negociações adquiram um caráter de transação ou de relacionamento. Um consumidor que costuma fazer negócios esperando realizar uma transação comercial avalia sua satisfação em relação 30 a três critérios notadamente cognitivos: o produto/serviço em si, o preço e o prazo, mas o cliente que zela pelo relacionamento avalia as suas decisões de compra segundo a credibilidade percebida por ele e a empatia transmitida pelo vendedor. Neste 33 Unidade I caso, além dos aspectos cognitivos relacionados à transação comercial, que são relevantes, a decisão do consumidor também recebe influência dos aspectos afetivos. De forma geral, todos os negócios podem ser classificados 5 como de transação ou de relação, segundo a avaliação feita pelo consumidor quanto ao custo de transferência atrelado. Quando se tem um baixo custo de transferência, o negócio se apresenta como de transação, ou seja, mudar de fornecedor não implica custos de readaptação. É por isso que os consumidores 10 de pães franceses costumam mudar de padaria sem muita reflexão. Os clientes que valorizam aspectos de relacionamento compreendem que mudar de fornecedor pode implicar um alto custo de mudança – não somente em termos financeiros, 15 mas também em termos psicológicos e de tempo. É por esse motivo que alguns consumidores sentem dificuldade para mudar de plano de saúde. A mensalidade de um novo plano pode até ser mais baixa e a rede de atendimento maior e mais completa, mas o prazo de carência ou o médico com o qual 20 o consumidor está habituado a se consultar, que não atende pelo novo plano, poderão representar fatores determinantes para a mudança. Logo, é fundamental para um processo decisório que o profissional de marketing saiba distinguir entre consumidores 25 indiferentes, fiéis e leais, e consumidores que esperam uma transação ou uma relação. Por muito tempo, o marketing de relacionamento foi entendido como uma interação entre comprador e vendedor, em que uma organização buscaria estabelecer e fortalecer relações 30 a longo prazo com clientes atuais e potenciais. Contudo, para que esses objetivos sejam concretizados, deve-se: • entender as necessidades dos clientes; 34 MIX DE MARKETING • tratar os clientes como parceiros; • garantir que os empregados estejam empenhados em satisfazer as necessidades dos clientes; 5 • prover as necessidades dos clientes com a melhor qualidade possível. Porém, deve-se atentar em outros relacionamentos relevantes para a oferta de valor aos consumidores. O marketing de relacionamento deve considerar todas as possibilidades de relacionamentos que podem interferir na satisfação dos clientes, 10 como, por exemplo, os relacionamentos com fornecedores, com a concorrência, com o governo, com os funcionários e com os intermediários. A lógica para desenvolver o marketing de relacionamento em ambientes turbulentos, visando a fidelizar clientes, reside 15 na disposição que as empresas devem ter para aprender continuamente os valores que seus clientes desejam e realçá-los com uma oferta crescente de tais valores. O marketing de relacionamento pressupõe uma interatividade da empresa com os consumidores, de forma criativa, para que o 20 cliente perceba que faz parte da estratégia da empresa no que diz respeito ao planejamento dinâmico e contínuo de produtos e/ou serviços de valor agregado. As ações de marketing devem comprometer-se com o feedback dos clientes; caso contrário, não estarão alinhadas 25 com a estratégia de marketing de relacionamento. O feedback desenvolve a capacidade da empresa de ouvir e conhecer os desejos dos consumidores, a ponto de possibilitar a previsão de reações do mercado diante de mudanças ambientais, por meio de programas de relacionamento amparados por bancos de 30 dados, utilizando uma comunicação direta e interativa para ter acesso aos clientes. 35 Unidade I 6.1 Os benefícios do marketing de relacionamento O marketing de relacionamento apresenta alguns resultados positivos, dos quais podem ser citados: • produtos e serviços com maior qualidade; • maior satisfação dos consumidores; 5 • conquista da lealdade dos consumidores; • maior lucratividade da empresa. A maior qualidade dos produtos e dos serviços é obtida pelo conhecimento do valor desejado pelo cliente. A oferta do valor adequado ocasiona maior satisfação do 10 consumidor e uma probabilidade maior para que haja um relacionamento a longo prazo. A lealdade é uma consequência do relacionamento duradouro e, por sua vez, leva à maior lucratividade. O impacto da lealdade sobre a lucratividade é reflexo de que a 15 retenção dos atuais clientes é menos onerosa do que conquistar novos clientes. A lealdade é resultante de ações que envolvam o consumidor em um relacionamento no qual a empresa conheça os desejos dele. E, sabendo explorar esse relacionamento, é possível 20 aumentar a lucratividade, pela possibilidade de maiores receitas com transações futuras a custos menores. O aumento das receitas resulta de aumento no volume de vendas, venda de unidades adicionais ou produtos complementares, venda de valores agregados ao produto ou serviço principal 25 e promoção de serviços customizados, enquanto os custos reduzidos com transações futuras resultam de programas de comunicação mais objetivos e sistema de distribuição mais eficiente. 36 MIX DE MARKETING Alguns benefícios que o marketing de relacionamento pode trazer para o cliente são: • aquisição contínua ou periódica de serviços customizados importantes para realizar os seus desejos; 5 • redução do risco no processo de compra, pelo fato de o fornecedor já ser conhecido; • usufruto dos benefícios provenientes de um serviço personalizado; 10 • bem-estar e melhor qualidade de vida, por facilitar o processo de decisão de compra, principalmente quando se trata de adquirir algo complexo, que envolva ego, status ou riscos financeiros. O relacionamento com o cliente é essencial para a diferenciação no mercado, porque a oferta de valor casada 15 com a necessidade do consumidor só é possível por meio do conhecimento de seus hábitos e preferências. A estratégia para o marketing de relacionamento está ligada à oferta contínua de valor ao consumidor, agregada aos vários benefícios possíveis. 7 ESTRATÉGIAS X MARKETING 20 As estratégias de marketing são os meios pelos quais os objetivos traçados pelos profissionais de marketing serão alcançados; elas se relacionam ao composto de marketing (produto, preço, promoção e praça). Um exemplo do relacionamento entre as estratégias e o composto de marketing 25 é visualizado abaixo. No entanto, é importante ressaltar que todas as estratégias traçadas devem ter consistência em relação umas às outras e aos objetivos que pretendem atingir, obedecer a um orçamento que esteja ao alcance da empresa, além de serem harmônicas com os seus princípios e o meio 30 ambiente. 37 Unidade I Produto: • alterar o portfólio de produtos; • mudar design, embalagem, qualidade; • consolidar ou padronizar uma marca; 5 • estabelecer uma política honesta de garantia. Preço: • alterar preços, prazos ou condições para grupos de produtos; • adotar políticas diferenciadas para mercados diferentes; • estabelecer política de descontos. 10 Promoção: • qualificar o pessoal de vendas; • estabelecer política de relações públicas; • buscar canais de mídia. Praça: 15 • mudar canais de distribuição; • melhorar o nível de serviço ao cliente; • otimizar tempo de ressuprimento de estoque. 7.1 Tipos de estratégias As empresas, obviamente, dependendo do momento, podem adotar uma das três categorias de estratégias básicas: de defesa, 20 de desenvolvimento ou de ataque. Todas as estratégias são fundamentadas nessas categorias ou em uma combinação das mesmas. 38 MIX DE MARKETING Uma maneira de perceber os tipos de estratégias que as empresas utilizam é analisando sob a matriz de Ansoff. Essa matriz é uma ferramenta amplamente utilizada por profissionais de marketing para a elaboração de planejamentos estratégicos. 5 10 15 20 25 30 Desenvolve-se a partir de dois vetores (produto e mercado), cada qual com duas alternativas (atual e novo). Logo, são definidos quatro quadrantes que vislumbram quatro possibilidades de estratégias: 1. Estratégia de penetração de mercado (produtos atuais para mercados atuais): a empresa centraliza seus esforços para incrementar seus produtos atuais nos mercados atuais. Essa opção estratégica tem como premissa manter os atuais clientes, desde que a empresa esteja satisfeita com sua participação de mercado, aumentando as vendas por ações que provoquem um aumento de consumo ou possam garantir a lealdade de seus clientes. 2. Estratégia de desenvolvimento de mercado (produtos atuais para novos mercados): a empresa, adotando essa estratégia, busca comercializar seus produtos atuais em novos mercados. É uma estratégia muito adotada hoje em dia, buscando ou a expansão ou a saída para novos mercados. Pela ampliação de sua rede de distribuição e/ou vendas, as empresas que já atuam em uma determinada área podem estender facilmente a sua operacionalização a outras áreas. 3. Estratégia de desenvolvimento de produtos (produtos novos para mercados atuais): incentivar seus atuais clientes a consumirem novos produtos é o foco dessa estratégia. Esses novos produtos podem ser uma extensão da atual linha da empresa, ou inovações para substituir outros produtos defasados ou para aproveitar o canal existente com os clientes. 39 Unidade I 5 4. Estratégia de diversificação (novos produtos para novos mercados): esta é a estratégia a ser adotada quando uma empresa decide lançar novos produtos para novos mercados. Ela pode ser perigosa se não for bem avaliada, principalmente se a empresa decidir mudar de segmento. Apesar disso a empresa pode perfeitamente lançar um novo produto dentro do segmento em que já atua. 8 GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES NO MARKETING Em uma empresa, é de responsabilidade do profissional de marketing identificar as mudanças significativas do mercado, 10 rastrear tendências e buscar oportunidades. Para lhe apoiar nessa delicada função é preciso criar um sistema de informações de marketing que possa oferecer dados detalhados sobre as necessidades, as preferências, o comportamento do comprador e padrões de consumo em diferentes países, entre outros. 15 Toda empresa deve organizar e manter um fluxo contínuo de informações para seus gerentes de marketing. As empresas estudam necessidades de informações de seus gerentes e projetam seus sistemas de informações de marketing a fim de satisfazê-las. Um Sistema de Informações de Marketing 20 (SIM) é formado por pessoas, equipamentos e procedimentos dedicados a coletar, classificar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias de maneira precisa e oportuna para aqueles que tomam as decisões de marketing. Usualmente, são utilizados dados internos e externos para a sua alimentação mediante o uso de várias ferramentas (SAC, 25 0800, Internet, pesquisas e o database), que são selecionadas pelas empresas de acordo com suas peculiaridades e disponibilidades financeiras e temporais. Um exemplo desse processo pode ser um relatório de 30 produtividade que chega diariamente a um executivo, informando 40 MIX DE MARKETING as vendas de uma determinada filial em um determinado período. Através desse documento, o profissional poderá saber se as metas estão sendo atingidas pela equipe de vendas daquela filial. Caso o desempenho informado no relatório tenha sido aquém do 5 esperado, o administrador de marketing pode, por meio do SIM, descobrir o motivo do ocorrido e com isso potencializar as vendas daquela filial, resolvendo, assim, o problema lá estabelecido. Nesse caso, o SIM pode fornecer informações relevantes, como o resultado de vendas naquela região nos últimos meses e 10 no mesmo período do exercício anterior, o nível de concorrência, as comissões de vendedores e gerentes praticadas, a atual situação econômica do local, o nível de serviço prestado aos consumidores, a rotatividade de estoque, o prazo e a qualidade do reabastecimento de produtos, além de outras informações, 15 dependendo de dois fatores: a necessidade de informação do administrador e a disponibilidade das informações no ambiente interno e externo à organização. 8.1 O sistema 0800 Desenvolvido com o intuito de efetuar vendas via telefone, este sistema é muito utilizado por empresas anunciantes para 20 facilitar a vida do consumidor, disponibilizando uma linha direta para que ele efetue suas compras de forma mais cômoda e segura. Através desse sistema, pode-se “alavancar” vendas mediante o contato telefônico com o consumidor, além de 25 coletar informações úteis para a formação do database, como formas mais frequentes utilizadas para comprar, melhor prazo para pagamento, a quem se destina o produto/serviço, áreas de atuação da empresa (bairros, cidades, regiões etc), dados demográficos (sexo, idade) etc. 30 A receptividade de produtos e serviços pode ser mensurada através do serviço de 0800, através de índices que relacionam 41 Unidade I compra por demanda pelo tempo de sua exposição na mídia. É uma ferramenta interessante para se ter noção de receptividade de ofertas no mercado, com a limitação do contato telefônico que não proporciona uma melhor sondagem das necessidades 5 ou uma melhor exposição das características e benefícios do produto ou serviço. 8.2 O SAC Uma forma de disponibilizar ao consumidor uma linha direta com a empresa em caso de defeitos, reclamações e sugestões. O Serviço de Atendimento ao Consumidor, geralmente, é 10 feito através de um número telefônico gratuito (call free) ou via e-mail, o que naturalmente deixa o consumidor à vontade para manifestar seu agrado ou desagrado com o produto ou serviço adquirido, pois quando desejar ou necessitar poderá entrar em contato sem pagar algo por isso. 15 Através do sistema de SAC, o consumidor parte do pressuposto de que há alguém representando a empresa que conheça os defeitos, por exemplo, apresentados pelo produto comprado, e que naquele instante o problema será resolvido – o que na maioria das vezes não ocorre. A limitação do telefone ou 20 do e-mail pode provocar mal-entendidos entre consumidores e empresas fornecedoras que a muito custo poderão ser resolvidos. Contudo, se a empresa disponibiliza um serviço eficiente e eficaz para o cliente que busca informações ou fornece 25 sugestões pode ter seu retorno medido através de informações muito úteis para sua linha de produtos ou serviços, para sua equipe de vendas, ou até mesmo para suas instalações, como produtos que apresentam defeitos, atendimentos infelizes, funcionários amplamente qualificados, promoções mal-feitas, 30 preços exorbitantes, melhorias que podem ser feitas em alguns produtos ou serviços, entre outros. 42 MIX DE MARKETING 8.3 A Internet O uso de home pages se popularizou entre as empresas que utilizam a Internet para disponibilizar uma loja virtual ou mesmo um serviço de pós-venda interativa com seus consumidores ou com clientes em potencial. A adoção dessa 5 estratégia de vendas e coleta de informações em um único meio foi desenvolvida a partir do telefone, pois com o avanço da tecnologia a busca por oportunidades levou muitas empresas a resolverem um problema que o contato telefônico apresentava: a falta de imagens. Hoje, é possível um cliente efetuar compras ou se cadastrar em um site e a partir daí receber ofertas de acordo com seu perfil de compra. Uma outra utilidade é o contato com qualquer esfera da administração da organização através de e-mails, sem a intervenção de mediadores, que podem ser muito úteis 15 para os administradores de marketing tomarem decisões mais acertadas. 10 Contudo, já podem ocorrer alguns problemas neste canal de troca de informações, por exemplo: a questão da troca de informações com segurança pode impedir que alguns 20 consumidores tentem comprar ou enviar suas sugestões ou dados cadastrais ou até mesmo fazer reclamações, pois o fato de não se saber quem estará vendo e manipulando essas informações pode impedir boas relações; um outro fator é a possibilidade da demora em retornos de e-mails, 25 o que é muito comum ou pelo excesso de correspondências ou por não haver alguém para recebê-los, passando incredulidade ao consumidor; e, por último, algo muito constante quando se fala de Internet, os pop-ups, aquelas ofertas que “pipocam” na tela do computador quando se 30 tenta navegar em um site, deixando o propenso consumidor impaciente. 43 Unidade I 8.4 Os “torpedos” Muito utilizada pelos adolescentes, essa forma de comunicação está ganhando espaço nas empresas que buscam meios mais baratos e objetivos de se relacionar com seus clientes. As mensagens passadas via telefone celular, comumente 5 conhecidas como “torpedos”, podem ser utilizadas a um baixo custo, comparado com outras formas de comunicação, além de serem bem objetivas, o que proporciona economia de tempo. Por meio das mensagens trocadas, as empresas podem pesquisar o grau de satisfação dos clientes com os produtos 10 recentemente adquiridos e estes serem informados de promoções imediatas. A rapidez e a objetividade proporcionam a esse meio de comunicação a interatividade quase que imediata, o que possibilita à empresa saber sem subterfúgios a real satisfação do seu consumidor. 15 Assim como os outros meios utilizados para coletar informações, a limitação dos “torpedos” está na falta de conhecimento de muitos usuários de aparelho celular em receber e enviar mensagens. Os usuários de telefone celular que possuem mais idade, talvez sejam os maiores prejudicados 20 quando se trata desse meio de troca de informações. 8.5 O telemarketing Os departamentos de telemarketing são, em geral, muito utilizados para vender e para sondar o grau de satisfação de clientes atuais e potenciais. Considerado como o pai dos atuais sistemas de interação entre consumidores e fornecedores, o 25 telemarketing possui papel importante dentro do contexto de melhoria do marketing de uma empresa. Ao contrário da passividade do sistema 0800 e do SAC, os operadores de telemarketing buscam o contato com o cliente através de ligações, seja para vender um produto ou serviço 44 MIX DE MARKETING ou para medir o grau de contentamento com o produto recém-adquirido. Muitas vezes, o departamento de telemarketing é estruturado para executar, além de suas funções, as funções de 0800 e de 5 SAC, são três funções distintas que podem ser desenvolvidas por um departamento. O problema enfrentado nesse meio, além das restrições comentadas anteriormente sobre o uso do telefone como meio de interação com o consumidor, é o custo em estruturar e 10 manter um departamento de telemarketing, além da preparação de todos os profissionais. 8.6 O database (banco de dados) É onde todas as informações da empresa são mantidas, inclusive sobre os clientes. Quando as necessidades por informações são ávidas e não se tem tempo disponível para 15 buscá-las, o meio mais rápido e menos oneroso é utilizar o banco de dados da própria empresa, isto é, se este tiver sido alimentado anteriormente. Hoje, com o avanço da tecnologia, se utiliza também a busca por informações nos bancos de dados situados fora da empresa, 20 como sites e publicações de entidades de classe, de organizações governamentais e de ONGs. Alguns sites na Internet possuem aplicativos que reconhecem cada internauta através do número único de IP (Internet Protocol) que cada computador conectado à rede possui. Dessa 25 forma, o menu de navegação do site é adequado ao perfil e interesse de cada cliente. É possível saber até as áreas do site que são mais visitadas para, assim, fornecer produtos e serviços de acordo com a necessidade ou desejo de cada cliente de forma individual. Isso tudo é feito de forma automática. 45 Unidade I 9 GESTOR DE MARKETING É normal observar em grandes empresas um departamento de marketing para tratar de assuntos que dizem respeito a vendas, pesquisa, propaganda e publicidade, atendimento ao cliente e outras atividades. Nesse departamento, concentram-se 5 pessoas “transpirando” pelos clientes, no sentido de entender onde, quando e como se colocar na vida de seus clientes atuais e potenciais. Quadros estatísticos, pesquisas, gráficos, peças publicitárias, eventos, propostas de patrocínio, entre outros aspectos, 10 preenchem as salas de profissionais de marketing atentos às reações de seus clientes e voltados a aumentar o lucro da empresa. Hoje, vê-se campanhas induzindo o consumo de produtos/ serviços prejudiciais ao ser humano – algo normal por se tratar 15 de um sistema capitalista, em que se um não fizer, outro vem e faz, porque ganha quem parte na frente. Contudo, a população mundial e as mais diversas autoridades têm combatido, nos últimos anos, essa prática nociva à saúde, à moral, à ética e, sobretudo, ao meio ambiente. 20 Daí a reviravolta na postura das empresas. Visando evitar desavenças com órgãos fiscalizadores e, sobretudo, com seus potenciais consumidores, hoje as empresas buscam uma nova forma de gerir seus recursos em prol do meio em que operam, adotando políticas de responsabilidade socioambientais, em 25 que enfatizam o cuidado e a preocupação com o planeta Terra (o que se torna, em alguns casos, um argumento de venda até muito mais interessante do que o próprio produto, como os combustíveis não poluentes). Diante desse fato, o mercado busca profissionais com um novo perfil, com habilidades, posturas, crenças e visões que 30 vão além daquelas já explicitadas, cada vez mais voltadas para 46 MIX DE MARKETING valores ambientais e sociais. Por isso, a necessidade de reciclagem e aprimoramento de talentos. 9.1 O perfil Um profissional, para realizar seu trabalho, deve possuir e desenvolver algumas habilidades com eficiência e 5 responsabilidade. Vale ressaltar que cada habilidade reflete a crença em conceitos e ações. Essas habilidades devem coexistir na personalidade e nas atitudes de um profissional de marketing, mas, caso não sejam natas ou perceptíveis, podem ser desenvolvidas ou 10 aperfeiçoadas. O importante é ter consciência da necessidade das mesmas e praticá-las. Várias habilidades são essenciais, mas as abaixo relacionadas são de fundamental importância para um profissional de marketing: 15 • Empreendedorismo: ser empreendedor é experimentar novas ideias para a solução de velhos problemas, entendendo sempre o problema como uma oportunidade. É realizar de fato e fazer existir produtos e novos produtos e/ou meios de produção e novos meios de produção. 20 • Criatividade: a criatividade está ligada ao interesse e à curiosidade inerente a cada indivíduo. Um profissional criativo possui conteúdo e converte facilmente informações em conhecimento. Logo, pode encontrar soluções criativas para resolver situações, sejam elas problemas, sejam oportunidades. 25 • Competência: para mobilizar recursos em uma empresa, é preciso que o profissional possua uma noção lógica de início, meio e fim das atividades, para uma melhor coordenação. 47 Unidade I 5 10 15 48 • Liderança: há vários pontos em comum dentre inúmeras teorias sobre liderança, mas o principal deles é o fato de que o líder deve ser autêntico, independente da situação em que esteja envolvido. Ele não apenas treina, mas desenvolve pessoas com o intuito de detectar talentos e privilegia o trabalho em grupo; principalmente, busca desafios e não tem medo de mudanças. Enfim, delega, agrega e participa. • Ética: ser ético não é uma habilidade a ser alcançada ou que se aprende, mas sim uma característica individual que deve ser encontrada e lapidada dia a dia. • Transparência: ser transparente é, acima de tudo, ser imparcial diante de várias versões para uma mesma situação. O profissional deve saber ser justo e sincero, pois, dessa forma, riscos são neutralizados e, a partir daí, vínculos de confiança e lealdade têm início.