Fármacos injetáveis para a anestesia total intravenosa em cães – revisão de literatura Anelise Bonilla Trindade Luciana Dambrósio Guimarães Emerson Antonio Contesini Cristiano Gomes Paula Cristina Basso RESUMO A anestesia total intravenosa (TIVA) é uma técnica que utiliza somente agentes intravenosos para a indução e a manutenção anestésica. Para conseguir uma adequada TIVA, pode ser combinado um hipnótico, um analgésico e um bloqueador neuromuscular. Dentre os agentes injetáveis, destacam-se atualmente na anestesia veterinária o propofol, derivados esteróides (alfaxalona/ alfadolona), derivados imidazólicos (metomidato/etomidato) e anestésicos dissociativos (cetamina e tiletamina). É importante conhecer as formas de absorção, as rotas metabólicas e as propriedades anestésicas dos agentes injetáveis, já que suas bases farmacocinéticas são essenciais para seu uso seguro. Sendo assim, a TIVA fornece a possibilidade de utilizar diversos fármacos, no entanto são mais apropriados aqueles que apresentam uma meia vida curta, com baixos volumes de distribuição, com um rápido início de ação, não produzindo metabólitos tóxicos ou ativos. Palavras-chave: Infusão contínua. Agente anestésico. Propofol. Etomidato. Cetamina. Injectable drugs for intravenous total anesthesia in dogs: Review ABSTRACT The total intravenous anesthesia (TIVA) is a technique that only uses intravenous drugs for the induction and the anesthetical maintenance. To obtain adequate TIVA it is necessary to combine a hipnosis, an analgesic and a choke must be combined to neuromuscular blockers. Inside of the injectable agents, the barbiturates are currently distinguished in the anesthesia veterinary medicine (thiopental and penthobarbital), propofol, steroids derivatives (alfaxalona/ alfadolona), imidazólicos derivatives (metomidato/etomidato) and dissociativos anaesthetics (ketamine and tiletamine). It is important to know the metabolic forms of absorption, routes and the anesthetical properties of the injectable agents, since its farmacocinetics basis are Anelise Bonilla Trindade e Cristiano Gomes são Médicos Veterinários, Mestrandos, Programa de PósGraduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Luciana Dambrósio Guimarães é Médica Veterinária, Doutora, Professora de Anestesiologia na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Emerson Antonio Contesini é Médico Veterinário, Doutor, Professor de Técnica Cirúrgica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Paula Cristina Basso é Médica Veterinária, Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Endereço para correspondência: [email protected] p . 1 52008 4-172 Veterinária em Foco Veterinária v. 5 v.5, n.2, n.2jan./jun. 154 Canoasem Foco, jan./jun. 2008 essential for its safe use. Therefore, the TIVA supplies the possibility to use different drugs, however the most appropriates those that present a half short life, with low volumes of distribution, with a fast beginning of action, not producing toxic or active metabolic. Keywords: Continuous infusion. Anaesthetic agent. Propofol. Etomidate. Ketamine. INTRODUÇÃO A anestesia total intravenosa (TIVA) é uma técnica que utiliza somente fármacos intravenosos (IV) para a indução e a manutenção anestésica, evitando qualquer tipo de anestésico inalatório. A aplicação da TIVA tem sido especialmente possível nos últimos anos, graças ao desenvolvimento de anestésicos utilizados por via IV, de ação rápida e curta duração (CELORIO, 2007). Dentro da classe dos agentes injetáveis, destacam-se atualmente na anestesia veterinária os barbitúricos (tiopental e pentobarbital), propofol, derivados esteróides (alfaxalona/alfadolona), derivados imidazólicos (metomidato/etomidato) e anestésicos dissociativos (cetamina e tiletamina) (http: //minnie. uab. es/~veteri/21271/ ANESTESIA%20INYECTABLE.doc). Porém, os barbitúricos são utilizados somente em procedimentos curtos e em geral não é recomendada a infusão contínua já que pode ocorrer acúmulo, com metabolismo hepático lento, aumentando o período de recuperação anestésica (OTERO, 2005). Devido a estas razões, os barbitúricos não serão abordados neste trabalho. O uso da TIVA não é algo recente, pois desde o descobrimento dos barbitúricos tem sido uma técnica anestésica viável, seguida dos benzodiazepínicos e narcóticos e mais recentemente, a cetamina. No entanto, existem dois anestésicos relativamente novos em nosso meio que são chamados revolucionários no campo da anestesia intravenosa, que são o propofol (hipnótico) e o alfentanil (narcótico) (SAAVEDRA et al., 1996). A anestesia injetável a base de propofol, vem ganhando popularidade na medicina veterinária, devido as características de indução e manutenção da mesma (BETHS et al., 2001). Atualmente vem aumentando o interesse em técnicas de anestesia intravenosa na neuro-anestesia (RAISIS et al., 2007), isto porque agentes voláteis comumente utilizados na manutenção anestésica, interferem no fluxo sangüíneo cerebral, podendo levar a um aumento na pressão intracraniana (PIC) (STREBEL et al., 1995), diminuindo a perfusão cerebral e predispondo a lesão neuronal (CHONG; GELB, 1994). O isoflurano promove pequeno aumento na PIC quando comparado ao halotano (GROSSLIGHT et al., 1985), porém, aumento significativo na PIC tem sido observado em pacientes que apresentam tumores intracranianos, mesmo quando baixas doses são administradas (WALTERS, 1990). Portanto, a manutenção da anestesia geral por via intravenosa mostra-se como uma alternativa à anestesia inalatória graças ao uso de fármacos com pouco poder cumulativo e rápida recuperação (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001), além da facilidade na administração, ausência de irritação das vias respiratórias e não poluindo Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 155 o meio ambiente nem a área anestésico-cirúrgica. No entanto, a TIVA apresenta como principais desvantagens o fato de que os fármacos uma vez administrados não podem ser removidos da circulação e a maioria, não possui antagonista (http://minnie.uab.es/ ~veteri/21271/ANESTESIA%20 INYECTABLE.doc). Sendo assim, este trabalho visa fornecer aos estudantes e profissionais médicos veterinários subsídios para a escolha da anestesia geral intravenosa mais adequada de acordo com o procedimento e o estado clínico do paciente. É importante conhecer as formas de absorção, as rotas metabólicas e as propriedades anestésicas dos agentes injetáveis, já que suas bases farmacocinéticas são essenciais para seu uso seguro (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA A TIVA é uma técnica anestésica de grande importância atual, oferecendo grandes benefícios tanto para o paciente como para o anestesista e demais participantes da equipe cirúrgica. Atualmente busca-se uma anestesia que seja segura para o paciente, que produza mínimas alterações hemodinâmicas, que promova muito boa analgesia, que não produza efeitos colaterais, que seja eliminada rapidamente, com volumes de distribuição baixos e taxa metabólica rápida sem produzir metabólitos ativos; que tenha um despertar agradável e rápido; que não aumente secreções e que não produza efeitos tóxicos crônicos na equipe cirúrgica. Este tipo de anestesia com todas essas características ainda é utopia, no entanto, a TIVA, cumpre muito desses critérios (SAAVEDRA et al., 1996; VARILLAS et al., 2007). Doses ideais são utilizadas para obterem-se efeitos desejáveis. Deve-se levar em consideração que a administração de uma droga em forma de bolus intermitentes, produz oscilações na concentração plasmática do agente em questão, o que pode levar as variações na profundidade anestésica e aparecimento de efeitos colaterais indesejáveis. A utilização de um fármaco em infusão intravenosa contínua diminui a incidência de flutuações em sua concentração plasmática e minimiza sua sobre ou subdose (VARILLAS et al., 2007). Portanto, para conseguir uma adequada TIVA devem-se combinar um hipnótico, um analgésico e um bloqueador neuromuscular. Este tipo de anestesia é um procedimento caro devido ao custo elevado dos fármacos utilizados, além da necessidade de três bombas de infusão para realizar um controle exato dos agentes, porém, na maioria das vezes, utiliza-se apenas uma bomba de infusão sendo a administração de outros fármacos em bolus (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Além disso, devido ao fato dos bloqueadores neuromusculares atuarem paralisando a musculatura envolvida no processo de ventilação, torna-se indispensável o suporte ventilatório artificial. Por essas razões, o uso de bloqueadores neuromusculares na TIVA é limitado, não sendo uma prática comum em Medicina Veterinária (FILHO; NASCIMENTO, 2002). 156 Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 Ainda, os barbitúricos são utilizados somente em procedimentos curtos e em geral não é recomendada a infusão contínua já que pode ocorrer acúmulo, com metabolismo hepático lento, aumentando o período de recuperação anestésica (OTERO, 2005). Devido a estas razões, tanto os bloqueadore sneuromusculares quanto os barbitúricos não serão abordados neste trabalho. Vários são os agentes utilizados na TIVA, dentre eles, destacam-se o propofol, a cetamina e o etomidato, além de combinações destes com analgésicos opióides e benzodiazepínicos (SAAVEDRA et al., 1996). PROPOFOL O propofol (2,6 – diisopropilfenol) é um agente hipnótico intravenoso, disponível como emulsão de óleo em água, contendo óleo de soja, lecitina, ovo e glicerol e não contém preservativos. Tem pH neutro, é isotônico e sua formulação apenas é efetiva quando administrado através da via intravenosa (CORTOPASSI et al., 2000). É caracterizado por apresentar metabolismo rápido e curta duração de ação, podendo ser administrado por infusão contínua ou em doses repetidas sem efeito cumulativo (Tabela 2) (FANTONI et al., 1999). Esse fármaco não apresenta tendência a causar movimento involuntário e supressão córtico-supra-renal como observada com o etomidato. Mostra-se particularmente útil na prática crescente da cirurgia ambulatorial (Tabela 1) (RANG et al., 2001). Atualmente seu uso tem sido estendido a todas as especialidades cirúrgicas, já que também tem demonstrado seu valor em procedimentos terapêuticos, estudos especiais e cuidados intensivos, sendo utilizado para sedação, indução, hipnose e manutenção da anestesia (Tabela 1). Apresenta efeitos anticonvulsivantes e redução da taxa metabólica cerebral, com concomitante diminuição da PIC (MUÑOZ-CUEVAS et al., 2005). Quimicamente, o propofol é o único agente anestésico que pode ser usado tanto na indução em forma de bolus como na manutenção anestésica (BRANSON; GROSS, 1994), na forma de bolus intermitente (BOTELHO et al., 1996) e infusão contínua (RANG et al., 2001). Isso se deve às suas características farmacocinéticas que o isenta de efeito cumulativo, diferentemente do tiopental sódico (DUKE, 1995). Estudos prévios indicaram que a TIVA utilizando somente o propofol como agente anestésico não foi satisfatória devido à ausência de propriedade analgésica, portanto deve ser associado a um opióide (OHTA et al., 2004). O propofol não bloqueia as respostas nervosas autonômicas e por isto tem sido utilizado em altas doses para produzir anestesia geral (SHORT; BUFALARI, 1999). Com esse fármaco, o mecanismo de controle parassimpático do coração pode ser superior à resposta simpática mediada pelos barorreceptores, dando lugar a uma diminuição da atividade sinusal que provoca decréscimo da pressão arterial e freqüência cardíaca (OHTA et al., 2004). Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 157 Igualmente a maioria dos fármacos anestésicos, altera o padrão respiratório normal do paciente modificando a resposta de seus mecanismos de controle respiratório, quimiorreceptores centrais sensíveis aos níveis de CO2, quimiorreceptores periféricos sensíveis aos níveis de O2 e receptores pulmonares. Portanto, na indução com propofol, podem aparecer períodos de apnéia de 4 a 7 minutos tanto no homem quanto no cão (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). CETAMINA É quimicamente designada como 2-(O-clorofenil)-2-(metil-amino)-ciclo-hexanona. É hidrossolúvel e uma solução aquosa a 10% tendo pH de 3,5. Devido a esta acidez, possui propriedades irritantes quando administrada pela via intramuscular. Sua lipossolubilidade é de aproximadamente 10 vezes ao barbitúrico tiopental sendo rapidamente absorvida após sua administração (FANTONI et al., 1999). Pode ser administrada por todas as vias, alcançando rapidamente o efeito desejado (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Assemelha-se estreitamente, tanto do ponto de vista químico quanto farmacológico, a fenciclidina, uma “droga de rua” com efeito pronunciado sobre a percepção sensorial. Quando administrada pela via intravenosa possui efeito mais lento (1 a 2 minutos) do que o tiopental (RANG et al., 2001), com duração de 10 a 20 minutos, já que se redistribui de forma rápida aos tecidos nervosos (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001) e produz um efeito diferente, conhecido como “anestesia dissociativa”, em que ocorrem acentuada perda sensorial e analgesia, bem como amnésia e paralisia dos movimentos, sem verdadeira perda da consciência (RANG et al., 2001). A cetamina é um agente dissociativo que atua deprimindo a córtex cerebral (sistema tálamo-cortical) e estimula o sistema límbico e reticular antes de causar depressão medular. Potencializa o sistema dependente do GABA e interfere com o transporte neural de serotonina, dopamina e noradrenalina. Produz um estado de catalepsia ao invés de hipnose, acompanhado de profunda analgesia somática e amnésia. Permanecem todos os reflexos, corneal, palpebral, podal e de deglutição, além de apresentarem fenômenos de rigidez muscular e tremores, facilitando o aparecimento de convulsões generalizadas (FANTONI, 2002). Esse fármaco há muito é utilizado na anestesia de pequenos e grandes animais, seja associado a outros fármacos, como agente de indução à anestesia inalatória, para contenção química de indivíduos, seja para procedimentos cirúrgicos de curta duração (Tabela 1) (SOUZA et al., 2002). Sua metabolização é hepática produzindo metabólito ativo, a norcetamina. Sua eliminação é prolongada, sendo a recuperação de acordo com a dose administrada, principalmente quando se faz uso da via intramuscular (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). A principal desvantagem da cetamina, apesar da segurança associada a uma inatividade depressora global, é que as alucinações em humanos e, às vezes, o 158 Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 delírio e o comportamento irracional são comuns durante a recuperação. Esses efeitos limitam sua utilização em humanos (RANG et al., 2001). Ainda, a qualidade da anestesia por ser do tipo dissociativa é difícil de avaliar já que não induz hipnose ou inconsciência e os reflexos não são abolidos. Os olhos permanecem abertos, há tensão muscular e pode haver movimentos espontâneos, além de respostas a cirurgia com movimentos bruscos. Proporciona melhor anestesia somática sendo importante em queimaduras, cirurgias traumatológicas ou cutâneas (Tabela 1) do que visceral (LAREDO; CATALAPIEDRA, 2001). As doses clínicas demonstram estimulação cardiovascular por apresentarem propriedades simpaticomiméticas as quais produzem taquicardia aumentando do consumo de O2 pelo miocárdio, aumentando a pressão arterial e pressão venosa central. Por esta razão, a cetamina é considerada um agente anestésico bastante seguro. Sobre o sistema respiratório, produz um padrão ventilatório apnêustico e irregular, caracterizado por uma grande pausa após a inspiração, e em doses elevadas, a respiração pode ser rápida e pouco efetiva sendo mal interpretada como anestesia superficial (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Lançada há poucos anos, a cetamina S, isômero (+) da cetamina, tem sido utilizada na anestesia humana pela capacidade de determinar menores estímulos simpáticos e, conseqüentemente, evitar alterações cardiovasculares indesejáveis (SOUZA et al., 2002). Portanto, a cetamina é um agente anestésico dissociativo o qual produz considerável analgesia e estabilidade hemodionâmica. Este fármaco é utilizado na TIVA devido à rápida metabolização corporal (WATERMAN et al., 1987). Apresenta características farmacocinéticas que a fazem excelente para administração contínua, sendo utilizada na TIVA principalmente em pacientes em choque hemorrágico (Tabela 1). Entre suas principais características encontrase seu poder analgésico o qual, segundo alguns relatos, é alcançado em baixas doses (SAAVEDRA et al., 1996). Em caninos e felinos, a cetamina na dose de 0,5 a 1mg/kg, IM é uma opção para manejo de pacientes com dor somática, nos quais não se deseja provocar inconsciência. Na dose de 1 a 2 mg/kg, IV (Tabela 2) ou 2 a 4mg/kg, IM, produz somente 30 minutos de analgesia. Estes compostos mostram-se ineficientes na hora de tratar a dor de origem visceral. É particularmente útil para diminuir a dor durante a limpeza de feridas ou no manejo de pacientes com queimaduras, podendo também ser utilizada na dose de 5 a 10mg/kg para o manejo de pacientes agressivos e em doses maiores para procedimentos menores (OTERO, 2005). Em cães e gatos com instabilidade cardiovascular, a indução e manutenção com cetamina pode ser considerada uma alternativa desde que combinada com benzodiazepínicos para melhorar o grau de relaxamento muscular e evitar convulsões; e fentanil para melhorar a analgesia (Tabela 1) (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001; SOUZA et al., 2002; BRONDANI et al., 2003). Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 159 TILETAMINA A tiletamina corresponde ao 2-etilamino 2-(2-tienil) ciclo-hexanona, sua potência e duração de ação são intermediárias entre a fenciclidina, a mais potente, e a cetamina, a menos potente dos agentes dissociativos (MASSONE, 2002). É comercializada associada em partes iguais com zolazepam, formulado como um pó branco na concentração de 10%. Uma das desvantagens deste produto é que, uma vez reconstituído, vai perdendo sua ação com o passar dos dias e, para conservar a potência por mais tempo, deve ser mantido refrigerado (OTERO, 2005). A tiletamina apresenta período de latência de 2 a 3 minutos após a injeção intramuscular, com duração de efeito aproximadamente de 60 minutos, sendo este efeito dose-dependente. Embora não tenha sido caracterizada sua atividade próconvulsivante em doses terapêuticas, em doses elevadas ela induz tremores, movimentos espásticos e convulsões (CORTOPASSI; FANTONI, 2002). A associação tiletamina-zolazepam tem sido utilizada para medicação préanestésica, sedação, imobilização, indução e manutenção anestésica, principalmente em procedimentos menos invasivos em cães, gatos, ruminantes, suínos e silvestres (Tabela 1) (PABLO; BAILEY, 1999). No sistema respiratório, a tiletamina promove diminuição na freqüência respiratória, com um padrão apneustico inicial que rapidamente é corrigido pelo zolazepam. É excretada pelos rins e por isso não é indicado seu uso em pacientes com insuficiência renal (CORTOPASSI; FANTONI, 2002; OTERO, 2005). Além disso, tem a propriedade de cruzar a barreira placentária deprimindo os fetos, não sendo recomendada também para cesarianas (OTERO, 2005). Existem algumas particularidades relacionadas à farmacocinética da tiletaminazolazepam em cães; por exemplo, possui meia-vida plasmática de uma hora do zolazepam contra 1,2 horas da tiletamina, prevalecendo os efeitos da tiletamina. Em gatos, observase o oposto, sendo a meia-vida plasmática da tiletamina e do zolazepam 2,5 e 4,4 horas respectivamente, ocorrendo maior tranquilização residual como resultado da maior vida plasmática do zolazepam, tornando o período de recuperação mais prolongado nesses animais (CORTOPASSI;& FANTONI, 2002). O uso desta associação como agentes isolados na indução e manutenção da anestesia não leva a uma adequada anestesia cirúrgica e analgesia visceral tanto em cães quanto em gatos, levando a repetição da dose constantemente, prejudicando a recuperação do paciente (LIN, 1996), portanto, faz-se necessário a combinação com outros anestésicos como medetomidina ou fentanil (LIN, 1996; CORTOPASSI; FANTONI, 2002; AYDILEK, 2007). Savvas et al. (2005) avaliaram os efeitos da associação tiletamina-zolazepam em diferentes doses e vias (5mg/kg,IV e 10mg/kg, IM) combinado com atropina (20μg/kg, IV) em cães observando dor em todos os animais do grupo que recebeu a associação 160 Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 tiletamina-zolazepam via IM e transitória acidose respiratória não clinicamente relevante em animais de ambos os grupos. Já Valadão e Pacchini (2001), verificando efeitos cardiorrespiratórios da associação tiletamina-zolazepam em pacientes hipovolêmicos, verificou leve depressão respiratória imediatamente após sua aplicação, porém as pressões arteriais, sistólica, diastólica e média, além da freqüência e débito cardíaco, mantiveram-se estáveis, sendo, portanto, eficientes para anestesia em cães hipovolêmicos (Tabela 1). Portanto, a associação tiletamina-zolazepam está indicada para coleta de sangue, de tecidos ou outro material, tratamento de feridas (OTERO, 2005), transporte de animais, cirurgias de pequeno porte, cirurgias abdominais e ortopédicas (Tabela 1) (DINIZ, 1999). ETOMIDATO O etomidato é potente agente hipnótico, sem propriedades analgésicas. Apresenta-se sob a forma de etil (1 feniletil) – H-imidazol-5-carboxilato (FANTONI et al., 1999). É um anestésico intravenoso, não barbitúrico, de curta ação, utilizado tanto em humanos quanto em animais, com elevada margem de segurança, mas carece de propriedades analgésicas (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001; RANG et al., 2001). Não produz tolerância depois de repetidas administrações e não provoca liberação de histamina (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001), além de apresentar mínima depressão respiratória, proteção cerebral e rápida recuperação (RANG et al., 2001). O principal efeito do etomidato sobre o sistema nervoso central (SNC) é a hipnose por depressão do córtex cerebral atuando como protetor cerebral ao reduzir o consumo metabólico de oxigênio a nível cerebral e ao reduzir a PIC, mantendo a perfusão cerebral melhor do que o tiopental e o propofol (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Estas características o fazem um excelente fármaco a ser usado em pacientes que apresentam alterações hemodinâmicas (Tabela1) (JANSSEN et al., 1975; DE PAEPE et al., 1999). O etomidato assemelha-se muito ao tiopental, embora haja maior probabilidade de que cause movimentos involuntários durante a indução, bem como náusea e vômitos pós-operatórios (RANG et al., 2001). Seus dois efeitos adversos mais comuns são dor durante a aplicação intravenosa e tromboflebite (NEBAUER et al., 1992). A baixa solubilidade em água do etomidato requer uma formulação de propileno glicol a 35% e este veículo é o responsável pela dor, tromboflebite e hemólise (NEBAUER et al., 1992; MOON, 1994). Alcança rapidamente o cérebro devido sua alta fração plasmática livre (25%), sua lipossolubilidade e ao fato de não estar ionizado em pH fisiológico. A distribuição inicial no compartimento central, que inclui o cérebro, seguida por uma primeira redistribuição rápida até o resto dos tecidos orgânicos, o que explica seu efeito breve e permite adaptar sua posologia dependendo do sistema de administração (bolus ou infusão) (Tabela 2) (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Sua distribuição inicial e meia vida têm a duração de três minutos e redistribuição ocorre em 29 minutos (FROST, 2004). Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 161 É metabolizado principalmente em nível hepático (FROST, 2004), por hidrólise com formação de ácido carboxílico, que é inativo. Tanto o ácido carboxílico quanto a pequena porção de etomidato não modificado são excretados principalmente pela urina, existindo certa excreção também através da bile e fezes (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Passou a ser preferido ao tiopental em virtude de sua maior vantagem entre a dose anestésica e a dose necessária para produzir depressão respiratória e cardiovascular (RANG et al., 2001). Portanto, o etomidato pode ser usado como agente anestésico na indução ou manutenção da anestesia em pequenos animais, principalmente em pacientes cardiopatas e hipovolêmicos (Tabela 1), sendo contra-indicado em casos de insuficiência adrenal e renal, pois o acúmulo de pigmentos associado a hemólise compromete a capacidade de filtração renal (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). FENTANIL E ANÁLOGOS PARA ANALGESIA NATIVA O fentanil é opióide sintético, primariamente agonista do receptor μ, com propriedade analgésica de 80 a 100 vezes superior à da morfina; porém apresenta duração ultracurta. A principal vantagem deste opióide é que, quando administrado por via IV, apresenta efeito quase imediato (GÓRNIAK , 1999), com latência muito curta em conseqüência da alta lipossolubilidade, características estas que o tornam analgésico de eleição para o período trans-operatório em infusão contínua ou em repetidas doses em bolus, complementando a anestesia volátil ou em conjunto com hipnóticos, como o propofol, uma vez que são potentes analgésicos, mas não causam perda da consciência (CORTOPASSI; FANTONI, 2002). Doses elevadas de fentanil produzem intensa rigidez muscular, possivelmente como resultado dos efeitos dos opióides sobre a transmissão dopaminérgica no corpo estriado, fato que pode comprometer a ventilação no paciente em respiração espontânea (GOODMAN et al., 1987). Analgesia, sedação e depressão respiratória ocorrem após quatro minutos de administração IV com um pico de ação dentro de 10 a 15 minutos e tempo efetivo dentro de 30 minutos (SOMA; SHIELDS, 1964). Outros efeitos do fentanil são agressividade pós-operatória, apnéia, salivação, bradicardia e relaxamento do esfíncter anal com ocasional defecação (SOMA; SHIELDS, 1964) Análogos do fentanil têm sido desenvolvidos, observando-se variação importante no tempo de ação: de ultracurto (alfentanil), curto (sufentanil) para intermediário/longo (lofentanil) (CORTOPASSI; FANTONI, 2002). As vantagens do alfentanil sobre o fentanil e sufentanil são rápido início de ação e menor efeito cumulativo (FANTONI, 2002). Em um estudo o qual foi comparado o efeito do fentanil e seu análogo sufentanil para infusão contínua trans-operatória, os autores utilizaram a dose respectivamente 4μg/kg/h e 0,5μg/kg/h, diluídos em solução salina, sendo esta infundida na dose de 0,2mL/kg/h. A qualidade da analgesia foi considerada melhor em cães que receberam sufentanil quando comparados ao grupo que recebeu fentanil (BUFALARI et al., 2007). 162 Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 Foi introduzido o uso transdérmico do fentanil em pequenos animais, sendo que este sistema contém um reservatório com o fentanil em um adesivo, sendo este fármaco absorvido através da pele em uma taxa constante aproximadamente de 100μg/h, que é equivalente a administração IM de 60mg de morfina, com duração de 72 horas. Este adesivo está disponível para liberação do fentanil nas taxas de 25, 50, 75 e 100 4μg/h (GÓRNIAK, 1999). O remifentanil, outro derivado do fentanil, possui rápido início de ação e curta meia-vida, independente do tempo de infusão, características estas que o tornam analgésico interessante para uso na anestesia geral balanceada, TIVA ou sedação, permitindo o uso deste agente em ampla variedade de procedimentos anestésicos que variam desde sedação, cirurgia cardíaca e neurocirurgia (AULER Jr, 2008). Em humanos, o remifentanil tem sido utilizado em praticamente todas as especialidades cirúrgicas e em grupos especiais de pacientes como neonatos, idosos, obesos mórbidos e portadores de insuficiência renal ou hepática (AULER Jr, 2008). Ainda em humanos, um estudo comparando os efeitos da anestesia inalatória com isoflurano e fentanil e anestesia total intravenosa com propofol e remifentanil para rinoscopia e cirurgia nasal, os autores verificaram que a hipotensão é equivalente em ambos os grupos, porém, somente TIVA foi efetiva na redução da hemorragia deste procedimento (TIRELLI et al., 2004). O fato do remifentanil não apresentar efeito clinicamente relevante na pressão intra-ocular ou intra-craniana, bem como no fluxo sangüíneo cerebral e na reatividade cerebrovascular, torna-o uma opção interessante na cirurgia oftálmica e neurocirúrgica (BALAKRISHNAN et al., 2000). ASSOCIAÇÕES ANESTÉSICAS O propofol utilizado como agente único na manutenção anestésica pode levar a excessiva profundidade da anestesia e tempo de recuperação prolongado. Estes efeitos podem ser evitados através da administração simultânea de analgésicos, dentre eles, o fentanil (GEEL, 1991). Os opióides são utilizados como co-adjuvantes ao reduzir as doses do agente indutor, suprimir a resposta á laringoscopia, intubação orotraqueal e manutenção anestésica. Assim, o fentanil reduz a dose de indução do propofol (HAN, 2000), melhorando o componente hipnótico na TIVA (MUÑOZ-CUEVAS et al., 2005). A TIVA com propofol e opióides apresenta efetividade na resposta adrenérgica ao estresse cirúrgico com concomitante redução da concentração plasmática de catecolaminas (SCHUWAL et al., 2000) o que está de acordo com Kurita et al. (2003), que relataram que a TIVA com propofol e fentanil, é efetivo à resposta adrenérgica ao estresse cirúrgico, reduzindo a concentração de catecolaminas plasmáticas. Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 163 Pires et al. (2000), utilizando cloridrato de acepromazina e fentanil na medicação pré-anestésica (MPA) em cães submetidos a TIVA com infusão contínua de propofol, obtiveram redução de 47% na dose necessária do agente indutor à anestesia, porém, a dose de manutenção do propofol foi mantida em 0,4mg/kg/min. Já, Saavedra et al. (1996) observaram que a associação do propofol ao alfentanil proporciona redução significativa nas doses de manutenção do mesmo, comparando com o uso isolado do propofol ou associado à cetamina em cães. A cetamina, por produzir hipertonia muscular, recuperação disfórica e convulsões, tem sido utilizada em associação com sedativos ou tranqüilizantes que eliminam ou minimizam esses efeitos excitatórios (HELLYER et al., 1991). Existem relatos citando que a associação de propofol e cetamina promovem uma boa manutenção anestésica, porém notável depressão cardiorrespitória em seres humanos (HIU et al., 1995). Otha et al. (2004) basearam-se nesses fatores, realizando um protocolo anestésico com cetamina e propofol, na ortopedia eqüina, obtendo resultados satisfatórios, visto que a indução anestésica somente com propofol não é recomendada nesta espécie, pois pode promover excitação. Os benzodiazepínicos como o diazepam e o midazolam são utilizados associados à cetamina (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001; RANG et al., 2001; SOUZA et al., 2002; BRONDANI et al., 2003.). Atuam potencializando os efeitos inibitórios do GABA, tanto no cérebro quanto na medula, limitando a atividade convulsiva e elevando o limiar para convulsão, bloqueando a excitação causada pela cetamina, além de deprimirem centralmente os reflexos espinhais (ANDRADENETO, 1999). O midazolam é hidrossolúvel e, consequentemente, compatível com a cetamina em solução (JACOBSON; HARTSFIELD, 1993), sendo três vezes mais potente que o diazepam (HELLYER et al., 1991). Benzodiazepínicos lipossolúveis como o diazepam podem causar precipitação das soluções quando misturados com cetamina (BROWN et al., 1993). A combinação de cetamina com benzodiazepínicos produz relaxamento muscular, sendo considerada uma associação com pequeno poder analgésico para casos cirúrgicos; seu uso combinado com á-2 agonistas (como xilazina e medetomidina) levam a um excelente relaxamento muscular e melhora o grau de analgesia visceral. Outras combinações incluem o uso de opiáceos junto a á-2 agonistas para aprofundar mais a analgesia (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Brondani et al. (2003) relataram que a anestesia injetável com a associação de cetamina (10mg/kg indução e 5mg/kg manutenção) e midazolam (0,5mg/kg indução e 0,25mg/kg manutenção), em intervalos regulares de 10 minutos, via intravenosa, não deprimiu a função cardiovascular, não causou hipotermia, promoveu indução tranqüila e recuperação satisfatória, além de adequado grau de analgesia e relaxamento muscular para realização cirurgias esofágicas em cães. 164 Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 Quando se usa o etomidato como agente anestésico na indução ou manutenção da anestesia, recomenda-se associar à medicação pré-anestésica um tranqüilizante para minimizar os efeitos secundários (movimentos espasmódicos, mioclonias, náusea e vômito), observados durante a indução e/ou recuperação da anestesia. Os fármacos recomendados para a medicação pré-anestésica (MPA) são os que apresentam mínimos efeitos cardiorrespiratórios como a combinação de um benzodiazepínicos e um opióide (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS A administração intravenosa da maioria dos agentes anestésicos pode causar hipotensão arterial através da variação de mecanismos, incluindo vasodilatação (GROUNDS et al., 1985; ROUBY et al., 1991), ação inotrópica negativa (GELISSEN et al., 1996) e depressão do sistema nervoso simpático (EBERT et al., 1992; FROST, 2004). A indução anestésica com etomidato acarreta em mínimos efeitos depressivos do sistema nervoso simpático, podendo estimulá-lo em baixas doses (AONO et al., 2001). Além disso, em doses clínicas caracteriza-se por apresentar mínimos efeitos sobre a freqüência cardíaca, contratilidade do miocárdio, pressão sangüínea e consumo de oxigênio pelo miocárdio. O etomidato produz poucas alterações respiratórias, sendo a hipoventilação transitória o efeito respiratório mais comum. Foram descritos períodos de apnéia de curta duração em 12% dos pacientes induzidos por este fármaco. Quando é administrado em cães sadios, na dose de 1,5mg/kg o etomidato provoca um aumento no ritmo respiratório e um decréscimo do volume tidal que mantém o volume minuto inalterado (LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001). Ferro et al. (2005) pesquisaram alterações nos principais parâmetros fisiológicos determinados pela infusão contínua de propofol com diferentes doses em cães, sendo elas 0,2mg/kg/min; 0,4mg/kg/min e 0,8mg/kg/min, revelando em todas as doses uma redução na freqüência cardíaca, porém menos pronunciada nos animais que receberam propofol por infusão contínua na dose de 0,2mg/kg/ min. A justificativa dada pelos autores associa este fato a uma menor redução na pressão arterial media (PAM), não havendo a necessidade de aumento da freqüência cardíaca para estabilizar o débito cardíaco e conseqüentemente para manter a pressão arterial. Ainda sobre o sistema cardiovascular, o emprego do propofol está associado à discreta diminuição na pressão arterial (SHORT; BUFALARI, 1999). Essa ação depressora do fármaco está relacionada a efeitos depressores direto sobre o miocárdio e a vasodilatação arterial e venosa, sendo a Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 165 redução da pressão arterial proporcional ao aumento da concentração plasmática do agente anestésico (FANTONI, 2002). Nishimori et al. (2005) utilizaram propofol na indução (10mg/kg ± 0,5mg/kg) e manutenção anestésica (0,5mg/kg/min) para colheita de líquido cérebro espinhal e para mielografia em cães e observaram aumento da freqüência cardíaca e nenhuma alteração nos parâmetros de débito cardíaco e volume sistólico. O propofol não promoveu alterações hemodinâmicas que comprometessem a técnica de mielografia, sendo indicado como procedimento anestésico adequado para esse fim (Tabela1). A cetamina é caracterizada por apresentar estimulação cardiovascular indireta. Este fármaco aumenta o débito cardíaco, a pressão aórtica média, a pressão arterial pulmonar, a pressão venosa central e a freqüência cardíaca, exercendo efeito variável sobre a resistência vascular periférica (BOOTH, 1992). A freqüência cardíaca e a pressão arterial aumentam como resultado da estimulação direta do sistema nervoso central, que leva ao aumento do influxo simpático (LIN, 1996). Haskins e Patz (1990) observaram aumento na freqüência cardíaca e na PAM após a administração de cetamina (10mg/kg), via intravenosa, entretanto, Duque et al. (2005), não observaram estes efeitos durante a infusão contínua deste mesmo fármaco em cães apresentando choque hipovolêmico induzido. Normalmente a cetamina aumenta a pressão arterial e freqüência cardíaca em cães e humanos normovolêmicos e por isto este anestésico é recomendado para uso em pacientes que apresentam alto risco anestésico, susceptíveis a depressão cardiovascular ou hipotensão. Já, Valadão e Pacchini (2001), verificando efeitos cardiorrespiratórios da associação tiletamina-zolazepam em pacientes hipovolêmicos, verificou leve depressão respiratória imediatamente após sua aplicação, porém as pressões arteriais, sistólica, diastólica e média, além da freqüência e débito cardíaco, mantiveram-se estáveis, sendo, portanto, eficiente para anestesia em cães hipovolêmicos (Tabela 1). Apesar da associação tiletamina-zolazepam promover taquicardia sinusal transitória, não produz alterações significativas no perfil hemodinâmico de pacientes com baixo risco anestésico (ASA I e II). No sistema respiratório obsrrva-se diminuição da freqüência respiratória, com um padrão apneustico inicial que rapidamente é corrigido pela ação do zolazepam (OTERO, 2005). Ao avaliarem comparativamente a manifestação de possíveis alterações eletrocardiográficas em cães anestesiados com cetamina e sua versão S, Souza et al. (2002) encontraram efeitos similares, não indicando superioridade na cetamina S na eletrofisiologia cardíaca e na função cardiopulmonar. TABELA 2 – Doses e intervalos posológicos dos diferentes fármacos utilizados na TIVA na espécie canina. 166 Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 TABELA 1 – Principais indicações dos diferentes agentes anestésicos e suas associações medicamentosas utilizadas na TIVA em cães. Propofol e Fentanil - Cirurgias ambulatoriais; - Remoção de tumores intracranianos. Propofol Cetamina e diazepam ou midazolam - Coleta de líquor da cisterna; - Mielografias; - Cuidados intensivos; - Método de contenção. - Pacientes cardiopatas; - Pacientes hipovolêmicos ou em choque hemorrágicos; - Neurocirurgia; - Método de contenção. Etomidato e diazepam ou midazolam Tiletaminazolazepam - Pacientes cardiopatas; - Hipovolêmicos - Pacientes hipovolêmicos; - Coleta de sangue; - Coleta de tecidos; - Tratamento de feridas; - Transporte; - Cirurgias de pequeno porte. SAAVEDRA et al., 1996; DINIZ, 1999; LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001; RANG et al., 2001; VALADÃO; PACCHINI, 2001; SOUZA et al., 2002; BRONDANI et al., 2003; MUÑOZ-CUEVAS et al., 2005. Adaptado por TRINDADE et al. (2008). TABELA 2 – Doses e intervalos posológicos dos diferentes fármacos utilizados na TIVA na espécie canina. Na Indução sem MPA Na Indução com MPA Manutenção em bomba de infusa Manutenção em bolus Propofol 10mg/kg 2 a 4mg/ kg 0,2 a 0,8mg/kg/min 0,5mg/kg a cada 3 a 5 min. Fentanil - - 0,3 a 1 µg/kg/min. 2 a 5 µg/kg a cada 20 a 30 min. Ou 2 a 10 µg/kg/hora Remifentanil - - 0,25 a 0,1 µg/kg/min. - Sufentanil - - 1µg/kg/ hora 0,72 a 2 µg/kg a cada 10 a 15 min. 1 a 2mg/kg 0,05 a 0,9 mg/kg/min. 1 a 5mg/kg a cada 10 a 25min. 0,5 a 3mg/kg 50 a 150 µg/kg/min. 0,5 a 1,5mg/kg a cada 10 a 20 min. 1 a 16 µg/kg/min. (0,2mg/kg/h) 0,15 0,25mg/kg a cada 2 min. Cetamina 8 a 10mg/kg Etomidato - Diazepam 0,15 0,25mg/kg 0,15 0,25mg/kg Midazolam 0,2mg/kg 0,2 mg/kg 0,25mg/kg a cada 10 a 25 min. Atracúrio - 0,25 a 0,5mg/kg 4 a 9 µg/kg/min. 0,15 a 0,25mg/kg a cada 20 a 30min. Tiletamina-zolazepam - 3 mg/kg diluído em 2ml de solução salina - 1mg/kg a cada 20 a 30 min. LAREDO; CANTALAPIEDRA, 2001; MACINTIRE, 2004.; FERRO, 2005; NISHIMORI, 2005; OTERO, 2005. Adapatado por TRINDADE et al. (2008). Veterinária em Foco, v.5, n.2, jan./jun. 2008 167 CONCLUSÃO A anestesia total intravenosa fornece a possibilidade de utilizar diversos fármacos, no entanto são mais apropriados aqueles que apresentam uma meia vida curta, com baixos volumes de distribuição, com um rápido início de ação, não produzindo metabólitos tóxicos ou ativos. O sucesso do procedimento anestésico advém da escolha dos fármacos segundo o estado clínico do paciente, enfermidades concomitantes e tipo de procedimento cirúrgico. Para isto, o conhecimento das formas de absorção de cada anestésico, bem como as rotas metabólicas e as propriedades anestésicas dos agentes injetáveis, tornam o anestesista mais seguro diante da escolha do protocolo anestésico. REFERÊNCIAS ANDRADE-NETO, J. P. Anticonvulsivantes. In: SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; et al. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 13, p.131-139. ANESTÉSIA geral: Agentes Inyectables. Capturado 30 maio. 2007. Online. 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