tiletamina-zolazepam: revisão de literatura

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TILETAMINA-ZOLAZEPAM: REVISÃO DE LITERATURA:
ZANCHI, Vanessa1; THIESEN, Roberto2; WASCHBURGUER, Diane J3; SARTURI, Daniel4
Palavras-Chave: animais, anestesia, anestésico dissociativo.
A partir dos anos 60 desenvolveu-se a associação de tiletamina-zolazepam para utilização
em várias espécies, como agente anestésico dissociativo (HELLEBREKERS, 2002). Já o
termo anestesia dissociativa propõe um estado de anestesia induzido por substâncias que
interrompam a transmissão ascendente em regiões cerebrais, as quais são responsáveis pela
consciência e inconsciência do paciente. Apresentava-se então a tiletamina como fármaco de
longa duração de ação e propriedades analgésica mais satisfatória que a cetamina (SPINOSA
et al., 2006; TRANQUILLI, THURMON, GRIMM, 2013).
O cloridrato de Tiletamina INN (CI-634), assim como a cetamina são fármacos derivados
da fenciclidina (ADAMS, 2003). Porém a tiletamina foi desenvolvida mais tarde e aprovada
para uso veterinário somente em associação ao zolazepam, um potente benzodiazepínico, na
proporção 1:1. Quimicamente a tiletamina é designada como 2-(etilamino)-2-(2-tienil)
ciclexanona-HCI. Quando administrada isoladamente, resulta analgesia profunda e estado
cataleptóide (ANDRADE, 2008). Já o zolazepam produz hipnose e relaxamento muscular,
mediado por aumento da atividade inibitória do GABA no SNC, bloqueia a atividade motora
espontânea tendo ainda ação anticonvulsivante duas vezes maior que o diazepam (FANTONI;
CORTAPASSI, 2009).
O mecanismo de ação que os anestésicos dissociativos determinam ocorrerá pelo
antagonismo não competitivo dos receptores do tipo NMDA do SNC, envolvidos com a
condução dos impulsos sendo eles: sensorial espinhal, talâmico, límbico, subcortical e
cortical. Levando então a uma anestesia pela interrupção do fluxo de informações para o
1
Autora: Vanessa Zanchi. Discente do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal
Pampa – UNIPAMPA. [email protected]
2
Orientador: Prof. Dr. PhD. Roberto Thiesen. Docente do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal Pampa – UNIPAMPA.
3
Diane J, Waschburguer. Discente do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal
Pampa – UNIPAMPA.
4
Daniel Sarturi. Médico Veterinário.
córtex sensitivo. Muitos dos efeitos farmacológicos também irão depender da ligação dos
aminoácidos excitatórios, especialmente: o glutamato, a glicina e o aspartato. As doses de
cetamina necessárias para bloquear os receptores do tipo NMDA são consideradas menores
que aquelas necessárias para induzir anestesia cirúrgica, o que provavelmente explicaria como
esse fármaco mantém propriedades analgésicas mesmo em doses subanestésicas.
(ANDRADE, 2008; FANTONI; CORTAPASSI, 2009).
A apresentação da tiletamina-zolazepam, é em forma de pó liofilizado 250 mg: sendo 125
mg de tiletamina e 125 mg de zolazepam , altamente hidrossolúvel em 5 ml de água destilada
estéril (SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI, 2006). Esta associação é comercializada com o
nome de Telazol (Fort Doge) nos Estados Unidos, e como Zoletil (Virbac) na Europa,
atualmente no Brasil encontram-se as duas marcas disponíveis na linha veterinária, nas
concentrações de 50 ou 100mg/ml.
Para Massone (2011) com uso exclusivo de tiletamina-zolazepam não serão observados os
planos de Guedel, pois os reflexos de deglutição, eructação e de vômito permanecem
inalterados. Porém a associação poderá levar a uma taquicardia em cães e aumento da pressão
arterial, decorrentes do aumento da atividade simpática eferente podendo ser maléfica para
pacientes com desordens cardíacas. Alguns dos efeitos excitantes do sistema cardiovascular
gerados pelo uso de anestésicos dissociativos podem ser minimizados com a administração
prévia de benzodiazepínicos, fenotiazínicos, alfa-2-agonistas, ou ainda manter o paciente
concomitantemente em anestesia inalatória, incluindo o uso de óxido nitroso (TRANQUILLI,
THURMON, GRIMM, 2013). A injeção intravenosa de tiletamina produziria um aumento da
pressão arterial e da frequência cardíaca, podendo-se ainda, em alguns casos, observar
arritmias ventriculares, porém como descrito pelos autores acima e citado em Andrade (2008)
a associação de
tiletamina-zolazepam
em
cães,
mantém
estável
os
parâmetros
cardiovasculares.
Os efeitos respiratórios que possivelmente podem ocorrer com o uso da tiletamina são:
ritmo respiratório irregular, desencadeando respiração apnêustica, ou seja, pausas breves
durante o período inspiratório, tendo como consequência o aumento da taxa de dióxido de
carbono e diminuição do ph sanguíneo (ANDRADE, 2008; FANTONI; CORTAPASSI,
2009).
Os efeitos adversos comumente observados após o uso de tiletamina-zolazepam nos
caninos são: salivação, vômito, apnéia, recuperação prolongada, movimentos de pedalagem e
excitação. Em felinos, pode-se notar dor à injeção, lambedura, espirros, recuperação
prolongada e salivação. Esses efeitos acontecem em razão à farmacocinética da tiletamina nos
cães sendo a meia vida plasmática de 75 minutos, ser mais longa que a meia vida plasmática
do zolazepam de 60 minutos. Em felinos podemos notar o contrário, a meia vida plasmática
do zolazepam é maior chegando a 300 minutos, levando a uma tranquilização residual
(ANDRADE, 2008; MASSONE, 2011)
Ainda durante a anestesia, podem ocorrer movimentos involuntários bruscos não
associados à dor. Todos os sinais clínicos exibidos em caninos e felinos durante o trans
cirúrgico assemelham-se aqueles já observados para a cetamina.
Adams (2003) cita que a dose empregada a associação de tiletamina-zolazepam deve ser
de: 6 a 13mg/kg por via intramuscular, esta produz uma anestesia aceitável para
procedimentos cirúrgicos com duração de até 60 minutos. Já as doses adicionais quando
necessárias, devem ser um terço a metade da dose inicial. As administrações intravenosas
resultam em: induções mais rápidas, redução da dose e duração de efeito curto. E ainda devese ter cautela na administração dos fármacos em animais gravemente debilitados, assim como
animais geriátricos e pediátricos.
Massone (2011) explana que além do uso dos anestésicos dissociativos associados a
outros fármacos para indução e manutenção de anestesias, estes ainda podem ser empregados
como coadjuvantes da anestesia geral, administrados em bolus ou por infusão contínua,
aumentando a profundidade anestésica ou analgésica. Atualmente está comprovado que o uso
da cetamina em doses subanestésicas associada a outros analgésicos, previne e diminui a dor
pós-cirúrgica em humanos e animais. Também demonstra-se que em cães a infusão continua
intravenosa de cetamina na dose de (10ug/kg/min) reduz a CAM do isofluorano em até 25%
durante o procedimento (GREENE, 2004).
Referências
ADAMS, Richard H. Farmacologia e Terapêutica em Veterinária. 8. Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2003.
ANDRADE, Silvia F. Manual de Terapêutica Veterinária. 3. Ed. São Paulo: Roca, 2008.
FANTONI, Denise T; CORTOPASSI, Silvia Renata G. Anestesia em Cães e Gatos. 2. Ed.
São Paulo: Roca, 2009.
GREENE, S.A. Segredos em anestesia veterinária e manejo da dor. Porto Alegre: Artmed,
2004.
HELLEBREKERS, Ludo J. Animal Pain – A practice Oriented Approach to an Effective
Pain Control in Animals. 1. ed Brasileira. São Paulo: Manole Ltda, 2002.
MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária. Farmacologia e Técnicas: Texto e atlas
colorido. 6. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
SALIBA, Renato; HUBER, Renata; PENTER, Julia, D. Controle da dor em pequenos
animais. Semina: Ciências Agrárias. Londrina, c.32, suplemento 1, p. 1981-1988, 2011.
SPINOSA, Helenice S; GÓRNIAK, Silvana L; BERNARDI, Maria M. Farmacologia
Aplicada à Medicina Veterinária 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
TRANQUILLI, William J. Fisiolologia da dor aguda. In: GREENE, S.A. Segredos em
anestesia veterinária e manejo da dor. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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