TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E MARKETING DE RELACIONAMENTO: UMA VISÃO PRATICA DE SUA APLICAÇÃO NO VAREJO DE CONFECÇÕES. Albertony Santos Assis1 Resumo: O presente estudo busca definir a tecnologia da informação e o marketing de relacionamento em uma abordagem voltada ao varejo de confecções. Paralelamente, analisa-se qual a relevância de tais ferramentas no processo administrativo de empresas do ramo. Foi utilizada, uma amostragem não probabilística de caráter intencional. A metodologia baseia-se na pesquisa qualitativa. O texto fundamenta-se em pesquisa exploratória e descritiva, para compreender a importância do marketing de relacionamento e da TI para uma orientação efetiva da organização para o consumidor. Concluí-se que a baixa percepção, pelos dirigentes das verdadeiras competências de cada um dos tópicos abordados, assim como, o baixo investimento no aprimoramento das relações necessárias, transforma o marketing de relacionamento e a TI em ferramentas isoladas e sem retorno para as organizações do varejo de confecções de Feira de Santana. Palavras-chave: Tecnologia da Informação; Marketing de Relacionamento; Varejo; Confecções. Abstract: The present study it searches to define the technology of the information and the marketing of relationship in a boarding directed to the retail of confections. Parallel, which is analyzed the relevance of such tools in the administrative proceeding of companies of the branch. It was used, a not probabilistic sampling of intentional character. The methodology is based on the qualitative research. The text is based on exploratory research and descriptive, to understand the importance of the marketing of relationship and TI for an orientation it accomplishes of the organization for the consumer. I concluded that low the perception, for the controllers of the true abilities of each one of the boarded topics, as well as, the low investment in the improvement of the necessary relations, transforms the marketing of relationship and TI into isolated tools and without return for the organizations of the retail of confections of Feira de Santana. Key words: Technology of the Information; Marketing of Relationship; Retail; Confections. 1 Bacharel em Administração com Habilitação em Marketing pela Faculdade de Tecnologia e Ciências - Feira de Santana. Pós Graduando em Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade Adventista da Bahia. E-mail; [email protected] 4 1 Introdução Este artigo apresenta de maneira conceitual, uma discussão da Tecnologia da Informação e do Marketing de Relacionamento. Estes considerados como ferramentas de apoio para a nova era da concorrência e competição dentro do varejo de confecções inserido em um ambiente globalizado. Inicialmente, enfoca-se uma releitura da tecnologia da informação como ferramenta de apoio para a gestão organizacional e como esta pode ser ou não utilizada em empresas do segmento. A análise do modo de pensar, de compreender e lidar com a realidade oferece informações necessárias para que se possa tomar decisões, com base no conhecimento do ponto de vista do cliente. Isso é fundamentado por uma visão multifacetada do Marketing de Relacionamento. Viabilizando um maior entendimento deste artigo, se fez necessário abordar os conceitos de varejo mais utilizado no meio acadêmico e uma análise mais contundente do varejo de confecções. Buscando, assim detectar qual o seu real posicionamento perante o crescimento das novas tecnologias e da evolução constante do relacionamento entre cliente e fornecedor. Com o intuito de avaliar a veracidade destas hipóteses, o artigo é baseado em um primeiro momento na pesquisa bibliográfica, pois utilizou-se de livros e materiais disponíveis na Internet. Em descritiva, porque descreve as percepções em relação à utilização da TI e do Marketing de Relacionamento para as empresa do setor varejista de confecções. Quando ao método de abordagem utilizou-se a qualitativa, pois dá mais relevância a interpretação dos dados que a quantificação destes. Assim, o pesquisador pode fazer um levantamento provisório e análise dos dados de forma detalhada, com materiais pesquisados e indicados pelo orientador, permitindo ao investigador a obtenção de uma melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam em determinado assunto. 5 2 Tecnologia da Informação O mundo tem testemunhado diversas transformações em seus conceitos de atendimento e satisfação ao cliente. As mudanças e evoluções na economia e nos mercados têm provocado turbulências acentuadas. Bretzke (2000, p. 24), afirma que: “Hoje os clientes aprenderam a ser menos tolerantes com as empresas que não os reconhecem, usando as informações disponíveis no banco de dados, para facilitar o relacionamento”. Desta forma, a TI passa a ser decisiva no fracasso ou sucesso de uma empresa, contribuindo para que ela possa ser mais forte, ágil e flexível frente ao mercado, invés de ficar a sua mercê. Walton (1998) define que os sistemas de TI podem assumir muitas formas, atender grande número de tarefas, servir a propósitos de eficiência, eficácia ou inovação e terem efeitos organizacionais nitidamente diferentes. Portanto, o uso da TI abrange o denominado triângulo estratégico que é composto por: estratégia de negócio, estratégia da organização e estratégia de TI que interagem entre si. A estratégia do negócio define o modelo do empreendimento e como a organização irá atuar no mercado, com enfoque e estratégias especificas; A estratégia da organização define a estrutura organizacional e seus processos operacionais e estratégicos para cumprir a estratégia do negócio; A estratégia da TI define a arquitetura tecnológica necessária para o cumprimento da estratégia de negócio e suporta a estratégia da organização, ao mesmo tempo em que provoca e possibilita mudanças nestas outras duas. Neste contexto, os fatores que devem ser considerados para o alinhamento estratégico entre a organização e a TI incluem lógica de negócio, com as definições de negócio e atuação no mercado; No meio empresarial varejista, as decisões sobre o uso estratégico dos sistemas de informações são influenciadas pela percepção de valores por parte da diretoria da organização. Onde esta é analisada nas seguintes óticas: a importância dos valores percebidos, a influência desta percepção e as formas como a organização interpreta estes valores gerando regras de gerenciamento. 6 Contudo, numa análise mais atual do impacto da TI, Porter (2001) diz que o entendimento da estrutura da indústria que a empresa atua e da sustentabilidade da vantagem competitiva são os dois grandes norteadores universais na busca da lucratividade. Tais aspectos transcendem qualquer tipo de tecnologia, pois só através da integração das novas TIs, como Internet, com a estratégia da organização é que se tem condição de torna-se uma poderosa força competitiva. A quantidade e a complexidade dos relacionamentos nos negócios geraram um crescimento exponencial de dados sobre o cliente e o mercado. Portanto, no processo de analisar e interpretar os relacionamentos de milhões de indivíduos ou de um pequeno grupo de clientes, esses dados podem fazer uma grande diferença na posição competitiva e nos lucros, para quem estiver mais apto a usá-los ativamente no processo de atendimento e vendas, independentemente da empresa ser do setor de telecomunicações, bancos, seguradoras, ou simplesmente uma loja de varejo de confecções. 3 Marketing de Relacionamento As empresas já não podem ficar confiantes em sua participação de mercado e em sua posição competitiva, pois a concorrência pode vir inesperadamente de qualquer setor e de qualquer tipo de organização, pois as fusões e aquisições alteram a relação de força existente no mercado. Drucker, 1973, apud, Sheth (2001, p. 35), acredita que o propósito dos negócios é criar e manter clientes satisfeitos. Embora, as empresas tenham de ganhar dinheiro, Drucker argumenta que ganhar dinheiro é uma necessidade não um objetivo. Na realidade o resultado final desejável, é de se criar um cliente satisfeito. Kotler (2003, p. 474) diz que: A ênfase deslocou-se para o marketing de relacionamento - criar, manter e aprimorar fortes relacionamentos com os clientes e outros interessados. Além de elaborar estratégias para atrair novos clientes e criar transações com eles, as empresas empenham-se em reter os clientes existentes e construir com eles relacionamentos lucrativos e duradouros. O marketing é visto agora como a ciência e a arte de descobrir, reter e cultivar clientes lucrativos. 7 De acordo com Mckenna (1992), o mercado está cada vez mais concorrido, a cada hora uma empresa, um produto, ou serviços são lançados, dificultando a estabilidade dos já existentes. O Posicionamento é essencial na construção do valor que é atribuído pelo consumidor a um produto ou serviço. "Para conquistar uma posição forte no mercado a empresa tem que diferenciar seu produto de todos os outros existentes no mercado". (MCKENNA, 1992, p. 57). Para isso é exigido um planejamento desde a criação do produto levando em conta todas as variáveis internas e externas até como chegará ao consumidor final. Esse cenário coloca as empresas diante de oportunidades sem precedentes para conquistar novos mercados. Paradoxalmente, os mercados tradicionais estão mudando velozmente, diminuindo ou tornando-se extremamente competitivos. Enquanto, margens caem, cresce a demanda por produtos de maior qualidade e com preços menores. Adicionalmente, os clientes exigem, e estão obtendo, cada vez mais serviços na forma de valor agregado. Segundo Mckenna, (1992, p. 58). Os fatores de diferenciação do produto vão além do escopo do produto como, a distribuição, o público alvo e o preço. As empresas procuram atribuir fatores de posicionamento intangíveis como tecnologia, qualidade, status, podendo dessa forma ser mais eficazes, identificando o público alvo para ter sucesso na comunicação e criação de um produto completo, com atributos tangíveis e intangíveis. O mesmo autor define que um produto não é visto sozinho. Os elementos do mercado compõem a leitura do produto pelo consumidor. A empresa além de diferenciar o produto deve posicioná-lo e, assim, conhecer bem seu público alvo: como pensam, o que gostam, onde freqüentam, o que lhes causa repulsa e sempre acompanhar as mudanças do mercado. A organização pode estar caminhando com sucesso, mas repentinamente pode aparecer um produto do concorrente que oferece atributos mais chamativos e esta empresa que se acomodou pode perder suas vendas. O desafio do marketing de relacionamento é decodificar o modo de pensar, de compreender e lidar com a realidade, oferecendo as informações necessárias para que os executivos possam tomar decisões, com base no conhecimento do ponto de vista do cliente. 8 Segundo Rapp (1991, p. 217) o marketing de relacionamento é: É o marketing de banco de dados continuo e personalizado, no qual as respostas não apenas são realizadas por meio da propaganda de resposta direta, como também são acrescentadas informações de cada respondente, que são usadas para conduzir uma comunicação continua. O diálogo, as construções de relacionamentos estáveis e duradouros com os clientes surgem como resposta ao desafio imposto ao marketing pelas mudanças no ambiente competitivo, no comportamento do consumidor e, principalmente, pela expectativa de como deseja ser atendido. O Marketing de Relacionamento representa uma nova postura na interação entre uma empresa ou entidade e seus clientes. Partindo deste princípio e desta constatação as organizações, investem, prioritariamente na manutenção do cliente já conquistado, embora, não descarte a conquista do cliente potencial, pois esta cada vez mais difícil conquistar clientes novos e cada vez mais fáceis perder os que já se possui. Apoiando-se em bancos de dados inteligentes que permitem um conhecimento mais profundo das demandas, expectativas e necessidades dos clientes o Marketing de Relacionamento garante às organizações adequação na oferta de produtos e serviços aos seus consumidores. 4 Varejo Para entender a relação entre a TI, o Marketing de Relacionamento e o direcionamento da organização para o consumidor se têm que analisar o último elo da cadeia de distribuição. A análise deste elo passa inicialmente pela compreensão da essência do varejo, e diversas são suas definições. Na visão de Levy e Weitz (2000, p. 8), é “um negociante que vende produtos e serviços de uso pessoal ou familiar aos consumidores”. Dentro de um modelo clássico de distribuição o varejo é o ultimo elo da cadeia de distribuição. . Adaptado de Levy e Wetz (2000,p. 8) 9 Na ótica de Parente (2000, p. 22) o varejo é compreendido por “todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final”. 4.1 Classificação do Varejo O varejo pode ser classificado segundo Parente (2000), em três grandes grupos: 4.1.1 Classificação de Acordo com a Propriedade: Independentes: com apenas uma loja, são empresas basicamente familiares; Redes: mais de uma loja, sob a mesma direção, Ex.: C&A e RENNER; Franquia: consiste em um sistema continuo e integrado de relacionamento entre franqueador e franqueado, que permite ao franqueado conduzir um certo negócio de acordo com os padrões definidos pelo franqueador; Departamentos alugados: são departamentos, dentro de uma loja de varejo, operados por outra empresa. 4.1.2 Instituições com lojas: Varejo Alimentício: pelo próprio nome, é todo e qualquer varejo que vende alimentos como: bares, mercearias, padarias, mini-mercados, lojas de conveniência, supermercados e hipermercados. O que não será levado em conta na pesquisa. Varejo não Alimentício: é o varejo que vende produtos que não são classificados como alimentos e/ou bebidas. Podendo-se dividir em: o Lojas Especializadas; o Lojas de Departamentos; o Mini lojas de Departamentos ou Magazines. 10 Varejo de Serviços; consiste no varejo de prestação de serviço como salão de beleza, clinica médica, academia de ginástica e outros. O que também, não será levado em conta na pesquisa. 4.1.3 Instituições sem Loja: Venda direta; sistema de venda ao consumidor que envolve explicações e demonstrações de produtos e serviços; Máquina de vendas; é a venda de produtos através de máquinas, executada diretamente pelo consumidor; Varejo virtual: sistema de vendas que conta com uma localização cibernético para a loja. O seu ambiente é a Internet. Partindo da classificação acima apresentado o varejo de confecções que é o objeto de estudo deste trabalho pode ser definido como um varejo independente, de rede ou franquia com lojas especializadas. Todavia, focalizar-se-á esta pesquisa para organizações que atuam no varejo de confecções com venda direta por meio de loja especializada da fábrica. O varejo de confecções de Feira de Santana apresenta-se de forma ainda desorganizada, com alto índice de dispersão e informalidade. Mesmo sendo uma das atividades comerciais mais antigas e referência na sua região, o mesmo apresenta um índice de evolução muito pequeno, perdendo espaço para concorrentes mais organizados e mais preocupados com a evolução tecnológica que a globalização proporcionou a todos os interessados. Segundo Ângelo (2001), essa desorganização demonstra um baixo índice de organizações estruturadas e nível de profissionalização baixo. Em decorrência desta forma de proceder, muitas lojas fecham antes de completar dois anos de existência, segundo dados do Simpi (1997) apute Ângelo (2001). Todavia, o mesmo, aponta uma forte mudança em tal segmento. Uma nova concepção para o varejo, que já acontece de forma organizada em outras partes do mundo. 11 Segundo Ângelo (2001, p. 225), Existe uma tendência mundial de concentração do varejo de moda que ainda não chegou ao Brasil. [...] Todo esse processo de concentração, que inexoravelmente deverá ocorrer também no Brasil, fará com que o mercado se torne mais profissional [...]. Porém, a grande maioria das lojas de varejo do setor de confecções de Feira de Santana, não tem a menor preocupação em saber quem é seu cliente e qual o seu perfil. Simplesmente, abre suas portas e vendem determinadas marca ou produto, geralmente com base no gosto pessoal do comprador ou dono da loja, acreditando que seu cliente terá as mesmas preferências. 5 Metodologia Para pesquisa que aqui será relatada, levantou-se o seguinte problema: Como a TI e o Marketing de Relacionamento são utilizados pelas empresas de varejo de confecções para uma orientação de negócio voltada ao consumidor? A suposição norteadora para tal questão é: Que a Tecnologia da Informação e o Marketing de Relacionamento quando utilizados de forma conjunta transformam-se em uma vantagem competitiva para as empresas de confecções que atuam voltadas para o varejo. Tem-se como objetivo identificar a utilização destas tecnologias pelas empresas; avaliar os efeitos de tais tecnologias e analisar os resultados que essas trazem para as organizações. O trabalho utilizou-se em um primeiro momento da pesquisa bibliográfica, pois baseou-se em livros e materiais disponíveis na Internet. Em relação aos fins, a pesquisa pode ser classificada como descritiva. Porque descreve as percepções em relação à utilização da TI e do Marketing de Relacionamento para as empresa do setor varejista de confecções. Quando ao método de abordagem utilizou-se a qualitativa, pois dá mais relevância a interpretação dos dados que a quantificação destes. Como forma de análise científica, utilizou-se da aplicação de entrevista aberta que foi respondido, por gerentes e diretores de empresas da cidade de Feira de Santana no varejo de confecções, compondo uma amostra não probabilística de caráter intencional. 12 A aplicação da entrevista ocorreu no mês de Novembro de 2006. A mesma foi dividida em duas partes2: na primeira parte os entrevistados externaram a percepção sobre o uso da TI e do Marketing de Relacionamento na organização, onde procurou avaliar se a empresa utiliza ou não tais recursos. A segunda parte da entrevista tinha como objetivo avaliar os fatores que influenciavam de forma positiva ou negativa o uso da TI e do Marketing de Relacionamento na organização. Segundo Bardin (1977, p. 42), a análise de conteúdo pode ser entendida como: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Do ponto de vista analítico este conceito foi fundamental para a compreensão dos dados fornecidos nas entrevistas. Ele permitiu explicitar e sistematizar o conteúdo das mensagens e a expressão deste conteúdo. O objetivo desta abordagem foi o de efetuar deduções lógicas e justificadas, referentes pesquisa efetuada. Desse estudo consta, ainda, uma revisão de literatura sobre Tecnologia da Informação, Marketing de Relacionamento e Varejo, fundamentada pela visão de diversos autores. Para manter-se o sigilo e preservar a imagem das empresas, assim como de seus diretores e gerentes, no discorrer desta pesquisa serão tratados como Emp. A, Emp. B, Emp. C e assim, sucessivamente em seqüência alfabética, seguindo a ordem das entrevistas. 6 Análise das Descobertas 6.1 Uso da TI e do Marketing de Relacionamento na Organização O objetivo desta abordagem foi de analisar a visão dos entrevistados sobre a TI e o Marketing de Relacionamento como um todo e, nos processos organizacionais. 2 Vide apêndice, roteiro da Parte I e Parte II da entrevista. 13 Avaliando como tais processos estão sendo aplicados de forma geral dentro de suas respectivas empresas. Na análise das entrevistas, verificou-se que o uso da TI e do Marketing de Relacionamento, em estágios mais avançados com o desenvolvimento de novos canais e novos negócios ainda não é realidade para as empresas pesquisadas. Fato que se evidencia nas avaliações atribuídas pelos diretores e gerentes, quanto à integração de tais ferramentas com o ambiente externo da empresa, seja com clientes ou fornecedores ou nos processos decisórios. O que se pode constatar é que o uso intensivo encontra-se na automação das lojas, servindo na sua maioria como ferramenta de controle de crédito ou no controle de estoques. Segundo a transcrição da entrevista do gerente da Emp. C: O sistema informa qual o limite do meu cliente, se ele ta com cheque devolvido ou se ta devendo alguma coisa, e quais os descontos que podem ser concedidos na loja pro cliente, pois o dono não fica aqui na loja, não! [...] e tem também, a informação de quantas peças tem no estoque. No tocante ao direcionamento da Tecnologia de Informação como suporte para o marketing de Relacionamento, se constata uma total falta de aplicabilidade por parte das organizações. Onde as ações de compra são geridas conforme o gosto de compradores ou do próprio proprietário sem levar em considerarão uma análise prévia das informações geradas pelo próprio histórico de consumo do cliente no ponto de venda. A observação deste fato se faz no relato de todos os entrevistados, porém, usaremos apenas a observação da gerente da Emp. B, que sintetiza a visão deturpada que se tem sobre a gestão da informação como apoio no relacionamento com o consumidor final. Eu acredito que não seria tão viável o uso destas informações [...] por causa do custo de trabalhar com um sistema que vá fazer uma checagem maior sobre o cliente, sendo que nos temos às preferências do cliente, o que o cliente quer na verdade, o que o cliente esta exigindo no momento é o que esta vendendo no mercado [...] o investimento é muito alto para o retorno. E a dona da loja tem muita experiência em compras. 14 Em uma análise visual e em breves intervenções, que aqui não serão apontadas como parte efetiva da pesquisa, mas sim como um ponto de vista do pesquisador, feitas com a equipe de venda da Emp B, percebemos que é comum a compra feita sem planejamento, gerando saldos de peças nas prateleiras. 6.2 Fatores que afetam o uso da TI e do Marketing de Relacionamento Dentre os diversos pontos levantados na pesquisa se destaca a percepção de retorno do investimento como principal agravante, visto o alto valor necessário para a implantação da tecnologia e do planejamento orientado para o cliente, o que aparece como regra dentre os entrevistados. Todas as organizações possuem sistemas de cadastro de clientes e de fornecedores, porém, não conseguem extrair informações de seus bancos de dado, para direcionar ações específicas de Marketing, que pudessem auxiliar no seu posicionamento de compras e fabricação para um melhor atendimento do seu público alvo. Como é relatado na Emp. B, “a experiência do proprietário e suficiente para direcionar as compras quinzenais que faz em São Paulo”. No segmento da entrevista a Gerente aponta um erro grave de planejamento quando no período da Copa do Mundo de Futebol de 2006, “foi feito uma compra de uma blusa temática e que não obteve saída, ficando um lote de blusas femininas de alto custo no estoque”. Mesmo com este testemunho a gerente salienta que “erros podem acontecer com qualquer pessoa”. A baixa qualificação da mão-de-obra aparece como um ponto incontestável dentro do universo analisado, e o baixo investimento em capacitação do quadro funcional por parte das empresas aponta para uma perpetuação deste quadro lamentável. Segundo a Gerente da Emp. F. A empresa não teria nenhuma objeção em fazer uso mais aprofundado da tecnologia. [...] ter condições temos, clientes temos, visão para um crescimento para este tipo de trabalho também temos, agora o que falta é um tipo de organização, um tipo de conhecimento maior, perante tanto a diretoria quanto agente que é gestora e sabe as deficiências do pessoal. 15 Este problema foi relatado em outras entrevistas, por outros gerentes. Na opinião dos diretores o problema também é percebido quando questionados a respeito do assunto, é apontado como solução à substituição do quadro funcional e não um possível treinamento. A qualificação do pessoal hoje? Trocando o sistema! Seria muito difícil. Eles não teriam condições de acompanhar. Aí eu teria de contratar um pessoal novo para mexer no programa novo. (Diretor da Emp. A.) O alto índice de informalidade no setor, e a falta de leis que protejam o mercado interno da ação devastadora de concorrentes como a China, ou até mesmo a falta de barreiras fiscais no âmbito estadual para proteger a indústria local de concorrentes oriundos de Pernambuco, Ceará entre outros, impede o uso de tais tecnologias pelo fato de não se conseguir refutar maior valor aos produtos comercializados nos pontos de venda em função da concorrência desleal. Este ponto foi percebido em relatos das Emp. A, Emp. C, Emp. D, Emp. F, porém na Emp.B, segundo sua Gerente “em função do nosso público, estes problemas não nos afeta não”. Já a Gerente da Emp. E, ressalta ser indiferente ao problema, o que não condiz com a opinião da maioria, tão pouco com a percepção do pesquisador, relatada acima e fundamentada na análise dos vetores apontados pelos outros entrevistados. 6.3 A percepção do Pesquisador na Entrada no Campo, na Atuação em Campo e na Saída do Campo Como finalização desta jornada cientifica, vale salientar a percepção do pesquisador inerente ao processo de entrada em campo, onde a definição do universo a ser explorado e a composição da amostra, perpassa por uma série de novas descobertas e a fundamentação acadêmica é finalmente confrontada com a prática. Ao ingressarmos em campo surgem as primeiras dificuldades, sendo necessário que o pesquisador esteja preparado para situações inusitadas e não deixe que as mesmas possam vir a comprometer o rigor científico necessário ao desenvolvimento do estudo. 16 Ao lançar-se na pesquisa de campo contemplo-se o crescimento científico que tal jornada proporciona. Declinados todos os entraves, se torna possível à fundamentação dos questionamentos que inicialmente fomentaram o desenvolvimento desta pesquisa e as análises dos dados coletados durante todo o processo de investigação serviram para respaldar o caráter científico do trabalho. 7 Conclusão A maioria das organizações concentra seu esforço no sentido de colocar no mercado, mais rápida e amplamente, os seus produtos e serviços, auferindo com isso maiores lucros, tal pensamento deriva da cultura de alguns dirigentes que nos reporta ao período da Economia de Massa, onde a preocupação era sempre buscar novos consumidores e não preservar, necessariamente, os que já havia conquistado. A satisfação do cliente não se resume à aquisição de produtos ou serviços, mas no relacionamento contínuo após a venda. Mais ainda, ele espera que a empresa continue prestando-lhe atendimento, e de qualidade, mesmo após ter-se encerrado o processo de aquisição. Ou seja, a relação entre uma empresa e seu cliente é para sempre, se isso não ocorre, ele tende a procurar outros produtos, outras marcas, outros fornecedores. Ao estudar-se esta necessidade compreende-se a vital importância do relacionamento cada vez mais próximo entre o Marketing e a TI para uma orientação efetiva da empresa para o consumidor. Analisando as descobertas provenientes da pesquisa executada, frente à literatura revisada, concluí-se que o Marketing de Relacionamento e a Tecnologia da Informação para o Varejo de Confecções podem ser considerados; como uma vantagem competitiva, entretanto, a baixa percepção das verdadeiras competências de cada um, pelos dirigentes das organizações assim como, o baixo investimento no aprimoramento das relações necessárias, os transforma em tópicos isolados e sem retorno para as organizações no segmento do varejo de confecções em Feira de Santana. 17 Referências ANGELO, Cláudio Felisone de. Varejo Competitivo. 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