Matemática 01. Considere a expressão x4 – x3 – 5x2 – x – 6. Pede-se: A) encontrar o valor numérico da expressão para x = – 2. B) obter todas as raízes complexas do polinômio p(x) = x4 – x3 – 5x2 – x – 6. Questão 01 Comentários: A questão explora conhecimentos sobre aritmética, álgebra elementar, números complexos e polinômios. A) A substituição direta fornece (–2)4 – (–2)3 – 5(–2)2 – (–2) – 6 = 16 – (–8) – 5⋅4 + 2 – 6 = 16 + 8 – 20 + 2 – 6 = 0. Pauta de correção: A) Dois (02) pontos se chegar à resposta correta (dar um (01) ponto pela substituição correta, ainda que com cálculos aritméticos errados e não chegando ao resultado 0 (zero)). B) Pelo item A), uma das raízes de p(x) é – 2. Portanto p(x) é divisível por x – (–2) = x + 2 e, efetuando tal divisão, obtemos p(x) = (x + 2)(x3 – 3x2 + x – 3). A partir disso, há duas abordagens possíveis. i. Observando que x3 – 3x2 + x – 3 = (x3 + x) – (3x2 + 3) = x(x2 + 1) – 3(x2 + 1) = (x2 + 1)(x – 3), concluímos que as demais raízes de p(x) são as raízes complexas dos polinômios x2 + 1 ou x – 3, isto é, são ± i e 3. ii. Aplicando o critério de pesquisa de raízes racionais ao polinômio q(x) = x3 – 3x2 + x – 3, concluímos a que suas possíveis raízes racionais são da forma , em que a e b são inteiros tais que a é divisor de 3 b e b é divisor de 1. Portanto, as possíveis raízes racionais de q(x) são –3, –1, 1 ou 3. Testando tais possibilidades, concluímos que 3 é raiz de q e então obtemos q(x) = (x2 + 1)(x – 3). O resto se dá como em (i). Pauta de correção: B) Três (03) pontos pela fatoração correta (obtendo o polinômio x3 – 3x2 + x – 3). Penalizar em um (01) ponto por eventuais erros de cálculo. Três (03) pontos se chegar à raiz x = 3. Dois (02) pontos pelo cálculo das outras duas raízes (i e – i). Observação: penalizar em um (01) ponto se a resposta for simplesmente ± i. Pág. 1 de 8 a sen y +b cos y 02. Os números reais a, b e y são tais que a ≠ 0 e a cos y ≠b sen y . Se tg x = a cos y −b sen y , calcule o valor de tg(x – y) em função de a e b somente. Questão 02 Comentários: A questão explora conhecimentos sobre trigonometria. a tg y +b Solução 1: Dividindo numerador e denominador por cos y, obtemos tg x = a −b tg y , e daí a tg x – b tg x tg y = a tg y + b, ou ainda a(tg x – tg y) = b(tg x tg y + 1). Portanto, tg x −tg y b tg(x – y) = 1 +tg x tg y = a . Solução 2. Note inicialmente que a sen y +b cos y sen y = −1 a cos y −b sen y cos y ⇔( a sen y + bcos y )sen y = −( a cos y − b sen y ) cos y tg x tg y = – 1⇔ ⇔a sen 2 y = −a cos 2 y ⇔a =0 , tg x −tg y o que não ocorre. Portanto, podemos aplicar a fórmula de adição tg ( x − y ) = 1 +tg x . tg y . Substituindo a expressão para tg x na mesma fórmula, obtemos sucessivamente tg ( x − y ) = = tg x −tg y = 1 + tg x . tg y ( a sen ( a cos a sen y +b cos y −tg y a cos y −b sen y a sen y +b cos y 1 + a cos y −b sen y tg y y +b cos y ) cos y −( a cos y −b sen y ) sen y b cos 2 y +b sen 2 y b = = y −b sen y ) cos y +( a sen y +b cos y ) sen y a a cos 2 y +a sen 2 y Pauta de correção (Soluções 1 e 2): Três (03) pontos por escrever corretamente a fórmula para a tangente da diferença (não penalizar pela não-verificação de que tg x.tg y ≠ – 1). Sete (07) pontos por substituir a expressão dada para tg x na fórmula para tg (x – y) e efetuar corretamente as simplificações (procurar limitar as pontuações parciais a quatro (04) pontos ou nada). Solução 3. Denote c = a 2 +b 2 a , e seja θ∈[0,2π) o arco trigonométrico tal que cos θ= c e b sen θ= . Então, a =c cos θe b =c sen θ, donde segue que c c cos θ sen y +c sen θ cos y sen (θ + y ) tg x = = =tg (θ + y ) . c cos θ cos y −c sen θ sen y cos (θ + y ) Logo, existe um inteiro k tal que x − (θ + y ) = kπ , ou ainda x − y = θ + kπ , e segue daí que tg(x – y) = tg (θ + kπ) =tg θ= b . a Pauta de correção (Solução 3): b a Três (03) pontos pelas substituições cos θ= e sen θ = . c c Quatro (04) pontos por chegar a uma igualdade equivalente a tg x = tg (θ + y). Penalizar em um (01) ponto se chegar a tg x = cotg (θ + y) ou tg x = tg (θ – y), ou cometer erro equivalente. Três (03) pontos se resolver corretamente a equação trigonométrica (em θ) tg x = tg (θ + y) e chegar à resposta correta. 03. Calcule o menor valor inteiro de n tal que 2n > 520, sabendo que 0,3 < log102 < 0,302. Pág. 2 de 8 Questão 03 Comentários: A questão aborda conhecimentos sobre logaritmos. Tomando logaritmos decimais em ambos os membros da desigualdade desejada, obtemos 2n > 520 ⇔ log102n > log10520 ⇔ n⋅log102 > 20⋅log105 ⇔ n⋅log102 > 20(1 – log102) 1 −1 ⇔ n > 20 . log 10 2 Utilizando as estimativas do enunciado, obtemos 1 1 1000 6980 20 −1 > 20 −1 = 20 − 1 = > 46 302 151 0,302 log 10 2 e 1 1 10 140 20 −1 < 20 −1 = 20 −1 = < 47 . 3 3 0,3 log 10 2 Portanto, o menor valor possível de n é 47. Pauta de correção: 1 −1. Quatro (04) pontos se chegar à desigualdade n > 20 log 10 2 Três (03) pontos pela estimativa por baixo (> 46). Penalizar em um (01) ponto se obtiver > 45 6980 ou parar em . 151 Três (03) pontos pela estimativa por cima (< 47). Penalizar em um (01) ponto se obtiver < 48 140 ou parar em < . 3 Pág. 3 de 8 04. Poupêncio investiu R$ 1000,00 numa aplicação bancária que rendeu juros compostos de 1% ao mês, por cem meses seguidos. Decorrido esse prazo, ele resgatou integralmente a aplicação. O montante resgatado é suficiente para que Poupêncio compre um computador de R$ 2490,00 à vista? Explique sua resposta. Questão 04 Comentários: A questão aborda conhecimentos sobre matemática financeira, seqüências e binômio de Newton. Para ver por que o dinheiro de que Poupêncio dispunha após os cem meses foi suficiente para a compra, observe-se que, se o montante investido em um certo mês fosse x reais, no mês seguinte 1 x reais. Portanto, a sequência que define a evolução do Poupêncio teria x + (1%)x = 1 + 100 1 montante aplicado é uma progressão geométrica de razão 1 + e termo inicial 1000, de maneira 100 que Poupêncio resgatou, após cem meses, um total de 1000 1 + 100 1 100 reais. Esse total é certamente maior que 2490 reais, pois a fórmula do binômio de Newton nos dá 100 1 1000 1 + 100 100 1 = 1000 ∑100 k =0 k 100 k 100 1 100 1 100 1 > 1000 + + 0 1 1 100 2 100 2 0 100 99 = 2495 . = 1000 2 + 200 Pauta de correção: Cinco (05) pontos por deduzir ou dizer que o montante resgatado é 1000 1 + 99 100 1 100 . 101 1 Penalizar em um (01) ponto se escrever 1000 1 + 100 1 . ou 1000 1 + 100 100 1 Cinco (05) pontos por estimar corretamente que 1000 1 + > 2490 . Penalizar em dois 100 100 1 (02) pontos se obtiver a estimativa pior 1000 1 + 100 > 2000 (correspondente a juros simples) 101 1 ou estimativa correta partindo do valor incorreto 1000 1 + 100 . 99 101 1 1 , Observação: i. se continuar errado a partir de 1000 1 + > 2000 ou 1000 1 + 100 100 a segunda parte vale no máximo quatro (04) pontos. ii. considerar a mesma pauta se ignorar o montante inicial 1000 e olhar só os juros. iii. se calcular a evolução do montante mês a mês, notando que aumenta pelo menos 10 reais a cada mês, dando 2000 no final, utilizar a mesma pauta acima em relação aos juros simples, i.e., dar três (03) pontos. Pág. 4 de 8 05. Em um sistema Cartesiano de origem O, seja P o ponto de coordenadas (1, 2) e r uma reta que passa por P e intersecta os semi-eixos positivos das abscissas e ordenadas respectivamente nos pontos A e B. Calcule o menor valor possível para a área do triângulo AOB. Questão 05 Comentários: A questão aborda conhecimentos sobre geometria analítica, funções de segundo grau e álgebra elementar. ab Se A(a, 0), B(0, b) e S denota a área de AOB, então a, b > 0 e S = . Por outro lado, a 2 x y + = 1 , e, como P∈ r, devemos ter equação da reta r no sistema Cartesiano em questão é a b 1 2 + = 1 . A partir disso, há duas possíveis abordagens. a b i. S será mínima se e somente se 1 for máxima. Como 2S 21 1 1 1 = ⋅ = 1 − = (1 – 2u)u = – 2u2 + u, b b 2S a b 1 , é suficiente maximizarmos, para u > 0, a função f (u) = – 2u2 + u. A teoria de máximos b 1 e mínimos de funções de segundo grau garante que o valor máximo de tal função é , valor atingido 8 1 1 1 quando u = . Portanto, o valor máximo para é , e daí obtemos que o valor mínimo para S é 4 2S 8 4. em que u = ii. Isolando a em função de b, obtemos a = b ; como a > 0, temos b – 2 > 0, e daí b −2 4 b2 =b +2 + b −2 b −2 4 +4 = b −2+ b −2 4 ≥ 2 ( b − 2) ⋅ +4 =8, b−2 2S = ab = em que utilizamos a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica para dois números reais 4 positivos na última passagem acima. Portanto, S ≥ 4 , sendo o valor 4 atingido quando b – 2 = , b −2 isto é, quando b = 4. Pauta de correção: Um (01) ponto por figura correta, com indicação dos eixos Cartesianos, da reta desejada e dos pontos A, B e P. Três (03) pontos por modelar algebricamente o problema de maneira correta, chegando à 1 2 equação + = 1 . a b 21 1 b2 Três (03) pontos por obter uma fórmula equivalente a 2S = ou = 1 − . b b 2S b −2 Três (03) pontos por minimizar corretamente a área, utilizando qualquer das maneiras acima ou Cálculo (mesmo que só aplique o teste da derivada primeira). Pág. 5 de 8 06. Temos, em um mesmo plano, uma reta r e um triângulo ABC, de lados AB = 3 cm, AC = 4 cm e BC = 5cm, situado de tal forma que o lado AC é paralelo à reta r, distando 3 cm dela. Calcule, em cm3, os possíveis valores para o volume V do sólido de revolução obtido pela rotação do triângulo ABC em torno da reta r. Questão 06 Comentários: A questão explora conhecimentos sobre geometria espacial e geometria plana. Inicialmente, como 32 + 42 = 52, a recíproca do teorema de Pitágoras garante que ABC é retângulo em A. Portanto, o ponto D, de interseção da reta r com a reta suporte do lado AB, coincide com o pé da perpendicular baixada de B (ou de A) a r. Seja E o pé da perpendicular baixada de C a r. Há dois casos a considerar: a) B e D coincidem: neste caso, temos V = V1 – V2, em que V1 é o volume do cilindro circular reto de geratriz AC e raio da base CE e V2 o volume do cone circular reto de altura DE e raio da base CE. Em 1 cm3, V1 = π.3 2 .4 = 36 π e V2 = π.3 2 .4 = 12 π ; logo, V = 36 π −12 π = 24 π. 3 b) A é o ponto médio do segmento BD: sendo F a interseção de r com a reta suporte do lado BC, temos V = V3 – (V1 + V4), em que V3 é o volume do cone circular reto de altura DF e raio da base BD e V4 o volume do cone circular reto de altura EF e raio da base CE. Agora, a semelhança dos triângulos 1 CEF e BDF garante que EF = 4 cm, daí DF = 8 cm. Portanto, em cm3 temos V3 = π.6 2 .8 = 96 π 3 π π e V4 = V2 = 12π, de maneira que V = 96π – (36 + 12 ) = 48π. Pauta de correção: Um (01) ponto por observar que ABC é retângulo em A. Dois (02) pontos pelas figuras correspondentes aos casos B = D e A ponto médio de BD, indicando o sólido de revolução em cada caso (um ponto por figura). Três (03) pontos pelo cálculo correto do volume quando B = D. Quatro (04) pontos pelo cálculo correto do volume quando A for o ponto médio de BD. Não penalizar se usar corretamente a fórmula para o volume V de um tronco de cone de bases com raios a > 1 2 2 b e altura h: V = πh(a + ab + b ) . 3 Pág. 6 de 8 07. Os inteiros não todos nulos m, n, p, q são tais que 45 m .60 n .75 p .90 q =1 . Pede-se: A) dar exemplo de um tal quaterno (m, n, p, q). B) encontrar todos os quaternos (m, n, p, q) como acima, tais que m + n + p + q = 8. Questão 07 Comentários: A questão explora conhecimentos sobre aritmética e sistemas lineares. Escrevendo 45 = 32⋅5, 60 = 22⋅3⋅5, 75 = 3⋅52 e 90 = 2⋅32⋅5, obtemos 1 = (32⋅5)m(22⋅3⋅5)n(3⋅52)p(2⋅32⋅5)q = 22n + q32m + n + p + 2q5m + n + 2p + q, e, a partir daí, o sistema linear homogêneo de equações 2n + q = 0 2m + n + p + 2q = 0 m + n + 2p + q = 0. A primeira equação do sistema nos dá q = –2n. Substituindo essa relação nas duas outras equações e escrevendo-as como um sistema linear em m e p, obtemos 2m + p = 3n m + 2p = n . 5n n e p=– . 3 3 a) Fazendo n = 3, obtemos a possibilidade m = 5, n = 3, p = – 1, q = – 6. 5n n n n b) Como m + n + p + q = + n – – 2n = , devemos ter = 8, e daí n = 24, m = 40, 3 3 3 3 p = – 8, q = – 48. Resolvendo o sistema para m e p, obtemos m = Pauta de correção: A) Três (03) pontos por armar o sistema homogêneo corretamente. Observação: se as equações do sistema armado não estiverem todas corretas, a nota deve ser 0 (zero). Três (03) pontos por expressar três das variáveis em função da variável restante e obter valores corretos. Observação: dar os seis (06) pontos se o aluno der exemplo correto, mesmo que sem justificativa. Dar 0 (zero) a essa parte caso os valores encontrados estejam errados. B) Quatro (04) pontos por resolver o sistema possível e determinado correspondente. Penalizar em um (01) ponto pelo cometimento, na resolução do sistema, de algum erro de cálculo que o leve a um dos quaternos de inteiros (*, 24, –8, – 48), (40, *, –8, – 48), (40, 24, *, – 48) ou (40, 24, –8, *), em que, em cada caso, * representa um inteiro diferente do correto. Observação: caso o aluno somente monte o sistema correto e resolva B corretamente, deve receber 10 pontos. Pág. 7 de 8 08. ABC é um triângulo retângulo em A, com catetos AB e AC de medidas respectivamente iguais a 3 cm e 4 cm. Com centros em B e em C, traçamos dois círculos e , de raios respectivamente 3 cm e 4 cm, e, em seguida, uma reta r que passa por A e intersecta e respectivamente nos pontos P e Q, com P, Q ≠ A. Calcule o maior valor possível do produto dos comprimentos dos segmentos PA e QA. Questão 08 Comentários: A questão aborda conhecimentos sobre geometria plana e funções trigonométricas. Se ∠PAB = θ , então ∠QAC = 90 0 −θ . Como os triângulos PAB e QAC são isósceles de bases PA e QA, respectivamente, a trigonometria de triângulos retângulos nos dá PA = 6 cos θ e QA = 8 cos 90 0 −θ = 8 sen θ . Logo, ( ) PA⋅QA = 48 cos θ sen θ = 24 sen(2 θ ), de maneira que o maior valor possível para PA⋅QA é 24 cm2, obtido quando θ = 45 0 . Pauta de correção: Dois (02) pontos por figura correta, correspondente ao caso em que A é interior ao segmento PQ ou ao caso em que A é exterior a tal segmento. Quatro (04) pontos pela introdução de uma variável angular apropriada e pela obtenção das expressões corretas para os comprimentos dos segmentos PA e QA em função da mesma. Quatro (04) pontos pela obtenção do máximo desejado, utilizando transformações trigonométricas ou Cálculo (mesmo que somente o teste da derivada primeira). Prof. José Othon Dantas Lopes Coordenador da Prova de Matemática-CCV/UFC Pág. 8 de 8