O marketing de varejo e seus desafios nos dias atuais 27/05/2007 Mitchell Figueiredo de Azevedo* Em tempos de concorrência acirrada, para conquistar um novo consumidor, não basta apenas atendê-lo, é preciso fazer com que ele se sinta único. A compra deve ser um momento especial traduzida em satisfação. Efetivamente, o público encontra-se bem informado, ciente dos seus direitos e dos seus deveres, trazê-lo para dentro do estabelecimento deixou de ser um mero exercício de espera do empreendedor e passou a ser uma luta travada com a concorrência, com o próprio cliente que está sempre atento às promoções, às ofertas mercadológicas e, sobretudo, ao atendimento. Nada mais justo. De toda sorte, cabe ao lojista uma análise minuciosa, perspicaz e apurada do mercado em geral e do cliente que está transitando em frente a sua loja, pronto para entrar, gastar e se sentir realizado. E é deste share cada vez menor e mais dividido que o empresário de visão futurista tem que “correr” atrás. Esse grupo de pessoas faz parte do público externo. Ferreira, citado por França (2004, p.69) define como “sendo o segmento de certa forma relacionado às atividades de uma empresa ou organização, mas não faz parte desta”. É importante para a organização, não só a manutenção dos clientes já existentes, como também a busca por novos clientes e, principalmente, a fidelização de todos. Para entendermos um pouco sobre conquista e fidelização dos consumidores falaremos de cada um desses tópicos adiante. Para conquistar o novo cliente, o marketing de varejo tem assumido a posição de instrumento fundamental do empreendedor, Riccioppo Júnior (2002, p.24) aponta alguns passos fundamentais para a obtenção desse objetivo: 1)Planejamento: A organização e a priorização dos recursos e das ações a serem executadas. 2)Habilidade: A preparação nas habilidades pessoais para o sucesso das ações planejadas. 3)Ação: A ação dentro do planejado e com as habilidades desenvolvidas. 4)Controle: O controle sobre as ações e sobre os resultados parciais e finais. Para se fazer a fidelização dos consumidores existentes é preciso manter o nível de atendimento que lhe foi apresentado desde a primeira vez em que o mesmo chegou ao estabelecimento. Afinal, conquistar um novo cliente custa muito para a organização, principalmente quando se têm uma cobrança por resultados; Aurélio Lopes, presidente da Data Mídia, em artigo retirado da internet (1), cita que o marketing de relacionamento, com suas ações para reconhecer e encantar o cliente, num trabalho com foco quase sempre cirúrgico, surge como ferramenta indispensável quando as verbas estão “enxutas”. Fidelizar, essa é a palavra de ordem nas organizações. Sabemos que a fidelização é o carro chefe do marketing de relacionamento, seria difícil imaginar ter que apenas conquistar consumidores sem fidelizar os já existentes. Marketing de varejo, uma solução atual. Há, no entanto, três segmentos do mercado sobre o qual poderíamos fazer um questionamento. Os grandes Shoppings, Supermercados e Redes de Postos de combustíveis têm planos de fidelização dos clientes? Em nenhum dos segmentos apontados aqui na capital paraibana há estratégias de fidelização do cliente. O que há são promoções isoladas quando o período é festivo ou a data comemorativa aproxima-se incentivando os clientes às compras, mas não existe nenhum planejamento duradouro no sentido de manter um conceito sobre a identidade do shopping, apesar de nossa cidade dispor apenas de um, com dimensões reais que caracterizam um shopping, falta um pouco mais de preocupação em fidelizar o cliente. Na revista Fenninjer (2007, p.42) especializada em marketing varejista o Diretor do IBGM Ecio Morais faz a seguinte observação: À medida que as pessoas se tornaram mais ricas, instruídas, viajadas, experientes e informadas, tornaram-se mais individualizadas, mais complexas e menos suscetíveis aos apelos da moda e da propaganda. Simultaneamente, a educação e a crescente abstração do trabalho aumentaram o domínio da linguagem e do pensamento. Podemos traçar um paralelo entre este processo histórico e social com a hierarquia das necessidades de Maslow. A referida hierarquia das necessidades coloca em pauta a motivação humana explicada por Maslow e citada nessa ocasião como ponto de partida para mostrar que o consumidor de forma geral está mais exigente e cobra das organizações novas posturas sociais e mercadológicas além daquelas já existentes, pois, as necessidades básicas, estas já estão supridas. Poderíamos nos perguntar que ações foram feitas pelos Shoppings, grandes Redes de supermercados, Redes de Postos de combustíveis de nossa cidade para suprir essa nova postura do consumidor final? Não há preocupações no sentido de fazer um marketing voltado para o varejo. Só para reforçar, o marketing de varejo trata da relação varejista/consumidor final. O varejista é quem faz a ponte entre os fabricantes, atacadistas, fornecedores até o consumidor final, ou seja, é fundamental que o atendimento diferenciado seja o ponto chave para a fidelização e conquista do novo cliente. Para compreendermos a dimensão em que pode ser trabalhada o marketing varejista falaremos um pouco da peculiaridade de cada um dos segmentos. Inicialmente citaremos o shopping que, para Gustavo Bueno Moacyr, economista e consultor da Diretoria de Informações do Senac/DN, em seu artigo, colhido na internet (2), afirma diz: Os Shoppings Centers é uma tendência mundial. Eles reúnem em um mesmo local dezenas ou centenas de lojas que comercializam uma gama diversificada de produtos, praças de alimentação que incluem fast food, comidas típicas e até restaurantes sofisticados, podendo dispor ainda de cinemas teatros e áreas de entretenimento infantil. Alguns Shoppings promovem, em seus espaços internos ou externos não ocupados, shows e exposições diversas de cunho cultural ou comercial. Essa diversidade de opções é oferecida ao público respaldada em uma infra-estrutura física e de serviços auxiliares que garantem conforto e segurança aos usuários. O referido economista segue, em seu artigo, falando dos tipos de shoppings existentes no Brasil, e para termos uma idéia citaremos alguns: a) Comunitário - venda de mercadorias em geral, com uma área entre 10mil a 35mil m2 ancorado em lojas de departamento ou de descontos, supermercados ou hipermercados; b) Festival Mall - comporta somente lojas dedicadas ao lazer, à cultura e restaurantes em áreas de 8 mil a 25 mil m2 e é dirigido às classes A e B nas grandes cidades.6 c) Especializado - composto por lojas especializadas/temáticas como modas, decoração, material esportivo, etc.; e geralmente sem lojas âncoras, com áreas que variam entre 8 mil e 25 mil m2, e onde as compras são geralmente planejadas e não por impulso do cliente; é direcionado para as classes A e B; d) Discount Center - composto normalmente por lojas que trabalham com grandes volumes de produtos vendidos a preços reduzidos com áreas entre 8 mil e 25 mil m2; Em pouquíssimos ou nenhum deles existe um trabalho voltado, efetivamente, para o varejo, de forma que sua relação com o público o torne um diferencial na hora do consumidor fazer suas compras, exercendo assim, com lucidez, o marketing de relacionamento, ou seja, um contínuo esforço voltado para o atendimento final. Para o professor Ito Siqueira, consultor de empresas e instrutor de cursos na área de marketing e vendas, em artigo na internet³, afirma que “O papel do marketing no varejo é proporcionar 'momentos mágicos para que o cliente sempre tenha uma boa imagem de todos os instantes que teve contato com a empresa.” O marketing de varejo exige um constante envolvimento da parte de todos os envolvidos diretamente com a organização, “É preciso ter um compromisso com o sucesso do cliente.” finaliza o citado professor. (3) É interessante observamos também a relação cliente/ supermercado. Essa dificuldade de relacionamento encontra-se em maior grau nos supermercado das grandes redes onde o “profissionalismo padrão” é estabelecido com maior rigor, o que não facilita a aproximação cliente/ gerente. Para que isso se comprove basta tentar reclamar ou sugerir algo e se perceberá a demora para ser atendido. Um pequeno exemplo do que estamos falando está na rede Pão de açúcar, em que o supermercado localizado à Avenida Epitácio Pessoa encontra-se com o ar-condicionado quebrado e há muito não consertam, é difícil permanecer dentro da loja, sobretudo nos horários de pico. Quase sempre o cliente não recebe resposta de suas sugestões/reclamações feitas nas caixas de sugestões espalhadas nos estabelecimentos. Em face disso é que há, apesar da concorrência desleal, um significativo aumento nos supermercados de bairros, onde neles os consumidores têm acesso ao proprietário, sem se falar nas facilidades de compras que os clientes mais antigos dispõem, melhor dizendo, o uso das anotações no caderninho para pagar no fim do mês ainda é usado. Uma forte tendência dos supermercados de pequeno porte é a unificação para que haja uma ampliação dos negócios e para que se possa manter uma agilidade no mercado, em função da crescente invasão das redes multinacionais. Seguindo para o terceiro segmento que estamos analisando em nosso artigo iremos nos deparar com a difícil relação postos de combustíveis/ consumidor, onde há uma eterna guerra, quando não é por atendimento é por preço e é sempre delicado falar desse convívio. A falta de uma estratégia de marketing e de Relações Públicas para melhorar as condições de atendimento e as crescentes denúncias de cartelização dos preços põe em xeque os conceitos que o consumidor tem dos proprietários dos postos de combustíveis. Para o cliente é incompreensível essa necessidade de estar sempre combinando os preços altos ao atendimento precário. O mais difícil é fazer os segmentos supracitados compreenderem essa dimensão de clientes satisfeitos são clientes que trazem um bom retorno às organizações. As ações de marketing, efetivas e que trazem resultados, na verdade não custam nada. Só para termos uma idéia: quanto custa colocar um sorriso verdadeiro no rosto e atender um cliente? E é isso que falta; pouco se vê nos postos de combustíveis, nos shoppings na relação lojista (consultor de vendas) e na maioria dos supermercados. Segundo Tom Peters um dos “gurus” da administração moderna, citado por Siqueira “não existe realidade, existe apenas a realidade que se percebe.” Já o professor Paulo Cezar R. da Silva, Economista da Gerência de Controladoria do BANDES em seu artigo na internet (4) cita Kotler, que diz: “sempre será preciso algum esforço de vendas, (...) mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou o serviço se adapte a ele e se venda por si só”. Tudo é um conjunto, olhar para o produto, senti-lo como se fosse seu, a música do ambiente adequada ao estilo do cliente que freqüenta aquele lugar. Não adianta colocar, por exemplo, um som que inspire a tristeza se a idéia é fazer com que o consumidor compre roupas novas, a música deve ser contagiante, como acontece nos grandes magazines dos shoppings centers. Outro aspecto muito importante para um bom marketing de varejo é o ponto de venda, para este é fundamental uma boa escolha, o empreendedor não pode cometer o erro de abrir um estabelecimento em um lugar onde não esteja seu público alvo. O desenvolvimento de técnicas de marketing de varejo deve ser efetuado sempre em conjunto com os, já conhecidos, 4 Ps. (promoção, preço, ponto de venda, propaganda) do marketing e, claro, com o acompanhamento de uma política de Relações Públicas, fator fundamental para a obtenção da harmonia público organização e o sucesso total do empreendedor. Fidelizando através do marketing varejista No cenário de concorrência acirrada entre organizações todo consumidor que um motivo extra para gastar seu dinheiro com a sensação de realização pessoal, para isso os estabelecimentos devem usar além das técnicas de varejo já conhecidas, novos conceitos de atuação mercadológica. Por exemplo, o shopping center poderia criar um cartão fidelidade no qual o cliente, em qualquer loja do shopping que ele comprasse, juntaria pontos que poderiam ser trocados por uma quantia em dinheiro ao final de um determinado período, estipulado pelo próprio cliente, esse fundo arrecadado seria enviado pelo shopping a Instituições de caridade. Isso traria ao cliente a sensação de que ele pode contribuir com a sociedade sem precisar está no local da doação, e o shopping teria formas de divulgar sua “boa ação” através da propaganda. Os supermercados seriam, também, um vasto campo a ser explorado pelo marketing do varejo, com ações no sentido de criar um transporte particular (Vans) que buscassem e levassem o cliente idoso ou com dificuldades de locomoção até sua residência sem custo adicional, bastando para isso o cliente usar o serviço 0800 disponibilizado pelo estabelecimento. Outros serviços importantes na fidelização dos consumidores são os carrinhos motorizados, que facilitam muito a locomoção de idosos e clientes com dificuldade de locomoção. No momento pouquíssimas redes de supermercados usam este serviço. Já algumas idéias para os postos de combustíveis seria a criação de cartões fidelidade onde o cliente juntaria pontos e sendo que cada ponto vale uma determinada quantia em dinheiro, ao fim de um ano aqueles pontos acumulados seriam usados para colocar combustível no veículo. Ou ainda o cliente com fidelidade comprovada pelos sistemas do posto não precisaria enfrentar a burocracia quando vai emitir um cheque ao posto, afinal o cliente detesta esperar. Vale dizer que tudo que foi escrito se junta às técnicas que já conhecemos. Por exemplo: o cafezinho, a água geladinha, o sorriso verdadeiro no rosto, o fardamento limpo, um bom dia com cara de bom dia, um estabelecimento limpo, etc. Nada sendo feito de qualquer jeito. O cliente deve experimentar uma nova sensação ao comprar o novo, deve deparar-se com a experiência sensorial quando faz um investimento tanto na obtenção de um novo produto como no simples ato de abastecer seu veículo, assim como na compra de roupa da moda num shopping da cidade. O consumidor não é mais um simples dado estatístico agora ele é ponto fundamental para a o sucesso da organização, hoje fazer uma venda ou um negócio tem a ver com relacionamento de confiança, interdependência, e conhecimento do cliente, estimular os sentidos do cliente é sempre um bom negócio, mostrar ao cliente que você faz a diferença no mercado é investir no seu próprio estabelecimento, hoje em dia o valor, para o cliente, não mais deriva de uma proposição objetiva e sim da subjetiva, emocional e perceptiva. Deve-se atribuir valor às coisas e não esperar apenas pelo valor unicamente delas. Conclusão Vale lembrar que algumas ações no sentido de investir na fidelização do cliente muitas vezes têm um custo para o empreendedor, porém em todos esses investimentos no sentido de atrair o cliente há um retorno garantido, lembremos que a venda não encerra no momento que o cliente sai da loja, ao contrário, ali é que se deve começar um longo relacionamento. O empreendedor deve lembrar que no mercado contemporâneo a oferta é sempre grande e o dinheiro do consumidor é curto, além disso, o consumidor atual é um cidadão ciente dos seus direitos, portanto mais exigente na hora de gastar. O varejista do mercado do mundo moderno deve lembrar que a manutenção de um cliente não só atrai outros, como custa bem mais barato do que conquistar novos clientes. O novo cliente busca o novo luxo, e o novo luxo não está necessariamente, no glamour dos objetos e sim na forma em que ele é tratado e visto dentro da organização. Atenção, carinho e respeito adicionando-se novas técnicas, com o ambiente projetado para bem recebê-lo no que se diz respeito aos sentidos (paladar, olfato, tato, audição, visão) com certeza estimula o consumidor a, em breve, retornar ao estabelecimento. É dessa forma que o consumidor final, aquele em que se aplica efetivamente, o marketing varejista espera. As organizações não vivem apenas dos clientes do presente, elas, precisarão deles no dia seguinte e deles fundamentalmente, para a obtenção dos novos clientes no futuro. É importante saber que as relações comerciais não serão eternas se não forem cultivadas no presente. É interessante lembrar que as técnicas de marketing varejista e de relacionamento devem sempre vir aliadas a estratégias de Relações Públicas para que o resultado tenha consistência na sua plenitude Notas (1) Disponível (2) Disponível 25/04/07 (3) Disponível (4) Disponível em: http://www.pensandomarketing.com/home acesso em 25/04/2007 em: http://www.portal.sebrae.com.br/setor/comercio-varejista acesso em em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br acesso em 26/04/07 em: http://www.fabavi.br acesso em 27/04/07 Referencias: Júnior, Contranio Riccioppo. Estratégias de vendas para o sucesso do lojista. São Paulo. Nobel, 2002 FRANÇA, Fábio. Públicos: como identificá-los em uma nova visão estratégica. São Caetano do Sul: Yendis Editora, 2004. Revista feninjer São Paulo. SP. Vol.7 p.40-62 jan/jun 2007 * Mitchell Figueiredo de Azevedo é graduado em Comunicação Social pela UFPB, na habilitação em Relações Públicas. Atuou na área de gerenciamento de Postos de Combustíveis em Salvador e João Pessoa. ________________________________________ Todos os direitos reservados: www.insite.pro.br