Aumenta o preço da recuperação

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Infoglobo ­ O Globo ­ 18 mai 2017 ­ Aumenta o preço da recuperação
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18 mai 2017
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O Globo
Aumenta o preço da recuperação
Recuperação da economia terá preço mais alto. Diante de acontecimentos inesperados e bombásticos como a
revelação do envolvimento direto do presidente Michel Temer em esquema de propina para calar o ex­deputado
Eduardo Cunha, é natural que só se possa especular a respeito de seus impactos sobre a evolução da economia.
Essas especulações levam a dois cenários: num deles, ocorre substituição de Temer; no outro, o presidente tenta
resistir no cargo.
Se prevalecer a primeira hipótese, cresce o risco de que as reformas estruturais em curso percam timing e se
arrastem até o encontro de uma solução institucional mínima para o vazio que se estabeleceria, aumentando o
preço da recuperação. Na outra possibilidade, aumentaria muito o custo pago — já alto — para manter o apoio
parlamentar ao governo, sob a forma da abertura de mais torneiras de dinheiro público, exceções e privilégios
para grupos de interesse.
Em qualquer dessas situações, a economia, ainda fragilizada, sentiria os abalos do terremoto político com
epicentro no Palácio do Planalto e passaria por solavancos que, no curto prazo, tenderiam a dificultar ainda mais o
esboço de recuperação que vem se exibindo. Investidores poderiam se assustar, o que se refletiria em
movimentos de baixa nos pregões da Bolsa e altas nas cotações do dólar, com pressões adversas sobre preços e
dívidas.
No médio prazo, a tendência é a de acomodação, talvez com níveis de atividade econômica um pouco mais
baixos do que o projetado. É preciso lembrar que, fora sua influência nas expectativas, e apesar do clima de “tudo
ou nada” que muitos tentaram fazer prevalecer, os benefícios concretos das reformas jamais seriam imediatos.
Também não é certo que essas expectativas estivessem, de fato, na base dos fundamentos do
despencamento da inflação e da corrida para baixa da taxa básica de juros — estes, sim, vetores importantes na
construção de um ambiente mais favorável à recuperação da economia.
Claro que as expectativas têm o seu papel, mas o que está operando, preponderantemente, para que inflação
e juros mostrem comportamento favorável é a recessão econômica ainda profunda, a ausência de choques de
oferta, principalmente em alimentos, e o encerramento do processo de ajuste dos preços. Isso não deve mudar,
qualquer que seja o desfecho da crise.
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