48 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 IDENTIFICAÇÃO DE RESULTADOS NEGATIVOS AOS MEDICAMENTOS EM PACIENTES HIPERTENSOS IDENTIFICATION OF NEGATIVE RESULTS TO MEDICINES IN HYPERTENSIVES PATIENTS MACHADO, Vander Pereira1; COELHO, Fabiana Chagas2; GARBINATO, Lígia Regina2 Resumo A partir da década de 50 iniciou em nosso país um significativo aumento na prevalência das doenças crônicas não transmissíveis. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) acomete 30% da população adulta brasileira, sendo esta de causas multifatoriais, é caracterizada pela presença de valores superiores a 120 mmHg para pressão sistólica e 80 mmHg para pressão diastólica num contexto sindrômico. Geralmente a HAS é tratada com a associação de fármacos e este fato pode levar ao surgimento de Resultados Negativos aos Medicamentos (RNM) e de Problema Relacionados aos Medicamentos (PRM). Este estudo tem como objetivo identificar possíveis RNMs existentes na farmacoterapia utilizada pelos pacientes atendidos pela Unidade Básica de Saúde do Bairro Maria de Lourdes em Nova Alvorada do Sul – MS. A coleta de dados foi realizada no domicilio dos pacientes, por meio do acompanhamento do pesquisador as visitas dos Agentes Comunitários de Saúde. Foram encontrados RNMs nos pacientes em estudo, sendo que os mais prevalentes foi o do tipo 4, seguido pelo do tipo 6, do tipo 1 e do tipo 2 e os RNMs do tipo 3 e 5 não foram encontrados. Estes resultados demonstram a importância do farmacêutico no Sistema Único de Saúde. Palavras-chave: Hipertensão Arterial Sistêmica, Assistência Farmacêutica, Resultados Negativos aos Medicamentos. Abstract From the decade of 50 started in our country a significant increase in the prevalence of chronic non communicable diseases. The arterial high blood pressure affects 30% of the adult Brazilian population, this being of multifactorial causes, it is characterized by the presence of values greater than 120 mmHg for systolic blood pressure and 80 mmHg for diastolic blood pressure in a context syndromic. Usually the HAS is treated with the drug association and this fact can lead to the appearance of Negative Results to Medicines and the Problems Related to Medicines. This study expect to identify possible RNM's existing in the pharmacotherapy used by patients attending the basic health unit of the district Maria de Lourdes in Nova Alvorada do Sul - MS. The collection Data was done in the patients’ home, by means of monitoring the researcher in visits of community health agents. RNMs were found in patients in the study, and was the most prevalent type 4, followed by the type 6, type 1 and type 2 and type 3 and RNMs 5 were not found. These results show the importance of the pharmacist in the Unified Health System. Keywords: Arterial High Blood Pressure, Pharmaceutical Assistance, Negative Results to Medicines 1 Discente do curso de Farmácia do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados / MS. [email protected] 2 Docente do curso de Farmácia do Centro Universitário da Grande Dourados, Dourados / MS. [email protected] MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 49 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 Introdução O Brasil, a partir da década de 50, começou a sofrer uma transição epidemiológica, as principais causas de morte que antes eram doenças infectocontagiosas, doenças parasitárias e as doenças relacionadas à falta de saneamento básico começaram a dar espaço para as doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, hipertensão arterial e diabetes mellitus (CONVERSO; LEOCÁDIO, 2005). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma entidade clínica, de causas multifatoriais, caracterizada pela presença de valores superiores a 120 mmHg para pressão sistólica e 80 mmHg para pressão diastólica, num contexto sindrômico e estima-se que atualmente acometa 30% da população adulta do Brasil (ANDRADE, 2010). A importância de estudos relacionados a esta patologia se relaciona ao fato da mesma ser determinada como precursora de complicações de diversos tipos, entre as quais, incluem-se as doenças cerebrovasculares, arterial coronariana e vascular de extremidades, além de insuficiência cardíaca e de insuficiência renal crônica (CONVERSO; LEOCÁDIO, 2005). A emergência relacionada a este tema vincula-se aos dados que demonstram que nas últimas décadas as doenças cardiovasculares estão elencadas como as principais causas de morte no País, chegando a proporcionar 27% dos óbitos, elevando consideravelmente o custo médio social brasileiro, sendo também, responsáveis por 40% das aposentadorias precoces. Estudos apontam que a baixa adesão ao tratamento e o diagnóstico tardio levam ao aumento da gravidade do quadro, sobrecarregando os serviços de saúde pública (FARIA, 2008). Na maioria dos casos a HAS é tratada com a associação de fármacos, e este fato pode levar ao surgimento de Resultados Negativos Relacionados à Medicação (RNM), estes são definidos como resultados clínicos negativos, que surgem de um tratamento farmacológico que por algumas causas não alcançam o objetivo terapêutico desejado ou pelo aparecimento de efeitos indesejáveis (VICTÓRIO et al., 2008). Ao praticar a Atenção Farmacêutica (Atenfar), o profissional farmacêutico pode detectar, prevenir e resolver os RNMs evitando a instalação dos Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), antes que estes levem a morbimortalidade relacionada com o uso de medicamentos de forma irracional (OLIVEIRA et al., 2010). Diagnosticar os RNMs prevalentes em uma população, também pode direcionar ações de assistência farmacêutica e fornece diretrizes para ações que visam prevenir a ocorrência dos eventos adversos detectados e do uso irracional praticado (VICTÓRIO et al., 2008). Na Estratégia da Saúde da Família (ESF), o farmacêutico assegura que os medicamentos estejam disponíveis aos pacientes, enfatizando os grupos de risco, bem como, garante o uso racional de medicamentos. Com esta atuação ele complementa os outros serviços de atenção à saúde, contribuindo de maneira eficaz e efetiva para transformar o investimento com medicamentos em incremento de saúde e qualidade de vida (OLIVEIRA, 2010). O objetivo deste trabalho foi conhecer o tratamento medicamentoso utilizado pelos pacientes hipertensos, cadastrados no Programa HIPERDIA e atendidos na rede básica de saúde do município de Nova Alvorada do Sul – MS, quanto à existência de RNMs. Material e Métodos Este trabalho tratou-se de um estudo descritivo, de campo e transversal. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisas do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) alegando informação, compreensão, capacidade e voluntariedade em participar da pesquisa. MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 50 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 A pesquisa foi realizada na área atendida pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Izabel Menezes Coelho na Cidade de Nova Alvorada do Sul – MS e a população em estudo são pacientes hipertensos, cadastrados no Programa Hiperdia, incluindo um total de 400 pessoas, sendo determinada por meio do cálculo de amostragem, que considerou uma margem de erro igual 0,05. Para a realização do cálculo foi aplicada fórmula indicada por Barbeta (2007), obtendo-se uma amostra de 202 participantes, selecionados de forma aleatória, por meio do acompanhamento do pesquisador nas visitas domiciliares dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da referida unidade. Foram incluídos na pesquisa, pacientes hipertensos com mais de 18 anos, capazes de se comunicar e que aceitaram fazer parte da pesquisa e excluídos os pacientes indígenas, menores de 18 anos e que estavam impossibilitados de se comunicar. A coleta dos dados iniciou-se com a aferição da Pressão Arterial (PA) do paciente, dando sequência, iniciou-se o preenchimento do formulário proposto no estudo. Com os resultados foi realizada uma análise uni-variada, por meio do Software Estatístico SPSS® versão 12.0, determinando-se as porcentagens relativas às variáveis estudadas apresentadas no formulário de coleta. Os RNMs depois de identificados foram classificados para calcular a porcentagem presente de cada um dos mesmos na amostra estudada. Resultados e Discussão A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um dos mais importantes problemas de saúde pública no Brasil e no mundo, pois, tem alta taxa de prevalência e baixa taxa de controle (ANDRADE, 2010). Diagnosticar os RNMs prevalentes em uma população, podem direcionar ações de assistência farmacêutica, evitar a instalação dos Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM), diminuir a morbi- mortalidade relacionada com o uso de medicamentos, além de fornecer diretrizes para ações que visam prevenir a ocorrência dos eventos adversos detectados (VICTÓRIO et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2010; MENÉNDEZ-CONDE et al., 2011). Neste estudo buscou-se inicialmente determinar as características demográficas da população em estudo, uma vez que as mesmas podem ter influência sobre alguns aspectos relacionados ao tratamento farmacológico e por consequência causar maior frequência de RNMs, além de elevar a morbidade e a mortalidade por HAS (LIBERMAN, 2007). Este fato se comprova diante da análise realizada para a variável idade, a grande maioria dos participantes da pesquisa encontrava-se no grupo etário de 50 anos ou mais (Tabela 01), sendo que 32,7% destes possuíam idade superior a 60 anos, sabe-se que este grupo etário apresenta um maior número de patologias associadas, fato que aumenta a possibilidade de diagnóstico incorreto e por consequência, a ocorrência de RNMs. A média da idade dos pacientes entrevistados foi de 56 anos (desvio padrão de 11, 54), sendo que a idade mínima foi de 32 anos e a máxima 87 anos. Outros estudos também observaram alta prevalência da doença em pacientes com mais de 50 anos, a prevalência verificada por Pereira et al. (2008) foi de 81,5 % e no estudo de Carlos et al. (2009) esta prevalência foi de 89,36%. Diante destes resultados, fica clara a necessidade de uma maior atenção ao tratamento da hipertensão em pacientes idosos, principalmente nos idosos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Este estudo confirmou dados observados em outras pesquisas ao determinar uma maior prevalência de hipertensão associada ao sexo feminino, no estudo de Jesus et al. (2008) a prevalência foi de 67,9% e no estudo de Pereira et al. (2008) foi de 65,29%, este fato pode estar associado a uma busca maior das mulheres pelo atendimento médico, uma vez que a prevalência global da HAS é de 37,8% em homens e de 32,1% em mulheres MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 51 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 (PEREIRA et al., 2009). As diferenças encontradas entre os estudos, acima citados, podem ser justificadas pelo estudo de Gomes et al. (2007) que aponta motivos para baixa procura de homens aos serviços de saúde, como, por exemplo, a cultura da masculinidade como fator de impedimento de cuidar de si. Tabela 1 - Características demográficas dos pacientes hipertensos cadastrados no Programa Hiperdia em Nova Alvorada do Sul – MS. Características Frequência Porcentagem Sexo Masculino 53 26,23 Feminino 149 73,77 Idade < 40 Anos 17 8,41 40 – 50 Anos 40 19,80 51 – 60 Anos 79 39,12 > 61 Anos 66 32,67 Raça Branco 114 56,42 Negro 26 12.87 Pardo 62 30,71 Escolaridade Analfabeto 9 4,45 Alfabetizado 145 71,80 Ens. Fundamental 35 17,32 Ens. Superior ou mais 13 6,43 Quanto à etnia, a literatura cita que a HAS não é uniforme, os negros têm os maiores níveis pressóricos, a variação na prevalência da hipertensão arterial tem sido encontrada em populações de diferentes etnias e também é possível observar que algumas delas estão mais expostas às complicações do que outras (BRANDÃO et al., 2003). Neste estudo verificou-se um predomínio de brancos (Tabela1), fato também observado por Oliveira et al. (2009) com percentual de 44,4% e no estudo de Jesus et al. (2008) a predominância de brancos foi de 56, 4%. Conforme a Tabela 1, observou-se que a maioria dos pacientes tem baixo nível de escolaridade, 71,80% são alfabetizados, com os percentuais menores de 55% e 51,2%, os estudo de Pierin et al. (2001) e Oliveira et al., respectivamente, também verificaram este predomínio. Diante destes dados, constata-se a necessidade do farmacêutico no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), desempenhando o papel de disseminador de informações referentes à patologia, ao tratamento e hábitos de vida aconselháveis a vida do hipertenso. Diversos estudos a cerca da HAS comprovam que modificações no estilo de vida tem sido um fator decisivo na eficácia do tratamento da hipertensão, a redução do peso, diminuição da ingestão de álcool e sal, pratica de atividades físicas e o abandono do tabagismo ajudam a reduzir significativamente os níveis pressóricos (STURMER et al., 2006; REZA; NOGUEIRA, 2008). Este estudo verificou que 17,32% dos entrevistados eram fumantes e em média consumiam de 10 a 20 cigarros por dia (Tabela 2), sabe-se que a nicotina é prejudicial ao organismo, pois aumenta a chance de formar coágulos nos vasos sanguíneos, o debito cardíaco, a resistência vascular periférica e, consequentemente a pressão arterial (PA) (SILVA, 2010). Reza e Nogueira (2008) verificaram que 14,58% de MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 52 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 hipertensos eram fumantes e Jesus et al. (2008) encontraram o percentual de 13,4% para esta variável. Tabela 2 – Hábitos de vida dos hipertensos cadastrados no Programa Hiperdia em Nova Alvorada do Sul – MS. Hábitos Frequência Porcentagem Tabagismo 35 17,32 Atividade Física 39 19,30 Dieta Hipossódica 167 82,60 Juntamente com uma dieta equilibrada, a atividade física é uma conduta não medicamentosa primordial na prevenção e controle da PA, pois ajuda a reduzir significativamente os níveis pressóricos (MEDINA et al., 2010). Segundo Andrade (2010), praticar atividades físicas regularmente pode reduzir a pressão arterial sistólica de 4 a 9 mmHg. Estudos realizados em momentos diversos apontam para uma maior adesão dos hipertensos a pratica de atividades físicas, uma vez que Pierin et al. em 2001 observou que 11% dos pacientes hipertensos praticavam atividades físicas, Jesus et al. no ano de 2008 demonstrou em seu estudo que este percentual teve um aumento sendo esta prática referida por 22,6% dos participantes da pesquisa e Oliveira et al. no ano de 2009, verificou que 29,6% dos pacientes eram adeptos da pratica de atividades físicas. Verifica-se na Tabela 2 que o percentual de pacientes que praticam atividades físicas neste estudo foi de 19,3%, sendo que todos estes disseram praticar caminhada com frequência média de 3 a 5 dias por semana. Neste contexto, se faz necessário a presença de um profissional de educação física dentro do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), onde o mesmo ficará responsável por planejar junto com os demais profissionais os planos de atividades físicas específicos para as condições de cada paciente. Souza e Loch (2011) citam que a inclusão de outras profissionais ao quadro tradicional do NASF é muito importante no processo de construção de um enfoque mais ampliado de saúde. Consumir baixa quantidade de sal é extremamente importante na dieta de um hipertenso, pois o cloreto de sódio, em excesso, pode elevar a PA, oferecendo riscos ao paciente, em relação a este hábito de vida, Teixeira et al. (2006) encontram em sua pesquisa um percentual de 64% de hipertensos que declararam preparar suas refeições com pouco sal. Segundo Andrade (2010) reduzir o consumo de sal pode reduzir a pressão arterial sistólica de 2 a 8 mmHg. No presente estudo observou-se que 82,6% (Tabela 2) dos pacientes hipertensos declaram adotar o habito de consumir pouco sal em suas refeições. Tabela 3 – História clínica dos pacientes hipertensos cadastrados no Programa Hiperdia em Nova Alvorada do Sul – MS. Dados Frequência Porcentagem Antecedente Familiar 140 69,30 Doença Crônica 104 51,40 Complicações 39 19,30 Podemos verificar na Tabela 3 três variáveis importantes para o tratamento da HAS, destas a presença de antecedentes familiares com a doença foi referida por 69,3% dos entrevistados, este fato está de acordo com Zaitune et al. (2006) que citam a hereditariedade como um dos principais fatores de risco para a ocorrência de HAS. MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 53 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 Perin et al. (2001) encontraram um percentual bem próximo do apontado neste estudo, quando se tratando de antecedentes familiares, ele verificou um predomínio de 70%, já Reza e Nogueira (2008) encontraram um percentual relativamente baixo, de 46,5% de pacientes que tinham antecedentes familiares com HAS. O estudo de Coelho e Brum (2009) demonstraram que a prevalência simultânea de HAS e diabetes mellitus é alta, este fato pode aumentar a incidência de RNMs, visto que ocorrem várias interações medicamentosas entre os fármacos utilizados para tratar estas patologias (AMARAL; PERASSOLO, 2012). Gonçalves (2008) cita o diabetes como um dos principais fatores de risco aos hipertensos. Reza e Nogueira (2008) em estudo, destacam que as doenças crônicas, por exemplo, o diabetes, são as principais causas de mortes em hipertensos, e isso acontece porque o diabetes está ligado ao aparecimento das doenças vasculares periféricas e do acidente vascular encefálico (PEREIRA et al., 2008). Dos hipertensos entrevistados, 54 (26,73%) também eram diabéticos, nos estudos de Sturmer et al. (2006) e Reza e Nogueira (2008), foram encontrados, respectivamente, os percentuais de 13,9% e 10% de hipertensos diabéticos. A HAS é um dos principais fatores de morbidade e mortalidade nas doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, complicações como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Encefálico (AVE) e Doença Renal Crônica geram elevados custos médicos e socioeconômicos em nosso país (ANDRADE, 2010). Pereira et al. (2008) verificou que a prevalência de IAM foi de 9,4% e de AVE foi 5,29% em hipertensos. Neste estudo observou-se que 39 pacientes já sofreram com alguma complicação da HAS, sendo que destes 17 apresentaram acidente vascular encefálico e 17 infarto do miocárdio. Através da avaliação fármacoterapêutica realizada com os pacientes foi possível identificar e classificar os RNMs. De acordo com o Comitê do Consenso (2007) três aspectos são utilizados para a identificação dos RNMs, sendo eles, a aparição de um problema de saúde em decorrência à medicação, um não controle de uma enfermidade ou pela aparição de um efeito indesejado do medicamento utilizado. Tabela 4 – Frequência e classificação dos Resultados Negativos aos Medicamentos (RNM) de acordo com o Terceiro Consenso de Granada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) e Resultados Negativos aos Medicamentos. Classificação RNM Frequência Porcentagem Necessidade RNM 1 17 8,41 RNM 2 8 3,96 Efetividade RNM 3 RNM 4 136 67,32 Segurança RNM 5 RNM 6 43 21,28 Não apresentaram RNM 30 14,85 Segundo Andrade (2010) a mortalidade por infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico em pacientes hipertensos com níveis pressóricos frequentemente elevados é alta. Verificou-se que dos 202 pacientes entrevistados, 136 (67,32%) estavam com os níveis pressóricos elevados, caracterizando o RNM 4, onde o paciente pode ter um problema de saúde em decorrência do uso de um medicamento que não está sendo quantitativamente eficaz, possivelmente por baixa dosagem do MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 54 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 medicamento, visto que todos os paciente estavam administrando o medicamento de forma correta. Em outro estudo realizado com hipertensos por Marques (2009) foi verificada uma alta incidência do RNM 4, fato que encontra-se de acordo com o resultado deste estudo. Porém na pesquisa de Paredes (2011) a incidência desse tipo de RNM foi relativamente baixa, sendo encontrado em apenas16% dos pacientes do estudo, é relevante o fato de que o mesmo foi desenvolvido em serviços de urgências. Conforme a Tabela 4, o segundo RNM mais prevalente foi o do tipo 6 (21,28%), descrito pelo Comitê do Consenso (2007) como uma insegurança quantitativa do medicamento, causada pelas interações medicamentosas encontradas no tratamento dos pacientes, as interações encontradas neste estudo incluíram ácido acetil salicílico (AAS) e captopril, AASpropranolol, AAS-espironolactona, AASmetformina, AAS-glibenclamida, hidroclorotiazida-metformina, hidroclorotiazidaglibenclamida e hidroclorotiazida-captopril. Apesar da última ser uma interação desejada, dois pacientes que utilizavam esta associação relataram sentir tontura (SILVA, 2010; FONSECA, 2000; ANDRADE, 2010; LIMA et al., 2011). Menéndez-Conde et al. (2011) verificou em seu estudo que o RNM 6 foi o mais encontrado, totalizando um percentual de 42,9% porém Victório et al. (2008) encontrou uma prevalência significativamente baixa para este RNM, somente 6% dos pacientes apresentaram o RNM do tipo 6. Definido como um problema ocasionado pelo fato do paciente não receber o medicamento que necessita, o RNM 1 foi verificado em 8,41% dos pacientes entrevistados, todos eles eram tratados por monoterapia e recebiam doses baixas de captopril, losartana e propranolol. Silva (2010) e Andrade (2010) citam estes três fármacos como bons medicamentos empregados em monoterapia, a necessidade do monitoramento da pressão arterial até a adequação da posologia no tratamento é de extrema importância, e caso necessário a associação destes fármacos, principalmente com um diurético oferece vantagens ao tratamento da HAS. Resultado diferente foram observados por Menéndez-Conde et al. (2011) que encontrou prevalência de 32,7% e Paredes (2011) que observou a prevalência de 2% para este tipo de RNM. O RNM 2, caracterizado por um problema relacionado a um medicamento desnecessário, foi encontrado em 8 pacientes, sendo que todos estavam tomando hidroclorotiazida de forma diferente da posologia prescrita pelo médico, eles relataram sentir vontade de urinar várias vezes durante a noite, isto porque, erroneamente, a dose era repetida ao invés de ser administrada somente no período da manhã. Menéndez-Conde et al. (2011) não encontrou nenhum RNM 2 em seu estudo, Victório et al. (2008) encontrou um percentual de 20% de pacientes que apresentavam o RNM do tipo 2. Gabe e Cardoso (2006) e Hernández et al. (2007) citam que a prática da Atenção Farmacêutica (AF) e do seguimento farmacoterapêutico no Programa Hiperdia é fundamental no tratamento dos hipertensos e diabéticos, pois os pacientes necessitam de informações sobre a medicação e também sobre suas patologias, visto que estas informações estão relacionadas à adesão ao tratamento. Por meio da AF o farmacêutico pode avaliar e ampliar o conhecimento dos pacientes sobre a hipertensão arterial, buscando orientá-los e estimulá-los ao uso correto dos medicamentos e à adesão a estilo de vida adequado. Conclusão A presente pesquisa revelou que os pacientes hipertensos cadastrados no Programa Hiperdia e atendidos pela rede básica de saúde do município de Nova Alvorada do Sul – MS apresentaram RNMs, sendo os mais encontrados o do tipo 4 e do tipo 6. MACHADO, Vander Pereira; COELHO, Fabiana Chagas; GARBINATO, Lígia Regina 55 Interbio v.7 n.2 2013 - ISSN 1981-3775 Todos os RNMs podem ser minimizados com a prática da Atenção Farmacêutica, infelizmente esta pratica ainda não comum, é de extrema importância para o tratamento dos pacientes do Programa Hiperdia que haja um profissional desenvolvendo a Atenção Farmacêutica e o seguimento farmacoterapêutico dentro da Estratégia de Saúde da Família e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, pois, ao desempenhar estas práticas, o farmacêutico garante a eficácia do tratamento, identifica e sana os resultados negativos aos medicamentos antes que estes levem a morbimortalidade relacionada à medicação, visto que a hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes problemas de saúde pública no Brasil. Referências Bibliográficas AMARAL, D. M. D.; PERASSOLO, M. S. 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