HIPERTENSÃO EM FOCO: UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FISICA AUTORES E ORIENTADORES Michelle Gonçalves de Souza Tavares, Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas – UFSC, e-mail: [email protected] (Orientadora); Luriã Goulart Silva, Graduanda em Fisioterapia, e-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é conceituada como uma síndrome multifatorial, caracterizada pela presença de níveis de pressão arterial sistólicos (PAS) e diastólicos (PAD) elevados (RONDON e BRUM, 2003), representando hoje, uma das principais problemáticas do sistema de saúde brasileiro, já que suas complicações levam os pacientes a aderir tratamentos e intervenções de alto custo médico social (ARAÚJO, 2010). A HAS é o fator de risco mais prevalente, mais rapidamente identificável e reversível para infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, dissecção aórtica e doença arterial periférica afetando mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, (BRAUNWALD, 2009). A hipertensão arterial é capaz de levar ao óbito aproximadamente 40% dos indivíduos acometidos apresentando lesão dos chamados órgãos-alvo tais como, o cérebro, o coração, os rins e vasos sanguíneos. Com isso, aumentam a incidência de Infarto Agudo do Miocárdio, Acidentes Vasculares Encefálicos e Insuficiência Cardíaca e Morte súbita (CHOBANIAN, 2003). Inúmeros estudos sugerem a prática de exercícios físicos como forma de tratamento e controle da HAS, demonstrando que uma única sessão de exercícios físicos pode gerar decréscimo temporário na PA (pressão arterial) após o término do exercício, fenômeno denominado hipotensão pós-exercício (HPE) (PESCATELLO et al., 2004). Apesar das discordâncias entre estudos, há consenso de que sessões agudas de exercício podem ter o potencial de agir como um benefício não farmacológico no auxílio do tratamento da hipertensão (MACDONALD et al., 1999). Os exercícios acarretam resultados excelentes na redução dos níveis tensionais da pressão arterial, podendo controlar e até reduzir a PA. Os benefícios do treinamento com exercícios resistidos em indivíduos com HAS não estão bem estabelecidos (MION et al., 2004), mas alguns estudos indicam resultados benéficos para pacientes com doenças cardiovasculares (ARAUJO, 2004; POLLOCK et al., 2000). Sendo assim, o objetivo da pesquisa consiste em aplicar em pacientes hipertensos um protocolo de atividade física a fim de que os mesmos e investigar os efeitos deste programa na pressão arterial, tendo em vista que dentre as condutas não medicamentosas para o controle da pressão arterial, a prática regular de exercícios físicos vem sendo recomendada por profissionais da saúde como uma das mais eficazes. Palavras-chave: Fisioterapia. Hipertensão Arterial Sistêmica. Atividade Física. MÉTODOS Para a presente pesquisa serão selecionados maiores de 18 anos, colaboradores da UNISUL e população em geral com histórico de HAS controlada e diagnosticado segundo as V Diretrizes HAS (2010), no qual não participa de nenhum tipo de exercício físico regular e que foi encaminhado pelo médico para o programa de exercício físicos. Os participantes, além de cumprirem o protocolo de atividade física, serão conscientizados à respeito da importância da atividade física na hipertensão. O protocolo de exercícios será o mesmo utilizado no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), conforme a seguir: 1. Aumento da temperatura corporal (Aquecimento): será progressivo e gradual, de forma a proporcionar intensidade suficiente para aumentar as temperaturas musculares e centrais sem produzir fadiga nem reduzir as reservas de energia. Será utilizada uma bicicleta ergométrica durantes 10 (dez minutos). 2. Fortalecimento muscular: Serão realizadas atividades com halteres de 2 kg para extensão/flexão de cotovelo; extensão de tríceps. Para os exercícios diagonais será utilizado TheraBand; e agachamento (paciente realiza deslizamento na parede com auxílio da bola). 3. Caminhada: será realizada caminhada na esteira durante 30 minutos, sendo monitoradas a saturação arterial de oxigênio e a frequência cardíaca. 4. Desaquecimento: para o desaquecimento, serão realizados alongamentos passivos de MMSS e MMII após a caminhada. OBS: Durante todo o atendimento são verificados (a cada 5 minutos) a pressão arterial, a saturação de oxigênio, a frequência cardíaca e o índice de percepção do esforço (através da escala de BORG). RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma forma bem aceita para tratamento da HAS é a prevenção primária com execução de exercícios físicos que segundo a literatura diminuem os níveis pressóricos de repouso em indivíduos hipertensos (POLITO e FARINATTI 2003, apud OLIVEIRA, 2008). O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de seu equilíbrio (homeostase), pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura ativa e, consequentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as referentes à função cardiovascular durante o exercício físico (BRUM, 2004 apud OLIVEIRA, 2008). A hipotensão pós-exercício (HPE) tem sido observada em diferentes populações tais como homens, mulheres, jovens, idosos, caucasianos e negros, em resposta a vários tipos de exercícios físicos dinâmicos envolvendo grandes grupos musculares como as pernas e a cintura pélvica com intensidades variando entre 40% e 70% do VO2 máximo e durações entre 20 e 60 minutos (KENNEY, 1993 apud OLIVEIRA, 2008). Sabe-se que 75% dos pacientes hipertensos, que realizam exercício físico regular, diminuem os níveis de PA, o que faz com que essa conduta seja considerada importante ferramenta no tratamento da HAS. Tem sido documentado que o exercício físico pode controlar a HAS até mesmo dispensando o uso de medicamentos, ajudando a reduzir a dose ou a quantidade de medicamentos anti-hipertensivos, aumentando a capacidade funcional e melhorando a qualidade de vida e o prognóstico de doenças (OLIVEIRA et al, 2010). CONCLUSÃO Tendo em vista que a pesquisa ainda encontra-se em andamento espera-se que, após a aplicação e término do protocolo proposto para esta população, a intervenção possa proporcionar melhoras nos níveis de pressão arterial, incentivando a prevenção e normalização da HAS, além de que os participantes compreendam a importância da introdução da atividade física contínua. A pesquisa, além de atuar na promoção da saúde, proporcionará oportunidade ao acadêmico vivenciar de forma extra-curricular a prática da fisioterapia junto do exercício físico para a população hipertensa, bem como o aperfeiçoamento de habilidades interpessoais específicas e técnicas propostas pela disciplina. REFERÊNCIAS: ARAÚJO, C. G. S. Fisiologia do exercício físico e hipertensão arterial: uma breve introdução. Disponível em: <http://educacaofisica.org/joomla/index.php?option=com_content&task=view&id=91&Itemi d=2> Acesso em 21 Abr. 2010 BRAUNWALD. Tratado de Doenças Cardiovasculares, Ed Elsevier, 8ª Ed., 2009. CHOBANIAN, A.V. et al. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation. JAMA, v. 289, n. 19, p. 2560-2571, 2003 MACDONALD, J. R. et al. Hypotension following mild bouts of resistance exercise and submaximal dynamic exercise. Eur J Appl Physiol, v. 79, s.n., p. 148-54, 1999. MION, Jr. D. et. al. IV Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 82, s.n.; p. 8-14, 2004 OLIVEIRA, Diego Rodrigues de. O exercício fisico em portadores de hipertensão arterial sistemica. 2008. 45 f. Monografia (Especialização) - Curso de Fisioterapia, Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, 2008. OLIVEIRA, Karla Pinto Chaves et al. Exercício aeróbio no tratamento da hipertensão arterial e qualidade de vida de pacientes hipertensos do Programa de Saúde da Família de Ipatinga. Revista Brasileira de Hipertensão, Belo Horizonte, v. 17, n. 2, p.78-86, abr. 2010. PESCATELLO, L. S. et al. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and hypertension. Med Sci Sports Exerc. v. 36, s.n., p. 533-553, 2004. RONDON MUPB, BRUM PC. Exercício físico como tratamento não farmacológico da hipertensão arterial. Rev Bras Hipertens 2003;10:134-7. Fomento: Governo estadual de Santa Catarina, oriundo de bolsa art.171.