lGabarito da Lista 5 de Microeconomia I Professor: Carlos E.E.L. da Costa Monitor: Bruno Lund Exercício 1 Seja Y um conjunto de possibilidades de produção. Dizemos que uma tecnologia é aditiva quando y; y 0 2 Y ) y + y 0 2 Y . Uma tecnologia é dita divisível se y 2 Y ) ty 2 Y; 8t 2 [0; 1]. Mostre que se uma tecnologia é aditiva e divisível, então Y é convexo e apresenta retornos constantes de escala. R: Convexidade: Sejam y; y 0 2 Y: Da divisibilidade, temos que y; (1 Portanto, pela aditividade temos que y + (1 ) y 0 2 Y para todo ) y 0 2 Y para todo 2 [0; 1] : 2 [0; 1]. Logo, Y é convexo. Retornos Constantes de Escala: Tome y 2 Y , 2 <+ . Pela propriedade Arquimediana, existe n natural tal que n 1 < n. Segue que = (n 1) + [ (n 1)], onde 0 (n 1) < 1. Aplicando o princípio da indução …nita na propriedade de aditividade, temos que (n 1) y 2 Y . Além disso, por divisibilidade, segue que [ (n 1)] y 2 Y . Então, por aditividade, obtemos y 2 Y . Exercício 2 Uma função de produção dita homotética se f (x) = f (x0 ) implica em f (tx) = f (tx0 ), para todo t 0. 1. (a) Mostre que se f é uma transformação monotônica de uma função homogênea de grau 1 (ie., f = g h, onde h é homogênea de grau 1 e g é uma função monotônica), então f é homotética. (b) Mostre que se f é homotética, então a taxa marginal de substituição técnica em x é igual à taxa marginal de substituição técnica em tx. R: a) Seja f = g h e suponha g (h (x)) = g (h (x0 )). Como g é monotônica, temos que h (x) = h (x0 ) : Mas como h é homogênea de grau 1, segue que th (x) = h (tx) e th (x0 ) = h (tx0 ), para todo t 2 <+ . Portanto, h (tx) = h (tx0 ) e, da monotonicidade de g, temos g (h (tx)) = g (h (tx0 )). b) É possível mostrar que se f é homotética, então f = g h onde h é homogênea de grau 1 e g é monotônica (De fato, Varian (p.482) de…ne homoteticidade desta forma). Como h é homogênea de grau 1, h0 é homogênea de grau 0. Logo, h0 (x) = h0 (tx) 8t 2 <+ . Segue que @f (x) @h 0 @xi = g (h (x)) @xi (x). T M ST (x) T M ST (x) = @f =@xi = @f =@xj = @h @xi @h @xj @h (x) g 0 (h (x)) @x i @h (x) g 0 (h (x)) @xj (tx) g 0 (h (tx)) (tx) g 0 (h (tx)) = @h @xi @h @xj (x) (x) = @h @xi @h @xj (tx) (tx) = T M ST (tx) Exercício 3 Mostre que a função de produção f é homogênea de grau 1 se, e só se, Y apresenta retornos constantes de escala. R: ((=) Suponha que Y apresenta retornos constantes de escala e considere ( x; f (x)) 2 Y . Então ( x; f (x)) = ( x; f (x)) 2 Y . Logo, temos que f ( x) f (x). Substituindo x = x0 e 1 0 0 0 0 0 1 = , obtemos f ( x ) = f (x) f (x ) = f ( x). Portanto, f ( x) f (x). Combinando as desigualdades obtidas, segue que f ( x) = f (x). (=)) Suponha que f é homogênea de grau 1 e tome ( x; y) 2 Y; ) y f (x). Portanto, como f é homogênea de grau 1, temos que ( x; f ( x)) 2 Y ) ( x; y) 2 Y . 0. Segue que, y f (x) y f (x) = f ( x) =) Exercício 4 Mostre que se uma tecnologia apresenta retornos crescentes de escala e existe algum ponto onde o lucro é estritamente positivo, então o problema de maximização do lucro não possui solução. R: Suponha que y 2 Y tal que py > 0 resolve o problema de maximização do lucro (PML). Então, como Y apresenta retornos crescentes de escala, segue que y 2 Y; > 1. Logo, p ( y) > py; y 2 Y; contradizendo a hipótese de que y resolve o PML. 1 Exercício 5 Calcule as funções oferta e lucro para as funções de produção abaixo (x 0): 1. (a) f (x) = x (b) f (x) = 20x (c) f (x) = x2 x1 x12 (d) f (x) = minf x1 ; x2 g R: (a) O problema de maximização de lucro é dado por: max px wx x 0 Calculando a condição necessária de primeira ordem do problema, obtemos: 1 px =w A condição su…ciente de segunda ordem para máximo é garantida se 0 1. Logo, a demanda pelo fator é: x (p; w) = 1 p w 1 Segue que as funções oferta e lucro são dadas por: y (p; w) = (p; w) = p p w 1 p w w p w 1 1 1 p w 1 =w 1 1 b. Escrevendo o problema de maximização de lucro, obtemos: x2 max p 20x x 0 wx A condição de primeira ordem é dada por: 20p Supondo w 2p 2px w=0 10, a condição acima é necessária e su…cente (pois a CSO é (p; w) w2 4p2 = p 100 = 10 10 w 2p 10p w 2p 10 + w 2p = 100 w 10 w 2p = 10 w 2p w 2 0). Portanto, temos: w 2p x (p; w) = 10 y (p; w) = 2p = p 10 w 2p w2 4p2 p 10 + w 2p w = 2 c. Note que esta tecnologia apresenta retornos constantes de escala (ver questão 5). Portanto, a resolução deste ítem é análoga à do ítem abaixo. d. O problema de maximização de lucro é dado por: max [minf x1 ; x2 g x 0 2 w1 x1 w2 x2 ] Se x1 6= x2 então é possível aumentar o lucro reduzindo algum dos insumos. Segue que x1 = x2 . Substituindo na função objetivo, obtemos: max x 0 x2 w1 x2 w2 x2 w2 > 0 (ie., > w2w1 ), então é possível obter lucro tão grande quanto se queira tomando Se w1 x2 arbitrariamente grande. Segue que o problema não tem solução neste caso. Se w1 w2 < 0 (ie., < w2 w1 ), então x (p; w) = 0. Neste caso, y (p; w) = (p; w) = 0 w2 = 0 (ie., = w2w1 ), então existem in…nitas soluções pois todo x positivo fornece Caso w1 lucro zero. Segue que x (p; w) 2 <2+ . Logo, y (p; w) 2 <2+ e (p; w) = 0: Exercício 6 Encontre as funções demanda condicional por fator e custo para as funções de produção abaixo: 1. (a) f (x) = x1 x12 (b) f (x) = minf x1 ; x2 g (c) f (x) = (x1 + x2 ) 1 (d) f (x) = x1 + x2 R: (a) ver Varian p.54. (b) ver Varian p.56. (c) ver Varian p.55. (d) ver Varian p.57. Exercício 7 Modelo com fatores especí…cos. Uma economia pequena e aberta é caracterizada pela existência de dois setores. O setor A possui n …rmas com tecnologias idênticas representadas pela função de produção y = F (K1 ; L), em que y é um bem qualquer. Já o setor B é composto de uma única …rma com função de produção x = G(K2 ; L); em que x é um bem diferente de y. O capital do tipo 1 só pode ser utilizado no setor A, enquanto o capital do tipo 2 está restrito ao B. Suponha, por outro lado, que a mão-de-obra possa se movimentar livremente entre os setores. As tecnologias apresentam retornos constantes de escala e a produção em cada …rma é estritamente positiva. Assuma, ainda, que tanto F (:; :) quanto G (:; :) respeitam as condições de Inada. Sob estas hipóteses, pede-se: a) Encontre o salário de equilíbrio de cada setor desta economia em função dos preços dos bens e das produtividades. O preço relativo dos bens pode ser expresso como a razão das produtividades marginais do trabalho entre os setores no ótimo? Qual é o salário relativo entre os setores? b) Encontre a remuneração do capital do tipo 1 e do capital do tipo 2 no ótimo das …rmas. Estas remunerações podem ser diferentes (pense em termos de arbitragem)? c)Suponha que, devido a um choque na demanda externa, o preço internacional do bem y aumenta.Caso @ 2 F (:; :)=@K1 @L seja positiva, o que ocorre com a remuneração do capital tipo 1? O que acontece com o salário do setor A? E o salário do setor B, como se comporta? (Este é um modelo clássico de análise de curto prazo do comércio internacional) R: (a) No ótimo, o valor marginal do trabalho tem de ser igual ao salário ! p1 @F (K1 ; L )=@L = w1 e p2 @G(K2 ; L )=@L = w2 . Note, porém, que, como o trabalho pode se deslocar entre os setores, então, para que não haja arbitragem, o salário tem de ser igual ! w1 = w2 . Claramente, o preço relativo pode ser escrito como a razão das produtividades. (b) Pelo mesmo argumento anterior, r1 = p1 @F (K1 ; L )=@K e r2 = p2 @G(K2 ; L )=@K. As remunerações podem ser diferentes neste caso, pois os fatores são especí…cos a cada setor, o que elimina a possibilidade de arbitragem. (c) Como p1 aumenta, o efeito de primeira ordem faz o salário do setor 1 aumentar. Nesse caso, a mdo se desloca para o setor 1, reduzindo um pouco a produtividade do trabalho neste setor e, pois, gerando um efeito de segunda ordem que mitiga um pouco o aumento do salário. Por outro 3 lado, a saída de mdo do setor dois aumenta produtividade do trabalho neste setor, o que faz o respectivo salário subir. Em equilíbrio, o salário é igual nos dois setores e maior do que o salário inicial, o setor 1 absorve mdo do setor dois. Dado que a derivada cruzada é positiva, o aumento da mdo no setor 1 juntamente com o aumento do preço do bem y faz com que o valor do produto marginal do capital aumente, aumentando a remuneração do capital do tipo 1. Exercício 8 (Prova 2-2005) Considere uma …rma produtora de ’utilidade’ com ’função de produção’ u (x) crescente, duas vezes continuamente diferenciável e estritamente quase-côncava em x 2Rn . De…na sua função custo como e (p, u) = minx px s.t. U (x) u a)Moste que e (p, u) é côncava em p. Denote xh a demanda compensada da …rma. b) Dada a função custo acima, suponha que a …rma do item anterior possa vender seu produto a um 1 ’preço’constante , Resolva o problema de maximização de lucro encontrando o vetor de demandas (nãof condicional) x da …rma. Mostre que @xh @xf < @pi @pi Use = @v(p; y)=@y para argumentar que a demanda frisch é mais negativamente inclinada que a demanda hicksiana. R: a)Sejam x1 = xh (p1 ; u); x2 = xh (p2 ; u); pt = tp1 + (1 t)p2 e xt = xh (pt ; u): Temos que, por ser xh argmin do problema acima, p1 x1 p1 xt e p2 x2 p2 xt :Daí, tp1 x1 + (1 t)p2 x2 [tp1 + (1 t)p2 ]xt : Ou seja, te(p1 ; u) + (1 t)e(p2 ; u) e(pt ; u); sendo côncava a função e(p,u). b)Tome o problema: 1 max u e(p; u) Sua CPO é dada por: 1 = eu (p; u) A condição de segunda ordem para a minimização é: e uu 0 De…nindo xf como a demanda incondicional temos, também, que xf ( 1 ; p) = xh (p; u( 1 ; p)): Daí, @xhi @xh @u @xfi = + @pi @pi @u @pi 1 :Como estamos mantendo constante, podemos usar o Teor. da Função Implícita na CPO para obter @u = @pi :Portanto, @xfi @pi = @xh i @pi h 2 ( @x @u ) =e uu < eupi = e uu epi u = e uu @xh i @u e uu @xh i @pi Exercício 9 (Rubinstein p.86) Suponha uma …rma produzindo um bem usando L insumos, que maximiza a produção sujeito à restrição de lucros não-negativos. Mostre algumas propriedades interessantes de tal comportamento. 4