FGV/EPGE Escola Brasileira de Economia e Finanças Macroeconomia I / 2017 Professor: Rubens Penha Cysne Lista de Exercícios 6 I- Crescimento Endógeno com Externalidades II - Modelo Neoclássico com Moeda III - Função de Reação Fiscal Para entrega: 1b, 3a, 4b, 5 Obs: Na ausência de de…nição de alguma variável, utilize aquela vista em sala de aula. 1- (Crescimento Endógeno com Externalidades, Romer, 1986) Em uma economia o consumidor otimiza Z 1 1 c e t dt (1) 1 0 Há um contínuo de …rmas i em [0; 1]. Tais …rmas são todas idênticas e têm função de produção: Yi = F (Ki ; ALi ) F tem as propriedades usuais das funções de produção, incluindo as condições de Inada e homogeneidade do primeiro grau. A população L é constante e dada por: Z 1 L= Li di 0 O estoque de capital agregado se escreve como: Z 1 K= Ki di 0 As …rmas otimizam lucro tomando os preços dos insumos como dados, o que implica que todos tenham a mesma relação ki = Ki =ALi : Hipótese de Romer: Embora cada …rma tome A como dado, A = K; sendo K o estoque total de capital da economia. 1 Temos então a função de produção para cada …rma i: Yi = F (Ki ; KLi ) Os produtores maximizam: F (Ki ; KLi ) wLi (r + )Ki (2) daí determinando-se w = FL (Ki ; KLi ) e R = FKi (Ki ; KLi ): Como a ação de cada …rma i será a mesma, podemo sub-índice i e escrever apenas: Y = F (K; KL) Observe que Y pode também ser escrito sob a forma: Y = F (K; KL) = KF (K=K; KL=K) = KF (1; L) := Kf (L) (3) a) Usando a de…nição de f em (3), mostre que o salário w e a remuneração bruta do capital físico R podem ser escritos sob a forma: w = Kf 0 (L) R = f (L) Lf 0 (L) (4) Sugestão: Para a expressão do salário, use diretamente o fato de que F (K; KL) = Kf (L), derivando em relação a L. Para a expressão de R, lembre que apenas a derivada de F em relação à primeira variável deve ser considerada na otimização de cada …rma. A- Solução Descentralizada: Do processo usual de otimização, obtemos: 1 c_ = (r c onde r = R (5) ) : Usando (4) e (5): c_ 1 = (f (L) c Lf 0 (L) ) (6) B - Solução do Planejador Central O planejador central benevolente leva em consideração na solução de (1) a restrição de recursos reais: K_ = F (K; KL) 2 cL K b ) Como se modi…ca a taxa de crescimento de consumo em relação à solução dada por (6)? O crescimento com base na solução do planejador central é maior, igual ou menor? c) Visualizando a possiblidade um maior crescimento desta economia obtenível através da ação governamental (no caso, por exemplo, pela possível implantação de um sistema de subsídios à compra de bem de capital), um economista a…rma que a ação de um planejador central neste caso é defensável. Outro economista discorda, a…rmando que, através de um processo de aprendizado, a economia evoluirá naturalmente para uma situação equivalente àquela determinada pela ação do planejador, sem a necessidade de intervenção governamental. Como você se coloca frente a estas a…rmativas? Explique como poderia se dar, na prática, a convergência ao maior crescimento a qual se refere o segundo economista. 2- Particularize o exercício acima para o caso de uma função de produção Cobb-Douglas. Faça: F (K; AL) = F (K; KL) = (K)a (KL)1 a ; 0 < a < 1 II- Moeda e In‡ação no Modelo Neoclássico 3- (Lucas, In‡ation and Welfare, 2000, Modelo "Shopping Time"): Seja r a taxa de juros, a taxa de in‡ação, s a fração da dotação de tempo gasta com "shopping time", (o tempo total do consumidor sendo igual à unidade), y o produto real, m os encaixes reais como fração do produto, c o consumo como fração do produto, U (cy) uma função crescente, e estritamente côncava do consumo (satisfazendo às condições de Inada), uma taxação "lump sum", > 0 o fator de desconto intertemporal e > 0 a taxa exógena de crescimento do produto (de tal forma que y(t) = y0 e t :1 O consumidor maximiza: Z 1 e gt U (cy)dt (7) 0 sujeito a: (c + s) ( + )m (8) c + F (m; s) = c + mf (s) = 0 (9) m _ =1 A equação (9) representa a restrição de que shopping time seja necessário para consumo. Tem-se que f 0 (s) > 0 e f 00 s) 0: 1 Neste modelo o produto real potencial se obtém quando s=0. O produto real efetivo é igual a y(1-s). 3 A função utilidade é dada por: U (cy) = (cy)1 1 ; 6= 1 (10) Pede-se: a )- Mostre que, no estado estacionário, vale (11) Fm (m; s) = rFs (m; s) onde r = + + : Sugestão: Lucas resolve este problema usando programação dinâmica (equações de Bellman). Voce pode usar controle ótimo ou equações de Euler, mas este último método exige um pouco mais de cálculos. b)- Interprete (11) economicamente. 4- (Stanley Fischer, 1979, Econometrica, Modelo de Sidrauski). Um conR +1 t sumidor representativo maximiza 0 e u (c; m) dt sujeito a k_ + nk + m _ + ( + n) m = f (k) + x c (12) onde c é consumo per capita, m é moeda per capita, k é o estoque de capital per capita, x são transferências lump sum, é a taxa de in‡ação e n é a taxa de crescimento populacional. A utilidade u é côncava, com u1 ; u2 > 0, u11 ; u22 < 0, J1 := (u2 =u1 )1 > 0 and J2 := (u2 =u1 )2 < 0. A função f é tal que f 0 > 0, f 00 < 0: As condições de Inada são satisfeitas para u(.) e f(.). a) Obtenha as equações: u1 (f 0 (k) + ) = u2 , u1 ( + + n) u2 = u11 c_ + u12 m. _ (13) (14) Sugestão: Uma alternativa é fazer, em (12), a = k + m. Neste caso, a única variável de estado (ou seja, determinada no problema inicial por uma equação diferencial de primeira ordem) passar a ser a, e m passa a ser variável de controle. b ) O governo expande a oferta monetária a uma taxa …xa : Mostre que isto implica: m _ = n, (15) m 4 c) O governo tem o orçamento equilibrado, de tal forma que x = m _ + ( + n) m (= m). Mostre que isto implica que a equação orçamentária do governo se leia: k_ + nk = f (k) c. (16) d) (Opcional) As equações (14), (15) e (16) formam um sistema de equações diferenciais de primeira ordem em (c; m; k). Denote por (c ; m ; k ) os valores estacionários. Mostre que: f 0 (k ) = + n, c = f (k ) u2 (c ; m ) = + . u1 (c ; m ) nk , (17) (18) (19) As equações (17) and (18) implicam alguma propriedade da moeda? e) (Opcional) Linearize o sistema em torno do estado estacionário para obter: 2 3 2 3 2 3 u12 00 u1 +mu12 c_ mJ1 uu12 mJ f c c 2 u u 11 11 11 4 m 5 4 m m 5 . (20) _ 5 = 4 mJ1 mJ2 mf 00 k k 1 0 k_ c ;m ;k onde J1 = (um =uc )c e J2 = (um =uc )m 5 ) (Função de Reação Fiscal) Considere a equação diferencial vista nas lista 3 do curso. Tal equação mostra a como evolui a razão líquida / PIB b, em função do diferencial entre juro real e crescimento do produto, bem como do superávit primário s: b_ = (r )b s (21) Suponha que s reage ao valor de d da forma abaixo: e= b; >0 (22) Qaul o valor mínimo assumido por d de tal forma que não se tenha a relação dívida / PIB b ! 1? Obs. Aqueles interessados em estudos empíricos relativos à solvência da dívida pública podem consultar os trabalhos de Bohn (1998 e 2007) apensados ao sítio do curso. 5