Gabarito da Lista 6 de Microeconomia I Professor: Carlos E.E.L. da Costa Monitor: Vitor Farinha Luz Exercício 1 Seja Y um conjunto de possibilidades de produção. Dizemos que uma tecnologia é aditiva quando y; y 0 2 Y ) y + y 0 2 Y . Uma tecnologia é dita divisível se y 2 Y ) ty 2 Y; 8t 2 [0; 1]. Mostre que se uma tecnologia é aditiva e divisível, então Y é convexo e apresenta retornos constantes de escala. R: Convexidade: Sejam y; y 0 2 Y: Da divisibilidade, temos que y; (1 Portanto, pela aditividade temos que y + (1 ) y 0 2 Y para todo ) y 0 2 Y para todo 2 [0; 1] : 2 [0; 1]. Logo, Y é convexo. Retornos Constantes de Escala: Tome y 2 Y , 2 <+ . Pela propriedade Arquimediana, existe n natural tal que n 1 < n. Segue que = (n 1) + [ (n 1)], onde 0 (n 1) < 1. Aplicando o princípio da indução …nita na propriedade de aditividade, temos que (n 1) y 2 Y . Além disso, por divisibilidade, segue que [ (n 1)] y 2 Y . Então, por aditividade, obtemos y 2 Y . Exercício 2 Uma função de produção dita homotética se f (x) = f (x0 ) implica em f (tx) = f (tx0 ), para todo t 0. 1. (a) Mostre que se f é uma transformação monotônica de uma função homogênea de grau 1 (ie., f = g h, onde h é homogênea de grau 1 e g é uma função monotônicacrescente), então f é homotética. (b) Mostre que se f pode ser representada como g h, onde h é homogênea de grau 1 e g é uma função monotônica crescente (de…nição alternativa de homoteticidade), então a taxa marginal de substituição técnica em x é igual à taxa marginal de substituição técnica em tx. R: a) Seja f = g h e tome x; x0 tais que g (h (x)) = g (h (x0 )). Como g é crescente (logo injetiva), temos que h (x) = h (x0 ) : Mas como h é homogênea de grau 1, segue que h(tx) = th(x) = th(x0 ) = h(tx0 ), para todo t 2 <+ . Portanto, h (tx) = h (tx0 ) e, logo g (h (tx)) = g (h (tx0 )). b) É possível mostrar que se f é homotética, então f = g h onde h é homogênea de grau 1 e g é monotônica (De fato, Varian (p.482) de…ne homoteticidade desta forma). Como h(:) é homogênea de grau 1, h0 (:) é homogênea de grau 0. Logo, h0 (x) = h0 (tx) 8t 2 <+ . Segue que @f (x) @h 0 @xi = g (h (x)) @xi (x). T M ST (x) T M ST (x) = @f =@xi = @f =@xj = @h @xi @h @xj @h g 0 (h (x)) @x (x) i g0 (h (x)) (tx) g 0 (h (tx)) (tx) g 0 (h (tx)) @h @xj (x) = @h @xi @h @xj (x) (x) = @h @xi @h @xj (tx) (tx) = T M ST (tx) : Exercício 3 Mostre que se uma tecnologia apresenta retornos crescentes de escala e existe algum ponto onde o lucro é estritamente positivo, então o problema de maximização do lucro não possui solução. R: Sabemos (por hipótese) que 9z 2 Y tal que p z > 0. Suponha, por contradição, que x é solução so problema de maximização da …rma. Então p x p x, 8x 2 Y ) p x p z > 0: Mas, como a tecnologia tem retornos crescentes de escala, temos que 2x 2 Y , e p (2x ) = 2(p x ) > p x , uma contradição pois x seria o ótimo. Exercício 4 Calcule as funções oferta e lucro para as funções de produção abaixo (x 1. (a) f (x) = x (b) f (x) = 20x x2 1 0): (c) f (x) = x1 x12 (d) f (x) = minf x1 ; x2 g R: (a) O problema de maximização de lucro é dado por: max px wx x 0 Caso (1): < 1 Calculando a condição necessária de primeira ordem do problema, obtemos: 1 px =w A condição su…ciente de segunda ordem para máximo é garantida se 0 1. Logo, a demanda pelo fator é: x (p; w) = 1 p w 1 Segue que as funções oferta e lucro são dadas por: y (p; w) = (p; w) = p p w 1 p w w p w 1 1 1 =w 1 p w 1 1 Caso (2): = 1 Temos que, nesse caso, o lucro da …rma é: px wx = x (p w) : 0 1 , se p w , se p > w (não de…nido). Então a função lucro é: (p) = E a função oferta será: 8 < (0,0) inde…nido [y(p; w); x(p; w)] = : (1; 1) (inde…nido) , se p < w , se p = w , se p > w: Caso (3): > 1 Nesse caso, a …rma apresenta retornos constantes de escala. Então não há solução pois a …rma sempre pode ter o lucro que quiser produzindo mais: lim px x!1 wx = lim x px 1 x!1 w = 1: Então o lucro e as funções oferta não estão de…nidas. b. Escrevendo o problema de maximização de lucro, obtemos: x2 max p 20x x 0 wx = max x [p (20 x 0 Caso (1): 20p w > 0 A condição de primeira ordem é dada por: 20p 2px 2 w=0 x) w] Supondo w 2p 10, a condição acima é necessária e su…cente (pois a CSO é (p; w) w2 4p2 = p 100 = 10 w 2p w 2p 10 + w 2p = 100 w 10 w 2p = 10 w 2p 10 10p w 2 0). Portanto, temos: w ; 2p x (p; w) = 10 y (p; w) = 2p = p 10 w 2p w2 4p2 ; p 10 + w 2p w = 2 : Caso (2): 20p w 0 Nesse caso temos que = x [p (20 x) <0 =0 w] , se x > 0 , se x = 0 Então temos [ (p; w); x(p; w)] = (0; 0): c. Note que esta tecnologia apresenta retornos constantes de escala (ver questão 5). Portanto, a resolução deste ítem é análoga à do ítem abaixo. d. O problema de maximização de lucro é dado por: max [minf x1 ; x2 g x 0 w1 x1 w2 x2 ] Se x1 6= x2 então é possível aumentar o lucro reduzindo algum dos insumos. Segue que x1 = x2 . Substituindo na função objetivo, obtemos: max x 0 x2 w1 x2 w2 x2 Se w1 w2 > 0 (ie., > w2w1 ), então é possível obter lucro tão grande quanto se queira tomando x2 arbitrariamente grande. Segue que o problema não tem solução neste caso. Se w1 w2 < 0 (ie., < w2 w1 ), então x (p; w) = 0. Neste caso, y (p; w) = (p; w) = 0 w2 w1 ), então existem in…nitas soluções pois todo x positivo fornece Caso w1 w2 = 0 (ie., = 2 lucro zero. Segue que x (p; w) 2 <+ . Logo, y (p; w) 2 <2+ e (p; w) = 0: Exercício 5 Encontre as funções demanda condicional por fator e custo para as funções de produção abaixo: 1. (a) f (x) = x1 x12 (b) f (x) = minf x1 ; x2 g (c) f (x) = (x1 + x2 ) 1 (d) f (x) = x1 + x2 R: (a) ver Varian p.54. (b) ver Varian p.56. (c) ver Varian p.55. (d) ver Varian p.57. 3 Exercício 6 (Prova 2-2005) Considere uma …rma produtora de ’utilidade’ com ’função de produção’ u (x) crescente, duas vezes continuamente diferenciável e estritamente quase-côncava em x 2Rn . De…na sua função custo como e (p, u) = minx px s.t. U (x) u a)Moste que e (p, u) é côncava em p. Denote xh a demanda compensada da …rma. b) Dada a função custo acima, suponha que a …rma do item anterior possa vender seu produto a um 1 ’preço’constante , Resolva o problema de maximização de lucro encontrando o vetor de demandas (nãof condicional) x da …rma. Mostre que @xh @xf < @pi @pi Use = @v(p; y)=@y para argumentar que a demanda frisch é mais negativamente inclinada que a demanda hicksiana. R: a)Sejam x1 = xh (p1 ; u); x2 = xh (p2 ; u); pt = tp1 + (1 t)p2 e xt = xh (pt ; u): Temos que, por ser xh argmin do problema acima, p1 x1 p1 xt e p2 x2 p2 xt :Daí, tp1 x1 + (1 t)p2 x2 [tp1 + (1 t)p2 ]xt : Ou seja, te(p1 ; u) + (1 t)e(p2 ; u) e(pt ; u); sendo côncava a função e(p; u). b)Tome o problema de maximização da …rma: 1 max u u e(p; u) Que de…ne a "produção" de utilidade ótima através da CPO dada por: 1 = eu (p; u) A condição de segunda ordem para a minimização é: euu (p; u) > 0 De…nindo xf como a demanda incondicional temos, também, que xf ( 1 ; p) = xh (p; u( 1 ; p)): Daí, @xhi @xh @u @xfi = + @pi @pi @u @pi :Como estamos mantendo 1 constante, podemos usar o Teor. da Função Implícita na CPO para obter @u = @pi eupi (p; u) = euu (p; u) epi u (p; u) = e uu (p; u) (última desigualdade utilizando teorema do envelope). Portanto, @xfi @pi @xh i @u e uu = @xh i @pi h 2 ( @x @u ) =euu (p; u) < @xh i @pi Exercício 7 Seja x(p,y) a demanda condicional por fatores de alguma função de produção quase-côncava. Mostre que Dp x(p; y) é simétrica e negativa semi-de…nida. R: Seja o problema EMP dado por: min x p x s.a. f (x) y : Então temos que a função custo c(p; y) = arg min EM P é côncava (prova no exercício acima). E temos que Dp c(p; y) = x(p; y) pelo teorema do envelope, então Dp x(p; y) = Dp2 c(p; y) que é simétrica e negativa semi-de…nida pois é a hessiana de uma função côncava. Exercício 8 Mostre que se a função de produção f (:) é quase-côncava, estritamente crescente e homogênea de grau 1, então ela é côncava. (também f (0) = 0) 4 R: Tome 2 [0; 1] e x; y 0. Então temos que, como f (:) é crescente, f (x); f (y) > 0. Além disso, temos a partir da homegeneidade de grau 1 de f (:) que x f (x) f = 1 1 f (x) = 1 = f (y) = f f (x) f (y) y f (y) : E, pela quase-concavidade de f (:), x f (x) f Em especial, isso vale para f f (x) f (x) + (1 )f (y) = + (1 ) f (x) f (x)+(1 )f (y) x f (x) + y f (y) e (1 minf1; 1g = 1: )= (1 )f (y) f (x)+(1 )f (y) . (1 )f (y) f (x) + (1 )f (y) y f (y) Então =f x + (1 f (x) + (1 )y )f (y) Logo, usando novamente homogeneidade de grau 1, f ( x + (1 )y) f (x) + (1 )f (y): Então provamos que f (:) é côncava em Rn++ , a extensão para Rn+ segue pela continuidade de f (:). 5 1: