1 PORQUE O FED NÃO CONSEGUE AUMENTAR A TAXA DE JUROS Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 23/07/2016. Na nossa opinião a grande dificuldade que o Fed está enfrentando para aumentar a taxa de juros é que não só os EUA, mas todos os países avançados e, mais recentemente, os países emergentes estão passando por depressões estruturais causadas por uma tendência, já de longo prazo, de consumo e investimentos colossais suportados por um gigantesco volume de crédito que redundaram na crise de 2007/2008. Na década antes da crise de 2007/8 o crédito privado nos EUA – assim como em quase todas as economias avançadas – cresceu muito mais rápido do que a taxa do crescimento da economia: 9% a.a. Mas este padrão de dez anos era uma continuação de uma tendência de longo prazo. Nos EUA a razão do leverage privado (crédito privado/GNP) foi de 53%, em 1950, para 170% em 2007. Mais recentemente o padrão tem sido repetido nos países emergentes: na Coréia do Sul o leverage privado cresceu de 62% em 1970 para 155% antes da crise financeira 2 asiática de 1977. O da China cresceu de 124%, em 2008, para mais de 200%, em 2008. O que podemos notar é que o crescimento muito rápido do crédito privado e muito acima do crescimento economicamente leva, inevitavelmente, o país a uma crise de endividamento de proporções gigantescas como aconteceu recentemente, em 2007/8. A consequência disso é que o crescimento dos países, de uma maneira geral, é reduzido e, vários deles entram em recessão e, até mesmo, em depressão como é o caso dos EUA. É aqui que o Fed começa a construir, com suas políticas monetárias duvidosas, a armadilha em que se meteu e que está tendo grande dificuldade para sair e, provavelmente, levará um bom tempo para escapar dela. Na crise de 2007/8 os grandes bancos estavam às vésperas do colapso, incompetências, em em função relação às de suas suas próprias políticas de financiamentos, e o Fed, então, com o objetivo de proporcionar a liquidez necessária para que voltassem a emprestar e fazer a economia voltar a crescer, adquiriu a quase totalidade de todos os títulos tóxicos, destes bancos, pelo valor contábil deles – os bancos não tiveram prejuízo. 3 Em seguida a taxa de juros do Fed foi baixada para zero para incentivar a tomada de empréstimos pelos consumidores e empresas. Contudo, era óbvio, que não havia tomadores no mercado. Os consumidores e as empresas estavam exageradamente endividados e começaram a praticar a desalavancagem financeira, isto é, vender os seus ativos para pagar e reduzir os seus enormes débitos. Evidentemente, não havia motivação e possibilidade de aumentar o consumo e investimento em volume suficiente para alavancar o crescimento da economia americana. Diante disto, os bancos depositaram voluntariamente o dinheiro que receberam de volta no Fed. A falta de negócio era tão grande que o mercado interbancário zerou. Aconteceu que a Lei Dodd Frank aumentou os juros para os depósitos bancários, o que fatalmente afetaria, negativamente, o lucro dos bancos. E o Fed, a pretexto de evitar que os bancos retirassem os seus depósitos, no Fed, para emprestar no mercado e provocar uma enorme inflação, decidiu pagar juros de 2,5% sobre as reservas em excesso dos bancos, novamente protegendo os lucros dos grandes bancos. 4 Esta medida é extremamente duvidosa: se o país estava num processo pouquíssimo, possibilidade de inflação de desalavancagem, quase deflação, crescendo inexistente, como os bancos com iriam conseguir repassar esta dinheirama toda para o mercado e ainda provocar uma alta inflação? Não tem muito sentido este pretexto. Na realidade fica claro que o Fed visou mesmo foi proteger os seus acionistas – os grandes bancos. Ao mesmo tempo o Fed estabeleceu como meta esperar que a inflação atinja, aproximadamente, 2 a 2,5% a.a. e a taxa de desemprego fique abaixo de 6% para que possa começar a normalizar a taxa de juros básica da economia. Para isto o Fed já lançou o QE1 – Quantitative Easing -, QE2, QE3, QE4, etc visando inundar os bancos de dinheiro para que repassem aos consumidores, investidores e empreendedores e, em consequência, a economia americana se acelere e com ela a inflação atinja a meta almejada de 2%. Até agora o resultado tem sido pífio e com isto as repetidas promessas de aumento da taxa de juros estão ficando cada vez mais desacreditadas. Atualmente parece que a economia está querendo acelerar e por isto existem previsões de que haverá, pelo menos, um aumento da taxa de juros em dezembro, deste ano. 5 Contudo, não vejo esta possibilidade, porque o crescimento da economia que está acontecendo não é um crescimento robusto e, sendo assim, por menor que seja o aumento da taxa de juros, poderá interromper esta trajetória de crescimento e, pior ainda, aumentar a possibilidade de deflação na economia americana. Conclusão: o fracasso do Fed em relação às suas principais missões é retumbante: a criação de emprego não consegue ser sustentável, oscila bastante e o valor do dólar, desde a sua criação em 1913 até hoje, já caiu mais de 95%. Só de 1977 a 1981 a queda foi de mais de 50%. Mesmo com a quase total perda de valor do dólar, ele é, ainda, a moeda preferida e continua com o seu “privilégio exorbitante”. Então, me parece, que a missão de manter o valor do dólar, que o Fed tem, é ilógica e dispensável, portanto. Na realidade, acho que a maior missão do Fed é proteger e beneficiar os grandes bancos, e isto ele tem conseguido realizar com absoluto sucesso. Evidentemente, o Fed faz isto com o dinheiro do contribuinte americano, ele é autorizado a emitir dólar e empresta ao próprio Governo americano, cobrando juros. Concluo perguntando: até quando o contribuinte vai aceitar isto? 6 Nossos Endereços: www.forumdecontabilidade.com.br www.idago.com.br Canais no Google+: Revolucionando a Contabilidade Instituto Digital AGO No YouTube: alvaro oliveira No Facebook: Alvaro Guimarães de Oliveira Casa da Contabilidade e Fórum de Contabilidade Fones: (21) 99998-8672 e 2249-4437 Número do Skype: Agoliveira 1000 Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Av. Borges de Medeiros, 239/1102. Leblon – CEP -22430-041 Rio de Janeiro – RJ.