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COMO O FED DEVERÁ FAZER PARA AUMENTAR A TAXA DE JUROS NA
ECONOMIA AMERICANA.
Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira
Rio, 18/10/2016.
Após a crise econômica de 2008, o Fed (o Banco Central americano)
comprou títulos tóxicos dos bancos que estavam em grandes dificuldades
financeiras e emitiu, para isso, muito dinheiro (QE – Quantitative Easing).
O objetivo era salvar os bancos ameaçados de quebrar e dar liquidez à
economia para que voltasse a crescer com maior vigor, mas isto não
aconteceu até o presente momento. Por que?
O Fed, no arranjo financeiro atual, repassa dinheiro aos bancos e estes, de
acordo com suas estratégias operacionais têm a opção de repassá-lo, ou
não, para desenvolver as suas atividades econômicas.
Os bancos optaram não repassar o dinheiro e o deixaram depositado, em
reservas voluntárias, no FED. Este, por sua vez, percebendo que esta
montanha de dinheiro, em poder dos bancos, poderia provocar uma
hiperinflação, passou a pagar uma taxa de juros (0,25% a.a.) sobre todas as
reservas depositadas pelos bancos para que as retivessem no FED e, com
esta atitude, o BC americano se meteu numa grande armadilha, conforme
veremos a seguir.
Esta estratégia do Fed, de encher os bancos de dólares e ainda pagar juros
sobre os depósitos dele, levou a taxa interbancária (FFR) a zero e a taxa
paga por ele – 0,25% a.a. - passou a ser taxa básica de juros da economia.
A ARMADILHA
Com a taxa básica no limite zero, o FED perdeu o poder de controlar a
situação de liquidez da economia americana. Ele não pode, ainda, aplicar a
taxa de juros negativa que exige medidas regulatórias e operacionais
prévias. Por outro lado, não pode, também, aumentar a taxa de juros pelos
seguintes motivos: 1) Não existem tomadores - consumidores e empresas estão passando por um processo de desalavancagem financeira e este
é
muito mais lento do que o de alavancagem. 2) Se aumentar a taxa de juros a
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economia americana, cujo crescimento está muito lento, vai desacelerar
mais ainda e a Bolsa de Valores terá um impacto negativo muito forte. 3)
Com o aumento da taxa de juros o dólar fortalecerá e provocará deflação
através da importação de produtos mais baratos. 4) Os países emergentes
protestarão porque o dólar mais forte terminará fortalecendo as suas
moedas e isto é um obstáculo ao crescimento econômico deles e,
fatalmente,
haverá
retaliações
monetárias
como
,
por
exemplo,
desvalorizações cambiais.
Enfim, como o Fed poderá aumentar a taxa de juros se os bancos estão
abarrotados de dólares, com uma liquidez absoluta e total? Por que os
bancos tomariam dinheiro emprestado se não precisam?
COMO SAIR DESTA ARMADILHA
Inicialmente o FED tentou solucionar o problema dando liquidez aos bancos e
baixando a taxa de juros até atingir o seu limite inferior, isto é, zero.
Esperava, com isso, que os bancos voltassem a emprestar normalmente e
com isso, a economia pudesse retomar o seu crescimento. Mas nada disso
aconteceu.
Em seguida o FED começou a fazer nova tentativa através de operações
ortodoxas denominadas “Quantitative Easing (QE). O banco central comprava
títulos do governo de curto prazo e os revendia a longo prazo injetando um
enorme volume de dinheiro na economia com o objetivo de baixar a taxa de
juros de longo prazo que é a que mais interessa aos investidores de longo
prazo. O resultado desta estratégia foi medíocre.
Novamente
o
FED
tentou
mais
uma
estratégia
ortodoxa,
nunca
experimentada antes, a “Forward Guidance” que consistia em informar que o
banco aumentará a taxa de juros se a inflação atingir um nível de, no
mínimo, 2% a.a. e a taxa de desemprego atingisse 5% ou menos. Mais um
fracasso.
De fracasso em fracasso o FED vai perdendo a credibilidade e o dólar a sua
posição hegemônica como reserva de valor.
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Vejamos os caminhos que o Fed poderá seguir para sair da armadilha em que
ele mesmo se meteu:
1) Achamos que uma tentativa válida seria o Fed adotar a política do
“helicopter money”.
Ao contrário do que muita gente pensa, isto não significa emitir dólares
e jogá-los de helicópteros sobre cidades e nem os emitir, sem
limitações, como fez a estratégia do “QE” (Quantitative Easing).
Significa que o governo cortará taxas trabalhistas e, desta maneira, o
dinheiro entrará livremente no bolso dos trabalhadores. Ou seja, os
trabalhadores não pagarão IR sobre a diferença a maior que receberão,
porque não houve aumento de renda, mas tão somente redução de
taxas.
É uma política que inicialmente provocaria, com certeza, aumento da
dívida pública americana, mas induziria a um aumento rápido do
consumo o que, teoricamente, levaria a um aumento da inflação, objeto
de desejo do FED.
2) E finalmente se a política do “Helicopter Money” não resolvesse o
problema, o FED entraria com a estratégia que considero uma “silver
bullet”: aumentar o preço da onça do ouro em dólar.
As principais vantagens desta estratégia:
1) aumentaria imediatamente a inflação e com isso o FED retomaria
o comando da política monetária;
2) As reservas de ouro do EUA (8.000 toneladas) teriam uma enorme
valorização compensando a desvalorização do dólar: quanto maior
o aumento em dólar da onça do ouro, maior seria a valorização;
3) E melhor ainda, criaria uma enorme dificuldade para China, pelo
menos adiando o seu sonho de deter reservas em ouro na mesma
quantidade da dos EUA. A China vem, recentemente, adquirindo
enorme quantidades de ouro, com o objetivo de suplantar a
quantidade das reservas de ouro dos EUA o que a colocaria numa
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posição de igualdade, ou líder, numa eventual discussão sobre
uma reorganização do sistema financeiro internacional.
Uma grande vantagem, desta estratégia, é que ela é conhecida e já foi
adotada, com sucesso pelos EUA, duas vezes num passado não muito
distante.
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