GESTAÇÃO EM PACIENTE COM MUCOPOLISSACARIDOSE TIPO I (MPS I) EM TERAPIA DE REPOSIÇÃO ENZIMÁTICA COM LARONIDASE – RELATO DE CASO. 1 Autores Instituição 1 2 4 André Anjos da Silva , Maria Teresa Vieira Sanseverino , José Antonio Magalhães , Simone Fagondes , 5 3 1 1 1 Denise Manica , Patricia Barrios , Filippo Pinto Vairo , Amauri Dalla Corte , Roberto Giugliani , Carolina 1 Fischinger Moura Souza 1 SGM/HCPA - Serviço de Genética Médica Hospital Clínicas Porto Alegre (Ramiro Barcelos, 2350. Porto 2 Alegre, RS, Brasil), HCPA - Grupo de Medicina Fetal Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Ramiro 3 Barcelos, 2350. Porto Alegre, RS. Brasil), HCPA - Serviço de Cardiologia Hospital de Clínicas de Porto 4 Alegre (Ramiro Barcelos, 2350. Porto Alegre, RS. Brasil), HCPA - Serviço de Pneumologia Hospital de 5 Clínicas de Porto Alegre (Ramiro Barcelos, 2350. Porto Alegre, RS. Brasil), HCPA - Serviço Otorrinolaringologia Hospital Clínicas Porto Alegre (Ramiro Barcelos, 2350. Porto Alegre, RS. Brasil) Resumo OBJETIVOS Introdução: A mucopolissacaridose tipo I (MPS I) é uma doença de depósito lisossômico crônica e progressiva, causada pela deficiência da enzima intralisossomal alfa-L-iduronidase (IDUA), que participa do catabolismo dos glicosaminoglicanos. São reconhecidos fenótipos diferentes da doença conforme o grau de gravidade clínica, a forma leve (MPS I Scheie) e forma grave (MPS I Hurler). As principais manifestações incluem anormalidades faciais, esqueléticas e da via aérea superior, opacidade corneana, organomegalias e doença cardíaca valvular. O tratamento, realizado através da terapia de reposição enzimática (TRE) com laronidase, é o único tratamento específico para a doença. Objetivo: descrever o caso de uma paciente MPS I, em sua primeira gestação, em uso quinzenal e dose dobrada de TRE com laronidase. MÉTODOS Revisão de prontuário e descrição do acompanhamento gestacional e dados de seguimento pós-natal da paciente. RESULTADOS Paciente, 28 anos, com MPS I forma Scheie (genótipo R89Q/W402X), diagnosticada aos 10 anos de idade, em TRE desde os 19 anos. Primeira gestação aos 27 anos, casal não consangüíneo, acompanhamento gestacional desde o primeiro trimestre. A paciente permaneceu em TRE quinzenalmente durante toda a gravidez, sem intercorrências. Permaneceu monitorada por equipe multidisciplinar composta por obstetra, pneumologista, cardiologista, otorrinolaringologista, neurocirurgião, geneticista, médico fetal e nutricionista. Ao exame clínico, paciente apresentava, previamente à gestação, altura = 136cm e peso = 41kg. Os seguintes exames foram realizados: Ecocardiograma, demonstrando insuficiência valvar múltipla leve a moderada e átrio esquerdo de volume limítrofe; Espirometria, sugestiva de distúrbio respiratório restritivo moderado; Polissonografia, com transtorno respiratório obstrutivo leve (Índice de apneia e hipopneia = 7,1 eventos/hora de sono). Ecografia morfológica e ecocardiograma fetais normais. Uma menina nasceu de parto cesáreo, com 31 semanas de idade gestacional, peso 1705g, APGAR 8/8, sem outras intercorrências e sem malformações congênitas. Necessitou de cuidados intensivos para ganho de peso, recebendo alta 45 dias após o nascimento e recebendo fórmula láctea (aleitamento materno apenas por cerca de 15 dias). Nenhum evento adverso relacionado à TRE foi relatado. Dosagem plasmática da enzima alfaiduronidase do bebê resultou normal. CONCLUSÃO Ainda são escassos os relatos de gestações em pacientes com mucopolissacaridose e o manejo desses casos. Não se espera teratogenicidade decorrente de TRE. Relatos de gestações tratadas com TRE disponíveis para outras doenças lisossômicas também mostraram gestações sem eventos adversos para o feto. É importante a monitorização rigorosa da paciente pelas possíveis complicações decorrentes da baixa estatura materna e disostose múltipla associada a MPS I. O manejo multidisciplinar foi fundamental para o desfecho positivo deste caso. Palavras-chaves: MPS I, Gestação, Laronidase Agência de Fomento: