ANEEL mantém multa de R$ 6,9 milhões e decide não cassar a concessão da Coelce 06/11/2000 ANEEL mantém multa de R$ 6,9 milhões e decide não cassar a concessão da Coelce A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) manteve a multa de R$ 6,9 milhões, aplicada à Companhia Energética do Ceará (Coelce) pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce). A Coelce havia recorrido da multa aplicada no início do ano em razão de problemas verificados na qualidade do fornecimento de energia e nas relações comerciais com os consumidores. Já o processo de caducidade da concessão, aberto em maio passado, foi encerrado porque os fiscais da ANEEL e da Arce concluíram que houve uma reversão significativa nos problemas verificados anteriormente, com um índice de adequação às exigências da ordem de 80%. Em função da melhoria da qualidade dos serviços prestados ao consumidor, o diretor-relator do processo na ANEEL considerou que não há mais razão para impedir a participação da empresa e de seus controladores em novos leilões de serviço público de distribuição de energia. Foram quatro os itens descumpridos pela Coelce e que levaram à manutenção da multa aplicada pela Arce e que deverá ser paga no prazo máximo de 10 dias, sem direito mais a recurso administrativo: informação do consumo do mês anterior na fatura; subestações sem cercas de proteção; níveis de tensão inadequados; e não cumprimento das metas de indicadores DEC e FEC estabelecidas no Contrato de Concessão. ÍNDICES DE ADEQUAÇÃO No processo de caducidade da concessão, a ANEEL avaliou 15 itens referentes a falhas e transgressões na prestação de serviços que haviam sido considerados insatisfatórios pela fiscalização nos anos de 98 e 99. Sete destes itens referiam-se a aspectos comerciais, 4 a problemas técnicos e 4 à gestão econômico-financeira. O principal foco da fiscalização foi verificar se as medidas tomadas pela empresa tiveram eficácia comprovada na melhoria da qualidade dos serviços e no atendimento ao consumidor. Foram fiscalizadas 51 unidades de atendimento e visitadas 13 gerências regionais. O resultado da fiscalização está no quadro abaixo: Itens Avaliados Índice médio de adequação Atendimento a Pedido de Ligação 72,5% Unidade Consumidora Residencial Baixa Renda 81,9% Atendimento ao Consumidor 60,9% Arrecadação 86,0% Participação Financeira 77,5% Ressarcimento de Danos 74,0% Fraude e Desvio de Energia 91,8% Aspectos da Oper/Cons/Manut e Segurança das Instalações 88,5% Níveis de Tensão 47,6% Índices de Continuidade 97,0% Operação com empresas do mesmo grupo 100% Transferência de Tecnologia * Cessão de ativos 100% Operação de compra e venda de energia com a CERJ 100% * Concedido prazo até 30/11/2000 Uma das melhorias verificadas pela fiscalização refere-se à segurança dos trabalhadores. A Coelce passou a contratar as empresas não mais pela produção, o que levava a jornadas excessivas, e sim por homem/hora trabalhada. Também foi iniciado um programa de capacitação e treinamento quanto à segurança no trabalho, tanto para os trabalhadores próprios quanto para os terceirizados. Na parte comercial, a principal melhoria refere-se ao enquadramento adequado dos consumidores na classe baixa renda, o que permitiu que aproximadamente 50 mil famílias fossem beneficiadas com os descontos de até 65% nessa classe de consumo. Além disso, todos os consumidores que estavam indevidamente enquadrados fora da área de baixa renda receberam um ressarcimento, em média, de R$ 53,00 pelo erro cometido. A fiscalização da ANEEL foi especialmente rigorosa no que se refere aos níveis de tensão da rede e à apuração dos indicadores de qualidade, cujos dados não eram apurados corretamente. Além das correções já feitas, a Coelce apresentou à ANEEL um plano de medidas adicionais para atender às exigências da qualidade. Até 30 de novembro, por exemplo, a Coelce deverá regularizar os limites anuais de gastos com transferência de tecnologia para a matriz no exterior. Já no que se refere à melhoria dos níveis de tensão, a empresa se comprometeu a construir 27 novas subestações e 1.500 Km de linhas de transmissão até 2003. A concessionária cearense, privatizada em abril de 1998, atende a 1,652 milhão de consumidores em 184 municípios. O grupo controlador da Coelce é composto pelas empresas Cerj (36,43%), Endesa (37,55%), Estelmar (10,41%) e Interocean (15,61%).