1 MARANA R. ROMÃO DO NASCIMENTO OS PROCESSOS E AS MELHORES PRÁTICAS DO GERENCIAMENTO DE ESCOPO E QUALIDADE EM EMPRESAS DE ARQUITETURA Trabalho apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, PósGraduação lato sensu, da Fundação Getúlio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos. ORIENTADORA: Maria Luiza Zacharias Rio de Janeiro Setembro/2016 2 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS Trabalho de Conclusão de Curso Os processos e as melhores práticas do gerenciamento de escopo e qualidade em empresas arquitetura Elaborado por Marana R. Romão do Nascimento E aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management. Rio de Janeiro, 01 de Setembro de 2016. André Barcaui Coordenador Acadêmico Executivo Maria Luiza Zacharias Orientadora 3 TERMO DE COMPROMISSO A aluna Marana Ramos Romão do Nascimento, abaixo assinado, do curso de MBA em Gerenciamento de Projetos, Turma GPT-109 do Programa FGV Management, realizado nas dependências da FGV Botafogo, no período de 2015 a 2016, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado como “Os processos e as melhores práticas do gerenciamento de escopo e qualidade em empresas de arquitetura” é autêntico, original e de sua autoria exclusiva. Rio de Janeiro, 01 de Setembro de 2016. Marana Romão do Nascimento 4 AGRADECIMENTOS Agradeço ao universo por sempre conspirar positivamente ao meu favor, e apesar de todas as incertezas que esse ano me trouxe, os desafios apresentados me proporcionaram grandes conquistas. Agradeço a FGV e seu corpo docente, que contribuíram para a minha formação através de orientações e ensinamentos. Aos colegas de turma pela troca de experiência. Ao meu marido pelo suporte ao longo dessa caminhada. Aos meus familiares e amigos pelo carinho e incentivo, e a todos aqueles que participaram diretamente ou indiretamente, da minha formação. 5 RESUMO O presente trabalho traz uma reflexão sobre as práticas e papel do arquiteto frente às atividades de gestão e coordenação em projetos de edificações multidisciplinares na construção civil no Brasil. O estudo vem reconhecer a importância do gerenciamento de projetos na construção civil e delimita-se na gestão de escopo e qualidade. A partir de pesquisas bibliográficas, foram estudadas teorias, conceitos e discutidas as dificuldades das práticas gerenciais do segmento da construção civil. O objetivo do estudo consistiu em identificar os pontos críticos do gerenciamento de escopo e de qualidade, a partir dos obstáculos apresentados, além de propor ferramentas, implementação de boas práticas e melhorias fornecidas por meio de um gerenciamento eficiente e eficaz. Palavras-Chave: Arquitetura, Projeto de Edifício, Gestão do Escopo, Gestão da Qualidade. 6 ABSTRACT This paper presents a reflection on the practice and role of the architect to management and coordination activities in multidisciplinary building projects in construction in Brazil. The study reveals the importance of the project management in construction and focus on the scope and quality management. A bibliographic research was developed, putting together theories and concepts about the difficulties of the management practices in the construction segment. The aim of the study was to identify the critical points of management scope and quality, and basead on the obstacles presented, to propose tools, implementation of best practices and improvements by means of an efficient and effective management. Keywords: Architecture, Building Design, Scope Management, Quality Management. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Interação dos grupos de processo em uma fase ou projeto ..................... 18 Figura 2: Visão geral do gerenciamento do escopo do projeto ................................ 22 Figura 3: EAP – estrutura análitca do projeto ........................................................... 25 Figura 4: Visão geral do gerenciamento da qualidade ............................................. 30 Figura 5: DMAIC ....................................................................................................... 34 Figura 6: Sequência prática do PDCA ...................................................................... 35 Figura 7: Aspectos referentes a compatibilização de projetos ................................. 40 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Você sabe o que é gestão de projetos? .................................................. 12 Gráfico 2: Número de escritórios de arquitetura certificados pela ISO 9001:2000 em Março de 2006 .......................................................................................................... 47 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Benefícios da gestão de projetos ............................................................ 17 Quadro 2: Grupo de processos de gerenciamento de projeto e mapeamento das áreas de conhecimento ....................................................................................................... 20 Quadro 3: Principais aspectos sobre as abordagens de qualidade segundo Garvin ................................................................................................................................... 28 Quadro 4: Complexidade e especialização dos projetos em empreendimentos de construção de edifícios ............................................................................................. 42 Quadro 5: Problemas mais frequentes nos projetos ............................................... 43 Quadro 6: Resumo das principais caracteristicas das empresas estudadas citadas no gráfico 2 .................................................................................................................... 47 Quadro 7: As cinco fases do ciclo de vida da gestão do projeto .............................. 51 Quadro 8: Fatores críticos no ciclo de vida da gestão de projetos .......................... 52 Quadro 9: Habilidades necessárias à atividade de coordenação ............................ 55 Quadro 10: Modelos de coordenação e vantagens potenciais ............................... 56 Quadro 11: Recomendações para o sucesso do projeto ..........................................51 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 1.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 11 1.2. Objetivos Específicos ............................................................................. 11 1.3. Relevância e Justificativa ....................................................................... 12 2. A NATUREZA DO PROCESSO DE PROJETO................................................... 14 2.1. Conceitos Básicos Sobre o Gerenciamento de Projeto .................. 14 2.1.1. Breve Histórico do Gerenciamento de Projetos .................................. 14 2.1.2.Conceito e Definição de Projeto .......................................................... 15 2.1.3. Definição, Objetivos e Benefícios do Gerenciamento de Projetos ..... 16 2.1.4. Os Grupos de Processos e as Áreas de Conhecimento ..................... 18 2.2. O Gerenciamento de Escopo .............................................................. 21 2.2.1.Definições de Escopo .......................................................................... 21 2.2.2. O Plano de Escopo e o Termo de Abertura ........................................ 23 2.2.3. Coletar Requisitos ............................................................................... 23 2.2.4. Definir Escopo ..................................................................................... 24 2.2.5. EAP ..................................................................................................... 24 2.2.6. Validar o Escopo ................................................................................. 25 2.2.7. Controlar o Escopo ............................................................................. 26 2.2.8. Mudança de Escopo ........................................................................... 26 2.3. O Gerenciamento da Qualidade na Arquitetura ................................ 27 2.3.1. Definições e Objetivos da Qualidade em Projetos .............................. 27 2.3.2. O plano da Qualidade ......................................................................... 30 2.3.3. Garantia da Qualidade ........................................................................ 31 2.3.4. Controle da Qualidade ........................................................................ 31 2.3.5. Os Certificados da Qualidade ............................................................. 31 2.3.6. Aperfeiçoamento Contínuo dos Processos ........................................ 33 3. O AQUITETO E O CENÁRIO ATUAL DO GERENCIAMENTO DE PROJETO EM EMPRESAS DE ARQUITETURA..............................................................................37 3.1. Definições, Atribuições e Campos de Atuação do Arquiteto .................. 37 3.2. As Etapas e os Processos em Projeto de Edificações ........................... 38 9 3.3. A Compatibilização em Projetos de Arquitetura ..................................... 39 3.4. A Academia de Arquitetura e o Gerenciamento de Projetos .................. 40 3.5. A Gestão nas Empresas de Arquitetura ................................................. 41 3.6. As falhas em Projetos de Arquitetura Versus o Gerenciamento de Escopo............................................................................................................ 43 3.7. A Ausência da Gestão da Qualidade em Projetos de Arquitetura .......... 45 4. TENDÊNCIAS, PRÁTICAS E FERRAMENTAS VOLTADAS PARA PROJETOS DE ARQUITETURA ................................................................................................. 49 4.1. As Melhores Práticas e Ferramentas para a Gestão de Projetos .......... 49 4.2. Fatores Críticos de Sucesso .................................................................. 50 4.3. Desafios e Tendência para Empresas de Arquiteturas ......................... 53 4.4. O Perfil do Arquiteto Coordenador ........................................................ 55 4.5. Melhoria do Gerenciamento da Escopo em Projetos de Arquitetura .... 56 4.6. Melhoria do Gerenciamento do Qualidade em Projetos de Arquitetura . 58 5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 62 10 1.INTRODUÇÃO Um pessimista vê uma dificuldade em cada oportunidade, Um otimista vê uma oportunidade em cada dificuldade. Winston Churchill A arquitetura é concebida e construída em resposta a um somatório de condições existentes. Essas condições, em determinados casos, são oriundas da forma e função, que obedecem uma natureza funcional ou em outras vertentes, traduzem aspectos econômicos, políticos e sociais. A habilidade de planejar e executar, em conjunto com o processo criativo, se mostra em constante transformações ao longo da história humana. Segundo Fabrício (2008, p.29), “as primeiras técnicas construtivas nascem a partir da observação da natureza e tem como finalidade responder as condições básicas de abrigo, moradia e locomoção. ” Desde os primórdios a arquitetura esteve ligada ao desenvolvimento tecnológico, através de experiências empíricas dadas pela observação. O progresso do projeto arquitetônico conceituou-se pelo intermédio de Fillipo Brunelleschi, através da obra Santa Maria del Fiore, em Florença, onde o então arquiteto propõe uma estrutura capaz de vencer 42m de vão, sem a utilização de estruturas auxiliares. Com a revolução industrial e o surgimento da tecnologia, o método de projetar de maneira abstrata e antecipada em relação à obra começa a incorporar o saber científico como meio de resolver problemas e vencer desafios estruturais e construtivos. (FABRICIO,2008, p.30) Assim como o projeto de arquitetura se direciona para questões macro no campo da construção civil, buscando as concepções arquitetônicas, através da forma e unção, os estudos das engenharias trazem soluções técnicas que deverão atender à execução do projeto. Entretanto, com o avanço da multiplicidade das edificações, o processo de projeto arquitetônico torna-se complexo, exigindo do arquiteto eficiência em suas técnicas. Nos dias de hoje, o processo de projeto do edifício incorpora crescente número de arquitetos, engenheiros e consultores especializados à medida que as obras se tornam mais complexas, marcando uma segunda onda de divisão do trabalho dentro da própria atividade intelectual de concepção e desenvolvimento do edifício. (FABRICIO, 2008, p. 31) Dessa forma, surgem novos paradigmas no âmbito da técnica construtiva e na formação de equipe multidisciplinares, propiciando a novas interfaces e interações. A partir dessa análise, o trabalho tem como objetivo discutir a performance dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo como gestores e coordenadores de projetos 11 multidisciplinares na construção civil, além de identificar falhas comuns no processo de gerenciamento de projetos de arquitetura. Pretende, ainda, auxiliar a implantação de boas práticas à luz do PMBOK, além de ferramentas, teoria, técnicas e melhorias voltadas para o gerenciamento de escopo e qualidade. 1.1. Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é apresentar os benefícios do gerenciamento de projetos que podem ser alcançados através da implementação de ferramentas e boas práticas da gestão do escopo e de qualidade voltados para o segmento da construção civil, especificamente, de projetos de arquitetura. 1.2. Objetivos Específicos De forma a complementar o objetivo geral, os objetivos específicos buscam conceituar, de forma geral o planejamento de escopo e de qualidade, a fim de fornecer diretrizes para o gerenciamento em projetos de arquitetura. Com a intenção de descrever como é praticado usualmente um gerenciamento de projeto de arquitetura, será apresentado o cenário atual da gestão de empresas de arquitetura, descrevendo os processos existentes de gerenciamento de projeto, aprofundando e identificando os problemas ocasionados pela falta de aplicação de gestão em projetos de arquitetura. Outros objetivos específicos são: • Mapear as principais falhas decorrentes da ausência de um adequado gerenciamento de escopo nessas empresas. Realizar um estudo de boas práticas e ferramentas voltados para a o gerenciamento de escopo, buscando identificar quais problemas poderiam ser sanados ou mitigados com o uso do estudo dessas boas práticas. • Aprofundar a discussão sobre a necessidade de uma gestão de qualidade em projetos de arquitetura, revelando as práticas de gerenciamento da gestão da qualidade. • Apresentar as melhores práticas, ferramentas e melhoria contínua voltadas para a qualidade. 12 1.3. Relevância e Justificativa A gestão de projetos pode ser definida como o planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas integradas de forma à atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos participantes do projeto. (KERZNER, 2006,p.15) De acordo com pesquisas realizadas acerca da gestão de projetos em escritórios de Arquitetura e Urbanismo, constatou-se a ausência de implantação de uma metodologia de gerenciamento, e de certa forma, o despreparo e desconhecimento para gerenciar projetos pelos profissionais de arquitetura. A pesquisa de Silva (2015) revela que, quando questionados sobre o que é gestão de projetos, apenas metade dos entrevistados sabe o verdadeiro significado do que se refere a gestão, como mostra o Gráfico 1. Coincidentemente os escritórios com mais dez anos confirmam saber do que se trata. Já os que iniciaram o escritório nos últimos cinco anos afirmam não saber o real significado. Essa afirmação mostra que os escritórios aprendem com o tempo, ou buscam alternativas para criar metodologias na gestão dos projetos internos. (SILVA, 2015, p.9) Gráfico 1: Você sabe o que é gestão de projetos? Fonte: SILVA, 2015, p.9 Essa realidade traduz em parte a problemática da gestão de projetos em arquitetura onde a incipiência da gestão fica evidente. Por outro lado, a academia de Arquitetura e Urbanismo, falha ao fornecer elementos e ferramentas gerenciais voltada para as práticas arquitetônicas, agravando o cenário. De fato, nas nossas escolas de arquitetura e engenharia, a graduação dedica pequena ou nenhuma carga horária ao desenvolvimento de habilidades gerenciais, comunicacionais e de liderança, sendo a formação na área de projeto muito mais orientada aos aspectos técnico cognitivos do processo, 13 com ênfase no desenvolvimento da criatividade e das técnicas associadas aos projetos. (FABRÍCIO et al, 2001, p.05) Com base nos relatos acima, a ausência de um eficaz gerenciamento de projetos no meio arquitetônico, atrelados à má formação gerencial do Arquiteto e Urbanista, enfatiza ausências de conhecimentos básico oriundos desde a graduação ou formação inicial. A base desse estudo, além de fornecer subsídios aos arquitetos, busca apontar e identificar dentro da prática exercitada, os erros e os pontos de melhoria dentro da gestão de projetos como um todo, aprofudando no gerenciamento de escopo e qualidade. As áreas de conhecimentos do PMBOK, apesar de diagnosticadas e abordadas como as boas práticas de gestão, não são conhecidas nas suas terminologias por aqueles que não estudaram ou não vivenciam em suas empresas cada área de conhecimento. Pensando nisso, foi questionando aos escritórios de arquitetura qual área de conhecimento seria mais relevante na gestão de projeto dentre o tripé: ESCOPO-TEMPO-CUSTOS. A unanimidade foi ESCOPO. (SILVA, 2015, p.9) As consequências provenientes da falta de gerenciamento de escopo se traduzem como o elemento básico que mais impacta no resultado de um projeto, e pode até mesmo levar um projeto ao fim devido a não aceitação do cliente ao produto final. Por outro lado, quando exercida a boa gestão do escopo, tem-se um projeto dentro de custos e prazos planejados, além da obtenção de maior assertividade nas entregas dos projetos. Com o objetivo final determinado pela busca pela satisfação do cliente, o presente estudo propõe apresentar teorias, conceitos e identificar problemas e, em conjunto com a gestão da qualidade, fomentar o processo de melhorias constante e contínua que dará suporte e diretrizes ao gerenciamento de escopo. 14 2. A NATUREZA DO PROCESSO DE PROJETOS A fundamentação teórica descrita aqui tem por objetivo subsidiar e contribuir para a melhoria do gerenciamento em projetos de arquitetura. Esse capítulo pretende apresentar teorias, conceitos, ferramentas e técnicas relacionados ao gerenciamento de projeto, planejamento e controle do escopo e da qualidade. 2.1. Conceitos Básicos sobre o Gerenciamento de Projeto 2.1.1. Um Breve Histórico do Gerenciamento de Projeto Atualmente muito se fala em projeto e em gerenciamento de projetos, muitos filósofos e intelectuais discutem sobre tempo, custo e escopo. No entanto, projetos existem desde os primórdios da civilização, através de grandes construções como as pirâmides do Egito, a muralha da China e o Coliseu. Embora a sistematização e a abordagem científica dos conhecimentos sobre o tema gerenciamento de projetos sejam relativamente recentes, estudos nos mostram que, mesmo de forma rudimentar, projetos vêm sendo utilizados desde o início das civilizações, pois tudo aquilo que demanda do ser humano eficiência, organização e planejamento para alcançar objetivos específicos, de certa forma, pode ser considerado projeto. (VALLE et al, 2014, p.17) A revolução industrial trouxe a necessidade de metodizar e organizar o modo de gerenciar as atividades dos trabalhadores, bem como a linha de produção e a montagem de quantidade de matéria-prima. Na segunda metade do século XIX os novos negócios tiveram um significativo aumento na complexidade em escala internacional, onde originaram-se os princípios da gerência de projetos. O conceito de gerência de projeto surge nos EUA, ao final da década de 50 e início da década de 60. Ao longo da história, o desenvolvimento e a sistematização dos conhecimentos relacionados ao gerenciamento de projetos têm sido impulsionados por diversos fatores, tais como guerras, forças econômicas, desenvolvimento tecnológico e projetos em grande escala de órgãos governamentais. (VALLE et al, 2014, p.18) No início do século XX Frederick Taylor iniciou seus estudos aplicando o raciocínio científico sobre as sequências de trabalho. Mais tarde, Henry Gantt aprofundou o estudo da ordem de operações no trabalho criando o “Gráfico de Grantt” 15 que representam sequências e durações das tarefas. Antes de Henry e Taylor, só era possível medir a produtividade no trabalho através do número de horas trabalhadas. A maior evolução ocorreu nas décadas seguintes a Segunda Guerra Mundial, com os diagramas de rede, chamados de gráficos Pert (program evaluation and review technique), o método do caminho crítico (critical path method – CPM) e sistemas de controle de custos e cronogramas sendo cada vez mais difundidos e utilizados pelos gerentes. (VALLE et al, 2014, p.20) Atualmente o Project Management Institute (PMI), fundado na década de 60, é uma das principais associações para profissionais de gerenciamento de projetos. O PMI, assim como outras instituições, tem como objetivo aprimorar o desenvolvimento da gerência de projetos, divulgando técnicas, ferramentas e boas práticas que envolvem as atividades ligadas a projetos. 2.1.2. Conceito e Definição de Projeto Projetos são elaborados e executados por diversos tipos de organizações com a finalidade de criar produtos e serviços, além de introduzir mudanças e implementar inovações. Para que exista a intenção de realizar um projeto é necessário que haja um desejo, um sentido ou uma finalidade. Um projeto pode ser definido como: Um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade. (VARGAS, 2006, p.7) Dessa forma, é possível citar algumas caraterísticas específicas presentes em todos os projetos, como temporariedade, já que possuem prazos estabelecidos; singularidade, pois possuem entregas com especificidades únicas; Progressividade, uma vez que são desenvolvidos de modo gradativo. Além disso, projetos utilizam recursos e possuem parâmetros multidisciplinaridade e complexidade. pré-definidos, apresentam restrições, 16 2.1.3. Definição, Objetivos e Benefícios do Gerenciamento de Projetos Os projetos, apesar de serem únicos, devem ser gerenciados de forma rigorosa e especializada para apresentarem resultados positivos e integração necessária para as organizações, dentro de um custo, prazo e escopo previsto. Silva e Souza (2003 apud SILVA e NOVAES, 2008) afirmam que o gerenciamento de projeto consiste na administração de todas as responsabilidades, prazos, objetivos estabelecidos e requer planejamento, organização e controles que sejam mantidos ao longo de todo o processo de projeto. Por conceito, o gerenciamento de projetos é dado através da aplicação dos 5 grupos de processo: Iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento. Do qual distribuem-se 47 processos de gerenciamento. Segundo o PMI (2013, p.5) “gerenciamento de projetos é aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades de projeto para atender aos seus requisitos”. A gestão de projetos traz diversos benefícios como clareza e objetividade na elaboração de escopo, delimitações e definições do projeto com qualidade, também possibilita de forma adequada a estimativa e planejamento de prazos e custos, e dessa forma, cria segurança do produto final entregue a todos os envolvidos num projeto. Além dos benefícios citados, o gerenciamento, quando abordado de forma abrangente, traz inúmeras vantagens para a organização como melhora na produtividade dos funcionários, aumento de lucro, aumento da competitividade perante empresas concorrentes e melhoria nos processos de projeto. À medida que os benefícios são atingidos, como mostra o quadro 1, inicia-se a busca pela excelência em gerenciamento de projetos. 17 Quadro 1 – Benefícios da gestão de projetos Fonte: KERZNER,2006 p.30 A existência de uma metodologia não necessariamente garante o sucesso de um projeto. Em outras palavras, um projeto bem-sucedido é aquele que atingiu aos seus objetivos e propósitos, atendendo às expectativas de todos os envolvidos. Nesse sentido, um projeto de sucesso é aquele realizado como o planejado e, portanto, foi executado de acordo com o custo e prazos previstos, dentro da qualidade e com a finalidade especificada. Anthony (apud KERZNER,2006, p.17) afirma que as empresas que adotaram a filosofia e uma prática maduras de gerência de projetos estão mais capacitadas ao sucesso na corrida pelo mercado do que aquelas que continuam com as velhas práticas. A disciplina gerência de projetos força a nossa atenção para detalhes indispensáveis para a execução bem-sucedida de projetos... é fundamental entender claramente a missão, o escopo, os objetivos e a entrega de cada projeto desde a sua concepção. Muitas empresas, por resistência a mudança, não implantam a gestão de projetos. A sobrevivência e a lucratividade de produtos e serviço que sustentam a empresa, por vezes, inibem a percepção da necessidade de uma excelência de gerenciamento de projetos. 18 2.1.4. Os Grupos de Processo e as Áreas de Conhecimento “Um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado. ” (PMI, 2003, p.47). Em síntese, um processo é um conjunto de ações que atuam sobre determinadas entradas de projetos e que geram saídas específicas. Os processos são divididos em cinco categorias: Processos de Iniciação que são responsáveis por formalizar e definir os objetivos de um novo projeto ou uma fase dentro de uma organização; Processos de Planejamento que definem e aprimoram a declaração de escopo e o plano de gerenciamento do projeto; Processo de Execução que viabilizam as entregas do projeto especificadas pelo plano de gerenciamento de projeto; Processos de Monitoramento e Controle que identificam e atuam sobre o status, progresso e desempenho do projeto e apontam possíveis mudanças; Processos de Encerramento formalizam o término das atividades de todos os grupos de processo. Os grupos de processo interagem e se sobrepõem em diferentes momentos e ocorrem com maior ou menor intensidade a depender como as fases do projeto se relacionam. A figura 1 apresenta uma composição do fluxo e das interações entre os grupos de processos. Figura 1 - Interação dos grupos de processo em uma fase ou projeto Fonte: PMI, 2003, p.51. 19 O guia PMBOK (PMI,2013) identifica 47 processos de gerenciamento que são agrupados em 10 áreas de conhecimento e em 5 grupos de processo. A área de conhecimento constitui um conjunto formado por conceitos, termos e atividades que formam um campo de gerenciamento de projeto. São as áreas de conhecimento: gerenciamento da integração do projeto, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos, aquisições e stakeholders ou partes interessadas no projeto. Cada um dos processos citados possui um detalhamento específico e uma abrangência, e que por consequência estão interligadas as áreas de conhecimento formando um conjunto, inteiramente organizado e sintonizado, como mostra o quadro 2. 20 Quadro 2 Grupo de processos de gerenciamento de projeto e mapeamento das áreas de conhecimento Fonte: PMI, 2003, p.61 21 2.2. O Gerenciamento do Escopo em Projetos 2.2.1. Definições de Escopo O gerenciamento de escopo do projeto é o processo que assegura que o projeto inclui o trabalho exigido, e apenas o exigido, para que o projeto seja finalizado com sucesso. Esse tipo de gerenciamento está intrinsicamente relacionado com a definição e controle do que está e do que não está contido no projeto. Os processos do gerenciamento de escopo devem estar afinados a todas as áreas de conhecimento para que o objeto final resulte na entrega do produto especificado. A figura 2 fornece uma visão geral e exemplifica os processos de gerenciamento de escopo que incluem planejar o gerenciamento de escopo, coleta de requisitos, definição de escopo, criação da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), validar o escopo e controlar o escopo, que serão descritos e detalhados no capítulo 2.3.2. Desenvolver esses processos envolve decidir entre objetos e alternativas que competem entre si, de modo a atender ou exercer as necessidades e expectativas das partes interessadas. (SOTILLE, 2014, p.33) 22 Figura 2 – Visão geral do gerenciamento do escopo do projeto Fonte: PMI, 2003, p.106. 23 2.2.2. O Plano de Escopo e o Termo de Abertura O plano de gerenciamento é um processo que deverá documentar como o escopo será definido, validado e controlado e como será realizado a gerência de mudanças no escopo. Os benefícios para desenvolver o plano de gerenciamento de escopo superam os custos e buscam foco no resultado, diminuição de incertezas e retrabalho. Uma das vantagens desse processo é a obtenção de regras e instruções de como o escopo será gerido ao decorrer do projeto. Os componentes de um gerenciamento de escopo incluem (PMI, 2013, p.110): • O processo de preparação e especificação detalhada do escopo do projeto; • O processo que habilita a criação da EAP a partir da especificação do escopo do projeto detalhada; • O processo que estabelece como a EAP será mantida e aprovada; • O processo que especifica como será obtida a aceitação formal das entregas do projeto concluídas; • O processo para controlar como as solicitações de mudança na especificação do escopo do projeto detalhada serão processadas. Este processo está diretamente ligado ao processo executar o controle integrado de mudanças. O plano do gerenciamento de escopo se inicia com as informações contidas no termo de abertura do projeto. O termo de abertura do projeto é um documento que formaliza o início de um projeto. Segundo o PMI (2013, p.71) “ele documenta as necessidades e requisitos de alto nível cliente, e o novo produto, serviço ou resultado que pretende satisfazer”. O termo de abertura deve conter a designação do gerente, a justificativa do projeto quanto à visão do cliente, fatores de sucesso, especificação do produto, além de premissas e restrições. 2.2.3. Coletar Requisitos Os requisitos são condições, exigências ou características que um projeto, produto ou serviço deverá ter, de modo que atenda às necessidades das partes envolvidas. Pode-se distinguir em requisitos de projetos, aqueles que traduzem 24 necessidades do trabalho, e requisitos de produto, que estão relacionados à solução resultante do produto final. A documentação dos requisitos é fundamental ao sucesso do projeto, porque descreve como os requisitos satisfarão as necessidades do negócio e do objetivo a que ele se propõe. (DINSMORE, 2014, p.81) As técnicas para coleta de requisitos envolvem consenso de grupo e, a partir daí, eliminam-se as divergências. As principais técnicas são as entrevistas, branstorming, técnica de grupo nominal, técnica delphi, mapas mentais oficinais e dinâmicas. A coleta de dados é apresentada através da matriz de rastreabilidade de requisitos. 2.2.4. Definir Escopo Se o projeto se estende além do escopo identificado, o risco do fracasso aumenta. A partir do momento em que o escopo do projeto possui objetivos claros e concisos, a equipe pode identificar as restrições e premissas que não fazem parte do escopo do projeto. (DINSMORE, 2014, p.82) A definição de escopo ou a declaração de escopo é de suma importância para o bom andamento de um projeto. Elas funcionam como uma espécie de anteprojeto, e correspondem, ao resultado do detalhamento de todas as informações que deverão constar no termo de abertura. Para uma definição adequada, a declaração de escopo deve considerar: Especificações técnicas, prazos, custos, qualidade a ser atendida, riscos que envolvem o objeto, matriz de responsabilidade, comunicação e critério de seleção dos possíveis fornecedores, critérios de aceitação do projeto, premissas, restrições e exclusões do projeto. 2.2.5. Estrutura Analítica do Projeto – EAP A EAP possibilita decompor o trabalho planejado, dividindo e subdivindo o escopo em partes menores e, consequentemente, mais gerenciáveis. Cada divisão e subdivisão têm como objetivo atender uma entrega do projeto. A figura 3 representa um modelo genérico de EAP. 25 Figura 3 – EAP (Estrutura analítica do projeto) Fonte: SOTILLE, 2014, p.103 2.2.6. Validar o Escopo Ações de monitoramento e validação do escopo são aquelas que exigem o acompanhamento e certificação das condições e dos resultados que são obtidos durante a execução do projeto, bem como sua comparação com o que foi anteriormente planejado. (SOTILLE, 2014, p.118) A validação do escopo consiste em ações de inspeção que poderá ser realizada através de medições, exames e verificações, que deverão certificar se o trabalho e as entregas que foram previstas foram cumpridas. Uma vez que o trabalho realizado tenha sido considerado pelo cliente e pelo responsável como entregue, deverá ser elaborado um documento ou termo de recebimento finalizando a etapa, ou seja, o aceite final deverá ser dado de modo formal. 26 2.2.7. Controlar o Escopo O processo de controlar o escopo está relacionado ao controle integrado de mudanças, pois deve assegurar que todas as ações preventivas ou corretivas sejam processas e formalizadas pelo controle de mudanças. A mudança é inevitável, dessa forma o controle de mudanças torna-se obrigatório para todos os projetos. O gerenciamento de escopo é primordial para que sejam determinadas todas as atividades desenvolvidas e as entregas previstas no projeto. Dessa forma, o processo de gerenciamento de escopo deve ser conduzido com precisão, de modo a evitar que possíveis falhas possam impactar diretamente em custos, tempo ou na recusa do projeto pelo cliente. Para obtermos sucesso nos projetos é imprescindível ter a avaliação correta das expectativas tangíveis e intangíveis do cliente e de todas as partes interessadas. Quando encontrada divergência entre escopo definido e acordado deve ser realizado e documentado um processo formal de controle de mudanças para a garantia de que o objetivo final será entregue como pretendido, atingindo a satisfação do cliente. 2.2.8. Mudanças de Escopo Planejar o escopo implica controlar o escopo e, necessariamente, lidar com o controle de mudanças do escopo. Gerir a mudança de escopo deve envolver ferramentas e mecanismos que sirvam como filtros ou barreiras para evitar os impactos que a mudança do escopo venha a apresentar. Todas as mudanças de escopo devem ser registradas, documentadas e informada a todas as partes interessadas. O registro de solicitação de mudança deve conter informações como: data, fase do projeto, quem solicita a alteração, histórico com o antes e depois da mudança, nível de importância da mudança e urgência da mudança. 27 2.3. O Gerenciamento da Qualidade em Projetos 2.3.1.Definições e Objetivos da Qualidade em Projetos Atualmente observa-se um crescimento da corrida pelo alcance da qualidade em projetos. No entanto a busca pela qualidade já se vê desde 2150 a.c., como descreve Oliveira et al (2003, p.05) o código de Hamurabi, que consiste no conjunto de leis escritas oriundo da Mesopotâmia, “já demostrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época. ” Ao longo da história, nota-se o percurso percorrido para que as teorias e práticas do gerenciamento da qualidade chegassem até ao ponto que se encontram hoje, entretanto, ainda há um grande caminho a ser explorado. O gerenciamento da qualidade se aplica a todos os projetos, as abordagens e técnicas são específicas e variam em cada tipo projeto. A qualidade do projeto implica em buscar um determinado nível de produto que atenda às necessidades do cliente ao ponto que o mesmo fique satisfeito. Slack e colaboradores (1999 apud, ROCHA, 2014, p.22) afirmam que “qualidade é a consistente conformidade com as expectativas dos consumidores”. No entanto, se as expectativas dos clientes são balizadores para a qualidade do produto ou projeto, torna-se necessário transformar as intenções dos clientes em expectativas mensuráveis. Para tal, é necessário medir e definir com precisão a satisfação e a expectativa do cliente ou usuário final. As solicitações dos clientes nem sempre são tangíveis e claras, grande parte das dificuldades consiste em identificar todas as reais necessidades dos clientes, objetivas ou não, e definir quais poderão ser efetivamente atendidas. Essas necessidades deverão estar alinhadas com as entregas e o plano de escopo do projeto. O quadro 3, elaborado por Garvin (2002, apud ROCHA, 2014, p.32) “consolida a necessidade de equilíbrio entre a subjetividade e a objetividade na gestão da qualidade em projetos”. 28 Quadro 3 – Principais aspectos sobre as abordagens de qualidade Preponderância: Abordagem Resumo da lógica Objetividade ou Baseada em Estratégica subjetividade Transcendência Qualidade é algo que Subjetiva porque leva em ultrapassa uma explicação conta a satisfação do cliente objetiva – é um referencial de sem necessidade de uma excelência. explicitação racional. Ênfase em determinados Objetiva porque leva em atributos explícitos de um conta aspectos que podem produto ser medidos. A qualidade visa à satisfação Objetiva porque tem o do usuário, ao atender seu propósito claro, embora propósito. individual. Qualidade é a conformidade da Objetiva porque segue produção com relação ao métricas claras para a especificado. redução de erros e produção. Qualidade é a valoração de Subjetiva porque a relação uma solução com relação ao custo/benefício pode ser seu custo. circunstancial e individual. Produto Usuário Manufatura Valor Fonte: Adaptado de Garvin (2002, apud ROCHA, 2014, p.32) Segundo Oliveira et al (2003, p.05): Para que a qualidade total seja desenvolvida e implantada com sucesso em organizações empresariais, é necessário desenvolver [...] total satisfação dos clientes, gerência participativa, desenvolvimento dos recursos humanos, constância de propósitos, aperfeiçoamento do sistema contínuo, gestão do controle e processos, disseminação de informações e delegação. A cultura da gerência participativa estabelece que para melhor eficiência e eficácia deve-se considerar as sugestões de melhoria do corpo de funcionários de uma organização. Na medida em que os funcionários passam a ser escutados, cabe diretamente aos recursos humanos desenvolver e trazer benefícios tangíveis à organização, de forma colaborativa, junto aos funcionários e à alta direção. É nesse contexto, que a empresa deve estabelecer a constância de propósito, de forma que recursos humanos, funcionários e alta direção, trabalhem juntos, criando um sentido de equipe, mudando as bases da empresa e a cultura organizacional, com a finalidade de ter sucesso no desenvolvimento e implantação da qualidade nas empresas. As 29 empresas de sucesso, além de estarem voltadas internamente com as melhorias, devem estar obrigatoriamente acompanhando todo e qualquer tipo de mudanças, e para que isso aconteça, as empresas devem estar continuamente aprimorando o processo da gestão da qualidade através de novas técnicas buscando resultados. Os objetivos, as políticas, as estruturas de uma organização, e sobretudo as culturas organizacionais, devem estar conscientes dos passos a serem percorridos para o alcance do sucesso em projetos no que diz respeito a gestão da qualidade. Para obter tal sucesso, preliminarmente é necessário um forte alinhamento de estratégias, identificar e priorizar as satisfações dos clientes, com foco no entendimento sobre as expectativas do cliente. Com o intuito de atingir a qualidade nos projetos, os subitens 2.3.2 ao 2.3.4 buscam alinhar estratégias e técnicas para a prática da gestão da qualidade. São descritas etapas do planejamento da qualidade até o último processo, o controle da qualidade. A figura 4 apresenta a visão geral do gerenciamento da qualidade, suas entradas, saídas e ferramentas para cada processo. 30 Figura 4 – Visão geral do gerenciamento da qualidade Fonte: PMI,2013, p.230 2.3.2.O Plano da Qualidade O plano da qualidade deve ser realizado em conjunto com outros processos de planejamento, pois poderão interferir diretamente em outros quesitos como custos, tempo, escopo e riscos. Para elaborar o plano da qualidade, primeiramente deve-se identificar os padrões de qualidades que irão balizar o projeto. Para tal, deverão ser estabelecidos metas e meios para avaliar o projeto a ser realizado, deve-se identificar o perfil e as necessidades dos clientes, fornecer e elaborar métricas. 31 Segundo o PMI (2013, p.235), “os benefícios do cumprimento da qualidade incluem menos retrabalho, maior produtividade, custos mais baixos, aumento da satisfação das partes interessadas e aumento da lucratividade”. O PMI (2013, p.236) cita 7 ferramentas de qualidade básicas. São elas: Diagrama de causa e efeito, fluxogramas, folhas de verificação, diagrama de Pareto, histogramas, gráfico de controle, gráficos de controle e diagramas de dispersão. 2.3.3. Garantia da Qualidade A garantia da qualidade tem como objetivo certificar que todos os padrões elaborados no plano de qualidade, deverão ser atingidos do mesmo modo tal qual foram definidos. Deve-se identificar se todas as boas práticas adotadas foram implementadas, apontar os gaps identificando as não conformidades e ao final de cada projeto, inserir as lições aprendidas na organização. O PMI (2013, p.245) elenca algumas ferramentas, são elas: Diagramas de afinidades, gráfico do programa do processo de decisão, diagrama interrelacionamentos, diagramas de árvore, matriz de priorização, diagrama de rede das atividades e diagramas matriciais. 2.3.4.Controle da Qualidade O controle da qualidade tem como objetivo o processo de monitorar, além de registrar os resultados e desempenho das atividades. Um dos benefícios desse processo é identificar os motivos de uma possível baixa qualidade de um projeto. Além de validar a conformidade das entregas do projeto. 2.3.5. Os Certificados da Qualidade Com a evolução e globalização tornou-se necessário uma padronização internacional dos procedimentos e da normativa da qualidade. A International Organization for Standardization, conhecida como ISO, tem como objetivo promover e desenvolver normativas internacionais voltadas para bens e serviços, com foco em gestão e gestão da qualidade. 32 Segundo Oliveira et al (2003, p.62) o sistema de documentação para atender as exigências da série ISO 9000 pode ser hierarquizado em quatro níveis: • Nível I: Documentação de abordagem geral que consiste basicamente no manual da qualidade da empresa, qual expõe e define, entre outros itens, a política de gestão da qualidade o sistema de qualidade, a estrutura organizacional e as responsabilidades. • Nível II: São os manuais de procedimentos, que listam todos os procedimentos usados na empresa e também definem responsabilidades (quem deve fazer o quê e quando). Esses manuais abrangem todos os elementos do sistema de qualidade utilizados pela empresa (análises de contratos, aquisição, controle de processos, inspeção e ensaios etc.). • Nível III: Abrangem as instruções operacionais básicas que identificam como se deve proceder para o eficaz funcionamento do sistema. Envolvem métodos de inspeção, cronogramas de trabalho, especificações, desenhos, instruções de trabalhos etc. • Nível IV: Consiste nos registros da qualidade, entre os quais citamos, os resultados de inspeções, os registros de aferição, as ordens de compra, a lista de fornecedores etc. São as evidências de que as instruções (nível III) foram seguidas. Uma vez certificada, a empresa deve cuidar pela manutenção do sistema de gestão da qualidade, para que não seja retirado o selo da ISO no futuro. A ISO 9000 atualmente é compreendida por três normas, que são compostas pela ISO 9000, 9001 e 9004, como descrito a seguir: • ISO 9000 (fundamentos e vocabulário): Descreve os fundamentos de sistema de gestão de qualidade e estabelece terminologia para esses sistemas. • ISO 9001 (Requisitos): Especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade – no qual uma organização precisa demostrar sua capacidade para fornecer produtos que atendam os requisitos do cliente e aos regulamente aplicáveis – e objetiva aumentar a satisfação dos clientes. • ISO 9004 (Diretrizes para a melhoria do desempenho): Fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de gestão da 33 qualidade. O objetivo dessa norma é melhorar o desempenho da organização e a satisfação de clientes e outras partes interessadas. Para alcançar a compatibilidade com as ISO, as definições do gerenciamento da qualidade buscam abordagens que visam reduzir a variação e entregar resultados que cumpram requisitos que reconhecem a importância da satisfação do cliente, prevenção ao invés de inspeção, melhoria contínua, responsabilidade da gerência e custo da qualidade (CDQ). 2.3.6. Aperfeiçoamento Contínuo dos Processos Por muito tempo associou-se melhoria da qualidade ao aumento de custos dos produtos. Porém, quando há aumento significativo da qualidade, paralelamente tem-se aumento de produtividade e ganhos relativos. Os custos da qualidade [...] são decorrentes, na verdade, da falta de qualidade. (OLIVEIRA et al, 2003, p.05) A razão para adoção da prática da melhoria contínua em projetos é facilmente reconhecida. No entanto, quando se aborda o assunto de gerenciamento da qualidade, ela se torna fundamental, já que para se manter no mesmo padrão de qualidade é preciso realizar esforços contínuos dentro de uma determinada organização. Em 2004 surge uma proposta de modelo completo denominado de TQC - total quality control ou controle total da qualidade. O TQC entendia que todas as áreas da organização deveriam estar voltadas para o resultado da qualidade e para a prática da melhoria contínua como referência suprema, que busca a satisfação do cliente e a redução de custos, a partir desse conceito, em que surge o CCQ – círculo de controle de qualidade e GQT gestão total da qualidade. Segundo Rocha et al (2014, p.49) “a GQT tornou-se uma referência clara de uma estratégia de melhoria contínua de cadeias produtivas e das suas relações com a sociedade. ” O primeiro modelo de análise e melhoria de processo é o Seis Sigma, cujo objetivo é reduzir os defeitos do negócio, baseia-se na identificação da variação das estatísticas dos processos, como descreve ROCHA et al (2014, p.50). 34 A figura 5 ilustra o modelo didático sobre o processo DMAIC (define, measure, analyse, improve, control). Como define Rocha et al. (2014, p.51): • Define (Definir), para estabelecer a necessidade inicial de definir uma variável importante (problema/erro) que se queira avaliar; • Measure (medir), para, estatisticamente identificar o grau de variação do item analisado (erro); • Analise (analisar), para observar analiticamente a razão ou causa do erro; • Improve (melhorar), para buscar soluções para causa detectada (com frequência por meio de testes e simulações). • Control (controlar) que, em linha com o conceito similar em projeto, supõe estabelecer formas de garantir o sucesso contínuo pelo acompanhamento rigoroso dos resultados da solução. Figura 5: DMAIC Fonte: Six Sigma Apud ROCHA et al 2014, p.51 35 O Seis Sigma, em conjunto com a cultura da garantia total da qualidade, auxilia a melhoria contínua dentro de uma organização. Além das ferramentas já citadas, uma de suma importância é o ciclo PDCA, que integra o conjunto de padrões internacionais de qualidade. O ciclo PCDA determina que um processo deve ter, no mínimo, quatro momentos distintos e bem definidos, que estão conceituados como planejar, executar, verificar e agir. A figura 6 exemplifica as etapas do ciclo PDCA. Figura 6: Sequência prática do PDCA Fonte: PMI 2013, apud Rocha (2014, p.54) Para ter um bom gerenciamento da qualidade é necessário ter qualidade nas demais áreas de conhecimento. Gerenciar a qualidade significa, planejar, controlar, garantir e melhorar de forma contínua e sistemática a qualidade de uma empresa. A implementação de um plano de qualidade dentro de uma organização se dá através de diferenciados processos de certificações, das quais se destacam as séries ISO. A manutenção da qualidade depende da atualização e das práticas gerenciais para que os processos permaneçam em melhoria contínua, o planejamento da qualidade envolve uma forte identificação dos desejos dos clientes, a busca da qualidade em um 36 projeto envolve constante preocupação processual, utilizando ferramentas e técnicas avançadas. 37 3. O ARQUITETO, SUAS ATRIBUIÇÕES E O CENÁRIO ATUAL DO GERENCIAMENTO DE PROJETO EM EMPRESAS DE AQUITETURA 3.1.Definições, Atribuições e Campos de Atuação do Arquiteto A resolução do CAU de Número 21 (CAU/BR 2012) e a Lei n° 12.378, de 2010 (BRASIL, 2010) estabelecem que são atribuições e campos de atuação dos profissionais de arquitetura e urbanismo: I - supervisão, coordenação, gestão E orientação técnica; II - Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação; III - estudo de viabilidade técnica e ambiental; IV - Assistência técnica, assessoria e consultoria; V - Direção de obras e de serviço técnico; VI - Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria e arbitragem; VII - desempenho de cargo e função técnica; VIII - treinamento, ensino, pesquisa e extensão universitária; IX - desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, padronização, mensuração E controle de qualidade; X - Elaboração de orçamento; XI - produção e divulgação técnica especializada; e XII - execução, fiscalização e condução de obra, instalação e serviço técnico. Parágrafo único. As atribuições de que trata este artigo aplicam-se aos seguintes campos de atuação: I - De Arquitetura e Urbanismo, concepção e execução de projetos; II - De Arquitetura de Interiores, concepção e execução de projetos; III - de Arquitetura Paisagística, concepção e execução de projetos para espaços externos, livres e abertos, privados ou públicos, como parques e praças, considerados isoladamente ou em sistemas, dentro de várias escalas, inclusive a territorial; IV - Do Patrimônio Histórico Cultural e Artístico, arquitetônico, urbanístico, paisagístico, monumentos, restauro, práticas de projeto e soluções tecnológicas para reutilização, reabilitação, reconstrução, preservação, conservação, restauro e valorização de edificações, conjuntos e cidades; V - do Planejamento Urbano e Regional, planejamento físico-territorial, planos de intervenção no espaço urbano, metropolitano e regional fundamentados nos sistemas de infraestrutura, saneamento básico e ambiental, sistema viário, sinalização, tráfego e trânsito urbano e rural, acessibilidade, gestão territorial e ambiental, parcelamento do solo, loteamento, desmembramento, remembramento, arruamento, planejamento urbano, plano diretor, traçado de cidades, desenho urbano, inventário urbano e regional, assentamentos humanos e requalificação em áreas urbanas e rurais; VI - De Topografia, elaboração e interpretação de levantamentos topográficos cadastrais para a realização de projetos de arquitetura, de urbanismo e de paisagismo, foto-interpretação, leitura, interpretação e análise de dados e informações topográficas e sensoriamento remoto; VII - da Tecnologia e resistência dos materiais, dos elementos e produtos de construção, patologias e recuperações; 38 VIII - dos sistemas construtivos e estruturais, estruturas, desenvolvimento de estruturas e aplicação tecnológica de estruturas; IX - De instalações e equipamentos referentes à Arquitetura e Urbanismo; X - Do Conforto Ambiental, técnicas referentes ao estabelecimento de condições climáticas, acústicas, lumínicas e ergonômicas, para a concepção, organização e construção dos espaços; XI - do Meio Ambiente, estudo e avaliação dos impactos ambientais, licenciamento ambiental, utilização racional dos recursos disponíveis e desenvolvimento sustentável. (CAU/BR, 2012, p.1) Considerando as suas atribuições profissionais é função do arquiteto coordenar, supervisionar, gerir e planejar o objeto de trabalho, além traduzir os anseios e necessidades dos clientes, fornecendo assessoria e o programa de necessidades ao cliente, considerando as restrições e premissas de todas as partes envolvidas. Dessa forma, é papel do arquiteto definir concepção do objeto e realizar o estudo da forma do objeto, além de fiscalizar e gerenciar prazos e custo. 3.2. As Etapas e Processos do Projeto de Edificação Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, a NBR 13531 Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas, prevê as seguintes etapas de projeto arquitetônico: Levantamento, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar, pré-execução, projeto legal, projeto básico e projeto executivo. Levantamento (LV): Etapa destinada à coleta das informações de referência que representem as condições preexistentes, de interesse para instruir a elaboração do projeto, podendo incluir dados: a) físicos (planialtimétricos, cadastrais, geológicos, hídricos, ambientais, climáticos, ecológicos, outros). b) Técnicos; c) Legais e jurídicos; d) Sociais; e) econômicos; f) Financeiros; g) Outros. Programa de Necessidades (PN): Etapa destinada à determinação das exigências de caráter prescritivo ou de desempenho (necessidades e expectativas dos usuários) a serem satisfeitas pela edificação a ser concebida. Estudo de Viabilidade (EV): Etapa destinada à elaboração de análise e avaliações para a seleção e recomendação de alternativas para a concepção da edificação e de seus elementos, instalações e seus componentes. Estudo Preliminar (EP): Etapa destinada à concepção e a representação do conjunto de informações técnicas iniciais e aproximadas, necessários à compreensão da edificação, podendo incluir soluções alternativas. Anteprojeto (AP) e/ou pré-execução (PR) - Etapa destinada à concepção e à representação das informações técnicas provisórias de detalhamento da edificação e seus elementos, instalações e componentes, necessárias ao inter-relacionamento das atividades técnicas de projeto e suficientes à elaboração de estimativas aproximadas de custos e de prazos dos serviços de obra implicados. Projeto Legal (PL) - Etapa destinada à representação das informações técnicas necessárias à análise e aprovação, pelas autoridades competentes, 39 da concepção da edificação e seus elementos e instalações com base nas exigências legais (municipal, estadual, federal), e à obtenção do alvará e das licenças e demais documentos indispensáveis para as atividades de construção. Projeto Básico (PB) - Etapa opcional destinada à concepção e à representação das informações técnicas da edificação e seus elementos, instalações e componentes, ainda não completas ou definitivas, mas consideradas compatíveis com os projetos básicos das atividades técnicas necessárias e suficientes à licitação (contratação) dos serviços de obra correspondentes. Projeto para execução (PE) - Etapa destinada à concepção e à representação final das informações técnicas da edificação e seus elementos, instalações e componentes, completas, definitivas, necessárias e suficientes à licitação (contratação) e à execução dos serviços de obra correspondentes. (NBR-13531,1995, p.05) Um projeto de construção é composto por inúmeras disciplinas, cada projeto exige uma complexidade e uma quantidade especifica de disciplinas que atenderão ao tipo de edificação projetada. Para uma tipologia de edifício de médio porte, como a que será descrita nesse trabalho, podemos citar como exemplos os projetos complementares, como projeto de acústica, ancoragem, automação, caixilhos, combate a incêndio e sinalização, climatização, elétrica alimentadores, elétrica iluminação e tomadas, hidrossanitário, estacionamento, estrutura, impermeabilização, telefonia, luminotécnica, fundação, transporte vertical, vedação e alvenarias, rochas, sustentabilidade, projeto geométrico, entre outros, além do projeto de arquitetura. Cada projeto citado obedece ao processo das etapas de projeto descritas acima, como programa de necessidades, estudo preliminar, pré-execução, projeto legal, projeto básico e projeto executivo. 3.3. A Compatibilização e a Coordenação em Projetos de Arquitetura A compatibilização em projetos de arquitetura requer do arquiteto uma visão global de todos os processos de arquitetura e um conhecimento superficial de cada disciplina descrita no item 3.2. A compatibilização de projetos de arquitetura começa no estudo preliminar e finaliza após a etapa de projeto executivo. A compatibilização de projetos consiste numa atividade necessária para que as diversas soluções dimensionais, tecnológicas e estéticas estejam compatíveis entre si e no conjunto dos projetos. Após a avaliação das soluções propostas nos diversos projetos, ela se processa em meios digitais ou manuais. É realizada a superposição e análise de desenhos impressos ou digitais em pranchas bidimensionais ou 3D. (SILVA et al, 2008, p.22) 40 A figura 7 esquematiza o processo da compatibilização em escritórios de arquitetura. Figura 7: Aspectos referentes à compatibilização de projeto Fonte: Silva (2005 apud SILVA et al 2008, p. 65) No entanto, em diversos escritórios de arquitetura a fase de compatibilização é realizada também pela coordenação de projetos, como afirma Silva et al (2008, p.66). “A coordenação realiza, também, a compatibilização dos projetos para produção, importantes na racionalização construtiva das edificações. ” Na prática profissional, a coordenação e compatibilização, se confundem e fazem do arquiteto, como muitos, um profissional multitarefa. Cabe à equipe de compatibilização apresentar os problemas técnicos e à coordenação gerenciar as interfaces das diversas disciplinas, como descreve Fabrício et al (2005, p.2): É importante esclarecer a diferença entre coordenação e compatibilização de projetos. A coordenação envolve a interação entre os diversos projetistas desde as primeiras etapas do processo de projeto, no sentido de discutir e viabilizar as soluções para o projeto ... Na compatibilização, os projetos de diferentes especialidades são superpostos para verificar as interferências entre eles, e os problemas são evidenciados para que a coordenação possa agir sobre eles e solucioná-los. Assim, a coordenação de projeto envolve funções gerenciais. 3.4. A Academia de Arquitetura e o Gerenciamento de Projetos Em um levantamento de caráter exploratório a respeito da problemática de gestão em projetos de arquitetura observa-se que a academia de arquitetura é deficiente em promover conhecimentos e práticas gerenciais para arquitetos no Brasil. As boas práticas e os processos para um adequado gerenciamento de projeto não são aprendidos e, na maior parte das universidades do Brasil, não fazem sequer parte da formação de arquitetura. 41 Nas escolas acadêmicas de Arquitetura e Urbanismo pouco se houve falar em gerenciamento de escritórios e gerenciamento de projetos. Na sua grande maioria, quando a questão está na grade curricular do curso, dificilmente ultrapassa 2,5% da carga horária total, considerando a carga horária mínima exigida pelo Ministério da Educação, de 3.600 horas, independente das universidades serem públicas ou privadas. (SILVA, 2015, p.5) De fato, em nossas escolas de arquitetura e engenharia, a graduação dedica pequena ou nenhuma carga horária ao desenvolvimento de habilidades gerenciais, comunicacionais e de liderança, sendo a formação na área de projeto muito mais orientada aos aspectos técnico-cognitivos, com ênfase no desenvolvimento da criatividade e das técnicas associadas. (FABRICIO, 2008, p.44) Nesse cenário observa-se que existe uma ausência de técnicas e ferramentas gerenciais ministradas na academia, que reflete no gerenciamento de empresas de arquitetura de grande e pequeno porte, devido à má formação dos arquitetos. Ao longo da vida profissional essa deficiência torna-se visível a diversos profissionais, clientes e fornecedores e se converte em fontes geradoras de conflitos. 3.5. A Gestão de Projetos em Empresas de Arquitetura Os atuais empreendimentos imobiliários estimulam diversas especialidades em sua concepção e desenvolvimento. Segundo Fabrício (2008), houve um aumento da complexidade nos projetos contemporâneos de arquitetura. A crescente magnitude dos empreendimentos, o elevado valor, o longo ciclo de vida, a importância ambiental, social e econômica, a inserção urbana e cultural das edificações confere a esse produto um caráter único e particular dentro das estruturas produtivas e de consumo da sociedade. BOBROFF (1993 apud FABRÍCIO, 2008, p.32) [...] A produção na indústria de construção se organiza segundo uma lógica de projetos particular, na qual coabitam problemas singulares e diferenciados a cada novo empreendimento, com soluções tecnológicas e construtivas padronizadas. JOUNI et al (1996 apud FABRÍCIO, 2008, p.32) A crescente relevância dos empreendimentos gerou um aumento significativo dos stakeholders envolvidos, como incorporadores, empreiteiros, projetistas, usuário final e o cliente, como mostra o quadro 4, e cada parte possui um interesse especifico. Portanto, para conciliar todos os agentes envolvidos e realizar empreendimentos com uma maior diversidade, atendendo aos requisitos básicos de escopo, tempo, custo e qualidade, é imprescindível que o processo de projeto de construção disponha de um eficiente modelo de gestão para que seja possível alcançar todos os objetivos desejados. 42 Quadro 4: Complexidade e especialização dos projetos em empreendimentos de construção de edifícios Fonte: Melhado et al 2004. (apud FABRÍCIO et al, 2008, p.3) Dessa forma, à medida que os projetos de edificações se tornam cada vez mais multidisciplinares, envolvendo profissionais altamente especializados, a coordenação de projetos ganha crescente importância. Desse modo, cada vez mais torna-se competência do arquiteto gerenciar e coordenar os projetos de maneira eficiente, e cabe aos líderes dos escritórios de arquitetura, tornar o gerenciamento eficaz. No entanto, a incipiência dos profissionais de arquitetura, no que diz respeito a gestão, contribui negativamente para gerenciamento de baixa qualidade. O arquiteto que, institucionalmente, deveria ser preparado para tratar de forma global o projeto do edifício tem uma formação que valoriza os aspectos estéticos e culturais da produção arquitetônica e muitas vezes negligencia [...] a liderança, as tarefas gerenciais e o pragmatismo necessário para atuação na coordenação de equipes multidisciplinares. (FABRÍCIO et al 2005, p.2) 43 3.6. Os Projetos de Arquitetura Versus o Gerenciamento de Escopo Assim como é imaturo o gerenciamento de projeto em empresas de arquitetura, como cerne da questão, entende-se que a deficiência na gestão de escopo em diversos setores é problemática, bem como em empresas de arquitetura. Desse modo, grande parte dos problemas de projeto refere-se ao mau planejamento e controle de escopo. Essa insuficiência é fomentadora de conflitos entre cliente e empresa, que ao decorrer de um projeto gera desgastes ocasionados pela falta de informações, causando danos para todas as partes envolvidas. Espera-se que os projetos tenham um objetivo claro e entendido por todas as partes interessadas. A realidade, no entanto, pode ser bem diferente. Muitos empreendimentos iniciam como uma vaga ideia do resultado final ou com apenas uma definição superficial. Assim, muitos falham devido à má definição do escopo. (SOTILLE et al, 2008, p.22) Ao decorrer da vida de um projeto algumas falhas são oriundas da falta de planejamento e controle do escopo. O erro em questão, propaga-se e ocasiona uma série de consequência em outros processos, como atrasos no cronograma, custos acima dos previstos, qualidade insuficiente que levam, em casos extremos ao cancelamento de um projeto. Quanto maior for a complexidade do empreendimento, maior será o nível de risco e de incertezas. O PMsurvey.org (2003 apud SOTILLE et al, 2008, p.23) listou os problemas que ocorrem com maior frequência nos projetos, em ordem decrescente. “A pesquisa foi realizada com 730 importantes organizações de vários portes”, como indica o quadro 5. Quadro 5: Problemas mais frequentes nos projetos 1. Problemas de comunicação. 2. Não cumprimento dos prazos estabelecidos. 3. Escopo não definido adequadamente 4. Mudanças de escopo constantes. 5. Recursos humanos insuficientes. 10. Estimativas incorretas ou sem fundamento. 11. Problemas com fornecedores. 12. Retrabalho em função da falta de qualidade do produto. 13. Falta de definição de responsabilidades. 14. Falta de apoio na alta administração/patrocinador. 44 6. Riscos não avaliados corretamente. 7. Concorrência entre o dia a dia e o projeto na utilização dos recursos. 15. Falta de competência para gerenciar projetos. 16. Falta de uma metodologia de apoio. 17. Falta de uma ferramenta de 8. Mudança de prioridade constante ou falta de prioridade. apoio. 18. Clientes não satisfeitos. 9. Não cumprimento do orçamento estabelecido Fonte: PMsurvey.org (2003 apud, SOTILLE et al, 2008, p.23) Devido à carência de definições de escopo, o processo de mudança e controle de escopo torna-se contínuo e demorado, e é o que se chama de scope creep (aumento de escopo), que acarreta em custos não estimados para clientes e prejuízos para as empresas, ou em muitos casos, considera-se o aumento crescente de escopo dentro do mesmo cronograma e orçamento inicial, que motiva graves inconformidades em projetos. Além das falhas destacadas, em muitos projetos nota-se a prática do goldplanting, onde em razão da falta de controle dos custos, gerados pela ausência de planejamento do escopo, os produtos de maior valor são substituídos por outros de menor valor, levando naturalmente à queda do valor agregado do projeto, e consequentemente do produto final, ou seja, a edificação, gerando perda significativa da qualidade do empreendimento para o usuário final. De acordo com Baía (1998 apud FABRÍCIO et al,2016,p.02) foi possível constatar algumas dificuldades com relação à implantação do fluxo do processo de projeto: • Ausência de metodologias adequadas para levantamento das necessidades dos clientes, tanto o investidor como o usuário final; • Excesso de retrabalho no processo de desenvolvimento do projeto, em função de alterações por parte do contratante e da falta de integração entre os diversos agentes participantes; 45 • O controle de qualidade durante o processo de projeto é incipiente; sendo ainda necessário o desenvolvimento de procedimentos de controle eficazes, de fácil utilização que sirvam de base para tomadas de decisões nos projetos futuros e em andamento; • Não existe uma troca sistemática de informações entre o escritório de projeto e a obra, não promovendo assim a aplicação dos princípios de racionalização e construtibilidade desde a etapa inicial do processo de projeto; • Ausência de coordenação do processo de projeto do edifício, ou seja, não há um trabalho conjunto entre a construtora, os demais projetistas e o escritório de arquitetura durante o processo de projeto do edifício. Como se pode constatar, um dos problemas mais frequente em projetos é a falta de definição e consequentemente o planejamento e controle do escopo. Um bom planejamento e controle do escopo, propicia aos usuários menos retrabalho, clareza e objetividade, satisfação e leva ao sucesso de um projeto. No entanto, para tal, se faz necessário levantar com detalhes as necessidades explícitas e implícitas das partes interessadas. A qualidade final determina a necessidade das partes e a EAP define as entregas. 3.7. A Gestão da Qualidade em Projetos de Arquitetura Para que os processos de gerenciamento dentro de uma empresa ocorram de uma forma eficaz é necessário que a mesma adote rigorosas técnicas, metodologia de gestão e estabeleça uma estrutura organizacional que deverá servir de balizamento para os setores internos de uma organização. Como já apresentado nos itens anteriores, as práticas gerenciais dos profissionais de arquitetura, revelam pouco amadurecimento em áreas de gerência. Segundo Cardoso et al (1998, apud GRILO et al, 2003, p.2), “uma parcela considerável das empresas de projeto carece de knowhow próprio, documentações formais de procedimentos e controles sobre os serviços que executam. ” A qualidade dos produtos que geram as empresas de arquitetura deve ser pensada de modo sistêmico e deve incluir a satisfação dos clientes e as partes envolvidas. Dentro dos processos de projeto, a busca por melhoria contínua irá proporcionar ganhos ao final do processo de produção. 46 De acordo com GRILO et al (2003, p.55) “a adoção dos princípios de gestão da qualidade tem sido reconhecida como uma das alternativas disponíveis para a melhoria dos produtos e serviços no setor de projetos. ” Além das certificações descritas no capítulo 2, a simples implementação da gestão da qualidade, se bem implantada, junto com o gerenciamento de escopo, representará benefícios intangíveis para as empresas de arquitetura. O cerne da questão consiste em desenvolver um programa de processos que conscientize e adoção de ferramentas e boas práticas para o gerenciamento de projetos. A implementação do sistema da qualidade pode proporcionar uma série benéficos para os escritórios de projetos, tais como: A redução de custos, riscos, incompatibilidades, bem como a perda de tempo e da solicitação administrativa sobre os titulares, aumento da exigência, dos lucros e da penetração no mercado; validação de documentos e gestão da comunicação. (GRILO et al, 2003, p.57) No entanto, observa-se, no que diz respeito ao ramo da construção civil, uma real dificuldade na implantação de melhoria da qualidade dentro dos processos das empresas. Para que a gestão de qualidade seja implantada é preciso fazer uma coleta minuciosa de requisitos, e sobretudo, definir metas para os processos. Segundo Baía (1998 apud GRILO et al, 2003, p56): Dentre as dificuldades para a melhoria na qualidade dos projetos: A ausência de mecanismos para captura das necessidades dos clientes, o excesso de retrabalho resultante de alterações de projeto, a falta de coordenação entre os projetistas, a postergação na contratação dos projetos de estruturas e sistemas prediais, a carência de procedimentos de controle da qualidade e a ausência de representante da produção durante o processo de projeto. Inicialmente, ao abordar o assunto de gerenciamento da qualidade em projetos de arquitetura, nota-se um grau de resistência. No que compete às certificações, como a ISO 9001:2000 que estabelece requisito para o sistema de gestão de qualidade, a pesquisa de Ferreira e Salgado (2007) mostrou que as empresas de arquitetura apresentaram desconhecimento e falta de interesse em certificações voltadas para o gerenciamento, como ilustra o gráfico 2. O Quadro 6 descreve o perfil daquelas empresas. A busca pela melhoria da qualidade nas empresas construtoras teve início com a implantação de sistemas de gestão da qualidade. Recentemente tem se observado também o interesse por parte de alguns projetistas na organização dos seus sistemas de gestão, tomando por base os requisitos da norma ISO 9001/2000. Os escritórios de arquitetura foram os últimos a 47 buscar este caminho, apesar de ser reconhecida a importância do projeto para a redução dos desperdícios e racionalização da construção. Um dos motivos que leva ao descrédito por parte de alguns arquitetos em relação aos benefícios gerados pela implantação de um sistema de gestão da qualidade é o fato desse sistema não garantir a qualidade do projeto em si, mas da gestão do processo de desenvolvimento do projeto. (FERREIRA e SALGADO, 2007, p.79) Gráfico 2: Número de escritórios de arquitetura certificados pela ISO 9001:2000 em Março de 2006 Fonte: Ferreira e Salgado, 2007, p.86 Quadro 6: Resumo das principais características das empresas estudadas citadas no Gráfico 2. Fonte: Ferreira e Salgado, 2007, p.87 48 A pesquisa aponta que o número de escritórios de arquitetura no Brasil que utilizam sistema de gestão de qualidade certificados pela ISO 9001:200 ainda é muito pequeno. Na maioria das empresas estudadas a certificação pela norma não é considerada um fator de diferenciação no mercado e seu alto custo financeiro é um empecilho para a sua manutenção. Apesar disso, essas empresas afirmam que manteriam o sistema de gestão da qualidade implantado mesmo se não tivessem condições de renovar a certificação, pois todas o consideram uma ferramenta importante para a organização do processo de produção. Logo, é importante destacar que o principal benefício da implantação do SGQ sistema da garantia da qualidade (certificado ou não) é a criação de um sistema de gestão que auxilie na administração e organização dos processos da empresa. (FERREIRA E SALGADO, 2007, p.99-100) 49 4. TENDÊNCIAS, PRÁTICAS E FERRAMENTAS VOLTADAS PARA PROJETOS DE ARQUITETURA 4.1. As melhores Práticas e Ferramentas para a Gestão de Projetos Neste trabalho, a fundamentação teórica visa esclarecer a dinâmica de gerenciamento de projetos, abordando as áreas de conhecimento e princípios básicos do PMBOK, entre outros livros, abordando as boas práticas, conceituando o gerenciamento de escopo e qualidade, bem como as principais características relacionadas ao processo de projeto de edificações. Dentre os principais elementos junto ao processo de arquitetura destacam-se diversas mudanças, oriundas da modernização empresarial, do nível de exigência dos clientes, do aumento da competitividade e da concorrência. Diante dos novos desafios, as falhas de gerenciamento de projetos, apontadas neste trabalho, visam identificar erros e, em conjunto com as melhores práticas, buscam o sucesso em projetos de arquitetura. O gerenciamento de projeto traz inúmeros benefícios através de variadas maneiras de gestão. Para Vargas (2016, p.18), “a principal vantagem do gerenciamento de projeto é que ele não é restrito a projetos gigantescos, de muita complexibilidade e alto custo”, caracterizando que gerenciamento de projetos pode e deve ser aplicado para todo e qualquer tipo de empreendimento. Deve-se gerenciar projetos de acordo com alguns critérios, como “importância do empreendimento, reputação de uma organização, compartilhamento de recursos”, entre outros. Para Kerzner (2006, p.25) os benefícios de uma boa gestão em projetos resultam nos mais variados pontos positivos ao projeto. A utilização da gestão de projetos em conjunto com o gerenciamento da qualidade pode resultar nos seguintes benefícios: • Maior qualidade do produto; • Clientes mais satisfeitos; • Redução das falhas internas e externas; • Redução da quantidade de refugos; A utilização da gestão de projetos combinada com o gerenciamento de mudança pode resultar nos seguintes benefícios: 50 • Capacidade de reagir com rapidez às mudanças exigidas pelos clientes; • Redução do impacto da mudança no orçamento e na programação; • Aumento dos esforços de adição de valores em nome dos clientes; • Boas relações com os clientes; • Clientes mais satisfeitos. 4.2. Fatores Críticos de Sucesso Enquanto empresas buscam melhorias e entendimento a respeito do gerenciamento de projeto, o conceito de sucesso em projetos se volta para a garantia de entregas de projetos estabelecidas dentro de um prazo, custo e qualidade. No entanto, ao decorrer dos anos, a definição de sucesso tem sido modificada em função do cliente e do objetivo ou foco da qual uma organização pode ser inserida. Para Kerzner (2006,p.43), os fatores críticos de sucesso (CSF – Critical sucess factors) identificam aqueles aspectos indispensáveis para atender às necessidades do cliente. Entre os típicos CSF, podemos relacionar: • Cumprimento da programação; • Atendimento ao orçamento; • Concretização da qualidade; • Conveniência e oportunidade da assinatura do contrato; • Cumprimento do processo e do controle da mudança; • Aditivos ao contrato. Os CSF medem o resultado final, enquanto que os indicadores-chave de desempenho (KPI - key performance indicators) medem a qualidade do processo utilizado para alcançar os resultados finais. KPIs típicos incluem: • Utilização da metodologia de gestão de projetos; • Estabelecimento dos processos de controle; • Uso de indicadores; • Qualidade dos recursos aplicados versus planejados; • Envolvimento do cliente. 51 À medida que as empresas avançam em sua gestão interna elas aumentam o nível de maturidade na gestão de projetos. O nível de maturidade final deverá buscar excelência em projetos e o sucesso no desenvolvimento sistêmico dos processos e ciclos de vida de um projeto. O quadro 7 identifica e mostra as fases do ciclo de vida para a maturidade em gestão de projetos. Quadro 7: As cinco fases do ciclo de vida da gestão do projeto Aceitação pela Aceitação pelos Embrionária gerência executiva gerentes da área Crescimento Maturidade Reconhecer a Obter o apoio Obter o apoio dos Reconhecer a Desenvolver um necessidade visível dos gerentes da área utilidade das fases sistema de controle do ciclo de vida gerencial de custos executivos e programação Reconhecer os Fazer com que os Conseguir o Desenvolver uma Integrar o controle benefícios executivos comprometimento metodologia de de custos e da entendam a gestão dos gerentes de gestão de projetos programação de projetos área Reconhecer a Estabelecer Proporcionar Obter o Desenvolver um aplicabilidade promotores no conhecimentos aos comprometimento programa de ensino nível executivo gerentes de área com o planejado para melhorar as competências em gestão de projetos Reconhecer o que Estar disposto a Estar disposto a Minimizar as precisa ser feito mudar a maneira de liberar os oscilações de conduzir o funcionários para escopo empreendimento treinamento em Definir um sistema gestão de projeto de rastreamento do projeto Fonte: Kerner, 2006, p.46 O quadro 8 elenca os fatores críticos para alcançar com sucesso um sistema de gestão de projetos, além dos fatores que criam fracasso aos projetos. 52 Quadro 8: Fatores críticos no ciclo de vida da gestão de projetos Fatores críticos para o sucesso Fatores críticos para o fracasso Fase de aceitação pela gerência executiva Considerar as recomendações dos funcionários Recusar-se a aceitar ideias dos colegas Reconhecer que a mudança é necessária Não admitir que a mudança pode ser necessária Entender a participação dos executivos na gestão de Acreditar que o controle da gestão de projetos cabe projetos ao nível executivo Fase de aceitação pelos gerentes de área Disposição a colocar os interesses da empresa acima Relutância a compartilhar informações dos interesses pessoais Recursar-se a aceitar responsabilidades Disposição a aceitar responsabilidades Insatisfação com o progresso de colegas Disposição a aceitar o progresso de colegas Fase de aceitação de crescimento Reconhecer a necessidade de uma metodologia Perceber a metodologia-padrão como ameaça, e não empresarial como benefício Apoiar um padrão de monitoramento e do relatório Não conseguir entender os benefícios da gestão de projetos Dar apenas “apoio moral” ao planejamento Fase de aceitação de maturidade Reconhecer que a programação e os custos dão Acreditar que o estado do projeto pode ser inseparáveis determinado apenas pela programação Rastrear os custos reais Não perceber a necessidade de rastrear os custos reais Desenvolver treinamento em gestão de projetos Acreditar que crescimento e sucesso em gestão de projeto são sinônimos Fonte: Kerzner, 2006, p.53 Segundo Kerzner (2006, p.56), “muitas empresas consideram alguns dos principais fatores críticos de sucesso e indicadores de desempenho como sendo as melhores práticas. As melhores práticas são atividades ou processos reutilizáveis que continuamente agregam valor ao produto final dos projetos. ” 53 4.3. Desafios e Tendências para Empresas de Arquitetura Diversas condicionantes, como alta exigência dos clientes, aumento de escopo, gerado a partir da complexibilidade de projetos de construção e aumento da concorrência, têm impulsionado mudanças no que se refere à competitividade e na modernização empresarial. Dessa forma, a obtenção de vantagens para as empresas de arquitetura passou a ser dependente de estratégias competitivas, baseadas em preço, diferenciação ou enfoque. As novas tendências do setor de projeto trazem desafios diversos, tanto nas áreas gerenciais quanto tecnológicos e estratégicos, os quais deverão ser combatidos pelas empresas. A má elaboração da política de satisfação ao cliente traz vulnerabilidade para as empresas inserindo novos concorrentes ao negócio. A influência da gestão da qualidade na eficiência dos processos e na satisfação dos clientes trouxe um elevado nível de exigência esperados pelos clientes. Dessa forma, os projetistas têm tido o seu empenho avaliado com critérios balizados a partir da qualidade, da técnica e dos cumprimentos dos prazos. Entretanto, segundo Grilo e Melhado (2002), outro problema a ser enfrentado diz respeito à prática da elaboração de estudos a custo zero, onde: Na relação com os clientes, a elaboração de “estudos a custo zero” ou “estudos de risco” tem trazido dificuldades para as empresas de projeto. Segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA (2000), ao contabilizar o retorno dos investimentos em estudos de risco, alguns escritórios se depararam com índices de contratação de apenas 6 a 9%. Desta forma, verificou-se que a rentabilidade dos projetos contratados era consumida na confecção de estudos. (GRILO E MELHADO. 2002, p.1462) “Estudo de risco” ou “estudo a custo zero” designa a prática de elaborar estudos preliminares, de potencial construtivo ou zoneamento para um determinado empreendimento, a partir de uma suposta oportunidade de negócio identificada pelo solicitante. Os “estudos de risco” têm comprometido o desempenho financeiro e a rentabilidade dos projetos, na proporção em que envolvem riscos acentuados, nem sempre oportunamente considerados pelas partes interessadas. Contraditoriamente, os projetistas, apesar da reduzida capacidade de financiamento, assumem a maior parcela do risco na elaboração dos estudos, sem uma expectativa de rentabilidade proporcional ao investimento e risco incorrido. Na contratação dos projetos, a formação do preço condiciona-se, na maioria das vezes, a métodos tradicionais: percentual do custo da construção, tabela de honorários por hora-técnica ou preço global. Muitas vezes, as empresas de projeto absorvem um risco expressivo na viabilização do negócio, sem uma participação compensadora nos resultados obtidos. (GRILO E MELHADO, 2002, p.1465). 54 Os fatores descritos traçam um cenário de difícil posicionamento estratégico para empresas de grande e pequeno porte, evidenciando um poder reduzido de investimento versus um alto nível de expectativas oriunda dos clientes. O aumento da complexibilidade gerencial e tecnológica trouxe uma elevada exigência referente a entregas e prazos de projetos, qualidade do serviço, além do aumento da competitividade e concorrência. Entretanto, as novas tendências buscam um forte gerenciamento em projetos e um elevado padrão de gerenciamento da qualidade que possibilitam uma integração eficiente entre projeto e execução, além de melhorias de comunicação e coordenação de projetos, redefinindo e introduzindo competências para arquitetos. Segundo Souza (1998, apud GRILO E MELHADO 2002, p. 1463) as tendências indicam uma busca de padrões elevados de qualidade e flexibilidade nos países em desenvolvimento, sendo que algumas delas possivelmente influenciarão a atuação das empresas de arquitetura e engenharia nos próximos anos: • Posicionamento estratégico difícil para empresas de pequeno e médio porte; • Demanda por serviços globais de produção e consequente redução da fragmentação do trabalho; • Transição do “conflito de interesses” para uma cooperação durável entre os agentes; • Participação intensa do cliente no processo e necessidade de mecanismos para “ouvir o cliente”; • Customização dos projetos para atender às necessidades específicas dos clientes; Arquitetos atuando como coordenadores do projeto ou do empreendimento; • Convivência de diversos contratos segundo as necessidades específicas dos empreendimentos; • Intensificação da exigência da certificação de sistemas de gestão e garantia da qualidade; • Integração entre os sistemas da qualidade, podendo existir um sistema único para todo o processo. 55 4.4. O Perfil do Arquiteto Coordenador Com o avanço da complexibilidade da coordenação de projetos na construção civil, cada vez mais exige-se do coordenador de projetos, conhecimentos técnicos que possam garantir soluções técnicas que agregam valor ao projeto, cliente e obra. Além de habilidades interpessoais como perfil negociador, visão do todo, capacidade de motivação de equipes. O Quadro 9 ilustra que um dos principais objetivos da coordenação de projetos está relacionado ao planejamento do processo de projetos, ou seja, a gestão dos processos e, consequentemente, a gestão da qualidade que está ligada à capacidade de coordenar soluções projetuais e a tomada de decisões. Assim, o coordenador de projetos deve possuir dois tipos de habilidades: uma de gestão e liderança, relacionada à capacidade de planejamento, gestão e controle do andamento do processo de projeto; e outra, de coordenação técnica, que diz respeito à integração das interfaces entre os diversos projetos e envolve competência técnica ampla (várias áreas de conhecimento projetual) e experiência profissional e de obra. (FABRICIO et al, 2001,p.4) Quadro 9: Habilidades necessárias à atividade de coordenação de projetos Fonte: Fontenelle (2002 apud FABRÌCIO, et al. 2001, p.04) Entretanto, outra questão se torna fundamental para atribuição do coordenador de projetos. O segundo aspecto, não menos importante que o primeiro, diz respeito a quem tem o perfil de coordenador e quais deverão ser as justificativas para o enquadramento de um determinado profissional, com o perfil adequado para suprir essa lacuna. No intuito de sanar algumas dessas questões, o quadro 10, lista vantagens potenciais para a composição de um futuro coordenador. 56 Quadro 10: Modelos de coordenação e vantagens potenciais Fonte: Fabrício et al, 2001, p.05 Dessa forma, a escolha do coordenador deve considerar a capacidade técnica e gerencial das empresas, assim como o nicho de mercado de cada empresa e de cada tipo de empreendimento. 4.5. Melhoria do Gerenciamento de Escopo em Projetos de Arquitetura O planejamento do gerenciamento do escopo é a base para a formação dos demais processos referentes ao gerenciamento de projetos. Sem minimamente gerenciar, controlar e validar o escopo, torna-se complicado gerenciar as demais áreas de conhecimento. A definição de escopo é uma das mais importantes para entendermos as entregas e os limites do projeto. Portanto, a definição precisa do escopo torna-se um fator de referência e um marco inicial para o entendimento do gerenciamento e para a execução dos serviços. Ao falhar na definição do escopo se reduzem as chances de sucesso, de satisfação do cliente e, consequentemente, há grandes chances de fracasso. O quadro 11 listas algumas “recomendações para garantir o sucesso do gerenciamento do escopo do projeto. ” (SOTILLE, 2014, p.155) 57 Quadro 11: Recomendações para o Sucesso do Projeto O que fazer O que nunca fazer Identificar, validar e comunicar os objetivos do Concordar com qualquer mudança de escopo sem projeto –quais e em que medida propósitos de aprovação das partes interessadas, particularmente negócio são suportados por ele? patrocinador e cliente. Assegurar-se de que esses objetivos sejam realistas, Comprometer-se a cumprir requisitos que você não condizentes com os limites ou fronteiras de atuação tem condições de atender. do próprio projeto. Permitir que as partes interessadas tenham Reconhecer o escopo dos outros projetos - acordar expectativas não realistas. fronteiras e evitar duplicação de tarefas e Eliminar atividades de teste, qualidade e etc. para responsabilidades. atender às restrições de tempo e custo do projeto; ou Garantir que sua análise das partes interessadas desconsiderar qualquer esforço que faça parte do seja abrangente, constantemente revisada, de modo escopo do projeto, como treinamento ou implantação. a identificar novas partes interessadas ou Tratar o gerenciamento das partes interessadas como prioridades, e compartilhada com sua equipe. uma tarefa de baixa prioridade. Esse é um dos fatores Estar certo de entender como as partes interessadas mais críticos para o sucesso do projeto. veem seu próprio projeto. Achar que não há nada a ser comunicado. Adaptar as estratégias de influência e comunicação Ignorar partes interessadas que têm poder e se opõem a para atingir as necessidades de cada grupo suas iniciativas, na esperança de elas irem embora. individuo ou grupo. Permitir que oponentes sabotem suas estratégias. Usar grupos de aliados para influenciar Assumir que a resistência é causada pela falta de positivamente os indecisos. informação e pode ser revertida por argumentos Verificar se as partes interessadas estão de acordo lógicos. com eventuais mudanças no escopo do projeto. Fonte: Sotille et al. 2014, p.155 Dessa forma, o gerenciamento de escopo realizado de forma correta se torna fundamental para determinar e planejar as atividades a serem desenvolvidas no projeto, além de garantir a assertividade tanto de escopo quanto de prazo e custo nas entregas previstas. Assim, o processo do gerenciamento de escopo deve ser conduzido com rigor e detalhe. O erro na definição do escopo do trabalho, ou a falta de gerenciamento e controle na mudança de escopo, trarão impactos que estão ligados diretamente no custo do projeto, e consequentemente, no lucro, ou em entregas que podem não ter a aceitação do cliente devido à falta de clareza na definição do escopo. 58 É essencial ter como foco a visualização do projeto como um todo, de forma que seja assertiva a avaliação realizada sobre as expectativas explícitas e implícitas do cliente e de todas as partes envolvidas. Os desejos do cliente devem ser traduzidos e formalizados na declaração de escopo e detalhados na EAP. Cabe salientar que em determinados momentos, a falta de controle está ligada à comunicação, e não necessariamente aos processos de gestão do próprio escopo. 4.6. Melhoria do Gerenciamento da Qualidade em Projetos de Arquitetura A evolução do sistema da qualidade tem se tornado cada vez mais presente dentro do setor da construção civil. O notório crescente aumento da procura de certificações acerca da gestão da qualidade, ora vista pelos clientes, ora pela própria incorporadora, trazem benefícios voltados à otimização de processos e redução de retrabalho, bem como a conscientização no caráter da gestão da qualidade. Essa transformação de estratégia, ainda que polarizada dentro da construção civil, traz hoje uma importante referência para o setor construtivo. A formalização de um plano de qualidade dentro das empresas de construção, tem se mostrado ainda insuficiente. O plano da qualidade das empresas deve surgir de uma visão ampla dos aspectos deficitários e problemáticos, a qual deve envolver a análise de riscos para a prevenção de falhas, definições de pontos críticos, além de normas e procedimentos de controle e monitoramento. Segundo Melhado (1999, p.10), a adoção de um plano de qualidade, apresenta potencial para gerar resultados em termos da qualidade, medida segundo a satisfação dos clientes do empreendimento, uma vez que: • Permite eliminar a adoção rígida de padrões genéricos, exigindo flexibilidade e adaptabilidade para a composição do sistema da qualidade específico de cada empreendimento; • Fundamenta-se na concepção de métodos de trabalho que surgem da agregação de experiências e competências profissionais de todos os participantes do empreendimento; • Possibilita a introdução de focos de cooperação simultânea que, por sua vez, potencializam a integração com a execução da obra e a agregação de valor ao processo e ao produto final. 59 O plano da qualidade envolve identificação dos padrões de qualidade fundamentais para o desenvolvimento de um projeto, além de determinar como serão alcançados. A qualidade de um projeto é dada sempre de forma constante e contínua, dessa forma, não se pode considerar como qualidade um resultado único a ser alcançado. A busca pela qualidade deve ser processual e constante, deve se estabelecer metas e métricas que meçam a evolução, através de técnicas e ferramentas. Adotar ou elaborar uma política é um desafio para qualquer organização do segmento da construção civil. Uma política da qualidade envolve não somente o plano de qualidade, mas os compromissos da organização como um todo e melhoria contínua. 60 5. CONCLUSÃO O objetivo do trabalho foi evidenciar que a adoção de práticas de gestão de projetos é deficitária no ambiente de projetos do segmento da construção civil voltado para o mercado de Arquitetura e Urbanismo. Com o aumento da complexidade dos projetos de construção e consequentemente, com o crescimento da demanda de trabalho, a função de projetistas, coordenadores e gerentes arquitetos tem se entrelaçado, e em diversos casos, promovem consequências negativas para o projeto. Através do cenário descrito, mapeou-se o ciclo de vida do projeto arquitetônico, desde a etapa de estudo de viabilidade à projeto de execução, destacou-se a função do arquiteto em relação à técnica e à competência para gerenciar e coordenar projetos. E no intuito de referenciar prática com teoria foram apresentados conceitos relacionados à gestão, sempre aliados à principais necessidades da prática do gerenciamento em projeto de Arquitetura e Urbanismo. A resposta ao problema apresentado se deu por meio da elaboração de um plano de gerenciamento de escopo, fundamentalmente aliado ao controle de mudança de escopo. O trabalho aprofundou-se em conceitos, teorias, ferramentas, principais falhas, fatores de sucesso e fatores de fracasso no gerenciamento de escopo, além de enfatizar os benefícios de controle das mudanças de escopo, com o fim de reduzir retrabalho e criar valor ao cliente. Para complementar o gerenciamento de escopo introduziu-se a gestão da qualidade. A gestão da qualidade, como comprovado ao longo do trabalho, ainda é pouco praticada no setor da construção civil, e através das ISOs ou da elaboração do plano de qualidade, observou-se uma potencial melhoria nos processos de gerenciamento. A adoção do plano de qualidade em empresas de arquitetura traz como principal benefício a leitura das expectativas implícitas e explicitas dos clientes, redução de retrabalho dado pelo auxílio da busca contínua de melhoria, e consequentemente, aumento da lucratividade e busca por uma gestão adequada aos processos de construção. Por fim, o gerenciamento do escopo e da qualidade, voltados para o mercado da Arquitetura e Urbanismo tem o poder de mapear e solucionar os problemas genéricos e básicos que foram relatados ao longo do trabalho. Através das soluções dos principais problemas, as empresas de Arquitetura podem alcançar resultados mais lucrativos no desenvolvimento de projetos, além de buscarem novas 61 oportunidades, tendências e outros nichos de mercado. Assim, o principal objetivo desse trabalho foi auxiliar as empresas a encontrar uma nova oportunidade a cada pequeno problema identificado, por meio do uso de ferramentas amplamente conhecidas na prática de gestão e administração de empresas. 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Elaboração de Projetos de Edificações – Atividades Técnicas. Rio de Janeiro.1995. Disponível em: http://apoiodidatico.iau.usp.br/projeto3/2013/nbr13531.pdf. Acesso em 27/05/2016. CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. 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