64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 ESTUDO DO “COMPLEXO Kielmeyera coriacea” (CALOPHYLLACEAE) ATRAVÉS DE MARCADORES MICROSSATÉLITES 1* 1 2 1 3 Rafaela J. Trad , Maria Beatriz de S. Cortez , Danilo A. Sforça , Anete P. Souza , Maria I. Zucchi , Volker 1 Bittrich & Maria do Carmo E. Amaral 1 2 3 Departamento de Biologia Vegetal – IB/Unicamp; Departamento de Genética – IB/Unicamp; Departamento de Genética –ESALQ/USP; *[email protected] Introdução Tradicionalmente, a circunscrição de espécies é baseada em caracteres morfológicos, porém isto pode resultar em táxons que não refletem as espécies reais. Há algum tempo, sugere-se o uso de marcadores moleculares para testar a delimitação de espécies, assim como para estudar processos de hibridização. A descoberta de locos amplamente variáveis como os microssatélites (SSRs) permitiu que fosse alcançado o poder estatístico necessário à realização desse tipo de estudo, o que é, particularmente, importante no caso de complexos de espécies. No caso do “complexo K. coriacea”, estudos apontam a formação de híbridos entre as espécies [1, 2]. Kielmeyera Mart. & Zucc., com cerca de 50 espécies, possui três conhecidos complexos de espécies, entre eles: o “complexo K. coriacea”, composto pelas espécies K. coriacea Mart. & Zucc. (com duas subespécies e sete variedades) e K. grandiflora (Wawra) Saddi [3]. Através do uso de marcadores microssatélites, o presente estudo testou a validade das categorias taxonômicas do “complexo K. coriacea”. Conforme a Figura 1 é possível identificar dois “pools” gênicos, representados em verde e vermelho. Considerando os resultados, é possível notar que: a ocorrência de híbridos só é indicada para o estado de Goiás (geograficamente central); a análise não foi capaz de identificar as espécies do complexo, nem de indicar uma estruturação genética relacionada às espécies. A análise de variância molecular indicou que uma porcentagem muito baixa da diversidade está entre as espécies, sugerindo que a classificação atual não apresenta boa circunscrição de táxons. Figura 1. Agrupamento realizado a partir dos resultados do Structure para k=2 dividido por estados e populações. Cada coluna representa um indivíduo e cada cor um “pool” gênico. BA: 1-4, DF: 5-8, GO: 9-13, MG: 14-18, T: 19-22, SP: 23 e TO: 24-27. Metodologia Conclusões Foram coletadas folhas de 27 populações com 20-30 indivíduos nos estados: BA, GO, MG, MT, SP, TO e no DF de modo que K. coriacea subsp. coriacea, K. coriacea subsp. tomentosa e K. grandiflora tivessem, ao menos, cinco populações amostradas. As folhas foram liofilizadas e moídas. O DNA foi extraído, quantificado em gel de agarose 1% e amplificado para 12 locos de microssatélites. Os produtos de PCR foram quantificados em gel de agarose 3% e visualizados em geis de poliacrilamida 6% corados com prata [4]. Os dados foram analisados nos softwares Structure versão 2.3.3 e Arlequin. Com base no presente trabalho, é possível concluir que a circunscrição das espécies pertencentes ao “complexo K. coriacea” deve ser reavaliada, assim como as categorias infraespecíficas. Resultados e Discussão A análise genética foi feita através da genotipagem onde foram geradas duas planilhas de dados: uma somente com presença/ausência, utilizada no programa Arlequin para realizar a analise de variância molecular (AMOVA), e uma com os tamanhos das marcas encontradas (codominante) utilizada no programa Structure para realização de testes de atribuição de indivíduos a grupos pela estatística bayesiana. A partir dos resultados gerados, o agrupamento que melhor explica os dados foi obtido através do calculo do delta K [5], cujo valor foi 2. Agradecimentos O presente projeto foi apoiado pela CAPES, pelo CNPq e pelo FAEPEX/UNICAMP. Referências Bibliográficas [1] Trad, R.J. 2012. Estudos taxonômicos e biossistemáticos no “complexo Kielmeyera coriacea” Mart. & Zucc. (Calophyllaceae). Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas. [2] Caddah, M.K., Mayer, J.L.S., Amaral, M.C.E. & Bittrich, V. 2012. Species limits in the Kielmeyera coriacea complex (Calophyllaceae) – a multidisciplinary approach. Botanical Journal of the Linnean Society 168: 101-115. [3] Saddi, N. 1982. A taxonomic revision of the genus Kielmeyera Mart. (Guttiferae). PhD thesis, University of Reading. [4] Creste, S., Tulmann Neto, A. & Figueira, A. 2001. Detection of single sequence repeat polymorphisms in denaturating polyacrylamide sequencing gels by silver staining. Plant Molecular Biology Reporter 19: 299–306. [5] Evanno, G., Regnaut, S. & Goudet, J. 2005. Detecting the number of clusters of individuals using the software STRUCTURE: a simulation Study. Molecular Ecology 14: 26112620.